Semeando o Evangelho

Semeando o Evangelho
Semear a Verdade e o Amor de Deus

sexta-feira, 10 de março de 2017

EVANGELIZAÇÃO REFORMADA

Introdução

Ao examinarmos ainda que rapidamente o assunto – evangelização – pelo prisma mais popular notamos que comumente algumas frases prontas são utilizadas como:

a) “Aceite Jesus, ele quer morar em seu coração...”
b) “Dê uma chance a Deus, ele pode mudar sua vida...”
c) “Jesus te ama e quer te salvar... só depende de você...”

Esse tipo de abordagem é totalmente antropocêntrica, ou seja, a preocupação maior da evangelização é o homem, e vale tudo para que o homem entenda a mensagem. De fato, o homem é alvo da graça de Deus e por ter sido feito a imagem e semelhança do criador ele precisa cumprir os mandatos que lhe foram dados no início, mas, sem a graça redentora de Deus ele não poderá cumprir esses mandatos contidos em Gênesis 1.26-30. Nessa passagem nós temos três mandatos pactuais – mandato cultural, mandato social e mandato espiritual. Esses mandatos foram dados antes da grande comissão (Mt 28.19), nesses mandatos dados pelo Criador o homem teria que glorificar a Deus em todas as suas atividades culturais, em todas as suas atividades familiares e em toda sua atividade espiritual. Ao estarmos na Queda do pai da raça que era Adão não seria possível o homem cumprir esses mandatos como Deus havia determinado, o pacto foi quebrado, e na teologia aliancista chamados esse pacto de: Pacto de Obras. E o que viria a ser o Pacto de Obras? Primeiro, entendamos em que consiste esse pacto e o que é o pacto de obras, a Confissão de Fé de Westminster (CFW) nos diz que

Tão grande é a distância entre Deus e a criatura, que, embora as criaturas racionais lhe devam obediência como seu Criador, nunca poderiam fluir nada dele como bem-aventurança e recompensa, senão por alguma voluntária condescendência da parte de Deus, a qual foi ele servido significar por meio de um pacto [1].
O primeiro pacto feito com o homem era um pacto de obras; nesse pacto foi a vida prometida a Adão e nele à sua posteridade, sob a condição de perfeita obediência pessoal [2].

Essa é nossa base inicial para que compreendamos qual a posição do homem na evangelização e qual a posição de Deus na salvação de pecadores. Notemos que o homem não é o personagem principal no drama da salvação, mas, Deus. Por isso chamamos a evangelização bíblica de Teocêntrica e não de Antropocêntrica, a evangelização bíblica tem Deus no centro e não o homem. Visto que o homem quebrou esse pacto de obras o próprio Deus providenciou outro pacto para a salvação do homem caído vejamos:

O homem, tendo-se tornado pela sua queda incapaz de vida por esse pacto, o Senhor dignou-se fazer um segundo pacto, geralmente chamado o pacto da graça; nesse pacto ele livremente oferece aos pecadores a vida e a salvação por Jesus Cristo, exigindo deles a fé nele para que sejam salvos; e prometendo dar a todos os que estão ordenados para vida o Santo Espírito, para dispô-los e habilitá-los a crer [3].

Isso nos dá a base para afirmar que todo homem que não creu no Filho de Deus como seu suficiente salvador está debaixo do pacto de obras, notemos que ele está sob o pacto de obras, mas, não pode cumpri-lo porque está caído, está irredimido, está destituído da glória de Deus como nos diz o Texto Sagrado: “...pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”. (Romanos 3.23-NVI)

O fato de o homem não cumprir o pacto de obras o condena, porque a lei exige dele esse cumprimento. Vejamos: “Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em apenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente.” (Tiago 2.10 – NVI)

Fica claro que o homem por si mesmo não pode ir a Deus sem que seja trazido pelo próprio Deus.

Deus: o Autor da Evangelização

Entendido o fato que Deus é supremo na tarefa evangelizadora da Igreja, reconhecemos que Deus é o Autor da Evangelização. A maior tarefa da Igreja é glorificar a Deus entre todos os povos e a evangelização é um meio para que isso aconteça. É importante frisarmos que a evangelização está no decreto eterno de Deus, e chamamos isso na teologia de Pactum Salutis ou Aliança da Redenção, como nos diz R.B. Kuiper:

As raízes da evangelização estão na eternidade. Os teólogos costumam falar do pactum salutis, feito desde toda eternidade pelas três pessoas da Deidade. Pode-se traduzir a expressão pactum salutis tanto por Aliança da Redenção como por conselho da redenção... Neste plano, Deus o Pai devia enviar seu Filho ao mundo para resgatá-lo; Deus o Filho haveria de vir voluntariamente ao mundo para se tornar merecedor da salvação por sua obediência até a morte; e Deus o Espírito aplicaria a salvação aos pecadores, instilando neles a graça renovadora [4].

É importante compreendermos um ponto da doutrina de Cristo que chamamos de obediência ativa de Cristo. Cristo obedeceu livremente, ou seja, guardou perfeitamente o pacto de obras, pacto este que o homem caído não pode mais guardar por que pecou e o pecado o legou ao fracasso espiritual, a morte espiritual (Ef 2.1-10), mas, Cristo morreu pela Igreja (Ef. 5.25; 2 Co 5.14; Jo 10.11), e sua morte foi o sacrifício substitutivo pelos pecadores que Deus determinou salvar, como nos diz Lucas no livro de Atos 13.48. E a forma desses pecadores virem a Deus pela mediação de Cristo (1 Tm 2.5) é pela pregação do Evangelho, conforme Paulo ensina em Romanos 10. A pregação é a forma que Deus determinou para trazer os pecadores à fé. Vejamos o que diz Romanos 10.17: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo”.

A pregação é o meio pelo qual o pecador é levado à fé pelo Espírito Santo. Essa é uma verdade vital do Cristianismo bíblico.

Qual é o Motivo para a Evangelização?

Nos diz o  Breve Catecismo de Westminster em sua primeira pergunta:

Qual é o fim principal do homem?
Resposta:
O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre [5].

Ao evangelizarmos não cumprimos somente uma ordem divina, mas, devemos pregar ao mundo caído porque amamos a Deus e queremos proclamá-lo em todas as nações. Vejamos o que nos diz o salmista no Salmo 67:

“Que Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe, e faça resplandecer o seu rosto sobre nós, para que sejam conhecidos na terra os teus caminhos, e a tua salvação entre todas as nações. Louvem-te os povos, ó Deus; louvem-te os povos todos. Exultem e cantem de alegria as nações, pois governas os povos com justiça e guias as nações na terra. Louvem-te os povos, ó Deus; louvem-te todos os povos. Que a terra dê a sua colheita, e Deus, o nosso Deus, nos abençoe! Que Deus nos abençoe, e o temam todos os confins da terra.” [Sl 67:1-7]

Fomos comissionados a glorificar a Deus entre todas as nações, reder-lhe louvor entre todos os povos línguas e nações, o livro do Apocalipse nos mostra vários cânticos louvor a glória da graça do Deus salvador e redentor, no capítulo 15, versos 3 e 4 nós lemos:

“Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso. Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações. Quem não te temerá, ó Senhor? Quem não glorificará o teu nome? Pois tu somente és santo. Todas as nações virão à tua presença e te adorarão, pois os teus atos de justiça se tornaram manifesto.”

Diz o teólogo J.I. Packer – Glorificamos a Deus pela evangelização não somente porque a evangelização é um ato de obediência, mas também porque na evangelização contamos a todo o mundo quão grandes obras poderosas da graça de Deus se tornam conhecidas, ele é glorificado [6].

Consequentemente se entendemos que a evangelização é também uma expressão de nossa adoração e nosso amor ao Senhor, amaremos nosso próximo que desejaremos que muitos sejam alcançados com as verdades eternas do Evangelho de Cristo. Para finalizarmos, cito mais uma vez a CFW:

No Evangelho Deus proclama seu amor ao mundo, revela clara e plenamente o único caminho da salvação, assegura vida eterna a todos quantos verdadeiramente se arrependem e crêem em Cristo, e ordena que esta salvação seja anunciada a todos os homens, a fim de que conheçam a misericórdia oferecida e, pela ação do Seu Espírito, a aceitem como dádiva da graça [7].

Conclusão

Deus é o início e o fim da evangelização, a glória de Deus é a coisa mais importante. O desejo de Deus é ser glorificado e o homem foi criado para isso. Portanto todo método de evangelização que coloca o homem no centro é idólatra, todo método de evangelização que não diz que o homem é um pecador caído e necessitado de redenção falha em sua abordagem e todo método que somente mostra o homem como caído, mas, não lhe mostra Jesus como caminho é igualmente inválido. Todo método de evangelização deve ser teocêntrico, sendo teocêntrico será também cristocêntrico. Toda a Bíblia possui uma abordagem histórico-redentiva, a história da salvação, devemos seguir o método bíblico em apresentar a mensagem do Evangelho, Deus no centro de tudo.

“E disse-lhes: Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas”. Marcos 16.15

Amém.

DEUS É JUÍZ MAS TAMBÉM MISERICORDIA

“25 Para com o benigno, benigno te mostras; com o íntegro, também íntegro.
26 Com o puro, puro te mostras; com o perverso, inflexível.
27 Porque tu salvas o povo humilde, mas os olhos altivos, tu os abates.” (Salmo 18.25-27)

Os ministros de Deus devem saber distinguir não somente o que é santo do que é profano, como também, discernir nas próprias coisas santas, aquilo que é mais santo, como exemplificado em figura no caso dos sacerdotes na Antiga Aliança, em relação às partes dos sacrifícios que lhes foram dadas por Deus, e de que tipos de sacrifícios deveriam comê-las.

Era vedado ao sacerdote comer da carne do sacrifício oferecido pelo pecado, cujo sangue fosse levado para o interior do tabernáculo, para fazer expiação no interior do Lugar Santo, mas estava obrigado a comer as porções de carne relativas às partes dos animais, que fossem ofertados pelo pecado e cujo sangue não fosse usado na referida expiação no interior do Lugar Santo.
Deste modo, eles não poderiam frustrar o ensino em figura que aqueles que são feitos sacerdotes para Deus, por meio da fé em Cristo, vivem diante dEle porque se alimentam da Sua carne.

Por isso Jesus disse que a Sua carne é verdadeira comida, e que todo aquele que dele se alimenta tem a vida eterna.
Tal como os apóstolos com Jesus no Getsêmani, o espírito de Arão estava pronto para toda obediência, mas a carne era fraca, e assim como os apóstolos, dormiram, em vez de vigiarem com o seu Senhor, em razão da tristeza pela morte de seus dois filhos, se sentia totalmente indisposto a comer da carne do bode, que foi oferecido como oferta pelo pecado e assim ordenou a seus filhos, que a sua carne fosse queimada totalmente.
Com isso houve uma quebra de um mandamento, mas, neste caso, a misericórdia do Senhor o alcançou, pois havia agido daquela forma juntamente com seus filhos Eleazar e Itamar, não por desconsiderarem ou desrespeitarem as ordens de Deus relativas aos sacrifícios, e nem pelo desejo de descumpri-las em ocasiões futuras.


Então ele argumenta com Moisés como poderia Deus aceitar que ele comesse da carne do sacrifício por simples obrigação, e com o espírito entristecido?
Moisés entendeu a justificativa de Arão e se deu por satisfeito.
É bastante instrutivo que no mesmo capítulo que registra a morte de Nadabe e Abiu, por terem oferecido fogo estranho, também está registrada a misericórdia de Deus para com Arão e seus filhos, quando deixaram de seguir estritamente o que era determinado pela Lei, em razão de ter sido compassivo para com o luto e tristeza deles.
Isto é muito importante para ser considerado, para que não se pense de Deus como sendo um Juiz inflexível nos dias do Antigo Testamento, que punia sem qualquer apelação a qualquer transgressão cometida contra os Seus mandamentos, sem pesar os espíritos e a sinceridade e o desejo daqueles que se aproximavam dEle para servi-lO.

O que pesa para Ele não é o tanto quanto poderemos falhar, porque já sabe que todos somos pecadores, mas qual é a forma como encaramos o pecado: se com tristeza e arrependimento, ou considerando a transgressão da Sua vontade como sendo algo sem importância.

“8 Falou também o Senhor a Arão, dizendo:
9 Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da revelação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso pelas vossas gerações,
10 não somente para fazer separação entre o santo e o profano, e entre o imundo e o limpo,
11 mas também para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o Senhor lhes tem dado por intermédio de Moisés.
12 Também disse Moisés a Arão, e a Eleazar e Itamar, seus filhos que lhe ficaram: Tomai a oferta de cereais que resta das ofertas queimadas do Senhor, e comei-a sem levedura junto do altar, porquanto é coisa santíssima.
13 Comê-la-eis em lugar santo, porque isto é a tua porção, e a porção de teus filhos, das ofertas queimadas do Senhor; porque assim me foi ordenado.
14 Também o peito da oferta movida e a coxa da oferta alçada, comê-los-eis em lugar limpo, tu, e teus filhos e tuas filhas contigo; porquanto são eles dados como tua porção, e como porção de teus filhos, dos sacrifícios das ofertas pacíficas dos filhos de Israel.
15 Trarão a coxa da oferta alçada e o peito da oferta movida juntamente com as ofertas queimadas da gordura, para movê-los como oferta movida perante o Senhor; isso te pertencerá como porção, a ti e a teus filhos contigo, para sempre, como o Senhor tem ordenado.
16 E Moisés buscou diligentemente o bode da oferta pelo pecado, e eis que já tinha sido queimado; pelo que se indignou grandemente contra Eleazar e contra Itamar, os filhos que de Arão ficaram, e lhes disse:
17 Por que não comestes a oferta pelo pecado em lugar santo, visto que é coisa santíssima, e o Senhor a deu a vós para levardes a iniquidade da congregação, para fazerdes expiação por eles diante do Senhor?
18 Eis que não se trouxe o seu sangue para dentro do santuário; certamente a devíeis ter comido em lugar santo, como eu havia ordenado.
19 Então disse Arão a Moisés: Eis que hoje ofereceram a sua oferta pelo pecado e o seu holocausto perante o Senhor, e tais coisas como essas me têm acontecido; se eu tivesse comido hoje a oferta pelo pecado, porventura teria sido isso coisa agradável aos olhos do Senhor?
20 Ouvindo Moisés isto, pareceu-lhe razoável.” (Lev 10.8-20).

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

MARAVILHADO COM A RESSURREIÇÃO

Versículo do dia: Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo; em ambas, procuro despertar com lembranças a vossa mente esclarecida. (2 Pedro 3.1)

À medida que a Páscoa se aproxima, vamos despertar nossa gratidão, alegria, admiração e maravilha pelo que a ressurreição de Jesus significa para nós. A maldição de nossa natureza caída é que aquilo que uma vez nos emocionou torna-se comum. A realidade não mudou. Nós mudamos.

É por isso que a Bíblia existe. Pedro diz que suas duas cartas são escritas para “estimular” ou “despertar” por meio de “lembranças”.

Então, despertemos nossas mentes esclarecidas por meio de lembranças.

O que Deus fez ao ressuscitar Jesus dentre os mortos? Aqui estão algumas respostas bíblicas.

Por causa da ressurreição de Jesus, nós nascemos de novo para uma viva esperança.

1 Pedro 1.3: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos”.

Por causa da ressurreição de Jesus, ele agora tem a glória para a qual nós fomos criados. Nosso destino final é vê-lo como ele é.

1 Pedro 1.21: “Deus… o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória”.

João 17.5, 24: “E, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo… Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo”.

Que o Senhor Jesus ressurreto desperte a sua mente esclarecida para novas profundezas de adoração, fidelidade e alegria.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do Dia: “Deus, que conforta os abatidos.” (2 Coríntios 7.6)

Quem pode confortar como Deus? Procure algum dos filhos de Deus que esteja em abatimento, melancolia e aflição. Conte-lhe esta promessa tão agradável e sussurre aos ouvidos dele palavras excelentes de consolação. Ele é como um surdo, não pode ouvir. Está em desespero. Conforte-o como você pode e receberá dele apenas um suspiro de resignação. Você não produzirá salmos de louvor, aleluias ou sonetos alegres. Permita que Deus venha ao encontro de seu filho e levante o rosto em direção a ele; então, os olhos do lamentador resplandecerão com esperança. Você não o ouve cantar? Você não pôde animá-lo, mas o Senhor mesmo o fez. Ele é o “Deus de toda consolação” (2 Coríntios 1.3).

Não há qualquer bálsamo em Gileade, mas existem bálsamos em Deus. Não existe um médico verdadeiro entre as criaturas, mas o Criador é Jeová-Rapha, o SENHOR que sara (ver Êxodo 15.26). É maravilhoso como uma palavra tão doce do vocabulário divino produz canções alegres nos crentes. Uma palavra de Deus é como uma imensa pepita de ouro. O crente é o ourives e pode lapidar esta promessa por semanas.

Crente, você não precisa viver no desespero. Busque o Consolador e peça-Lhe consolação. Você é um poço pobre, seco. Você já deve ter escutado que uma bomba-d’água seca precisa, antes de tudo, receber um pouco de água, para que bombeie novamente. Crente, quando você estiver seco, busque a Deus e peça-Lhe que transborde a alegria dele em seu coração; assim, a sua alegria será completa. Não procure pessoas conhecidas, você descobrirá que elas são semelhantes aos consoladores de Jó. Em primeiro lugar, busque a Deus, “que conforta os abatidos”. Logo você dirá: “Nos muitos cuidados que dentro de mim se multiplicam, as tuas consolações me alegram a alma” (Salmos 94.19).

quinta-feira, 9 de março de 2017

"Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente." 1 Coríntios 2:14


O Espírito Santo é o presente vivo de Deus, o selo e promessa de Deus. O Espírito é nossa segurança de que o que Deus começou com a morte sacrificial de Jesus e nossa participação nela através de fé e batismo, Ele completará com a volta de Jesus, mas o mundo não pode entender esta grande promessa, assim como não pode entender muitas Escrituras sem o dom do Espírito Santo. Seus olhos só enxergam o que podem tocar com as mãos e não podem enxergar totalmente a verdade que está no coração de Deus e revelada na Sua Palavra.🙏

terça-feira, 7 de março de 2017

Deus nos dá o que queremos! - Série em Romanos (Rm 1:24 a 32) - Comunidade Cristã de londrina


“NÃO DEIXEMOS DE CONGREGAR-NOS”: ENFRENTANDO O PROBLEMA DA EVASÃO DE MEMBROS

Introdução

Um neologismo tem se tornado comum nos últimos anos – “fidelização”. Trata-se de um termo da área de publicidade e marketing que traduz um desejo de empresas em diferentes ramos de atividade: o de que seus clientes ou consumidores se mantenham fiéis a elas e a seus produtos. Especialmente em setores nos quais existe forte concorrência, trata-se de um alvo buscado com crescente intensidade. Evidentemente, a fidelidade das pessoas a um determinado fornecedor ou prestador de serviços pode não ter quaisquer implicações éticas. Se alguém é cliente da pizzaria “a” ou “b” e utiliza os serviços dessa ou daquela companhia de telefonia celular, isso não tem maiores consequências fora da área mercadológica. Em outras esferas, todavia, a fidelidade adquire uma importância muito maior, como é o caso da política partidária. No Brasil, há muito tempo um bom número de políticos tem se envolvido com uma prática condenável: a troca frequente de partidos, geralmente por motivos pouco elogiáveis. Eles se filiam a uma legenda, elegem-se por ela e depois, movidos por interesses muitas vezes questionáveis, simplesmente se transferem para outra. Em anos recentes têm sido aprovadas leis visando coibir a chamada “infidelidade partidária”. Pois bem, esse é um tema que também interessa de perto às igrejas evangélicas.

É um fato conhecido que muitas delas, se não todas, experimentam um considerável êxodo de membros. Muitas vezes é feito um grande esforço no sentido de atrair novos adeptos, para depois perder parte deles pelos mais diferentes motivos. Muitos líderes parecem não estar preparados para lidar com essa realidade e são escassos os materiais publicados que tratam do assunto desde uma perspectiva pastoral. O objetivo deste artigo é analisar essa questão dos pontos de vista histórico e bíblico, bem como propor estratégias a serem tomadas para amenizar esse problema.

1. Dimensão Histórica

O problema da evasão de seguidores já pode ser visto no Novo Testamento, desde a época do ministério de Jesus. É bem conhecido o episódio em que, depois de um discurso contundente do Mestre, muitos de seus discípulos deixaram de segui-lo (Jo 6.66). Na igreja primitiva, o abandono da comunhão cristã geralmente estava associado à apostasia, à deserção da fé, sendo condenado vigorosamente. É essa a atitude do autor da 1ª Epístola de João, que se refere aos desertores como “anticristos” e acrescenta: “Eles saíram do nosso meio; entretanto não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos” (1Jo 2.19). Na 1ª Epístola a Timóteo, Paulo afirma que, nos últimos tempos, alguns apostatariam da fé (1Tm 4.1).

É importante lembrar que os primeiros cristãos entendiam estar vivendo nos últimos dias. Assim, a realidade da apostasia era algo contemporâneo, e não somente futuro. A epístola aos Hebreus lida muito diretamente com a problemática do abandono da fé, exortando os crentes a perseverarem no evangelho (2.1-3; 3.12-13; 6.11-12). A certa altura, o autor deixa claro que a deserção da comunidade cristã era uma realidade naqueles dias, mas apela aos seus leitores para que resistam contra isso: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (10.25).

Essa problemática continuou existindo nos três primeiros séculos da era cristã, o período em que o cristianismo era considerado uma religião ilegal (religio illicita). As duas principais causas de afastamento da igreja eram o fascínio das heresias ou das religiões alternativas e o temor das perseguições. Muitos cristãos deixavam a “igreja católica”, a corrente principal do cristianismo, considerada ortodoxa, fiel ao legado de Cristo e dos apóstolos, para se unir a manifestações heterodoxas como o gnosticismo, o montanismo, o marcionismo e outros movimentos. A literatura cristã antiga está repleta de alusões a esses grupos e aos males que causavam à igreja e seus fiéis.

No contexto das perseguições, muitas delas restritas e localizadas, e outras amplas e gerais, um grande número de pessoas abandonava a comunidade cristã. Elas o faziam justamente para não serem submetidas aos sofrimentos resultantes da ação repressora do estado. Porém, cessada a perseguição, surgia um difícil problema pastoral a ser enfrentado pelos bispos, os líderes da igreja. Muitos desses indivíduos que haviam negado a Cristo e se entregue à idolatria e outras práticas, arrependiam-se e manifestavam o desejo de retornar à igreja. As atitudes dos bispos variavam em relação a tais pessoas: alguns deles, adotando uma postura tolerante, reintegravam-nas com relativa facilidade; outros, conhecidos como “rigoristas”, submetiam-nas a um longo e árduo processo de reinserção na comunidade cristã. Em alguns casos, esse processo podia durar a vida inteira e o indivíduo somente era readmitido à comunhão no seu leito de morte, caso tivesse se mantido fiel até então. Essa situação viria a resultar no desenvolvimento do sacramento da penitência, que visava lidar com a realidade do pecado na vida dos batizados.[1]

Com o advento da era constantiniana, no início do quarto século, marcada pela aliança da igreja com o estado e pelo surgimento do cristianismo como religião oficial do Império Romano, o problema da deserção tomou novos contornos. Agora, sendo a igreja majoritária e aliada ao poder civil, era altamente desejável permanecer nela, e muito arriscado deixá-la. Surgiu assim uma inversão de situações: enquanto nos três primeiros séculos muitos abandonavam a igreja para não serem perseguidos, agora essa deserção é que se tornou passível de castigo, principalmente no caso dos heterodoxos. Um bispo espanhol, Prisciliano, e alguns de seus seguidores, foram os primeiros indivíduos a serem executados por heresia na história do cristianismo, em 385.[2]

Tal situação perdurou ao longo de toda a Idade Média. No contexto da “cristandade”, ou seja, a sociedade europeia fortemente influenciada pela Igreja Romana, o problema do abandono da igreja ou da fé ficou relativamente minimizado. Todas as pessoas eram batizadas na infância e se tornavam nominalmente cristãs. Os súditos de um estado eram ao mesmo tempo membros da única igreja. Cidadania e fé se equivaliam. Nesse contexto, não havia nenhuma tentação ou oportunidade para abandonar a comunidade eclesial. Essa realidade se alterou profundamente com o surgimento da Reforma Protestante. Esse movimento rompeu a cristandade e introduziu o princípio da diversidade religiosa no contexto do cristianismo europeu. Tal fato incentivou o trânsito das pessoas de uma confissão religiosa para outra. Além disso, o advento de uma mentalidade secularizante, associada com o Renascimento e o Humanismo, levou muitas pessoas a simplesmente rejeitarem qualquer religiosidade institucional.

Curiosamente, por um bom tempo as novas igrejas protestantes mantiveram a mentalidade hegemônica do catolicismo medieval. Em todas as nações ou regiões protestantes havia uma igreja oficial, fosse ela luterana, reformada ou anglicana, e os adeptos de outros grupos eram submetidos a diversas restrições. A única exceção eram os anabatistas, que rejeitavam qualquer associação entre a igreja e o estado. Esse sistema se transferiu para as colônias inglesas da América do Norte, onde cada colônia tinha a sua própria igreja oficial e os dissidentes sofriam sérias limitações e até mesmo rigorosas punições, como foi o caso dos quacres em Massachusetts. Finalmente, com a independência americana e a consagração da norma constitucional de separação entre igreja e estado, surgiu o fenômeno conhecido como denominacionalismo, ou seja, uma situação em que as mais diversas confissões religiosas têm exatamente o mesmo status e plena igualdade diante da lei, ninguém podendo ser punido por pertencer a este ou aquele grupo confessional, ou a nenhum deles.[3]

Evidentemente essa situação estimulou ainda mais a “infidelidade eclesiástica”. Como as pessoas tinham muitas opções religiosas, e não sofriam nenhuma sanção se transitassem de uma para outra, esse fato passou a ocorrer com frequência. Outras pessoas, por diferentes razões, simplesmente deixavam suas comunidades de origem e não se filiavam a nenhuma outra, optando por uma vida irreligiosa.

2. No Brasil

Como é sobejamente conhecido, dois tipos de igrejas protestantes foram implantadas no Brasil no século 19: aquelas constituídas de imigrantes europeus, como a anglicana e a luterana, e aquelas surgidas como resultado da atividade missionária europeia e norte-americana (congregacionais, presbiterianos, metodistas, batistas, episcopais e outros). Embora imperasse no país a união entre igreja e estado, sendo a Igreja Romana a religião oficial do império, entre as igrejas protestantes, principalmente as de origem missionária, ocorria na prática o fenômeno do denominacionalismo, que se consagrou definitivamente com o advento da República.

Por muito tempo houve considerável trânsito de membros entre as denominações tradicionais, o que era visto com certa naturalidade. Ninguém se espantava ou se afligia se um presbiteriano passava a frequentar uma igreja batista, ou um congregacional se tornava metodista. Por causas das afinidades entre essas igrejas, tais transferências não chegavam a chocar. Isso ocorria inclusiva com pastores: no início do século 20, dois ministros metodistas de igual sobrenome, Manoel de Arruda Camargo e Jovelino Moraes de Camargo, serviram a igreja presbiteriana por alguns anos, sem que isso causasse qualquer estremecimento entre as duas denominações.[4]

Muito diferente era a situação em que o afastamento de membros ocorria num contexto conflitivo, quer como resultado de cismas, adesão a grupos considerados heterodoxos ou quebra de padrões doutrinários e éticos. A seguir, são examinados alguns desses casos em conexão com a igreja presbiteriana brasileira.

2.1 Cisões ou Cismas

Historicamente, a ocorrência de divisões nas igrejas tem sido uma causa importante para o afastamento de membros. O primeiro cisma ocorrido no incipiente presbiterianismo nacional foi aquele associado ao Dr. Miguel Vieira Ferreira (1837-1885), engenheiro pertencente a uma família aristocrática do Maranhão. Em abril de 1874, ele foi recebido por profissão de fé e batismo pelo Rev. Alexander Blackford, na Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. Poucos meses depois foi eleito presbítero e acompanhou o missionário em algumas viagens evangelísticas. O pastor seguinte daquela igreja, Rev. Dillwin M. Hazlett, estando envolvido com outras atividades, entregou-lhe o púlpito com frequência. Dotado de um temperamento místico, que anteriormente o havia levado a envolver-se com o espiritismo, o Dr. Miguel começou a fundamentar seu ensino em sonhos e visões, pretendendo ter revelações diretas de Deus. Em fevereiro de 1879, ele foi suspenso do presbiterato. Em setembro daquele ano retirou-se da igreja com 27 pessoas, muitas delas de sua família, criando a Igreja Evangélica Brasileira, uma pequena denominação que existe até os dias de hoje.[5] Esse episódio foi objeto de várias análises do professor Émile Léonard, que o considerou um caso de “iluminismo” protestante.[6] Do ponto de vista pastoral, vale destacar a temeridade dos missionários em ordenar ao presbiterato esse indivíduo recém-convertido e posteriormente confiar-lhe o púlpito.

Posteriormente, com o cisma de 1903, que resultou no surgimento da Igreja Presbiteriana Independente, um número muito maior de membros deixou a igreja presbiteriana “sinodal”, gerando incontáveis amarguras por anos a fio. A partir da década de 1960, o movimento de renovação espiritual e posteriormente as influências neopentecostais continuaram a produzir divisões e afastamento de membros. Por sua natureza e por seu caráter coletivo, esse tipo de evasão dificilmente pode ser sanado, embora ocorram casos em que as pessoas acabam se decepcionando com o grupo separatista e fazem o caminho de volta.

2.2 Adesão a Outros Grupos Religiosos

Outro motivo para a evasão de membros tem sido o retorno à confissão religiosa original ou a filiação a outros grupos, evangélicos ou não. São um tanto comuns nos anais da história presbiteriana os casos em que membros vindos do catolicismo retornavam à velha igreja ou ingressavam nas fileiras espíritas. Porém, com mais frequência os líderes lamentam a adesão de fiéis a “seitas” protestantes, como sabatistas, pentecostais e outros movimentos.[7] Um exemplo interessante pode ser visto no primeiro livro de atas do conselho da Igreja Presbiteriana de Guarapuava, no interior do Paraná, organizada em 1889. Em maio de 1921, o conselho dessa igreja excluiu do seu rol 12 pessoas por terem se filiado à Igreja Presbiteriana Independente, 14 à Igreja Luterana, 23 aos sabatistas e duas aos espíritas.[8] É importante lembrar que muitos desses indivíduos residiam fora da sede e recebiam escassa assistência pastoral, um problema comum na época. Além disso, tais deserções provavelmente ocorreram ao longo de vários anos. No caso das adesões à Igreja Luterana, todos os envolvidos eram de origem alemã.

Em sua história do presbiterianismo brasileiro, Júlio Andrade Ferreira se refere ao “duro golpe” sofrido pela Igreja Presbiteriana do Brás, em São Paulo, quando foi implantada no mesmo bairro a Congregação Cristã no Brasil.[9] Em outro lugar ele fala das visitas do Rev. Roberto Frederico Lenington a Ponta Grossa, no Paraná, “onde os adventistas andavam dizimando o rebanho”.[10] Obviamente, essas incursões proselitistas acabavam por afastar membros individuais e famílias inteiras de muitas igrejas presbiterianas.

2.3 Abandono da Fé

Um terceiro fator motivador de abandono das fileiras das igrejas era a renúncia à fé, por diferentes motivos. Particularmente lamentadas eram as deserções resultantes da quebra dos padrões éticos das igrejas evangélicas, em especial na forma de vícios e adultério. Um caso ilustrativo é o do Dr. Antônio Teixeira da Silva (1863-1917), advogado natural de Tietê e irmão de D. Alexandrina Braga, mãe do Rev. Erasmo Braga. Ele era formado pela Faculdade de Direito de São Paulo, foi diretor do Liceu de Artes e Ofícios e lecionou por vários anos no Curso Comercial Superior do Mackenzie College. Em 1900, foi recebido por profissão de fé por seu sobrinho na Igreja Presbiteriana de Niterói e se tornou um dos primeiros membros da Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo. Por alguns anos, revelou-se vigoroso propagandista da fé evangélica, pregando em praças públicas e escrevendo folhetos e livros. Sua principal obra foi O catolicismo romano e o cristianismo puro (1902), que teve grande circulação. Foi um dos organizadores da Aliança Evangélica da capital paulista e um dos líderes iniciais do Esforço Cristão.[11]

No início de 1906, o Dr. Teixeira da Silva comunicou ao conselho da sua igreja que “tinha descrido do evangelho e vivia na transgressão do sétimo mandamento”, pedindo o seu desligamento do rol de comungantes.[12] Por vários anos esteve afastado da fé. Porém, segundo os registros da época, durante a enfermidade que o levou à morte, mostrou-se contrito e arrependido.[13] Os livros de atas das primeiras igrejas presbiterianas estão repletos de registros de demissão de membros por motivos semelhantes. Por outro lado, alguns se afastavam simplesmente por terem deixado de crer, sem terem cometido alguma transgressão moral. Em sua obra clássica sobre o presbiterianismo nacional, o historiador Vicente Themudo Lessa se refere a vários indivíduos que ingressaram na igreja, mas “não perseveraram na fé”. Entre outros, ele menciona o médico e cientista Vital Brasil Mineiro da Campanha; o jornalista e poeta Teófilo Barbosa; o candidato ao ministério e mais tarde advogado Randolfo Campos; Ricardo Figueiredo, diretor de O Estado de São Paulo, e Agnelo Costa, advogado, político e jornalista no Maranhão.[14]

3. O Cenário Atual

Como se percebe, a evasão de membros é um fenômeno antigo no protestantismo brasileiro, porém nos últimos anos adquiriu proporções alarmantes. O censo de 2010 realizado pelo IBGE revelou um contingente de quatro milhões de evangélicos que declararam não estar filiados a nenhuma igreja. Não se trata de pessoas que deixaram de abraçar a fé cristã e evangélica. Elas continuam a se considerar cristãs ou evangélicas, mas não julgam necessária uma vinculação eclesiástica. Para designar esses indivíduos, foi criado no Brasil há alguns anos o neologismo “desigrejados”, correspondente ao inglês “unchurched”. Um estudo recente sobre o assunto foi feito por Idauro Campos, pastor congregacional em Niterói e professor em diversos seminários da região. Sua dissertação de mestrado em Ciências da Religião no Seminário Teológico Congregacional do Estado do Rio de Janeiro foi publicada com o título Desigrejados: teoria, história e contradições do niilismo eclesiástico.[15] As referências bibliográficas arroladas por esse autor revelam o vasto número de estudos que têm se voltado para o tema nos últimos anos.[16]

Sua pesquisa revela duas causas principais para o fenômeno dos sem-igreja. Muitos membros deixam as igrejas evangélicas, principalmente neopentecostais, por se decepcionarem com líderes autoritários, controladores, ávidos por dinheiro, prestígio e poder.[17] Essas pessoas se ressentem da exploração espiritual, emocional e financeira a que foram submetidas por pastores inescrupulosos. Todavia, muitas delas acabam procurando outras igrejas nas quais a liderança é exercida dentro de moldes mais bíblicos. O segundo grupo é constituído daqueles que renunciam às suas congregações por não mais acreditarem na igreja institucional. Os porta-vozes desse movimento argumentam que o uso de templos, a existência de ministros ordenados e o ensino por meio de prédicas, entre outros fatores, são exemplos da paganização da igreja, do seu afastamento da simplicidade do cristianismo original.[18] Tais líderes propõem uma espiritualidade centrada em pequenos grupos, reuniões em contextos informais e um mínimo de aparato institucional. Entre eles estão Frank Vila e George Barna, nos Estados Unidos, e Caio Fábio e Paulo Brabo, no Brasil.

Embora tenha simpatia pelo primeiro grupo, aqueles que deixaram suas igrejas por terem sido “feridos em nome de Deus”, Campos discorda firmemente dos proponentes de uma “terceira reforma”. Enquanto que a primeira, a dos reformadores do século 16, teria sido doutrinária, e a segunda, a dos pietistas, teria ocorrido no âmbito da espiritualidade, a terceira seria eclesiológica, implicando numa profunda reformulação da igreja institucional. Conquanto reconheça, como é correto, os erros da igreja enquanto instituição, inclusive no âmbito protestante, o referido autor apresenta vários argumentos em sua defesa: o questionamento da igreja visível não é novo na história do cristianismo, tendo ocorrido muitas vezes no passado[19]; embora a igreja neotestamentária tivesse uma organização bastante singela, já se percebem os sinais de uma institucionalização incipiente, como as instruções a respeito dos oficiais; nenhuma organização pode prescindir de alguma estruturação formal – isso é próprio de todo grupamento humano. Mesmo que um movimento denomine suas unidades de “estações do caminho” (Caio Fábio), mais cedo ou mais tarde elas irão ter características de igrejas.

Uma das críticas mais pertinentes feitas por Campos aos proponentes da desvinculação com a igreja tem a ver com a “crise de pertencimento” da sociedade pós-moderna.[20] A mentalidade contemporânea caracteriza-se por elementos como o relativismo, o pluralismo e o individualismo exacerbados. Nesse contexto, são desfeitos os vínculos de lealdade com as instituições. Esse autor conclui: “Mesmo que não percebam ou que não admitam, muito da energia dos desigrejados vem da pós-modernidade. Antes de ser uma revolução (como acreditam) é tão somente um reflexo do momento pelo qual a sociedade passa”.[21]

Uma ressalva que se pode fazer a esse valioso estudo é o fato de deixar de considerar outros fatores igualmente importantes no processo de desigrejação, como aqueles que foram considerados acima na história do presbiterianismo brasileiro. Além da decepção com líderes abusivos e com doutrinas e práticas heterodoxas, e além do questionamento ideológico da igreja como instituição, a realidade é que muitas pessoas continuam deixando as suas congregações por participarem de movimentos cismáticos, se sentirem atraídas por igrejas mais empolgantes, não se submeterem à disciplina quando envolvidas com práticas conflitantes com a fé cristã ou simplesmente por passarem a nutrir dúvidas acerca do evangelho.

4. Perspectivas Pastorais

Este artigo não tem em vista simplesmente apresentar uma perspectiva histórica do problema da evasão de membros e fazer um breve diagnóstico desse mal que acomete muitas igrejas, mas propor ações preventivas e corretivas que podem ser empreendidas pelos líderes cristãos. A evasão de membros é um fenômeno complexo e multifacetado, decorrente de uma grande multiplicidade de fatores. Existem participantes ou frequentadores que irão deixar a congregação não importa o que se faça em relação a eles, mas é certo que muitos deixarão de fazê-lo se forem tomadas atitudes adequadas em relação aos problemas que enfrentam ou aos questionamentos que nutrem com relação à igreja. A seguir, são apontados alguns elementos a serem considerados por aqueles que se preocupam com esse desafio.

4.1 Autocrítica

Em primeiro lugar, pastores e presbíteros precisam admitir que suas igrejas não são perfeitas e podem ter características que tenderão a afastar alguns de seus integrantes. O tradicionalismo, as formas rígidas de culto e organização, a incapacidade de se adaptar a novas realidades, a falta de abertura para o diálogo e outros fatores correlatos estão presentes em muitas igrejas e acabam por gerar insatisfação e finalmente evasão. Alguém disse que muitas vezes a igreja fica eternamente respondendo perguntas que as pessoas não estão fazendo e, por outro lado, deixa de responder as que elas estão levantando. Isso dá aos fiéis a percepção de que suas necessidades, dúvidas e carências não estão sendo supridas. Se é bem verdade, desde uma perspectiva reformada, que o alvo precípuo da igreja é a glória de Deus e não a satisfação de necessidades, por outro lado a igreja tem o dever de ministrar aos seus participantes em suas carências espirituais, emocionais, relacionais e outras.

Outro aspecto crucial diz respeito às oportunidades que as pessoas, todas as pessoas, devem ter na igreja de exercer os ministérios e dons confiados por Deus. Aqui, dois erros extremos podem ocorrer, um de falta e outro de excesso. Existem membros que se frustram porque raramente têm espaço para fazer alguma coisa, para dar a sua contribuição. Por exemplo, aquela pessoa que nunca tem a oportunidade de fazer uma oração no culto público ou de ter qualquer outra participação na liturgia. Ou então quem nunca recebe um convite para exercer algum cargo, emitir uma opinião ou colaborar em alguma área na qual tem conhecimento ou experiência. Todavia, também existe o perigo oposto, que é sobrecarregar as pessoas com atividades, deixando-as exaustas e sem tempo para outros interesses, sejam eles familiares ou comunitários. O Rev. Erasmo Braga era crítico dessa tendência das igrejas de sua época, tendo se referido a esse problema em vários de seus escritos.[22]

Os dirigentes precisam ser sensíveis e receptivos em relação às reivindicações e solicitações legítimas de seus fiéis, evitando assim uma evasão desnecessária. Para isso, é preciso ouvi-los com frequência, exercer o diálogo constante e, assim, realizar as correções nas normas e práticas que se façam necessárias, tendo em vista o bem-estar e a continuidade da participação dos membros.

4.2 Discipulado

Em muitas igrejas locais se verifica uma grande ironia, um grande paradoxo. Essas igrejas fazem um enorme e apreciável investimento na área da evangelização, da atração de novas pessoas e famílias para o evangelho de Cristo. O pastor prega e ensina com frequência a respeito do assunto, são oferecidos cursos sobre como evangelizar, utilizam-se publicações ricas e estimulantes sobre o tema, incentiva-se o evangelismo pessoal e em grupos. Enfim, faz-se um vigoroso esforço para alcançar os não-crentes. Porém, tão logo essas pessoas se convertem e são recebidas na igreja, elas são, por assim dizer, esquecidas e caem na rotina da vida da comunidade. Como elas já estão do lado de dentro, entende-se que não mais precisam de tanta atenção. É assim que muitos novos membros depois de algum tempo acabam se decepcionando, perdendo o seu entusiasmo inicial e abandonando a igreja.

Isso mostra a absoluta necessidade de um elemento complementar ao evangelismo, que é o discipulado ou a integração dos novos convertidos. A igreja precisa criar mecanismos pelos quais aqueles que ingressaram na comunidade possam receber um acompanhamento adequado nos primeiros meses e anos de sua vida cristã. Em sua autobiografia recentemente publicada, o Rev. Eber Lenz César, que teve vasta experiência ministerial em vários estados do Brasil e na África do Sul, mostra como as atividades de integração foram importantes nesse sentido.[23]

4.3 Pastoreio

Tanto membros novos quanto antigos também precisam de uma assistência constante e cuidadosa por parte dos pastores e dos presbíteros regentes. Isso faz lembrar a valiosa exortação de Paulo aos líderes da igreja de Éfeso: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constitui bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20.28). Esse cuidado inclui uma vigilância constante que permita identificar os problemas ainda no seu início, a tempo de serem adequadamente diagnosticados e tratados pastoralmente. Um caso clássico é a repentina ausência dos cultos por uma pessoa ou família. Tal circunstância muitas vezes sinaliza alguma dificuldade que deve ser objeto de uma intervenção rápida por parte dos líderes cristãos. Porém, não somente estas, mas todas as pessoas devem ser objeto de uma constante preocupação e zelo pastoral.

É bem conhecido o exemplo do notável pastor puritano Richard Baxter (1615-1691). No fiel desempenho do seu encargo, esse ministro procurava se encontrar uma vez por ano com cada uma das 800 famílias que compunham a sua congregação na cidade de Kidderminster, a fim de instruí-las e aconselhá-las. Em seu famoso clássico The Reformed Pastor, ele insistiu que os pastores precisam se dedicar à instrução pessoal e particular do rebanho. Disse ele: “É dever inquestionável dos ministros em geral que se disponham à tarefa de instruir e orientar individualmente a todos aqueles que são entregues ao seu cuidado”.[24]

Conclusão

Os líderes cristãos, aí incluídos pastores, presbíteros, diáconos, professores de escola dominical e outros, nunca devem se esquecer de uma importante distinção no que diz respeito à igreja. Por um lado, ela é uma instituição, uma estrutura (organização). Por outro lado, é o conjunto dos fiéis, o corpo de Cristo (organismo). O primeiro aspecto deve servir o segundo, não o contrário. A igreja institucional tem como um de seus propósitos ministrar às necessidades dos fiéis, contribuir para que vivam vidas plenas em Cristo, sem afastar-se da comunidade da fé, mas estando plenamente integrados nela.

Em alguns casos, a evasão de membros pode ser algo sem maiores consequências, como quando alguém deixa uma igreja para filiar-se a outra igualmente bíblica e sólida. Em outras situações, representa uma grande perda para a igreja e para as pessoas envolvidas. Esse tema negligenciado precisa receber maior atenção dos ministros de Deus à medida que desempenham os diferentes deveres do seu encargo. O afastamento de pessoas ou a ameaça de afastamento pode indicar problemas que elas estão enfrentando pessoalmente ou problemas da igreja como um todo. Ambos precisam ser tratados zelosamente, sob a direção do Espírito Santo e o ensino das Escrituras.

DEUS É DEVERAS MISERICORDIOSO E PERDOADOR

Há pais que não amam os filhos porque estes são muito falhos e errados segundo o próprio modo de julgar destes pais.
Agora, Deus é um Pai que não somente ama, é misericordioso perdoador de muitos filhos errados, como também os conduz a uma plena restauração.
Ele jamais passará a mão por cima dos nossos erros; jamais fará vista grossa para eles, e não deixará de se entristecer com a nossa terrível condição, mas Sua graça e misericórdia ultrapassarão os Seus juízos e correções, e mostrará bondade e boa receptividade a todos que reconhecerem que são de fato pecadores que ofendem a Sua justiça e santidade, e que se arrependem de seus maus caminhos, convertendo-se a Ele.
Creio que não há maior exemplo e registro do quanto Deus está disposto a perdoar e a amar quem se arrepende, do que aquele que encontramos em II Crônicas 33, em relação ao Rei Manassés.

Este rei havia praticado males terríveis durante o longo período de cinquenta e cinco anos do seu reinado. Quando foi submetido ao juízo do Senhor sob o poder dos assírios ele se humilhou e se arrependeu profundamente de tudo o que havia feito antes em sua vida, e veja a seguir como Deus agiu em relação a ele e aos seus muitos e horrendos pecados.
Eu costumo dizer: se Deus salvou um Manassés, qualquer pecador pode confiar que pode ser salvo por Ele, por muitos, terríveis e duradouros que tenham sido os seus pecados.

A Maldade do Rei Manassés

“2Cr 33:1 Tinha Manassés doze anos de idade quando começou a reinar e cinquenta e cinco anos reinou em Jerusalém.
2Cr 33:2 Fez o que era mau perante o SENHOR, segundo as abominações dos gentios que o SENHOR expulsara de suas possessões, de diante dos filhos de Israel.
2Cr 33:3 Pois tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, havia derribado, levantou altares aos baalins, e fez postes-ídolos, e se prostrou diante de todo o exército dos céus, e o serviu.
2Cr 33:4 Edificou altares na Casa do SENHOR, da qual o SENHOR tinha dito: Em Jerusalém, porei o meu nome para sempre.
2Cr 33:5 Também edificou altares a todo o exército dos céus nos dois átrios da Casa do SENHOR,
2Cr 33:6 queimou seus filhos como oferta no vale do filho de Hinom, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro, praticava feitiçarias, tratava com necromantes e feiticeiros e prosseguiu em fazer o que era mau perante o SENHOR, para o provocar à ira.
2Cr 33:7 Também pôs a imagem de escultura do ídolo que tinha feito na Casa de Deus, de que Deus dissera a Davi e a Salomão, seu filho: Nesta casa e em Jerusalém, que escolhi de todas as tribos de Israel, porei o meu nome para sempre
2Cr 33:8 e não removerei mais o pé de Israel da terra que destinei a seus pais, contanto que tenham cuidado de fazer tudo o que lhes tenho mandado, toda a lei, os estatutos e os juízos dados por intermédio de Moisés.
2Cr 33:9 Manassés fez errar a Judá e os moradores de Jerusalém, de maneira que fizeram pior do que as nações que o SENHOR tinha destruído de diante dos filhos de Israel.
2Cr 33:10 Falou o SENHOR a Manassés e ao seu povo, porém não lhe deram ouvidos.
2Cr 33:11 Pelo que o SENHOR trouxe sobre eles os príncipes do exército do rei da Assíria, os quais prenderam Manassés com ganchos, amarraram-no com cadeias e o levaram à Babilônia.”


O Arrependimento e Conversão de Manassés

“2Cr 33:12 Ele, angustiado, suplicou deveras ao SENHOR, seu Deus, e muito se humilhou perante o Deus de seus pais;
2Cr 33:13 fez-lhe oração, e Deus se tornou favorável para com ele, atendeu-lhe a súplica e o fez voltar para Jerusalém, ao seu reino; então, reconheceu Manassés que o SENHOR era Deus.
2Cr 33:14 Depois disto, edificou o muro de fora da Cidade de Davi, ao ocidente de Giom, no vale, e à entrada da Porta do Peixe, abrangendo Ofel, e o levantou mui alto; também pôs chefes militares em todas as cidades fortificadas de Judá.
2Cr 33:15 Tirou da Casa do SENHOR os deuses estranhos e o ídolo, como também todos os altares que edificara no monte da Casa do SENHOR e em Jerusalém, e os lançou fora da cidade.
2Cr 33:16 Restaurou o altar do SENHOR, sacrificou sobre ele ofertas pacíficas e de ações de graças e ordenou a Judá que servisse ao SENHOR, Deus de Israel.
2Cr 33:17 Contudo, o povo ainda sacrificava nos altos, mas somente ao SENHOR, seu Deus.
2Cr 33:18 Quanto aos mais atos de Manassés, e à sua oração ao seu Deus, e às palavras dos videntes que lhe falaram no nome do SENHOR, Deus de Israel, eis que estão escritos na História dos Reis de Israel.
2Cr 33:19 A sua oração e como Deus se tornou favorável para com ele, todo o seu pecado, a sua transgressão e os lugares onde edificou altos e colocou postes-ídolos e imagens de escultura, antes que se humilhasse, eis que tudo está na História dos Videntes.
2Cr 33:20 Assim, Manassés descansou com seus pais e foi sepultado na sua própria casa; e Amom, seu filho, reinou em seu lugar.”

O arrependimento de Manassés é um caso memorável das riquezas da misericórdia e do perdão de Deus, e do poder de sua graça renovadora. Privado de sua liberdade, separado de seus maus conselheiros e companheiros, sem qualquer perspectiva além de terminar os seus dias em uma prisão miserável, Manassés pensou no que se passara; começou a clamar por misericórdia e libertação. confessou os seus pecados, condenou-se a si mesmo, humilhou-se diante de Deus e detestou-se como monstro ímpio e cruel. Porém, esperou ser perdoado através da abundante misericórdia do Senhor.

Então Manassés soube que Jeová é Deus, capaz de livrar, que era o Deus da salvação; aprendeu a temê-lo, confiar nEle, amá-lo e obedecer-lhe. A partir deste momento, teve um novo caráter e andou em novidade de vida. Quem sabe que torturas de consciência, que suspiros de dor, que medo da ira, que remorso e agonia suportou quando contemplou os seus muitos anos de apostasia e rebelião contra Deus, ao dirigir milhares de pessoas ao pecado e à perdição, em sua culpa sangrenta por perseguir os filhos de Deus?

E quem pode reclamar que o caminho ao céu esteja bloqueado, quando vê que entra um pecador como este? Mesmo que pensemos o pior sobre nós mesmos, aqui está o exemplo de um homem tão mau, que mesmo assim encontra o caminho do arrependimento. Não neguemos a nós mesmos o que o próprio Senhor Deus não nos tem negado. Não é o pecado que fecha o céu para o pecador, pois há perdão no Salvador; o que lhe fecha o céu é a sua própria impenitência.

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

O TIPO DE FRIO QUE MATA

Versículo do dia: Ele envia as suas ordens à terra, e sua palavra corre velozmente. (Salmo 147.15)

Hoje à noite, estará 4 graus mais quente em nosso freezer da cozinha do que aqui fora em Minneapolis. A temperatura mais elevada amanhã será de 20 graus abaixo de zero. Nós recebemos isso da mão do Senhor.

Ele envia as suas ordens à terra, e
Sua palavra corre velozmente;
Dá a neve como lã e
Espalha a geada como cinza.
Ele arroja o seu gelo em migalhas;
Quem resiste ao seu frio?
Manda a sua palavra e o derrete;
Faz soprar o vento, e as águas correm.
(Salmo 147.15-18)

Esse é o tipo de frio com o qual você não brinca. Ele mata.

Quando vim para Minnesota da Carolina do Sul, eu me vesti para o frio. Porém, não preparei os equipamentos de primeiros socorros em caso de uma falha mecânica.

Um domingo à noite, no caminho de casa vindo da igreja, em meio a esse tipo de frio, meu carro quebrou. Isso foi antes dos telefones celulares. Eu tinha duas crianças pequenas no carro.

Não havia ninguém nesta estrada. De repente eu percebi que isso era perigoso.

Em breve isso seria muito perigoso. Ninguém veio.

Eu vi, a distância, a cerca de uma casa. Eu sou o pai. Este é o meu trabalho. Pulei a cerca, corri até a casa e bati na porta. Eles estavam em casa. Eu expliquei que tinha uma esposa e duas crianças pequenas no carro, e perguntei se eles nos deixariam entrar. Eles permitiram.

Esse é um tipo de frio com o qual você não brinca.

Essa é mais uma forma de Deus dizer: “Esteja quente ou frio, alto ou profundo, afiado ou sem corte, barulhento ou silencioso, iluminado ou escuro… Não brinque comigo. Eu sou Deus. Eu fiz todas essas coisas. Elas falam sobre mim, assim como as brisas quentes do verão, as chuvas leves, as noites agradáveis e iluminadas pela Lua, a movimentação à beira do lago, os lírios do campo e as aves do céu”.

Há uma palavra para nós nesse frio. Que o Senhor nos dê pele para sentir e ouvidos para ouvir.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do Dia: “Assim diz o SENHOR Deus: Ainda nisto permitirei que seja eu solicitado pela casa de Israel: que lhe multiplique eu os homens como um rebanho.” (Ezequiel 36.37)

A oração precede a misericórdia. Leia a história bíblica e dificilmente você achará um caso em que a misericórdia vinda a este mundo não foi precedida de súplicas. Você já descobriu que isto é verdade por experiência própria. Deus lhe tem dado muitos favores não-solicitados; apesar disso, muita oração tem sido o prelúdio de grandes misericórdias para você. Antes da primeira vez em que encontrou paz, por meio do sangue na Cruz, você já estava em oração e em séria intercessão com Deus, para que removesse suas dúvidas e o livrasse da angústia. A segurança foi o resultado da oração. Quando você desfrutou de alegrias extasiantes, sentiu-se constrangido a vê-las como respostas às suas orações. Quando experimentou grandes livramentos em aflições e auxílio poderoso em perigos, você pôde afirmar: “Busquei o SENHOR, e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores” (Salmos 34.4).

A oração sempre é o prefácio de bênçãos. Ela aparece antes das bênçãos, como se fosse a sombra delas. Quando o sol das misericórdias de Deus surge no horizonte de nossas necessidades, as sombras de nossas orações se espalham. Quando Deus empilha as misericórdias num monte, Ele mesmo brilha por trás delas e lança em nosso espírito a sombra da oração, para que descansemos seguros. A oração está vinculada à bênção, para nos mostrar o valor desta. Se tivéssemos as bênçãos sem pedi-las, nós as consideraríamos coisas comuns. As orações tornam nossas misericórdias mais preciosas do que diamantes. As coisas que pedimos são preciosas, mas não compreendemos a sua preciosidade até que as tenhamos procurado com ardor.

A oração a nuvem negra faz sumir;

Além de exercitar a fé e o amor

E na escada de Jacó é vista a subir;

E a nos trazer a bênção do Senhor!

segunda-feira, 6 de março de 2017

Todos sabem da existência de Deus - Série em Romanos (Rm 1:18 a 23) - Comunidade Cristã de Londrina


CRISTO VIVE EM VOCÊ?

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim...” - Gálatas 2:20

O tema da santificação é, talvez, um dos menos polêmicos entre cristãos. É consenso que o cristão deve santificar-se, embora alguns possam migrar para o extremo de, inconscientemente, adotar a santificação como ferramenta de justificação diante de Deus. Mas nós sabemos que a justificação ocorre em um momento pontual da conversão, fruto de uma ação externa e sem qualquer participação do crente. A santificação é, então, um tipo de complemento a esse processo, mas não determinante para a salvação. Não é uma causa da conversão, mas uma consequência, com efetiva participação do cristão, sem a qual não se verá ao Senhor (Hb 12:14).

Não raro, em alguns círculos reformados, qualquer alusão à temática traz em sua sombra os vestígios das exacerbações dos usos e costumes de comunidades pentecostais. Alguém fala em santificação e o alarme de regras dispara na cabeça do crente: “mas é pela graça, não por obras”. Sim, a salvação é pela graça, mas quando se fala em santificação, ao menos idealmente, não se está discutindo a salvação, mas a prática cristã diária. Não se trata de como você começou sua jornada, mas de como você está agora e irá terminar, se é que você se vê como peregrino neste mundo.

Se por um lado as obras da fé foram alçadas por certos grupos evangélicos e católicos a um patamar elevado até o nível da fé salvífica, por outro acabaram sendo desvalorizadas pelos mais radicais advogados da salvação pela graça. Talvez por esse motivo a providência divina tenha feito Tiago entrar no Cânone. Entre esses dois extremos existe a fé que é seguida pelas obras, de modo que uma sem a outra é morta (Tg 2:26).

A santificação está intimamente ligada às obras. Um cristão que não experimenta a santificação terá enorme dificuldade em praticar boas obras. Na verdade, eu diria que esse cristão não existe! Não é possível que um cristão não se santifique, assim como não é possível que uma árvore boa dê frutos ruins continuamente (Mt 7:17). Não é que a fé dependa das obras para operar a salvação, mas se trata de não ser possível que haja uma fé salvífica que não opere boas obras (Tg 2:26), assim como uma fonte doce não pode deitar água amargosa (Tg 3:11).

A prática das boas obras é um reflexo do processo de santificação. Um cristão que pratica obras sem santificar-se estará fazendo qualquer coisa que não uma “boa obra”, porque a santificação exige separação ao Senhor, assim como uma obra só será boa se ao Senhor ela for dedicada. Não faltam ateus praticando atos altruístas. Mas, para Deus, estas atitudes não possuem o valor espiritual que têm aquelas que resultam da fé, porque não se trata do que é feito, mas da motivação do coração, isto é, da consagração a Deus.

Contudo, o santificar-se, o separar-se para Deus, só é possível de uma única forma: Cristo habitando no crente, o que, por sua vez, só pode ocorrer se o crente morrer para si. Como consta no texto de Gálatas 2:20, Cristo só pode viver em você se o seu “eu” estiver morto. Não se trata de algum tipo de possessão, mas de uma metáfora bíblica para mostrar que ou você é como Cristo ou você não é convertido. Não há meio termo, assim como não há morno aceitável. Ou você é frio ou quente. Se você é morno será vomitado (Ap 3:15-16), e melhor lhe seria que fosse frio! Não pode o velho e o novo homem coexistirem na mesma pessoa. Não há espaço para concessão no Evangelho. Quem com Cristo não ajunta, espalha. Se Cristo, por meio do Espírito Santo, habita no crente, então não se espera menos de um crente que atos que reflitam a nova pessoa que ele é, ainda que em meio a tropeços e deslizes.

O fato é que não faltam crentes vivendo como se não fossem templos do Espírito Santo. Agem como se seguissem algum código de ética descrito em um manual de bons modos do Clube Dominical. Evitam vícios famigerados, usam roupas recatadas, filtram palavras de baixo calão e mantém um hábito primoroso de frequência às reuniões da igreja, mas seus corações são mornos e sua graça é seletiva. As disciplinas espirituais até podem estar presentes, mas são mais notáveis quando em público. São apegados ao dinheiro e tudo mais de material, consumistas vaidosos, despreocupados com a pregação do evangelho e esvaziados de amor.

Não quero, aqui, parecer um juiz carrasco e mesquinho que olha de cima do seu muro a sujeira do vizinho enquanto seu quintal está um caos. Sim, eu bem lembro que Jesus advertiu sobre o argueiro no olho. Mas, muito embora eu aqui tenha elencado algumas práticas nefastas que subjazem sob a aparência de religiosidade, o que importa, realmente, é saber se vemos o Espírito de Cristo naqueles que o professam. Importa saber se vemos a retidão em amor e integridade naqueles que se dizem seguidores de Jesus. O Salmo 15 é um bom guia prático.

O aspecto preocupante não é que o cristão peque. Isso é normal e esperado. O que me inquieta é a displicência com que o processo de santificação é encarado, e por consequência a compreensão da necessidade de arrependimento diário. Se Cristo vive em mim, quão grande responsabilidade pesa sobre minha cerviz. Não se trata do peso do serviço em si, pois o serviço a Cristo feito em amor resultará em um fardo leve, mas da responsabilidade pelo nome que levamos e pela missão que recebemos.

A nós é dito que somos o sal do mundo e a luz nas trevas. Ser converso não implica em nada menos do que iluminar o ambiente que nos cerca, refletindo a luz de Cristo que há em nós. Se já não sou eu que vivo, então meus anseios de autorrealização e sonhos de consumo se tornam secundários diante da primazia do reino de Deus em minha vida. Não é possível, logo, viver para Cristo se não matarmos nosso homem interior, o que implica renúncia e abnegação.

Sim, é pela graça que somos salvos, e é pela graça que nos santificamos e fazemos qualquer boa obra, mas de modo algum a graça de Deus em minha vida anula a responsabilidade que tenho de a cada dia fazer morrer meu “eu” e deixar que Cristo viva em mim.

O HÁBITO DA SANTIDADE

I. É forjado e preservado nas mentes e almas de todos os crentes, pelo Espírito de Deus, um princípio sobrenatural ou hábito de graça e de santidade, pelo qual eles são capacitados a conhecer e a viver para Deus, e realizar aquela obediência que é requerida e aceita por meio de Cristo, no pacto da graça, essencialmente ou especificamente distinta de todos os hábitos naturais, intelectuais e morais, mas que pode ser adquirida ou melhorada por estes meios.

II. Há um trabalho imediato ou a operação eficaz do Espírito Santo, por sua graça, necessário a todo ato de santa obediência, seja ele interno apenas na fé e no amor, ou externo; isto é, a todos os atos santos de nossa compreensão, vontade e afetos, e a todos os deveres de obediência em nosso caminhar diante de Deus.

A primeira destas afirmações que não é apenas uma verdade, mas é de tão grande peso e importância, que a nossa esperança de vida e salvação depende delas, e é a segunda o grande princípio que constitui a nossa profissão de fé cristã. E há quatro coisas que são para serem confirmadas a respeito disto.

1. Que há um tal hábito ou princípio sobrenatural, infundido ou criado nos crentes pelo Espírito Santo, e sempre presente neles.
2. Isso, de acordo com a natureza de todos os hábitos, inclina e dispõe a mente, vontade e afeições, para os atos de santidade adequados à sua própria natureza, e no que diz respeito ao seu fim apropriado, e que nos leva a encontrar a Deus e a viver para Ele.
3. Isto faz não somente a inclinação e disposição de mente, mas lhe dá o poder, e lhe capacita a viver para Deus em toda santa obediência.
4. Isto difere especificamente de todos os outros hábitos, intelectuais ou morais, que por qualquer meio, podemos adquirir; ou dons espirituais que possam ser conferidos a todas as pessoas.


No manejo destas coisas, devo manifestar a diferença que há entre uma vida sobrenatural espiritual de santidade evangélica, e um curso de virtude moral, que alguns, para a rejeição da graça de nosso Senhor Jesus Cristo, não se esforçam para substituir. De tal vida espiritual, sobrenatural, celestial, assim denominada a partir de sua natureza, causas, atos, e fins, devemos ser participantes da mesma neste mundo, se nos importarmos em alcançar a vida eterna em outro.

E aqui devemos considerar o que somos capazes para a natureza, a glória e a beleza da santidade, e confesso, que muito pouco disso posso compreender. É um assunto de fato, muitas vezes falado; mas a essência e a verdadeira natureza dela, estão muito escondidas dos olhos de todos os homens. O senso que é proposto na Escritura, é o que eu desejo experimentar e que me esforçarei para declarar. Mas, assim como não somos nesta vida perfeitos nos deveres de santidade, não mais somos no conhecimento de sua natureza.

Em primeiro lugar, portanto, eu digo, que ela é um hábito sobrenatural gracioso, ou um princípio de vida espiritual. E com relação a isto podemos destacar brevemente estas três coisas: 1. Mostrar o que significa tal hábito. 2. Provar que existe um hábito requerido para a santificação, sim, que a natureza da santidade consiste nisto. 3. Declarar, em geral, as suas propriedades.

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

QUANDO VOCÊ É IMORTAL

Versículo do dia: Quando amanheceu, os judeus se reuniram e, sob anátema, juraram que não haviam de comer, nem beber, enquanto não matassem Paulo. (Atos 23.12)

E sobre aqueles companheiros famintos que prometeram não comer até que matassem Paulo?

Lemos a respeito deles em Atos 23.12: “Quando amanheceu, os judeus se reuniram e, sob anátema, juraram que não haviam de comer, nem beber, enquanto não matassem Paulo”. Isso não funcionou. Por quê? Porque uma série de eventos improváveis ​​aconteceu.

Um rapaz ouviu a trama.
O menino era filho da irmã de Paulo.
O menino teve a coragem de ir até o centurião romano que guardava Paulo.
O centurião acreditou nele e o levou ao comandante.
O comandante creu nele e preparou “duzentos soldados, setenta de cavalaria e duzentos lanceiros” para guardarem Paulo.
Altamente improvável. Estranho. Mas, foi o que aconteceu.

O que os homens famintos que estavam em emboscada não sabiam? Eles não consideraram o que acontecera com Paulo pouco antes de fazerem a sua trama. O Senhor havia aparecido a Paulo na prisão e dito: “Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma” (Atos 23.11).

Cristo disse que Paulo deveria ir para Roma. E assim aconteceu. Nenhuma emboscada pode resistir à promessa de Cristo. Até que chegasse a Roma, Paulo era imortal. Havia um testemunho final a ser dado. E Cristo cuidaria de que Paulo o desse.

Você também tem um testemunho final para dar. E você é imortal até que o dê.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do Dia: “Faze-me saber por que contendes comigo.” (Jó 10.2)

Talvez, ó alma que enfrenta provações, o Senhor esteja fazendo isto para te fazer crescer em graça. Não descobriríamos algumas de nossas graças, se não passássemos por aflições. Você não sabe que sua fé nunca parece tão grande no verão quanto no inverno? O amor é frequentemente semelhante a um vagalume que mostra pouca luz, exceto quando se encontra em meio à escuridão. A própria esperança é como uma estrela – não pode ser vista no resplendor do sol da prosperidade, mas pode ser descoberta tão-somente na escuridão da adversidade. As aflições são as lâminas negras nas quais Deus incrusta as joias das graças de seus filhos, para que elas brilhem melhor.

Há pouco tempo atrás, de joelhos, você dizia: “Senhor, temo não ter fé. Prova-me que tenho fé”. Você não estava, na verdade, orando por provações – pois como você pode saber que tem fé, até que esta seja exercitada? Deus sempre permite as provações, a fim de que nossas graças sejam descobertas e nos certifiquemos da existência delas. Além disso, o que ocorre não é uma simples descoberta; verdadeiro crescimento na graça é o resultado de provações santificadas. Frequentemente, Deus remove nossos confortos e privilégios, para que nos tornemos crentes melhores. Ele treina os seus soldados não por meio de oferecer-lhes tendas de sossego e luxo, e sim por meio de revirar essas tendas e leva-los a marchas forçadas e serviço árduo. Ele os leva a passar pelos córregos, nadar pelos rios, subir montanhas e caminhar muitos quilômetros com fardos pesados em suas costas. Isto explica os sofrimentos pelos quais você passa? O Senhor está fazendo suas graças aparecerem e crescerem? Esta é a razão por que Ele está contendendo com você?