Semeando o Evangelho

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Semear a Verdade e o Amor de Deus

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

UM VERDADEIRO HOMEM DE DEUS - Série em Romanos (Rm 15:14-33) - Comunidade Cristã de Londrina


O QUE É MASCULINIDADE BIBLICAMENTE QUALIFICADA?

Por Pr Jim Witteveen

Vivemos numa época em que a noção de masculinidade é completamente ignorada e terrivelmente distorcida. Não são poucas as vezes em que vemos na TV, os homens, especialmente os pais, como tolos, incompetentes e fracos, enquanto seus filhos parecem fontes de sabedoria. Ou então, os homens são vistos como valentões que usam de sua força para ameaçar e intimidar. Na verdade, as estrelas masculinas de Hollywood no esporte e na música, não são diferentes disso na vida real. A maioria destes famosos não parece ter o desejo de cuidar de sua mulher nem de suas próprias crianças. São abusivos, imaturos; adolescentes presos em corpos de homens-feitos; são efeminados e fracos – física, psicológica e espiritualmente. Hoje em dia, infelizmente, modelos de masculinidade são raros na sociedade em geral.

Até mesmo na igreja, muitos de nós, mesmo sendo homens que pertencem a Deus, não sabemos como nos comportar como homens. Começando pelo fato de que, nossa tendência natural é buscar querer os benefícios da masculinidade, e rejeitar suas responsabilidades. Além disso, não temos exemplos para seguir, principalmente se nossos pais são descrentes. Sem contar que somos pressionados a nos conformar ao padrão do mundo, onde muitas pessoas acreditam que a masculinidade bíblica é antiquada e até perigosa. Existe também muita pressão dentro de nós, por parte de nossa natureza pecaminosa, para não realizarmos a nossa tarefa como homens, pois somos naturalmente preguiçosos e egoístas.

Neste contexto histórico, podemos ter dificuldades com exortações como esta: “Sede vigilantes, permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente, fortalecei-vos” (1 Coríntios 16.13). E o nosso problema com esta instrução não é somente com a raridade da palavra “varonilmente” e talvez uma dificuldade com entendimento deste conceito, mas também a realidade ao redor de nós, e dentro de nós.

Mas temos em nosso Senhor Jesus Cristo o exemplo brilhante de masculinidade perfeita. Durante a encarnação, Ele nos mostrou o que um homem deve ser, e o que realmente significa masculinidade verdadeira. O Rei dos reis e Senhor dos senhores, demonstrava liderança e o exercício de autoridade com perfeição, ao longo de seu ministério público. E o exemplo d'Ele nos surpreende, porque muitas vezes nós pensamos em liderança como o uso de força para realizar as nossas metas. Pensamos nos líderes como homens carismáticos e com habilidade de influenciar e comandar outras pessoas com a força de personalidade ou de armas. O homem com uma arma de fogo maior, com músculos maiores, maiores habilidades de persuasão, com o exército mais poderoso, ou com mais dinheiro é o homem respeitado neste mundo. Todavia, não era assim que Jesus liderava, e um homem que o segue também não deve ser assim – seja no contexto familiar ou na igreja. Os atributos de Jesus devem ser encontrados em um homem de Deus – como pai, marido, bispo (pastor ou presbítero) ou como diácono.

Em 1 Timóteo 3, o apóstolo Paulo fornece uma lista dos atributos dos bispos e diáconos. E na verdade, estas características não são apenas dos homens em posições de autoridade na igreja, como também atributos que todo homem cristão deve possuir. Esta lista mostra que a masculinidade bíblica é bem diferente da masculinidade deste mundo.

Quais são as características do bispo? Entre outras coisas, ele deve ser irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar, não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, e não avarento. O bispo deve governar bem a própria casa, e deve criar os filhos sob disciplina, com todo o respeito. E finalmente, ele deve ter bom testemunho dos de fora. As características do diácono, ainda no mesmo capítulo, são semelhantes, e o apóstolo deu uma lista de qualificações semelhante em Tito 1, onde ele escreve que o bispo não deve ser arrogante, nem irascível, nem dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, e piedoso.

Os homens estão sempre realizando uma função de liderança, na maioria das vezes. Deus nos colocou na posição de liderança no casamento e também na igreja. Desde a queda, é fácil abusar nossas funções. Lord Acton disse no Século XIX: “O poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente.” É fácil utilizar mal o nosso poder e nos comportar como ditadores na família e na casa de Deus em lugar de sermos líderes semelhantes a Cristo. Em vez de liderar como Ele, nós lideramos como gerentes comerciais ou como lideres políticos.

Podemos dizer algo como: “Você deve se comportar nesta maneira. Faça isso, e não faça aquilo.” E quando eles fazem a pergunta, “Por quê?” simplesmente respondermos: “Porque eu sou o chefe, e você deve me obedecer.” Porém, o cristão não deve ser assim, pois ao fazer isto é bem possível causarmos problemas para o rebanho de Cristo. Em vez de ensinarmos que a vida cristã é o oposto da vida mundana, nós ensinaremos que a igreja é uma organização como as outras. Em lugar de ensinarmos a graça de Cristo, ensinaremos legalismo, e conformidade às normas e aos regulamentos externos.

Nossa primeira tarefa, de acordo com 1 Timóteo 3 e em Tito 1, é a liderança pelo exemplo. Nossa família, nosso relacionamento com as nossas esposas e com nossas crianças, devem ensinar o estilo de vida cristão. Nossa conduta no lar e na igreja deve espelhar Cristo, que lavou os pés dos discípulos, que se humilhou, ao longo da sua vida terrestre; que entregou sua própria vida por causa do seu povo; que exerceu seu poder no contexto de auto-sacrifício.

O poder que temos nesta vida foi dado a nós por Cristo, e deve ser exercido como Ele o exerceu. “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Fp 2. 5-8)

Como Cristo, devemos ser “não violento, porém cordato”; devemos ser “inimigos de contendas,” e devemos governar as nossas próprias casas desta maneira também. Como Cristo, devemos liderar humildemente, não com uma atitude arrogante. Ao fazermos isto, a comunidade verá nosso estilo de vida e teremos “bom testemunho dos de fora.” Não porque buscamos elogios dos outros, ou porque queremos o respeito dos homens. Mas quando vivemos como Cristo, eles verão que não somos como o mundo – somos bem diferentes. Somos seguidores de Cristo, o Rei que serve.

Isto não significa covardia e fraqueza, nem que seremos sempre agradáveis sem nunca abrir a boca para corrigir alguém. Pelo contrário, devemos falar a verdade em amor como Cristo fez. Ele nunca hesitou em confrontar os fariseus, inimigos do Evangelho, usando a expressão “raça de víboras” e chamava-os ao arrependimento. Mas, ao mesmo tempo, Ele comia com os pecadores, era paciente, longânimo e amoroso com aqueles que admitiam precisar de Sua graça. Por outro lado, podemos cometer este erro quando queremos viver em humildade. Ter medo de ofender alguém não é liderança, e sim, covardia; ter medo do que os outros vão pensar, medo de sermos rejeitados, de não sermos respeitados se não mostrarmos que nosso poder e masculinidade são parecidos com o deles.

Para sermos homens de Deus, no lar ou na igreja, como pais ou pastores, presbíteros ou diáconos, precisamos de coragem e força, que vêm somente da raiz da verdadeira humildade. E esta, nós só conhecemos por meio do Senhor. Força e coragem são frutos da fé e não de poder pessoal. Muitas vezes, a covardia é disfarçada em uma expressão de masculinidade. Quanto mais inseguros e assustados, mais valentões. Precisamos das características verdadeiras, pois as falsificações nos levarão ao desastre. Somente a fé de verdade poderá nos manter firmes e corajosos, sabendo que não devemos lutar por nossos próprios interesses, pelo contrario, devemos nos colocar em segundo lugar, priorizando sempre os outros e seus direitos.

Precisamos de Cristo e do Seu Espírito Santo, para realizarmos nossa tarefa nos ofícios da igreja. Cristo se comportava com masculinidade verdadeira. Ele enfrentou Seus acusadores em silêncio, Ele não fugiu do destino horrível que Ele sabia que teria de enfrentar; Ele era verdadeiramente forte e corajoso, confiando que seu Pai estaria com Ele.

Para realizarmos nosso chamado em ofícios na família ou na igreja precisamos de fé. É nossa obrigação passar muito tempo com a Palavra de Deus, em oração, em comunhão com a família de Deus, a comunidade da Aliança. A menos que o Espírito Santo esteja operando, será impossível viver a masculinidade verdadeira que Cristo ensina. Não conseguiríamos manter o equilíbrio entre mostrar amor e paciência aos pecadores fracos e manter justiça e disciplina na Igreja. Sem o Espírito, podemos tentar realizar, mas, com certeza, falharemos. Todavia, em Cristo e no poder do Espírito Santo podemos lutar pela unidade da igreja; podemos encorajar uns aos outros, podemos ensinar, exortar e amar o nosso próximo como a nós mesmos. Podemos oferecer uma liderança que serve, assim como nosso Salvador. Mesmo parecendo extremamente anticultural, é esse tipo de liderança que a Igreja de Cristo precisa. E quando homens vivem como Cristo, eles são o exemplo que o mundo precisa também. É para isto que fomos chamados, e esse é o exercício da masculinidade verdadeira e bíblica.

JESUS NOS RESGATOU DA MALDIÇÃO FAZENDO-SE MALDIÇÃO POR NÓS

Nos dias em que Moisés peregrinava com o povo de Israel no deserto, o ataque do rei cananeu de Arade no caminho de Atarim, levando a alguns israelitas como prisioneiros, serviu para estimular aquela nova geração de Israel à guerra, e eles fizeram um voto ao Senhor se caso lhes desse vitória sobre o rei de Arade, destruiriam totalmente as suas cidades (Números 21.1,2) e com isto começariam a cumprir o propósito do Senhor de exercer um juízo sobre as práticas e idolatrias abomináveis dos cananeus, pela destruição dos seus altares, postes-ídolos e pela tomada deles das terras que pertenciam por direito divino aos israelitas, pois foram dadas por Deus por promessa à descendência de Abraão.
Assim, o Senhor atendeu ao pedido dos israelitas e lhes entregou os cananeus e destruíram totalmente as suas cidades (Nm 21.3).

Surpreendentemente, quando partiram do monte Hor para rodearem a terra dos edomitas, a Palavra diz que a alma do povo se impacientou, por causa do caminho.
Eles agiram de novo, como em Meribá, com a fala precipitada dos lábios, em razão de terem se irritado com as condições adversas do deserto, e como havia escassez de pão e água, chamaram o maná de pão vil, e que estavam enfastiados em comê-lo durante todos aqueles anos. E, se queixaram de Deus e de Moisés por tê-los tirado do Egito para morrerem naquele deserto (Nm 21.5).

Mas desta vez o Senhor não deixou de visitar a murmuração deles com juízos e lhes enviou serpentes venenosas, que os mordiam e mataram a muitos (Nm 21.6).
Só que diferentemente de seus pais, estes israelitas se arrependeram do seu pecado e vieram a Moisés e confessaram que haviam pecado contra ele e contra Deus, e lhe pediram que intercedesse em seu favor para que o Senhor os livrasse daquelas serpentes.

Tendo Moisés orado por eles, o Senhor lhe ordenou que fizesse uma serpente de bronze e que a colocasse sobre uma haste, e todo aquele que tivesse sido mordido e olhasse para aquela serpente de bronze seria curado e não morreria; e de fato todo aquele que olhava para a serpente de bronze vivia (v. 7-10).

Jesus se referiu à salvação que seria operada por Ele quando fosse levantado na cruz, em seu discurso com Nicodemos, que esta exigiria o mesmo tipo de fé daqueles que foram livrados da morte pelas mordeduras das serpentes venenosas no deserto, nos dias de Moisés, pois do mesmo modo que Moisés havia levantado a serpente de bronze numa haste no deserto, Ele seria levantado na cruz para que fosse salvo todo aquele que nele cresse, assim como os israelitas creram que olhando para a serpente seriam curados e não morreriam.
De fato a salvação é unicamente pela fé, pelo simples ato de olhar a Jesus com os olhos espirituais da fé.

“E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna.” (Jo 3.14,15)

“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;” (Gál 3.13)

A serpente foi amaldiçoada no Éden, e a comparação que foi feita por nosso Senhor com aquele ato que foi realizado no deserto significava esta verdade de que para nos livrar da maldição Ele se faria maldição por nós, e como vimos, a melhor figura para a maldição seria a serpente, e por isso Deus usou esta figura no passado, para nos ensinar esta grande verdade espiritual, de que se somos abençoados é porque Jesus nos resgatou da maldição, fazendo-se a Si mesmo maldição nosso lugar.
O acesso a esta bênção, a sua obtenção, exige que olhemos tão somente para Cristo, com os olhos da fé.
É assim que somos livrados da morte espiritual e eterna e alcançamos a vida eterna.

“Olhai para mim, e sede salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.” (Is 45.22).

Lembremos que a serpente de bronze que Moisés levantou na haste representava uma serpente que foi morta pelo poder de Deus, e isto ensinava em figura que a maldição seria morta para que pudéssemos ter vida eterna, e isto Jesus faria morrendo como maldição no nosso lugar, na cruz que foi levantada no monte Calvário, para que pudéssemos ser livrados da morte espiritual produzida pela picada do diabo.

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

QUANDO ESTOU ANSIOSO

Versículo do dia: …lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. (1 Pedro 5.7)

Quando fico ansioso por estar doente, luto contra a incredulidade com a promessa: “Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra” (Salmo 34.19). E, com tremor, eu considero a promessa: “A tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Romanos 5.3-5).

Quando fico ansioso por estar envelhecendo, luto contra a incredulidade com a promessa: “Até à vossa velhice, eu serei o mesmo e, ainda até às cãs, eu vos carregarei; já o tenho feito; levar-vos-ei, pois, carregar-vos-ei e vos salvarei” (Isaías 46.4).

Quando fico ansioso acerca da morte, luto contra a incredulidade com a promessa de que “nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos” (Romanos 14.7-9).

Quando fico ansioso pela possibilidade de fazer naufrágio na fé e me afastar de Deus, luto contra a incredulidade com as promessas: “aquele que começou boa obra em vós há de completa-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1.6); e: “Também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hebreus 7.25).

Façamos guerra, não contra outras pessoas, mas contra a nossa própria incredulidade. Essa é a raiz da ansiedade, que, por sua vez, é a raiz de muitos outros pecados.

Portanto, mantenhamos os olhos fixos sobre as preciosas e mui grandes promessas de Deus. Pegue a Bíblia, peça ajuda ao Espírito Santo, guarde as promessas em seu coração e lute o bom combate — para viver pela fé na graça futura.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do dia: A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma. (Lamentações 3.24)

O profeta não disse: “O Senhor é uma parte de minha porção” ou: “O Senhor está em minha porção”. Mas o Senhor mesmo é toda a herança de minha alma. Dentro deste círculo, encontra-se tudo o que possuímos ou desejamos. O Senhor é a minha porção, não a sua graça meramente, nem o seu amor, nem a sua aliança, mas o próprio Jeová. Ele nos escolheu como sua porção, e nós O escolhemos como a nossa porção. É verdade que primeiramente o Senhor tem de nos escolher, pois, do contrário, não O escolheríamos para nós mesmos; O Senhor é nossa porção toda-suficiente. Deus completa a Si mesmo, e se Ele é todo-suficiente em Si mesmo, deve ser todo suficiente para nós. Não é fácil satisfazer aos desejos dos homens. Quando eles sonham que estão satisfeitos, imediatamente acordam para a percepção de que há algo mais adiante e a ganância em seu coração grita: “Dá-me! Dá-me!” Mas tudo pelo que podemos anelar é sermos encontrados como parte do quinhão divino, de modo que perguntemos: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra” (Salmos 73.25). Podemos muito bem nos deleitar no Senhor, que nos faz beber do rio de seus prazeres. Nossa fé abre as suas asas e sobe como águia ao céu do amor divino como seu próprio lugar de habitação. “Caem-me as divisas em lugares amenos, é mui linda a minha herança” (Salmos 16.6). Alegremo-nos sempre no Senhor. Mostremos ao mundo que somos um povo feliz e abençoado, induzindo-os a exclamar: “Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco” (Zacarias 8.23).

OS FORTES E OS FRACOS - Série em Romanos (Rm 15:1-13) - Comunidade Cristã de Londrina


INTIMIDADE E AMIZADE

Por Ed Shaw

Uma vez pesquisei no Google a palavra “intimidade” e descobri que 99% das imagens tinham cunho sexual. Em nosso mundo ocidental atual, a intimidade é equivalente ao sexo. Você quer experimentar intimidade? Precisa fazer sexo. Os dois são quase sempre inseparáveis em nossas mentes.

Ilustramos esse fato em nossa interpretação instintiva de apenas um versículo da Bíblia. Ele registra parte de um lamento que o rei Davi do Antigo Testamento compôs ao ouvir sobre a morte de seu melhor amigo, o filho do rei Saul, Jônatas. E ele contém estas palavras comoventes:

Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; tu eras amabilíssimo para comigo! Excepcional era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres (2 Samuel 1.26).

Hoje parece impossível para alguém ler essa canção sem pensar que Davi e Jônatas devem ter desfrutado de uma relação sexual. Você não se percebeu rapidamente pensando em algo homoerótico sobre eles? Usando esse versículo, alguns já reivindicaram a aprovação bíblica de relacionamentos homossexuais — tudo porque Davi diz que o amor de Jônatas por ele era melhor do que o de uma mulher. Simplesmente não conseguimos nos conter.

Mas, e quanto à teoria mais plausível de que a amizade simples de Jônatas era mais preciosa para Davi do que suas relações complicadas com as mulheres? (1 Samuel 25.42-44 lista três esposas nesta fase da vida de Davi). Por que não é possível que ele tenha apreciado a intimidade não sexual de sua amizade com Jônatas (também um homem casado) mais do que a intimidade sexual de suas relações com Abigail, Ainoã e Mical? Por que não concluir que ele não está dizendo que Jônatas era melhor na cama do que as suas esposas — mas que a amizade de Jônatas era melhor do que qualquer coisa que Davi fez na cama com suas esposas?

Infelizmente, não conseguimos conceber essa possibilidade hoje. Tal intimidade deve significar sexo. Nossas vidas sexuais devem ser as melhores coisas sobre nossas vidas. Porém, acho que isso nos informa mais sobre nossos relacionamentos hoje do que sobre a relação de Davi e Jônatas no passado. Vivemos em uma sociedade cujo único caminho para a verdadeira intimidade se tornou o prazer do sexo.

E as consequências para alguém como eu parecem ser muito trágicas: nenhum relacionamento íntimo porque estou dizendo não ao sexo. Assim, minha vida será solitária sem o tipo de relacionamentos que qualquer ser humano precisa para sobreviver, e quanto mais florescer. Não é de admirar que muitos pensem que a vida celibatária que escolhi não é plausível — que vou definhar lentamente, ou (de preferência) desistir disso em breve.

A intimidade é importante

Os seres humanos necessitam de intimidade. Sem isso, morremos por dentro — ainda que continuemos a nos movimentar exteriormente. O próprio Deus fala de modo claro sobre essa necessidade (Gênesis 2.18). Kate Wharton aborda essa questão de forma proveitosa:

Uma vez que Deus declarou que não era “bom” que Adão estivesse só, os seres humanos têm vivido uns com os outros, compartilhando a vida juntos. Necessito de outras pessoas na minha vida. Preciso delas para desabafar após um dia ruim; preciso que elas trabalhem ao meu lado no ministério; preciso que elas compartilhem uma garrafa de vinho comigo enquanto conversamos; preciso que elas apontem as partes do meu caráter que precisam ser trabalhadas; preciso que elas comemorem comigo quando coisas boas acontecem; preciso passar os meus dias de folga e feriados com elas; preciso delas para me darem um abraço e me dizerem que tudo ficará bem.

Necessito de intimidade de todas essas maneiras. Então, necessito estar em uma relação sexual íntima, ter “alguém especial”. Esse parece ser o argumento que Kate está fazendo. Mas não é. Ela é uma mulher solteira (não é atraída por pessoas do mesmo sexo — apenas para registro) que está falando sobre a necessidade dada por Deus de que todos vivamos nossas vidas em comunidade. Ela está afirmando o que é muito ignorado: que a resposta de Deus ao problema da solidão humana não é apenas a intimidade sexual do casamento, mas tudo o que o primeiro casamento tornou possível. Desse casamento surgiram mais pessoas e a possibilidade da vida em comunidade. Ao negar-me uma parceira sexual, Deus não está me negando relacionamentos íntimos — ele os fornece de inúmeras outras maneiras.

Então, surpreendentemente, não sinto que é Deus quem me impede de ter relacionamentos íntimos. Antes, muitas vezes eles são negados a mim por causa da nossa sociedade e cultura sexualizadas. O mundo em que vivemos não consegue lidar com relacionamentos íntimos que não são sexuais; não faz sentido; não é possível. Então, tive que me afastar do aprofundamento de amizades com homens e mulheres por medo de que essas amizades fossem vistas como inapropriadas. Nenhuma delas era — mas a suposta impossibilidade de intimidade não sexual implicou que nos sentimos sob pressão de terminá-las. O que às vezes foi muito difícil.

Mas, o que tem sido mais difícil é como a igreja frequentemente desencoraja a intimidade não-sexual também. Nossa resposta à revolução sexual que está acontecendo fora de nossas portas tem sido tristemente apenas para promover a intimidade sexual no contexto do casamento cristão. E encorajar as pessoas a mantê-la no contexto do casamento, prometendo que essa relação suprirá toda a intimidade que eles sempre desejaram. O jornalista Andrew Sullivan fala sobre isso:

As igrejas cristãs, que já sustentaram a virtude da amizade como igual ao benefício do amor conjugal, são os propagandistas principais e obsessivos da nossa cultura para a unidade conjugal e sua capacidade de resolver todos os males humanos e satisfazer todas as necessidades humanas.

Gostaria de dizer que isso não é verdade. Mas é! Se nossas igrejas dedicassem tanto tempo e energia para promover boas amizades quanto dedicam em prol de bons casamentos, a vida seria muito mais fácil para pessoas como eu. E, curiosamente, muito melhor para todos os outros. Sullivan continua a apontar uma consequência trágica dessa idolatria cristã do casamento:

Famílias e casamentos falham muitas vezes porque estão tentando responder a muitas necessidades humanas. É requerido que um cônjuge seja um amante, um amigo, uma mãe, um pai, uma alma gêmea, um colega de trabalho, e assim por diante. Poucas pessoas podem ser todas essas coisas para uma pessoa. E quando as demandas são muito elevadas, a decepção só pode ser grande também. Se os maridos e as esposas têm amizades mais profundas e fortes fora da unidade conjugal, o casamento tem mais espaço para respirar e menos encargos para suportar.

Precisamos ler a totalidade de nossas Bíblias novamente. Nelas, continuaremos encontrando passagens que nos ordenam a promover e proteger o casamento (apenas no livro de Provérbios: capítulos 5; 7; 21.9), mas igualmente continuaremos descobrindo (talvez pela primeira vez) um número surpreendente de passagens que nos ordenam a promover e proteger amizades também (Provérbios 17.17; 18.24; 27.5-6, 9-10). Precisamos começar a fazer os dois — não só para que pessoas como eu sobrevivam e se desenvolvam, mas para que nossos casamentos e famílias sobrevivam e se desenvolvam também.

Amizades íntimas

E isso só acontecerá se visarmos a intimidade nas amizades, bem como no casamento. Amizades íntimas são o que torna a minha vida possível hoje. Tenho uma série de relacionamentos com pessoas que me conhecem muito bem. Elas sabem a maioria das coisas sobre mim: o bom, o ruim e o feio. E elas me amam e se importam comigo, apesar desse conhecimento, e retribuo a bondade, apesar do conhecimento semelhante que tenho sobre elas.

Phil e Caroline são dois amigos solteiros com quem bebo gin e champanhe — embora não ao mesmo tempo! Eles riem comigo e de mim (uma excelente combinação) e são as duas pessoas com quem mais gosto de passar o tempo. Passo as férias com eles todos os anos, junto com um grupo de amigos com quem temos compartilhado nossas vidas por uma década ou mais. Isso é algo belo.

Para citar outro exemplo, deixe-me falar sobre minha amizade com Julian, Mark, Matthew e Neil. Conhecemo-nos em uma faculdade bíblica. Sempre sentamos juntos na mesma parte da sala de aula. Aos poucos, nos conhecemos. Após uma conversa assustadora sobre todas as maneiras pelas quais poderíamos naufragar em nossas vidas e ministérios, formamos um grupo de prestação de contas com o objetivo de ajudarmos uns aos outros a seguirmos pelo caminho estreito de Jesus. Antes dessa conversa, nos conhecíamos muito superficialmente — treze anos depois, nos conhecemos muito bem.

E isso tem significado nos conhecermos intimamente, compartilhando intencionalmente os detalhes de nossas vidas que preferiríamos manter em segredo, mas que realmente se beneficiaram de virem à luz em uma boa companhia cristã. Primeiramente, fui franco e honesto sobre minha sexualidade com esse grupo de amigos. Eles têm um bom histórico de serem pessoas confiáveis com as quais você poderia compartilhar coisas difíceis, principalmente compartilhando as coisas difíceis que eles mesmos estavam passando. Intimidade gera intimidade — apenas ser franco e honesto com outros seres humanos encoraja todos a prosseguirem em compartilhar e cuidar. Eles são, como resultado, as pessoas que Deus mais usou para me manter seguindo como cristão. Não poderia ser mais grato a Deus por eles.

Por outro lado, é interessante notar que o psicólogo cristão William Struthers vê esse tipo de intimidade masculina piedosa como a principal resposta à atual epidemia de dependência da pornografia entre os membros da igreja do sexo masculino. A sua teoria é persuasiva:

Os mitos sobre a masculinidade em nossa cultura isolaram os homens uns dos outros e prejudicaram a sua capacidade de honrar e abençoar uns aos outros. Muitos homens têm poucos amigos íntimos. Suas amizades são tão profundas quanto as coisas que eles fazem juntos. Ao encontrar amigos do sexo masculino com quem se aprofundar, a necessidade de intimidade pode ser suprida de maneiras não-sexuais com esses amigos do sexo masculino. Quando isso acontece, a intensidade da necessidade de intimidade não é canalizada através de relações sexuais com uma mulher; ela pode ser distribuída em muitos relacionamentos. A intimidade sexual pode ser experimentada com uma mulher, mas a intimidade também pode ser vivida com outros. Nem toda intimidade é genital, então não se sinta restrito em seus relacionamentos com seus irmãos em Cristo.

Seu argumento é interessante: nossos impulsos sexuais não são apenas diminuídos pela intimidade sexual; eles podem ser satisfeitos com a intimidade não-sexual, por meio da amizade também.

Minha experiência pessoal é que o poder da tentação sexual diminui à medida em que passo mais tempo com amigos com quem não sou íntimo de modo sexual. Isso pode parecer estranho, mas acho que prova o fato de que a verdadeira intimidade não é encontrada apenas no sexo, mas também nas amizades; então não tenho que viver a vida sem essa intimidade apenas porque não estou fazendo sexo. Para mim, isso tem envolvido garantir de modo intencional que as minhas amizades com membros de ambos os sexos sejam cada vez mais apropriadamente íntimas. Para outras pessoas, que têm atração homossexual, sei que a intimidade em amizades com pessoas do mesmo sexo pode conduzir a mais tentação sexual, porém com honestidade e responsabilidade presentes, não há necessidade dessas amizades serem completamente evitadas.

Então, você quer fazer sua própria parte para enfrentar o problema da plausibilidade? Empenhe-se em tornar as suas amizades mais íntimas. Arrisco um palpite de que isso será um desafio. Estamos bastante acostumados a permanecer muito superficiais (especialmente se somos homens). O conselheiro bíblico de Paul David Tripp é precisamente correto quando escreve:

Vivemos em redes entrelaçadas de relacionamentos extremamente casuais. Vivemos com a ilusão de que nos conhecemos, mas não é assim na realidade. Chamamos de “comunhão” as nossas conversas descontraídas, autoprotetoras e muitas vezes teologicamente superficiais, mas essas conversas raramente atingem o limiar da verdadeira comunhão. Conhecemos detalhes demográficos e indiferentes uns dos outros (casado ou solteiro, tipo de trabalho, número de filhos, local de habitação, etc.), mas conhecemos pouco sobre a batalha da fé que é travada todos os dias por trás de rígidos limites pessoais.

Uma das coisas que ainda me assombra no aconselhamento, mesmo após todos esses anos, é o quão pouco costumo saber sobre pessoas que considerava como verdadeiros amigos. Não posso dizer a vocês quantas vezes, ao falar com amigos que buscaram a minha ajuda, fui surpreendido com detalhes sobre dificuldade e luta muito além de qualquer coisa que eu teria previsto. O privatismo não é apenas praticado pelo incrédulo solitário; também é generalizado na Igreja.

Se, em vez disso, todos nós começássemos a viver em redes entrelaçadas de relacionamentos cada vez mais íntimos, as nossas vidas seriam muito melhores.

Criando intimidade

Mas, como podemos fazer isso? Como podemos começar a construir essas redes tão necessárias?

Em primeiro lugar, precisamos dedicar tempo às pessoas. As amizades são construídas não através de conversas rápidas antes e depois da igreja, mas quando permanecemos na companhia uns dos outros. Então, que atividades mais realizamos? Bem (desconsidere, conforme apropriado): cozinhar, comer, beber, lavar louças, assistir televisão, levar as crianças ao parque, artesanato e passear no shopping; todas essas vêm imediatamente à mente. Comece a convidar as pessoas a fazerem essas coisas com você (provavelmente você fará a maioria dessas coisas de qualquer modo) — você logo conhecerá melhor essas pessoas.

Em segundo lugar, comece a compartilhar algumas intimidades com seus amigos. Conte a eles as suas preocupações, dúvidas, medos e sofrimento; faça-lhes perguntas sobre eles. Uma das minhas melhores amizades foi edificada sobre apenas uma conversa quando ele me fez algumas boas perguntas. Outras amizades se desenvolveram lentamente ao longo dos anos, enquanto compartilhamos honestamente os altos e baixos da vida juntos.

Em terceiro lugar, persevere! Amo a observação de Anne Lamott: “A ruína é o terreno em que as nossas amizades mais profundas são edificadas”. Eu continuo errando em amizades e sou tentado a fugir sempre que cometo erros novamente. Contudo, minhas melhores amizades são as que implodiram, mas depois foram reconstruídas lentamente. As amizades com muita frequência realmente continuam após a primeira discussão ou mal-entendido e as conversas delicadas e dolorosas que se seguem.

Deseja mais ajuda com suas amizades? Meu amigo Vaughan Roberts escreveu recentemente um pequeno livro sobre amizade que seria minha melhor indicação para você. Recentemente, encorajamos toda a nossa família da igreja a lê-lo. Nele, Vaughan compartilha honestamente a sua própria percepção da superficialidade de muitas de suas amizades e o que ele fez para mudar isso — baseado no que a Bíblia diz sobre a importância de amizades íntimas. 

A MENSAGEM DO EVANGELHO É IMUTÁVEL

Não seria de se supor que um Deus eterno e imutável, que nos revelou integralmente qual é a Sua vontade, na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo, que Ele viesse a mudar esta verdade que nos foi revelada nas Escrituras por alguma outra mensagem, por conta do avanço tecnológico e científico que tem experimentado a humanidade, especialmente neste dois últimos séculos.
Ainda que…

O cavalo não seja mais usado como o meio principal de transporte que foi usado por séculos, criado por Deus especialmente para este propósito;
O boi não seja mais o principal meio usado para se lavrar o solo… Bem como tudo o mais que foi criado pelo Senhor para servir ao homem, isto não significa que podemos também substituir a boa e antiga mensagem do evangelho que aponta, sobretudo para as necessidades imutáveis de nosso espírito, por qualquer outro tipo de mensagem considerada mais atual e ajustada ao modo de pensar pós-moderno.

Todavia, este esforço maligno que é empreendido para suprimir o evangelho, sempre esteve presente no mundo, mesmo nos dias iniciais da sua pregação e ensino, porque sem evangelho não há salvação de almas, e não seria, portanto, para se admirar que Satanás se empenhe tanto para tentar eliminá-lo em sua inteireza, tal como nos foi revelado pelos profetas, por Jesus e pelos apóstolos nas Escrituras.
Veja o que o apóstolo Paulo disse aos cristãos da Galácia, cerca de 46 d.C.:

“6 Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho;
7 O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.
8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
9 Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. “ (Gál 1.6-9)

O apóstolo afirma sua perplexidade diante da rápida apostasia dos gálatas, do evangelho que lhes havia ensinado, para abraçarem aquilo que ele chama de um outro “evangelho”.
Ele usa de uma ironia porque não há mais do que um único evangelho.
Paulo diz que eles haviam se afastado daquele que lhes havia chamado para serem alcançados pela graça de Cristo, e nisto não estava se referindo apenas a ele, que fora o instrumento da evangelização deles, mas a Deus, que é quem de fato chama eficazmente, pelo poder do Espírito Santo, os pecadores à salvação.

A chamada à salvação é feita pela pregação e ensino do evangelho bíblico, e se concretiza pela fé nesta mensagem que nos é anunciada. A fé no evangelho é comprovada pelo amor a Jesus Cristo.
É por este amor que atua pela fé que multidões de pecados são perdoadas, como Jesus disse da pecadora citada em Lc 7.47,48:

“Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.
Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados.”

Se o modo de permanecer no amor ao Senhor é pela prática da palavra do evangelho; não admira portanto, o grande empenho que o Inimigo faz para tentar esconder e adulterar esta verdade celestial que nos foi revelada nas Escrituras.
Deste modo, o apóstolo se refere em Gál 1.8 ao único, verdadeiro e imutável evangelho, como sendo o que ele já lhes havia anunciado.

Isto implica que a Palavra revelada do Novo Testamento é definitiva e inalterável; portanto, deixar o verdadeiro evangelho para abraçar outro “evangelho” é negar aos pecadores o único poder que pode salvá-los, porque é pela verdade do evangelho que são salvos, de modo que não há nenhum outro poder designado por Deus para que os pecadores possam ser salvos dos seus pecados.

Assim toda doutrina pregada à igreja de Cristo, que oculte ou adultere o verdadeiro evangelho, conforme faziam os judaizantes nos dias de Paulo, faz com que os que pregam tal doutrina sejam achados culpados diante de Deus, e sujeitos ao anátema que está proferido contra eles, porque o Senhor não pode abençoar aqueles que são contra Ele e Seu ensino.

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

PALAVRAS PARA O COMBATE

Versículo do dia: Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel. (Isaías 41.10)

Quando estou ansioso por algum novo desafio ou reunião, eu regularmente combato a incredulidade com uma das minhas promessas mais usadas: Isaías 41.10.

No dia em que troquei a América por três anos na Alemanha, meu pai me fez uma ligação de longa distância e me deu essa promessa ao telefone. Por três anos, eu devo ter citado essa promessa para mim mesmo umas quinhentas vezes ao passar por períodos de grande estresse.

Quando o motor da minha mente está em ponto morto, o ruído das engrenagens é o som de Isaías 41.10.

Quando fico ansioso pelo fato do meu ministério ser inútil e vazio, luto contra a incredulidade com a promessa de Isaías 55.11: “Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei”.

Quando fico ansioso por ser fraco demais para fazer meu trabalho, luto contra a incredulidade com a promessa de Cristo: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12.9).

Quando fico ansioso quanto a decisões que preciso tomar a respeito do futuro, luto contra a incredulidade com a promessa: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho” (Salmo 32.8).

Quando fico ansioso por enfrentar adversários, luto contra a incredulidade com a promessa: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8.31).

Quando fico ansioso pelo bem-estar daqueles que amo, luto contra a incredulidade com a promessa de que se eu, sendo mau, sei dar coisas boas aos meus filhos, quanto mais o “Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?” (Mateus 7.11).

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do dia: A porção do SENHOR é o seu povo.(Deuteronômio 32.9)

Como é que eles são a porção do Senhor? Por meio da soberana escolha dele. O Senhor os escolheu e colocou seu amor sobre eles. O Senhor fez isso completamente, à parte de qualquer bondade que previu neles. O Senhor teve misericórdia de quem Ele mesmo quis ter misericórdia e ordenou para a vida eterna um grupo de pessoas eleitas. Portanto, eles são a porção do Senhor por meio de sua eleição espontânea. Eles são do Senhor também por aquisição. O Senhor os comprou e pagou por eles até o último centavo. Não pode haver qualquer contestação a respeito do direito do Senhor. A porção do Senhor foi completamente redimida, não por meio de coisas corruptíveis, como ouro ou prata, e sim por meio do precioso sangue de Cristo (ver 1Pedro 1.18,19). Não existem demandas judiciais que podem ser apresentadas por reivindicadores que se opõem. O preço foi pago diante de toda a corte, e a igreja pertence ao Senhor para sempre. Veja a marca de sangue em todos os eleitos. Ela está invisível aos olhos humanos, mas é conhecida por Cristo, pois o “Senhor conhece os que lhe pertencem” (2 Timóteo 2.19). Ele não esquece nenhum daqueles que redimiu dentre os homens. O Senhor conta as ovelhas em favor das quais deu a sua vida e lembra-se muito bem da igreja em favor da qual Ele se entregou. Eles são do Senhor também por conquista. Que luta o Senhor teve conosco, antes de sermos vencidos! Quanto tempo o Senhor teve de sitiar nosso coração! Quão frequentemente Ele nos enviou termos de rendição, mas havíamos trancado nossos portões e fortificado nossas muralhas contra Ele. Ele colocou sua cruz contra a parede e escalou nossas trincheiras, plantando em nossas fortalezas a bandeira vermelha de sua onipotente misericórdia! Sim, certamente nos tornamos cativos conquistados pelo amor onipotente. Portanto, havendo sido eleitos, comprados e subjugados, os direitos de nosso Senhor são inalienáveis. Regozijamonos com o fato de que nunca seremos de nós mesmos. Desejamos, dia após dia, fazer a vontade dele e revelar a sua glória.

PAREMOS DE JULGAR! - Série em Romanos (Rm 14:1-22) - Comunidade Cristã de Londrina


10 COISAS QUE VOCÊ DEVE SABER ACERCA DO JULGAMENTO DOS CRENTES

Por Sam Storms

O texto bíblico mais explicito sobre o julgamento que aguarda todo cristão é encontrado em 2 Coríntios 5.9-10. Aqui, Paulo escreve isto: “Então, se nós estamos presentes ou ausentes, desejamos ser-lhe agradáveis. Pois todos devemos comparecer ante o julgamento do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que tiver feito no corpo, seja bom o mal”.

1) Quem será julgado? Conquanto seja possível que toda a humanidade esteja incluída aqui, o contexto mais amplo de 2Co 4-5 sugere que apenas os crentes estão em foco. Murray Harris também aponta que, sempre que Paulo fala de recompensa, de acordo com obras, de todas as pessoas (como em Romanos 2.6), “é encontrado uma descrição de duas categorias de pessoas (Romanos 2.7-10), não uma delimitação de dois tipos de ações [como “seja bom ou mal”], como sendo predicado de todas as pessoas”.

2) Qual a natureza ou propósito do julgamento? Em um dos mais encorajadores e libertadores textos do Novo Testamento, Paulo escreveu: “Assim sendo, não há condenação para quem está em Cristo” (Romanos 8.1). Em outras palavras, diante de qualquer outra coisa que Paulo tenha em mente em 2Co 5, se você está “em Cristo”, pela fé, nunca precisa ter medo da condenação.

Desta forma, o propósito do julgamento particular não é penal ou retributivo, mas foi determinado para avaliar as obras dos cristãos, para que a recompensa e o louvor apropriados sejam atribuídas a eles. Nós não lemos aqui uma declaração de condenação, mas uma avaliação de valor. O destino eterno não está em questão, a recompensa eterna, sim (ver João 3.18; 5.24; Romanos 5.8-9; e 1 Tessalonicenses 1.10). Esse Julgamento é uma avaliação de fidelidade e serviço para com a família de Deus. O julgamento não é para determinar a entrada no reino, mas sim, para asseverar o estado daqueles já admitidos. O julgamento não foi planejado para designar a entrada no reino de Deus, mas para efetivar a recompensa, o “status” ou autoridade dentro dele.

3) Quando esse julgamento ocorrerá? No momento da morte física? Durante o estado intermediário? Na segunda vinda de Cristo? Paulo não parece estar preocupado em especificar quando. O que podemos saber com certeza, é que o julgamento ocorrerá depois da morte (ver Hebreus 9.27). Dito isto, estou inclinado a pensar que isso ocorrerá na segunda vinda de Cristo (cf. Mateus 16.17; Apocalipse 22.12), no final da história da humanidade, muito provavelmente em conjunto com os incrédulos, [momento esse] conhecido pelos estudantes da Bíblia como “o julgamento do grande trono branco” (ver Apocalipse 20.11).

4) Nós devemos também tomar nota da inevitabilidade do julgamento para todos (“todos devemos comparecer”). Esse é um dia que não deve ser considerado irrelevante ou desnecessário. É essencial para Deus trazer a consumação de seu propósito redentivo e glorificar seu nome entre o seu povo. Ninguém está isento. O próprio Paulo falou sobre esse julgamento anteriormente, pois serviu (pelo menos em parte) como motivação para esforçar-se em agradar ao SENHOR (v. 9).

5) Paulo enfatiza a individualidade (“cada um”). Tão importante quanto salientar a natureza corporativa e comunitária da nossa vida como corpo de Cristo, é mostrar que, cada pessoa será julgada individualmente (sem dúvida, pelo menos em parte, quão fiel cada pessoa foi no tocante às suas responsabilidades corporativas). Paulo usa termos similares em Romanos 14.12: “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus”.

6) Devemos observar o modo ou a maneira desse julgamento (“devemos comparecer ante”). Nós não devemos nos “mostrar” no tribunal de Cristo, mas seremos expostos diante dele. Como Paulo fala em 1 Co 4.5, o SENHOR “trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações”. Murray Harris está certo de que “não é meramente uma aparição ou autorrevelação; é mais que isso, é um divino exame e proclamação, esse é o prelúdio necessário para o recebimento da recompensa apropriada”.

Não é inconcebível pensar que todo pensamento aleatório, todo impulso justo, toda a oração secreta, ação escondida, pecado esquecido ou ato de compaixão serão descobertos e levados ao conhecimento do SENHOR para que ele julgue?! Mas, não esqueça: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” Romanos 8:1.

7) Este julgamento tem uma identificação (Este é o “julgamento do tribunal de Cristo”). A maioria dos cristãos está familiarizado com o termo usado aqui – bema. O uso dessa palavra, no versículo 10, “teria sido particularmente evocado por Paulo aos Coríntios, já que antes do tribunal de Galio, na mesma cidade, o apóstolo havia estado lá quatro anos antes (52 a.D.), quando o procônsul descartou a acusação de que ele teria violado as leis romanas. Arqueólogos identificaram esse “Bema” coríntio, no lado sul da Ágora” (Harris, 406).

8) O próprio juiz é claramente identificado (Este é o “julgamento do tribunal de Cristo”). Isso é consistente com o que nós lemos em João 5.22, quando Jesus fala que “O Pai não julga a ninguém, mas deu todo o julgamento ao Filho”.

9) O padrão do julgamento é altamente importante (“o que tiver feito no corpo, quer seja bom ou mal”). A referência para o “corpo” indica que o julgamento é concernente ao que fazemos nesta vida, não o que pode ou não pode ser feito durante o tempo do próprio estado intermediário.

De acordo com a ESV, nós recebemos “o que é devido”. Em outras palavras, e um pouco mais literalmente, nós seremos julgados “de acordo com” ou talvez até “na proporção das” ações realizadas. As ações são caracterizadas “boas” (aqueles que agradam a Cristo, como no v. 9), ou “más” (aqueles que não agradam).

10) Finalmente, o resultado do julgamento não está explicitamente declarado, mas está implícito. “Receberemos” tudo conforme merecermos. Aqui existe uma recompensa envolvida. Paulo é um pouco mais específico em 1Co 3.14-15. Aqui, ele escreve: Se o trabalho que alguém construiu sobre um fundamento permanecer, ele receberá recompensa. Se o trabalho de alguém for queimado, ele sofrerá perdas, embora ele mesmo será salvo, mas apenas por meio do fogo. A recompensa não é definida, e a probabilidade é que a perda sofrida, seja a recompensa que ele ou ela deverão receber se obedecessem.

Pode-se dizer algo mais específico sobre a natureza dessa recompensa? Jesus menciona uma “grande” “recompensa” no céu, mas não a define (Mateus 5.11-12). Na parábola dos talentos (Mateus 25; cf Lucas 19.12-27), ele aponta para a “autoridade” ou domínio (mas, sobre quem ou o quê?). Paulo fala que “seja qual for o bem que alguém faça, ele receberá do SENHOR” (Efésios 6.8).

Conforme 1Co 4.5, seguindo o julgamento, “cada um receberá louvor de Deus. Igualmente, Romanos 8.17-18 e 2 Coríntios 4.17 refere-se à “glória” que é reservada para os santos no céu. E, é claro, devemos considerar as muitas promessas nas sete cartas às igrejas em Apocalipse 2-3, embora haja dificuldade em saber se elas serão concedidas agora, durante o estado intermediário, ou apenas subsequente à segunda vinda, e se elas serão concedidas em diferentes graus, dependendo do serviço e obediência; ou ainda, se serão igualmente distribuídos entre os filhos de Deus (ver Apocalipse 2.7, 10, 17, 23; 3.5, 12, 21; cf. Mateus 18.4; 19.29; Lucas 14.11; Tiago 1.12).

Talvez a diferença natural e o grau da recompensa seja manifesto nas profundezas do conhecimento e alegria de Deus que cada pessoa experimentará. Geralmente as pessoas tendem a resistir a essa percepção, mas não deveriam. O que ocorre aqui, é o que expliquei em meu livro, Uma coisa (One Thing):

Praticamente, qualquer coisa lhe trará mais alegria (no céu) do que ver outros santos com uma recompensa maior do que a sua, experimentando uma glória maior do que a sua, recebendo uma autoridade maior do que a sua. Não haverá ciúmes ou orgulho para alimentar sua competitividade pouco saudável. Não haverá ganância para potencializar sua corrida para obter mais do que todos os outros. Você se deleitará apenas em se deleitar-se com os outros. Sua conquista será sua maior alegria. Seu sucesso será sua maior felicidade. Você irá verdadeiramente se alegrar com quem se alegra. A inveja vem da falta, mas no céu não há falta. Tudo o que você precisa, você terá. Quaisquer que sejam os desejos que possam surgir, eles serão satisfeitos.

O fato de que alguns serão mais “santos” e mais felizes do que outros, não diminuirá a alegria dos últimos. No céu, haverá perfeita humildade e perfeita resignação com a vontade de Deus, portanto, sem ressentimentos ou amargura. Além disso, aqueles mais elevados em santidade, precisamente por serem santos, serão mais humildes. A essência da santidade é a humildade! O mesmo vício que poderia inclina-los a olhar condescendentemente sobre aqueles que estão numa situação inferior a deles mesmos, não estará presente lá. É precisamente por eles serem mais santos que serão mais humildes e, assim, incapazes de arrogância ou elitismo.

Eles não se apoiarão ou se gabarão usando seus graus superiores de glória para humilhar ou prejudicar aqueles mais inferiores. Aqueles que conhecerem mais a Deus, por seu conhecimento, pensarão mais humildemente sobre si mesmos. Eles serão mais conscientes da graça que explica sua santidade, do que aqueles que conhecem menos a Deus; logo, estarão mais prontos para servir, para doar-se e para defender.

Algumas pessoas no céu estarão mais felizes do que outras, mas isso não é razão para tristeza ou raiva; na verdade, servirá apenas para torná-las mais felizes, ao ver que outros estão mais felizes do que elas mesmas. Sua felicidade aumentará quando você ver a felicidade dos outros excedendo a sua. Por quê? Porque o amor predomina no céu, e o amor se alegra com a felicidade dos outros. Amar alguém é desejar a sua maior alegria. À medida em que a alegria deles aumenta, a sua também aumenta por eles. Se a alegria deles não aumentasse, tampouco a sua aumentaria. Nós lutamos com isso por que, agora na terra, nossos pensamentos, desejos, motivações, estão corrompidos por autorrealização pecaminosa, competitividade, inveja, ciúmes e ressentimentos (180-81).

Faço dois comentários de encerramento. Primeiro, nossos atos não determinam nossa salvação, mas a demonstra. Eles não são a raiz de nossa posição para com Deus, mas são o fruto, uma posição já alcançada somente pela fé em Cristo. A evidência visível de uma fé invisível são as ações “boas” que serão reveladas no julgamento do tribunal de Cristo.

Segundo, não tenha medo que, com a exposição e avaliação das suas ações, o arrependimento e remorso possam estragar sua felicidade no céu. Se houver lágrimas de tristeza por oportunidades desperdiçadas, ou lágrimas por pecados cometidos, Ele vai enxuga-las (Apocalipse 20.4a). A inefável alegria do perdão gracioso suplantará toda tristeza, e a beleza de Cristo cegará qualquer coisa além do que ele é e do que ele tem, pela graça, realizada em seu nome.

A VISÃO DA IMUTÁVEL E LIVRE MISERICÓRDIA, NO ENVIO DOS MEIOS DE GRAÇA A PECADORES INDIGNOS

Por John Owen

“E uma visão apareceu a Paulo na noite: Lá estava um homem da Macedônia, e lhe rogou, dizendo: Passa à Macedônia, e ajuda-nos.” (Atos 16.9)

O reino de Jesus Cristo é frequentemente comparado nas Escrituras com coisas que crescem, – pequeno no início em sua primeira aparição, mas aumentando gradualmente até a glória e perfeição. A pedra disforme cortada, sem mão, não tendo nem forma nem beleza desejável atribuída a ele, torna-se uma grande montanha, enchendo toda a terra (Daniel 2.35).

A pequena videira tirada do Egito cobre rapidamente as colinas com a sua sombra, – a sua ramagem chega até o mar, e os seus ramos até ao rio (Sl 80.8). O renovo torna-se como os cedros de Deus; e o grão de mostarda uma árvore para as aves do ar para fazerem seus ninhos em seus ramos.

As montanhas são tornadas planícies, antes disso, cada vale é aterrado, e os caminhos tortuosos feitos retos; – e tudo isso, não somente é confirmado por vantagens exteriores, como também em direta oposição ao poder combinado de toda a criação, como caída e sujeita ao “deus deste mundo”, o príncipe do mesmo.

Como Cristo era um “renovo”, aparentemente fácil de ser quebrado; e “uma raiz de uma terra seca”, não facilmente florescente, ainda vive para sempre; como o seu povo e reino, – embora, como um “lírio entre os espinhos”, como “ovelhas no meio de lobos”, como uma “pomba rolinha” entre uma multidão de devoradores, – ainda permanece inabalável.

O principal fundamento de tudo isso é exposto nos versículos 6 a 9 deste capítulo 16º do livro de Atos, – que contém uma rica descoberta de como todas as coisas aqui embaixo, especialmente o que concerne ao evangelho e à Igreja de Cristo, são cumpridas em meio a inúmeras variedades e um mundo de contingências, de acordo com os movimentos regulares de um livre e eterno decreto imutável: de modo que todas as esferas inferiores, não obstante as irregularidades de seus próprios habitantes, apresentam-se em ordem conduzidas pelo primeiro Mover.

No versículo 6, os plantadores do evangelho são “proibidos de pregar a Palavra na Ásia” (aquela parte dela assim chamada) e, no verso 7, ao tentarem ir com a mesma mensagem à Bitínia, eles são proibidos pelo Espírito Santo em suas tentativas; mas são chamados para um lugar em que os seus pensamentos não estavam em nada fixados: – os quais foram chamados e proibidos “segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11).

E, sem dúvida, na dispensação do evangelho em todo o mundo, até este dia, há uma igual conformidade que é encontrada no padrão dos decretos eternos de Deus; embora os mensageiros não os tenham conhecidos previamente por revelação, mas descobrindo-os nos efeitos, pela poderosa obra da Providência.

Entre outras nações, este é o dia da visitação da Inglaterra, “o Sol nascente das alturas” tem visitado este povo, e “Sol da justiça” que se levanta sobre nós, “com cura em suas asas;” – um homem da Inglaterra que pediu por ajuda, e pela livre graça de Deus tem sido socorrido pelo evangelho.
Agora, neste dia, três coisas devem ser feitas, para guardar os nossos espíritos no cumprimento deste dever, de salgar nossas almas através de humilhação.

Primeiro, para nos tirar o orgulho de nosso próprio desempenho, empreendimentos, ou qualquer valor inerente a nós: “Não é por amor de vós, fique bem entendido, que eu faço isto, diz o Senhor Deus. Envergonhai-vos e confundi-vos por causa dos vossos caminhos, ó casa de Israel.”, – ó casa da Inglaterra (Ez 36.32).
Em segundo lugar, para acabar com a corrupção ateística que deprime os pensamentos dos homens, não lhes permitindo, nos mais altos padrões da Providência, olhar acima das contingências e causas secundárias; embora Deus, estar fazendo “todos os nossos trabalhos para nós” (Isa 26.12); e dado “a conhecer a todas as suas obras, desde o início do mundo” (Atos 15.18).

Em terceiro lugar, para mostrar que a maior parte destas pessoas estão ainda no deserto, longe de seu lugar de descanso, como ovelhas errantes sobre as montanhas, como uma vez estivera Israel (Jer l.6), – ainda como a pedir ajuda pelo evangelho.

(Nota do tradutor: O homem da Macedônia que apareceu numa visão noturna ao apóstolo Paulo não foi um fruto da sua imaginação, mas uma revelação do Espírito Santo para lhe orientar onde deveria ser o próximo passo a ser dado na evangelização do mundo na ocasião.

Disso se depreende que a par de existirem muitos esforços missionários que não se encontram debaixo da direção de Deus, como havia nos próprios dias do apóstolo, sempre haverá este controle do próprio Deus na evangelização do mundo, para que se cumpra o Seu propósito eterno de salvar a todos aqueles que tem dado a Seu Filho Jesus Cristo.)

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

A MARAVILHA DA CRIAÇÃO

Versículo do dia: Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar e a cada uma das sementes, o seu corpo apropriado. (1 Coríntios 15.38)

Eu tenho colhido pequenas coisas nas Escrituras que revelam o envolvimento íntimo de Deus na criação.

Por exemplo, em 1 Coríntios 15.38, Paulo está comparando como uma semente é plantada de uma forma e cresce de outra forma com um “corpo” diferente de todos os outros corpos. Ele diz: “Deus lhe dá um corpo exatamente como ele quer, e a cada uma das sementes um corpo apropriado” (tradução do autor).

Essa é uma declaração notável sobre o envolvimento divino na forma como Deus projetou cada semente para produzir sua própria planta única (não apenas espécies, mas cada semente individual!).

Aqui, Paulo não está ensinando sobre a evolução, mas está mostrando como ele considera o envolvimento íntimo de Deus com a criação. Evidentemente, ele não pode imaginar que qualquer processo natural seja concebido sem que Deus o faça.

Novamente, no Salmo 94.9, é dito: “O que fez o ouvido, acaso, não ouvirá? E o que formou os olhos será que não enxerga?”. O salmista afirma que Deus foi o criador do olho e que ele projetou a maneira como o ouvido é disposto na cabeça para cumprir a sua função de audição.

Assim, quando nos encantamos com as maravilhas do olho humano e com a estrutura impressionante do ouvido, não devemos nos maravilhar com processos do acaso, mas com a mente e criatividade de Deus.

De modo semelhante, no Salmo 95.5: “Dele é o mar, pois ele o fez; obra de suas mãos, os continentes”. O envolvimento de Deus em criar a terra e o mar é tal que de fato o mar é dele.

Não é como se ele, de alguma maneira impessoal, tivesse posto isso tudo em ação há bilhões de anos. Pelo contrário, ele é o único dono porque ele o fez. Hoje, isso é obra das suas mãos e traz as marcas do seu Criador reivindicando sobre si, como uma obra de arte pertence àquele que a pintou até que ele a vende ou dá.

Eu sinalizo essas coisas não para resolver todos os problemas que envolvem as questões das origens, mas para chamar você a ser centrado em Deus enquanto admira as maravilhas do mundo.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do dia: Exterminarei…os que adoram ao SENHOR e juram por ele e também por Milcom. (Sofonias 1.4,5)

Tais pessoas se imaginavam seguras, porque adoravam ambos os deuses. Andavam entre os seguidores de Jeová e, ao mesmo tempo, se prostravam diante de Milcom. Todavia, a duplicidade é abominável para com Deus. Nos assuntos comuns da vida diária, um homem de duplicidade é desprezado, mas no cristianismo tal homem é uma abominação no grau máximo. O castigo proferido nestes versículos é terrível, mas bem merecido. Como a justiça deixaria de punir o pecador, que sabe o que é correto, aprova-o, professa segui-lo e, ao mesmo tempo, ama o mal e entrega-lhe o domínio de seu coração? ó,minha alma, perscruta o seu coração, neste dia, e verifica se é culpada de possuir duplicidade. Você professa ser um seguidor de Jesus, mas será que O ama verdadeiramente? Seu coração está em paz com Deus? É de pouco valor ter um bom nome, se estou realmente morto em delitos e pecados. Estar com um pé na terra da verdade e outro no mar da falsidade envolverá uma queda terrível e ruína completa. Ou Cristo é tudo, ou Ele é nada. Deus enche todo o universo, por isso, não há lugar para outro deus. Se Ele reina em seu coração, não há lugar para outro poder dominante. Você confia somente em Jesus e vive exclusivamente para Ele? Este é o desejo do seu coração? Seu coração está dedicado a este propósito? Se isto é verdade, bendita seja a poderosa graça que o levou à salvação. Mas, se isto não é verdade, ó Senhor, perdoa esta horrível ofensa.

ABANDONE AS TREVAS! - Série em Romanos (Rm 13:9-14) - Comunidade Cristã de Londrina


PASTORES MODERNINHOS

Por: Michael McKinley

Mostre-me um homem adulto com cavanhaque, e eu te mostrarei um jogador de basquete. Mostre-me um homem adulto de cavanhaque usando sandálias e eu te mostrarei um pastor de jovens.
Quando eu era criança, lembro que o pastor de jovens da minha igreja era totalmente diferente de qualquer outro pastor que eu já tinha visto. Ele citava bandas de rock e ia para a igreja de jeans. Ele era legal de uma forma que os outros adultos no meu convívio não eram. Eu tinha orgulho de chamar meus amigos para a igreja e ver seus estereótipos negativos dos cristãos irem por água abaixo. O grupo de jovens crescia e as crianças ‘de fora’ eram alcançadas. O diferencial do nosso grupo em relação aos outros era que nosso pastor era legal.

Conforme os jovens (e os pastores deles) dos anos 90 se tornaram a igreja e seus pastores nos anos 2000, esse fenômeno aparentemente só cresceu. Agora é uma idéia sem discussão em muitos lugares: a melhor forma de alcançar as pessoas é ser como elas. Para atingir nossa cultura, devemos incorporar o que a cultura define como aceitável e de valor. Devemos ser o mais “legal” possível sem abrir mão do evangelho. Dessa forma, as pessoas vão olhar para nós e não se sentirão rejeitadas. Talvez até queiram ser como nós.

Isso se mostra tanto na vida dos nossos pastores (vocês rapazes super legais, estou falando sobre vocês e seus óculos de emo) como no louvor da congregação, de onde nós tentamos retirar qualquer coisa que pareça estranho para o visitante que não é da igreja.

De certa forma, eu acho que é bom estarmos relacionados com a cultura ao nosso redor. Mas existem diversas formas que um compromisso em ser legal pode conflitar com o chamado pastoral. Sendo o cara legal do grupo do 9Marks (o que é quase como ser o cara que tem namorada em uma convenção de Jornada nas Estrelas), aqui vão algumas idéias:

1. Estar em contato com a cultura é uma espada de dois gumes.
De alguma forma, todos nós carregamos conosco um conjunto único de interesses, talentos, características e pontos fortes. Esse conjunto pode servir para a proclamação do evangelho, ou atrapalhá-la. Por exemplo, ontem o rapaz da assistência técnica da copiadora passou pela igreja onde sou pastor. Ele é um jovem rapaz que gosta de luta livre. Criamos uma afinidade por conta disso (um dos rapazes de nossa igreja também gosta de artes marciais), e ele se surpreendeu com o fato de que o pastor era tatuado. Compartilhei sobre Cristo com ele, e ele me pediu uma Bíblia. Ponto para a imersão cultural.

Mas há outras formas em que a minha aparência por atrapalhar o evangelismo. Tenho conversado sobre Cristo com um muçulmano que faz sauna no mesmo horário que eu na academia, uma ou duas vezes por semana. Temos certo nível de amizade e quase sempre conversamos sobre questões espirituais. Não tenho a menor dúvida que o fato de haver uma grande raposa tatuada no meu bíceps não o torna mais interessado na minha fé. Um ponto para quem não tem tatuagens. É por causa disso que uso camisa de manga comprida nas manhãs de Domingo. Em um momento, minhas tatuagens me ajudam; em outro, pode dificultar as coisas.

2. Devemos sempre estar alertas contra o orgulho.
Quanto do desejo de um pastor em ser visto como legal ou descolado é motivado por vaidade ou orgulho? Conhecendo a profundidade de nossa depravação, auto-engano e orgulho, devemos sempre nos examinar. O motivo que me leva a me vestir de certa forma ou ouvir determinada música é um bom motivo? Ou alguma parte de mim quer, no mínimo, evitar comparações com Ned Flanders? Devemos estar conscientes que nossa busca pelo legal não deve alimentar a vaidade e o orgulho com os quais devemos lutar diariamente.

De fato, eu temo (e aqui eu falo de algo que vejo em meu próprio coração) que algumas vezes nós somos, nem que seja um pouco, motivados a buscar as pessoas pelo orgulho. Quanto de nosso desejo de sermos legais é um desejo de alcançar pessoas não para a glória do evangelho, mas por nossa própria glorificação? Uma pergunta íntima para qualquer pastor: se o Senhor te chamasse para pastorear 60 crentes chatos até que eles estivessem a salvo, sem qualquer avivamento espetacular ou explosão ministerial, você levaria a sério esse chamado? Ou seria um aparente desperdício de seus dons e de sua vida? Se sim, você está sendo motivado pelo orgulho.

3. Muito do ministério pastoral é extremamente fora de moda.
Nem pense em se tornar um pastor se você quer soar razoável para a maioria das pessoas ou se você quer influenciar um grande grupo de pessoas legais e seus ideais. A proclamação da Cruz é loucura para uma grande parte da comunidade artística hipster. Devemos amar mais o Salvador do que nosso respeito pelos outros.

Além disso, grande parte da atitude que envolve ser muito legal não tem muito a ver com o trabalho de um pastor. Algumas vezes, você deverá ser embaraçosamente empolgado. Você deverá amar as pessoas chatas e extremamente estranhas com um amor real e que não busca rir delas. Você deve chorar com as pessoas quando elas sofrem tragédias inexplicáveis. Muito do que é ser pastor é profundamente “não legal”.

4. Não devemos desprezar nossos irmãos e irmãs de forma alguma.
Há um grande perigo de nos tornarmos tão orgulhosos de nossa liberdade em Cristo para usar roupas pretas que nós começamos a tratar com pouco caso os cristãos estilo Ned Flanders que amam o Senhor e  o têm servido fielmente por anos. De fato, talvez o Senhor se agrade mais do humilde (mas não tão sofisticado) caminhar deles do que do seu. O fato é, o amor pelos outros cristãos é uma marca do verdadeiro crente (1 João 2.10). Essa marca deve ser ainda mais profunda no pastor. Temos mais em comum com um crente do Myanmar e outro em Duluth (mesmo que você não saiba onde ficam esses lugares, ou até mesmo que eles existam) do que com as pessoas que tentamos alcançar para Cristo.

A grande questão é: nós não podemos escolher quem estará em nosso rebanho, e nem deveríamos tentar. A igreja deveria buscar alcançar “o cara”, diminuindo e desprezando o rapaz comum e sem graça que está lá todo Domingo? Se lermos Efésios com atenção, veremos que a igreja consiste de todo tipo de pessoas: legais e chatos, machos e sensíveis, punks e emos. Sinceramente, baseado na minha experiência, o cara sensível que não se esforça para ser muito legal é provavelmente 10 vezes mais parecido com o perfil bíblico de como um homem deve ser, mesmo que ele não ande de moto e assista esportes violentos na TV. Pastoreie o rebanho, agradeça a Deus pela diversidade do corpo de Cristo e ame as pessoas que não são como você.

5. Com algumas poucas exceções, cristãos que tentam ser legais são péssimos nisso.
Quando estava no ensino médio, um rapaz bem intencionado tentou realizar a performance do que ficou conhecido no Colégio Radnor Junior como o infame “rap de Jesus”. Eram os primeiros dias do sucesso do hip-hop, e o gênero nem tinha se formado totalmente ainda. Bem, esse homem, um rapaz branco e magro, atrasou em uns dez anos o desenvolvimento do hip-hop em cinco excruciantes minutos. Mais tarde descobri que o que ele cantou não havia sido escrito por ele mesmo (graças aos céus), mas mais tarde acabou sendo lançado em disco por outro rapaz.

O ponto é: nem todos os cristãos são bons nisso. Alguns conseguem, mas provavelmente você não consiga. Sério, pergunte a sua esposa. Ela te dirá a verdade. Não tente ser algo que você não é apenas para impressionar os não crentes. É uma má aplicação da teologia e não vai enganar ninguém. É esse tipo de pensamento que produziu a maior parte da música gospel que ouvimos por aí. Por favor, pare. Não, é sério. Agora. Eu insisto.

6. Ser como a cultura pode tornar mais difícil enxergar o evangelho.
Quanto mais entendemos o mundo (e a sua definição do que é atraente e o que é legal), menos devemos nos sentir atraídos por ele. Em uma sociedade que está cada vez mais falida, moralmente e espiritualmente, são as nossas diferenças com a cultura que servem para espalharmos o evangelho. David Wells fala melhor sobre isso do que eu poderia, eu seu livro God in the Wasteland:

No ponto em que chegamos, os evangélicos deveriam estar ansiosos por um avivamento genuíno na igreja, desejando que ela seja novamente um lugar de seriedade onde uma ávida aversão ao padrão desse mundo é cultivada, porque se entende os padrões do mundo, e onde a adoração é separada de tudo que é extravagante, onde a Palavra de Deus é ouvida com atenção, e onde os desolados e desamparados podem achar refúgio.
Oremos para que nossas igrejas recuperem a qualidade de ser avidamente adversa ao padrão desse mundo, mesmo que isso não seja legal.

A conclusão disso tudo é: seja que Deus te fez para ser. Se você é um pouco hipster, que seja. Seja um hipster para a glória de Deus. Se você está indo em outra direção, que bom. Mas Cristo deve ser o centro de tudo aquilo que você busca em seu chamado pastoral. Isso significa sacrificar nosso orgulho e irmos atrás daqueles que não são como nós. Isso significa evangelizar além dos limites de nossos gostos e preferências. E no fim das contas, isso pode nos levar a não sermos legais.

SOB A FIGUEIRA

No início do seu ministério, Cristo chamou a Filipe para segui-lo. Ao ser chamado Filipe foi em busca de Natanael para dizer-lhe que ele (Filipe) tinha encontrado a Cristo. Natanael foi um pouco duvidoso, mas a convite de Filipe foi vê-lo.

Quando Jesus viu Natanael chegando, ele disse: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!” (nota do tradutor: sem dolo não porque não pecasse, mas porque era piedoso e um homem de oração cuja esperança estava na promessa da vinda do Messias para salvar os pecadores).

Natanael, maravilhado como aquele homem lhe havia conhecido, perguntou: “De onde me conheces tu?” Jesus respondeu: “Quando tu estavas debaixo da figueira, eu te vi.”, João 1.48.

É evidente que algo tinha acontecido com Natanael debaixo da figueira fora dos detalhes comuns da vida diária. Se não havia algo bastante incomum ou algo maior do que os eventos comuns da vida ocorrido lá, o Salvador não teria mencionado este lugar particular. Havia nessa resposta algo que foi altamente significativo para Natanael. Nessa época, havia muitas pessoas devotas que procuravam a “consolação de Israel”. Eles estavam esperando a vinda do Rei dos Judeus.

Não é difícil para mim acreditar que Natanael estava debaixo da figueira orando a Deus para a rápida vinda do Messias. (nota do tradutor: o que provavelmente tenha sido o motivo de ter sido levado ao Senhor por Filipe, como para lhe mostrar que suas orações haviam sido ouvidas). Quando Jesus lhe disse: “Quando tu estavas debaixo da figueira, eu te vi”, Natanael imediatamente respondeu: “Tu és o Rei de Israel.”

Ele estava, sem dúvida, sob a árvore em oração para este fim, não somente uma vez, mas muitas vezes, provavelmente por meses e talvez anos. Ele havia orado por isso mesmo. Ele havia escolhido uma figueira especial como um lugar para a oração. Não era uma figueira, mas a figueira. Lá, ele havia orado muito e muitas vezes para o rei de Israel vir.

Assim, quando Jesus disse: “Quando tu estavas debaixo da figueira, eu te vi”, ele soube imediatamente que suas reiteradas preces foram atendidas e, portanto, disse: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel.”
Muitos devotos desde aquele dia têm tido o seu local secreto de comunhão com Deus.

Talvez fosse na floresta em um outeiro coberto de musgo, debaixo de um carvalho, num local gramado na margem de um córrego, ou debaixo de uma sombra de árvore que cresceu junto ao ribeiro no prado. Para estes lugares de silêncio solene que iriam recorrer quando as sombras da noite estavam caindo ou quando a luz da manhã estivesse riscando o céu, e lá a partir da plenitude de suas almas eles derramariam o seu louvor e gratidão a Deus. Estes eram os mais queridos lugares do mundo para eles.

Pode ser que haja idosos hoje, que tiveram esses lugares nos primeiros dias de suas vidas. Embora eles já estejam longe desses cenários, estes ainda estão guardados de forma sagrada na memória.

Há aqueles que hoje têm os seus altares de oração em algum lugar isolado. Lá, eles conhecem a Deus e lhe dizem todos os seus sofrimentos e cuidados, lá eles recorrem a ele e à sua benignidade, lá eles imploram a sua graça para sustentá-los em todas as suas situações difíceis da vida, e lá adoram a seus pés. Bendizei o seu nome!

Amado, você tem a “figueira”? e você o tem encontrado sob ela frequentemente? Você tem um canto em algum lugar tranquilo, que seja santificado pela presença de Deus?
O discípulo amado João, quando no Espírito, viu taças de ouro nas mãos dos adoradores do Cordeiro ao redor do trono. Estas taças de ouro, diz ele, estavam “cheias de incenso, que são as orações dos santos” (Apo 5.8).

Você, caro leitor, todos os dias, enche taças de ouro ao redor do trono de Deus com o doce aroma da oração? Mais uma vez, este discípulo, quando o sétimo selo foi aberto, viu sete anjos que estavam diante de Deus, com sete trombetas. Depois veio outro anjo, com um incensário de ouro. A ele foi dado o incenso, que ele ofereceu com as orações dos santos no altar de ouro, e a fumaça do incenso com as orações dos santos subiu a Deus. (Veja Apo 8.3,4).

Temos o privilégio de misturar nossas orações com o incenso que está sendo oferecido diante do trono. O salmista parecia compreender algo da natureza da oração, quando ele disse: “Suba à tua presença a minha oração, como incenso, e seja o erguer de minhas mãos como oferenda vespertina.”, Salmos 141.2.

As orações que foram oferecidos pelo devoto Cornélio eram tão perfumadas diante de Deus que elas foram mantidas como um memorial diante dele. Um memorial é algo mantido em memória de qualquer um. Se você quer ser mantido em memória diante de Deus, veja que suas orações estejam altamente impregnadas com um doce aroma.

Você deve orar ou morrer. Ninguém pode manter a vida espiritual por qualquer grande período de tempo, sem oração. Por isso, exorto-vos a uma vida de oração.

FORÇA PARA O DIA

RECURSOS DIVINOS PARA CAMINHARMOS EM SANTIDADE

Por isso eu, o prisioneiro no Senhor, peço que vocês vivam de maneira digna da vocação a que foram chamados… (Efésios 4:1).

Um estilo de vida digno só é possível pelos recursos de Deus.

Andar é usado frequentemente na Escritura como um símbolo da vida cristã. É simplesmente uma referência à sua conduta ou estilo de vida – um compromisso diário de seguir a Cristo. Como cristãos, “andamos em novidade de vida” (Romanos 6:4). João escreveu: “E o amor é este: que andemos segundo os mandamentos de Deus. Este mandamento, como vocês ouviram desde o princípio, é que vocês vivam nesse amor” (2 João 6). Paulo disse para andarmos em boas obras (Efésios 2:10) e para agradarmos a Deus em nossa caminhada perante Ele (1 Tessalonicenses 4:1).

Em Efésios 4:1, Paulo está dizendo: Deixe seu estilo de vida ser digno do chamado ao qual você foi chamado.

Você pode perguntar: É possível trilhar este caminho? Sim, mas somente nesta base: você deve se dedicar a ser fortalecido com o poder do Espírito Santo (Efésios 3:16). A Palavra de Cristo deve habitar em seu coração, seu amor deve penetrar sua vida (v. 17-19), e você deve ser “cheio para toda a plenitude de Deus” (v. 19), que “é capaz de fazer muito mais além de tudo o que pedimos ou pensamos” (v. 20). Devemos viver pelos recursos que Deus nos deu para andarmos no caminho da piedade. Nós nunca conseguiremos sabendo apenas teologia e tentando pelos nossos próprios esforços.

Você está tentando viver como cristão sem oração, sem estudar a Bíblia, ou mesmo sem pensar muito em Cristo, exceto no domingo? Você está tentando ser justo sem confiar no Espírito Santo? Se você estiver, você irá se frustrar com seus esforços. Você deve se comprometer todos os dias e em todos os momentos com o Senhor, confiando em Sua força. Além disso, por que você quer viver em seu próprio poder quando você pode viver pelo poder de Deus?

Sugestão para a oração

Agradeça a Deus por lhe dar o Espírito Santo, que lhe dá o poder de andar dignamente perante Ele e os outros.

Ore todos os dias para que o Espírito Santo o fortaleça para viver de uma maneira que agrade a Deus.

Estudo adicional

Leia Gálatas 5: 16-25.

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

NÃO ENDUREÇA O SEU CORAÇÃO

Versículo do dia: Então vemos que eles não puderam entrar por causa da incredulidade. (Hebreus 3.19)

Ainda que o povo de Israel tenha visto as águas do Mar Vermelho se abrirem e eles tenham andado sobre a terra seca, no momento em que tiveram sede, o coração deles foi duro contra Deus e eles não confiaram no cuidado de Deus por eles. Clamaram contra Deus e disseram que a vida no Egito era melhor.

Este versículo está escrito para prevenir isso. Oh, quantos cristãos professos começam bem com Deus. Eles ouvem que os seus pecados podem ser perdoados e que podem escapar do inferno e ir para o céu. E eles dizem: “O que eu tenho a perder? Vou crer”.

Mas, então, dentro de uma semana, um mês, um ano ou dez anos, a provação vem — uma temporada de nenhuma água no deserto. Há um fastio do maná e de modo sutil um desejo crescente pelos prazeres passageiros do Egito, como Números 11.5-6 diz: “Lembramo-nos dos peixes que, no Egito, comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos. Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos senão este maná”.

Essa é uma condição terrível para se estar — não estar mais interessado em Cristo, em sua palavra, na oração, no culto, nas missões e em viver para a glória de Deus, e considerar todos os prazeres fugazes deste mundo como mais atraentes do que as coisas do Espírito.

Se essa é a sua situação, eu rogo que você ouça o Espírito Santo falando neste texto. Preste atenção à palavra de Deus. Não endureça o seu coração. Conscientize-se do engano do pecado. Considere a Jesus, o apóstolo e sumo sacerdote da nossa grande confissão, e mantenha firme a sua confiança e esperança nele.

E se você nunca começou bem com Deus, então ponha a sua esperança nele. Converta-se do pecado e da autossuficiência e coloque a sua confiança em um grande Salvador. Essas coisas estão escritas para que você possa crer, perseverar e ter vida.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do dia: Não pode o ramo produzir fruto de si mesmo. (João 15.4)

Como você começou a produzir fruto? Quando você veio a Jesus e se lançou sobre a grande expiação realizada por Ele, confiando em sua justiça consumada. Você lembra aqueles primeiros dias? Neles, a vide realmente floresceu, a flor apareceu, a romã germinou, e os canteiros de bálsamo espalharam seu cheiro. Você tem declinado desde aqueles dias? Se isto é verdade, exorto-o a recordar aquele tempo de amor. Arrependa-se e pratique as primeiras obras. Envolva-se naquelas atividades que o tomavam mais próximo de Cristo, porque é dele que procedem todos os seus frutos. Qualquer exercício santo que o traga a Cristo lhe ajudará a produzir fruto. Sem dúvida alguma, o sol é um grande cooperador na produção dos frutos nas árvores do pomar; e o Senhor Jesus é muito mais do que isso para as árvores do seu jardim da graça. Em que tempo você se mostrou mais infrutífero? Não foi quando viveu mais afastado do Senhor Jesus Cristo, quando você relaxou na oração, quando se afastou da simplicidade da fé? Não foi quando as bençãos ocuparam mais a sua atenção do que o seu Senhor, quando você disse: “Minha montanha permanecerá firme. Jamais serei abalado”? Você esqueceu em Quem está o seu vigor? Não foi nesta época que seu fruto cessou? Alguns de nós têm sido ensinados, diante do Senhor, por meio de terrível humilhação do coração, que nada somos sem Cristo. Quando vemos a absoluta esterilidade e a decadência de todo poder da criatura, clamamos em agonia: “Todos os meus frutos devem ser encontrados nEle, pois nenhum fruto pode vir de mim.” As experiências passadas nos ensinam que, quanto mais simplesmente dependermos da graça de Deus em Cristo e esperarmos no Espírito Santo, tanto mais frutos produziremos. Confie em Jesus para lhe dar vida, mas também para lhe tornar frutífero.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Implicações da Divindade de Cristo (Evangelho de João) 21 - Comunidade Cristã de Londrina


EDUCAÇÃO ESCOLAR CRISTÃ (PARTE 3)

A Quem Pertence a Responsabilidade de Educar?
Tendo verificado o conceito de Educação Escolar Cristã, necessitamos examinar a questão das responsabilidades e divisão de funções, na difícil tarefa de educar. Essa responsabilidade é tripla: é dos pais, da escola e dos professores.

A Responsabilidade dos Pais
A Bíblia apresenta a responsabilidade de educar como uma determinação primordial aos pais. Não existem dúvidas a este respeito, basta verificarmos as seguintes passagens bíblicas:

1 Timóteo 5.8 – “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé, e é pior do que o descrente”. Este verso mostra a responsabilidade dos chefes de família para com os seus, em todos os aspectos, envolvendo, certamente, a responsabilidade de educar e instruir os seus filhos.
Provérbios 22.6 – “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele”. Este é um versículo certamente dado aos pais. Frequentemente é interpretado como uma admoestação à instrução religiosa, mas, como já observamos, a instrução verdadeira não cobre apenas o aspecto especificamente “religioso”, mas deve abranger o ensino pertinente a todas as áreas da vida.
Efésios 6.4 – “E vós, pais,… criai os [vossos filhos] na disciplina e na admoestação do Senhor”. Isto é, aprendendo a ver a Deus e a respeitá-lo em todas as áreas de sua vida, em tudo que possa vir a aprender. Mais uma vez, a responsabilidade da criação e da instrução é particularizada aos pais.
Deuteronômio 6.6 e 7 – “Estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te”. Aqui temos o princípio didático da repetição, para eficácia na assimilação (retratado ainda nos versículos 8 e 9). Os pais tinham a responsabilidade de educar os filhos eficazmente no temor do Senhor. No versículo 2 deste trecho, vemos que o conteúdo a ser ensinado aos filhos, era os mandamentos detalhados do Senhor, nos quais o relacionamento destes com as tarefas da vida diária de cada um eram delineados. Assim fazendo, as suas vidas seriam prolongadas e abençoadas à medida que os Estatutos do Senhor fossem nelas observados e refletidos nas vidas dos filhos.
Salmo 78.1 a 4 – Nesta conhecida passagem, nós vemos a responsabilidade da transmissão das verdades divinas de pai para filho ordenada por Deus. Todo o Salmo é bem explícito no que diz respeito ao conteúdo a ser transmitido, demonstrando que a tarefa dos pais no sentido de educar não diz respeito somente à comunicação de princípios teológicos, aquilo que comumente chamamos de “educação religiosa”. No caso aqui apresentado, vemos uma exposição da mão de Deus na história, efetivando os seus propósitos e desígnios, em todas as esferas da vida. Este tipo de relacionamento, próprio da Educação Escolar Cristã, isto é, a apresentação dos fatos históricos ou científicos como obra de Deus, também está colocado sob a área de responsabilidade dos pais.
Temos assim explicado este dever principal dos pais. A negligência nesta determinação divina pode causar o descaso na execução desta responsabilidade. A criança necessita da segurança e do amparo oferecido pelo lar e pela família. É ali que o amor genuíno deve ser experimentado, acompanhando passo a passo a maturação intelectual das crianças. O amor aliado à formação integral da criança é um relacionamento humano insubstituível entre pais e filhos. Nessa tarefa de educar, os pais procuram encorajar, enquanto ensinam; demonstram o resultado dos esforços de cada criança, definem limites, obrigações e privilégios, enfatizam o respeito às demais pessoas – superiores, pares e inferiores, seguindo em todos esses aspectos, com sabedoria, as abundantes diretrizes bíblicas do relacionamento interpessoal determinado por e que agrada a Deus. Todos esses aspectos podem e devem ser emulados pela escola e pelos educadores, sem a pretensão de substituição da autoridade paternal.

O Papel da Escola
O fato da responsabilidade de educar pertencer aos pais não significa que estes não possam se organizar para o cumprimento desta tarefa. A formação de instituições e a busca do devido auxílio é uma procura legítima. Isto lhes possibilitará não apenas imprimir o melhor direcionamento, mas também obter o melhor conteúdo e as formas mais eficazes de transmissão de conhecimentos. Na realidade, por causa da complexidade da vida moderna e da multiplicação das disciplinas a serem ministradas, os pais precisam de bastante ajuda e organização. Antigamente a sociedade agrária, que era mais limitada e restrita, possibilitava que os pais ensinassem aos filhos as próprias profissões que haveriam de seguir. Naquela época não era incomum a existência de várias gerações dedicadas ao mesmo tipo de atividades. Esta situação já não mais existe; as condições de trabalho e da vida em sociedade mudaram bastante. Neste contexto a educação escolar cristã adquire uma importância toda especial, ministrada por uma instituição alinhada com os propósitos divinos, empregada como uma ferramenta, pelos pais, na difícil tarefa de educar.

Em um sentido específico, a Escola Cristã deve ser considerada uma extensão do lar cristão. Ela deve estar sempre consciente de que a justificativa para a sua existência é o mandato concedido pelos pais. Os pais e a escola, juntos, trabalham com um só propósito, que é o de conceder à criança a possibilidade de atingir a maturidade cultural e espiritual. Isto capacitará as pessoas a entrarem numa vida de adoração e serviço ao Deus soberano, com humildade e fé, destacando-se como bons especialistas e cidadãos nas atividades para as quais demonstraram talentos naturais e nas quais receberam o melhor treinamento. Neste sentido ela tem de ser devidamente equipada e contar com o pessoal mais qualificado possível.

O Papel do Professor Cristão
As considerações acima nos trazem até ao professor cristão. O professor, ou a professora:

Certamente deve ser uma pessoa que reúna qualificações profissionais e acadêmicas, de tal forma que possa ser um testemunho vivo de que aquilo que é de melhor qualidade deve ser colocado a serviço do Senhor.
Deve ser uma pessoa comprometida a viver uma vida de serviço fiel para Deus, em Cristo, e de dedicação ao homem por amor a Deus.
Deve possuir equilíbrio e integração em todas as áreas de sua personalidade para que possa transmitir segurança aos jovens.
Deve estar bem consciente de que a sua tarefa lhe foi comissionada pelos pais. O professor não é um substituto destes, nem como centro de afeições, nem como formulador das diretrizes. Deve se considerar um auxiliador dos pais, tendo como missão orientar a aquisição de conhecimentos e o treinamento dos talentos naturais de seus alunos, fortalecendo a família, sob o temor do Senhor.
Deverá, por último, conhecer o significado verdadeiro do que é a Educação Escolar Cristã; os seus preceitos e as suas bases, devendo formular os seus ensinamentos dentro da estrutura que definimos nas páginas precedentes.
Poderíamos dizer, na realidade, que o professor cristão é a chave do sucesso da Escola Cristã, bem como o seu requisito principal. Sem ele de nada adiantará a correta orientação filosófica, pois esta não conseguirá ser transmitida adequadamente aos alunos. Como uma peça chave, será também a de mais difícil aquisição e formação. Durante anos o professor cristão tem recebido o treinamento severo e continuo das instituições seculares e bebido todas as filosofias anti-Deus que estão sorrateiramente camufladas em materiais didáticos pseudo-objetivos.

Poderíamos dizer que o primeiro passo no estabelecimento de uma escola verdadeiramente cristã, seria o de recrutar professores qualificados e dedicados, dentro do campo evangélico, e efetivar com estes um longo período de treinamento filosófico cristão. Ao fim deste treinamento uma seleção deve ser efetivada, com o aproveitamento dos que compreendam as bases corretas do trabalho a ser desenvolvido. Não deverá constituir nenhuma surpresa se, ao final de tal programa, esbarrarmos com uma ou mais pessoas que não conseguem traduzir a sua fé e dedicação cristã, por mais piedosas que sejam, em princípios que orientem a tarefa diária que as espera. Todos nós, cristãos, temos sido induzidos, uns de forma mais direta do que outros, a realizar as nossas atividades de forma errônea, como se elas subsistissem em compartimentos estanques, isoladas umas das outras. Assim procedendo, inibimos a influência prática e filosófica do evangelho em nossas atividades diárias, consideradas como “seculares”. Os professores não se constituem exceção a esta regra. Como já mencionamos, eles também foram exercitados por Satanás, em sua filosofia (utilizamos aqui o termo “exercitar” conforme empregado em 2 Pedro 2.14 – no original a palavra grega é “gymnazo”, de onde extraímos o nosso vocábulo “ginásio”, de exercícios ou de esportes). Diante disso, o professor cristão, de modo geral, necessita hoje ser treinado e exercitado pela orientação da Palavra da Verdade.

CONHECENDO O BEM QUE HÁ NA AFLIÇÃO

“Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a tua palavra” (Salmo 119.67)

Neste versículo, você pode observar duas coisas:

1. O mal na prosperidade – antes de ser afligido andava errado.
2. O bem na adversidade – mas agora guardo a tua palavra. Antes andava errante, mas agora atento ao seu dever. Ou, se quiser, aqui está a necessidade das aflições e a utilidade delas.

1. A necessidade, “Antes de ser afligido andava errado”. Alguns pensam que Davi, personifica a libertinagem e a obstinação de toda a humanidade. Se assim fosse, no entanto, a pessoa em quem o exemplo é dado é notável. Se esta foi a disposição do profeta e homem de Deus, e se ele precisava desta disciplina, muito mais nós: se ele pôde dizer isto, com verdade de coração, que ele foi piorado por sua prosperidade, precisamos ser sempre zelosos conosco; e se não fosse por este flagelo, que nos aflige, esqueceríamos o nosso dever e a obediência que devemos a Deus.

2. A utilidade e benefício das aflições, “mas agora guardo a tua palavra.” Guardar a lei é uma palavra genérica. O uso da vara da disciplina de Deus é para nos levar para casa com Deus, e a aflição nos impeliu para fazer melhor uso da sua palavra: ela nos mudou da vaidade para a seriedade, do erro para a verdade, do orgulho para a modéstia. E o apóstolo nos diz que o próprio Jesus Cristo aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu, Heb 5.8, e aqui Davi foi feito melhor pela cruz.
Podemos observar nas palavras do texto três coisas:

1. A confissão de suas andanças, “andava errado”.
O pecado dá causa às aflições. Há aqui um reconhecimento secreto de sua culpa, que o seu pecado foi a causa do castigo que Deus trouxe sobre ele.

2. O método que Deus usou para conduzi-lo ao seu dever, “Eu fui afligido”.
A verdadeira noção e a natureza da aflição para o povo de Deus. A cruz muda a sua natureza, e não é uma punição destrutiva, mas uma ministração medicinal, e um meio de nossa cura.

3. O sucesso ou o efeito do método divino: “Eu tenho guardado a tua palavra”.
A finalidade é a obediência, ou guardar a palavra de Deus. A soma de tudo é, eu estava fora do caminho, mas a tua vara me afligiu, e me levou para a obediência novamente.
Eu poderia observar muitos pontos, mas a doutrina de todo o versículo é:
Doutrina: Que o fim da aflição que nos vem de Deus, é para reconduzir o seu povo desviado para o caminho reto.

Vou explicar este ponto por estas considerações.
1. Que o homem é de uma natureza desviada, apto para abandonar o caminho que conduz a Deus e à verdadeira felicidade. Somos todos assim por natureza: Isa 53.6 “Todos nós, como ovelhas, nos desviamos.” As ovelhas superam todas as demais criaturas, quanto a estarem sujeitas a se desviar, e se não forem cuidadas e guardadas da melhor maneira possível, são incapazes de se manterem fora do erro, e quando erram, são incapazes de voltar ao redil por si mesmas.

Por isso as ovelhas são o símbolo usado pelo Espírito Santo para representar a natureza da humanidade. Mas isto se dá melhor conosco depois de termos recebido a graça? Não; nós somos, em parte, ainda assim. O melhor de nós, se for deixado por sua própria conta, quão breve se desviará do caminho certo? em que erros tristes incorrerá? Sl 19.12: “Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas.”

Desde que recebemos a graça, todos nós temos os nossos desvios; embora os nossos corações sejam ajustados para andarem com Deus para o principal na vida cristã, mas sempre e logo estamos nos desviando da nossa obediência, transgredindo os nossos limites, e negligenciando o nosso dever. Bem que Davi tinha razão em dizer, Sl 119.176, “eu ando desgarrado como ovelha perdida: oh, procura o teu servo!”

Nós nos extraviamos, não somente por ignorância, mas por perversidade de inclinação: Jer 14.10, “Assim eles gostavam de andar errantes, e não detiveram os seus pés. “Temos corações que amam vagar; amamos mudanças, ainda que seja para pior, e assim estaremos fazendo excursões para os caminhos do pecado.

2. Este pendor para se desviar é muito aumentado e incentivado pela prosperidade, que, embora seja boa em si mesma, no entanto, por sermos tão perversos por natureza, fazemos o pior uso dela.

Que os maus se tornam piores por causa da prosperidade, é evidente: Isa 26.10, “Ainda que se mostre favor ao perverso, nem por isso aprende a justiça;”. A luz do sol em cima do monte de esterco nada produzirá, senão fedor, e o sal do mar vai tornar salgado tudo o que cair nele. Então, os homens ímpios convertem tudo ao seu modo e gosto. Nenhuma misericórdia ou juízo de Deus farão qualquer gracioso e amável trabalho sobre eles, mas, se tudo for bem com eles, tomam mais liberdade para viverem livre e profanamente.

O temor de Deus, que é o grande freio de toda maldade, é menor e praticamente fica perdido neles quando não veem qualquer mudança em seu caminhar: Sl 55.19: “porque não há neles mudança nenhuma, e não temem a Deus.” Este pequeno temor servil que eles têm, o qual poderia guardá-los de ficarem vagando, é então perdido, e quanto mais suavemente Deus tratar com eles, mais incrédulos e seguros eles ficam.

Quando eles se tornam prósperos e sem problemas, ficam mais obstinados do que nunca. Mas não é assim com o povo de Deus também? Sim, na verdade, Davi, cujo coração bateu quando ele cortou a orla do manto de Saul quando estava vagando no deserto, pôde planejar a morte de Urias, seu servo fiel, enquanto ele Davi estava confortavelmente em seu palácio.

Perdemos muita ternura de consciência, vigilância contra o pecado, muito desta diligência viva que devemos manifestar na realização da vida espiritual, quando estamos em facilidades e todas as coisas vão bem conosco. Estamos aptos a entrar na carne quando temos tantas iscas para alimentá-la; e para aprender a estar contente em Cristo quando há plena prosperidade é uma lição mais difícil do que aprender a estar contente quando se é humilhado, Fp 4.12, e, portanto, se Deus não nos corrigir, cresceremos descuidados e negligentes.

O princípio de toda a obediência é a mortificação da carne, o que naturalmente não podemos suportar. Depois que temos nos apresentado e submetido a Deus, a carne estará procurando sua presa, e se rebelando contra o espírito, até que Deus arranque suas seduções de nós. Por isso o Senhor se vê forçado a nos quebrar por diversas aflições para nos conduzir em ordem. Nós o forçamos a nos humilhar pela pobreza, ou vergonha, ou doenças, ou por meio de conflitos domésticos, ou alguma inconveniência da vida natural e animal, e tudo o que valorizamos muito.

Além disso, nossos afetos pelas coisas celestes definham quando todas as coisas sucedem conosco neste mundo de acordo com o desejo do nosso coração, e esta frieza e indolência não são facilmente removidas.
Muitos são como os filhos de Rúben e Gade, Números 32, que quando encontraram pastagens convenientes do outro lado do Jordão, estavam contentes com que fosse a sua herança, sem procurar qualquer coisa na terra prometida. Então seus desejos são estabelecidos insensivelmente aqui, e têm menos interesse no bem do mundo vindouro.

3. Quando sucede assim conosco, Deus julga conveniente enviar as aflições. Grande parte da sabedoria da providência de Deus é para ser observada;
a) Em parte na época de aflição, em que o estado e a postura da alma nos surpreendem, quando andamos errantes, quando mais precisamos disto, quando o nosso abuso da prosperidade clama em voz alta por isto; quando as ovelhas se desviam, o cão é solto para buscá-las. Deus ordena a sua providência para as nossas necessidades: 1 Pedro 1.6, “Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações,”.

Ai! muitas vezes vemos que as aflições são altamente necessárias e oportunas, tanto para evitar uma enfermidade que está crescendo em nós, ou para nos recuperar de algum curso mal no qual nos desviamos de Deus. Paulo estava em perigo de se tornar orgulhoso, e então Deus mandou um espinho na carne. Esta disciplina é muito boa e necessário antes de a doença se espalhar longe demais.

b) Grande parte da sabedoria e providência divina também são observadas, em parte, no tipo de aflição. As várias concupiscências devem ter remédios específicos. O orgulho, a inveja, a cobiça, a libertinagem, a emulação, têm todas as suas curas apropriadas.
Todos os pecados se referem a três fontes impuras: 1 João 2.16, “Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.” A partir dos desejos (concupiscência) da carne surgem não apenas os atos grosseiros de lascívia, fornicação, adultério, gula, embriaguez, que assolam boa parte da humanidade, e surge também um amor desordenado a prazeres, companhias vãs, e entretenimentos vãos, a complacência carnal, ou a satisfação carnal.

A concupiscência dos olhos, a avareza e a mentalidade mundana, produzem miséria, rapinas, contendas, conflitos, ou o desejo imoderado de adquirir casa sobre casa, campo sobre campo, e toda sorte de bens e confortos materiais.
Do orgulho (soberba) da vida vem a ambição, conceito elevado de nós mesmos, escárnio e desprezo dos outros, afetação por honra e reputação no mundo, a pompa, finura de trajes e inúmeras vaidades, para constranger a outros! Agora, Deus, que pode se encontrar com os seus servos quando eles estão tropeçando em qualquer tipo destas coisas referidas, envia as aflições como seus mensageiros fiéis para detê-los em sua carreira, para que a carne não possa navegar e levá-los para longe com um vendaval completo.

Contra os desejos da carne, ele manda doenças e enfermidades; contra os desejos dos olhos, a pobreza e decepções em nossas relações; contra o orgulho da vida, desgraças e vergonha, e às vezes ele faz variações na forma da dispensação destas aflições, porque sua providência guarda um teor, e cada cura será aplicada conforme o temperamento de cada pessoa, nem tudo vai funcionar da mesma forma para todos.

A sabedoria de Deus pode ser observada no tipo de aflição, e quão apropriado é este trabalho que é feito; porque Deus faz todas as coisas em número, peso e medida. Em parte pela maneira como ele vem sobre nós, por quais instrumentos e de que tipo. Quantos se fazem miseráveis por uma cruz imaginada!

E assim, quando todas as coisas estão bem com eles, suas próprias paixões se tornam um fardo para si mesmos, e quando não estão feridos em sua honra, nem sofrendo perda de imóveis, nem agredidos em sua saúde, nem suas relações cortadas e conflitadas, mas sendo cobertos com toda a felicidade temporal, parece não haver qualquer espaço ou lugar para qualquer aflição ou problema em suas vidas, e ainda assim, na plenitude de sua suficiência, Deus lhes traz um terror e um peso, ou então por seus próprios temores, ou pela falsa imaginação de alguma perda ou desgraça, Deus os torna desconfortáveis e cheios de inquietação, e eles se tornam mais problemáticos do que aqueles que estão em conflitos reais, sim, com os maiores males.

Hamã é um exemplo: ele foi um dos príncipes do reino da Pérsia, que nadava em riqueza e todos os tipos de delícias, em grau de dignidade e honra, ao lado do próprio rei, e, ainda, porque Mordecai, um judeu pobre, não lhe fez a reverência esperada, disse: “Tudo isso não me satisfaz”, Ester 5.19.

Assim, tão logo Deus envie um verme na cabeça mais justa, e uma insatisfação na propriedade mais próspera do mundo, e os homens não terão descanso dia e noite, especialmente se uma centelha da sua ira brilhar na consciência: Sl 39.11: “Quando castigas o homem com repreensões, por causa da iniqüidade, destróis nele, como traça, o que tem de precioso.”. Há um segredo que a traça come todo o seu contentamento, pois eles estão sob terror, desânimo e falta de paz: Deus lhes ensina que nada pode ser apreciado de forma satisfatória para além da sua própria bênção: “Um fogo não soprado deve consumi-los”, Jó 20.26.

c) Em parte, vemos também a sabedoria e a providência de Deus, na continuidade das aflições. Deus ordena, tirar e lançar em aflições a seu próprio prazer, e quando ele vê que elas agiram em nosso proveito.
Variedade de aflições podem atingir o melhor e mais querido dos filhos de Deus, havendo nos melhores muitas corrupções, tanto para serem descobertas e subjugadas, e muitas graças para serem provadas: 1 Pedro 1.6 “Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações,”, e Tiago 1.2, “Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações”. Um problema opera nas mãos de outro, e a sucessão deles é tão necessária quanto o primeiro golpe sofrido.

4. A aflição assim enviada tem um uso notável para nos conduzir a um senso e cuidado do nosso dever. As aflições são comparadas nas Escrituras ao fogo que purga a nossa escória: 1 Pedro 1.7. “Para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo;”. As aflições são comparadas também à poda da tesoura que corta os ramos inúteis, e faz com que os demais sejam mais frutíferos: João 15.2. Então, Heb 12.11, “Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça.”.

Portanto, não devemos ficar desanimados quando Deus usa as aflições para o nosso próprio bem.
“e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais ( Deus vos trata como filhos ); pois que filho há que o pai não corrige?” (Heb 12.5-7)

Não devemos portanto suportar as aflições com falta de sabedoria, com uma mente insensata, que possa nos impedir de alcançar o propósito de Deus que se encontra embutido nelas. Qual pai ficaria contente com a rejeição por parte de seus filhos, de sua disciplina e correção?
Por que o homem se queixaria do castigo merecido do seu pecado? Sobretudo quando isto é feito pelas mãos de um Pai de amor?

O fim da correção pela aflição é o nosso arrependimento e a nossa transformação, tanto para corrigir o pecado passado, quanto para prevenir o pecado ainda por vir.
Assim, ainda que gemamos dizendo: “Senhor, dá-me outra cruz, mas não esta!”, devemos reconsiderar o dito irrefletido de nossos lábios, e aceitarmos com submissão voluntária a cruz que Deus sabe de antemão, que é a única que se ajusta para a correção da nossa condição. Trocá-la por outra não produzirá o efeito esperado por Deus em nós.
Deus não sente prazer em nos afligir, isto lhe dói em seu coração de Pai perfeitamente amoroso que é. “Ele não aflige, nem entristece os filhos dos homens, de bom grado.” (Lam 3.33).

Afinal todo este enfraquecimento do pecado e do nosso ego carnal tem em vista possibilitar o nosso fortalecimento com a graça.
Daí estar escrito: Prov 24.10: “Se te mostras fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.”