Semeando o Evangelho

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Semear a Verdade e o Amor de Deus

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Crente Morto! Igreja Morta! Doutrina Morta! UMA SOLUÇÃO - Paulo Junior


NO CÉU, SEREMOS APENAS ESPÍRITOS DESENCARNADOS OU TEREMOS UM CORPO FÍSICO TEMPORÁRIO?

Por Randy Alcorn

Ao contrário de Deus e dos anjos, que são essencialmente espíritos (João 4:24; Hebreus 1:14), os seres humanos são, por natureza, tanto espirituais quanto físicos ( Gênesis 2:7). Deus não criou Adão como espírito e o colocou dentro de um corpo. Em vez disso, primeiro, Ele criou um corpo e, em seguida, soprou em Adão um espírito. Nunca houve um caso de que um ser humano tivesse existido sem um corpo. Estudos neurofisiológicos revelam uma íntima conexão entre o corpo e o que historicamente foi referido como alma – que inclui a mente, emoções, vontade, intencionalidade e capacidade de adoração. Parece que não somos essencialmente espíritos que habitam em corpos, mas somos essencialmente tão físicos quanto espirituais. Não podemos ser plenamente humanos sem um espírito e um corpo.

Em virtude das consistentes descrições físicas do Céu presente (ou estado intermediário) e daqueles que habitam lá, parece possível – embora isso seja discutível – que, entre a nossa vida terrena e a nossa ressurreição corporal, Deus pode nos conceder alguma forma física que nos permita subsistir como seres humanos no estado não natural “entre os corpos”, aguardando a nossa ressurreição. Assim como o estado intermediário é uma ponte entre a vida na Terra e na Nova Terra, talvez os corpos temporários, ou pelo menos uma forma física, servem como pontes entre nossos corpos presentes e os nossos corpos ressuscitados.

O apóstolo Paulo diz: “E, por isso, neste tabernáculo gememos, desejando muito ser revestidos da nossa habitação celestial; se, de fato, formos encontrados vestidos e não nus. Pois nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida” (2 Coríntios 5:2-4).

Alguns evangélicos interpretam isso como se o estado intermediário fosse uma condição de nudez desencarnada. Eles podem estar certos. Outros, porém, acreditam que Paulo está desejando estar com Cristo (Filipenses 1:21), mas ele não pode esperar por um estado de nudez platônica que considera repugnante. Assim, eles entendem que Paulo está dizendo que, na morte, somos imediatamente vestidos por uma habitação celestial (seja o próprio Céu ou uma forma provisória) em que aguardaremos a nossa ressurreição.

Há evidências de que a última posição pode estar correta. Por exemplo, os mártires no céu são descritos como estando vestidos com roupas (Apocalipse 6:9-11). Espíritos desencarnados não usam roupas. Muitos consideram a roupa puramente simbólica como estando coberto pela justiça de Cristo. De fato, também podem ser roupas reais com o significado simbólico, assim como a Arca da Aliança tinha um significado simbólico, mas também era um objeto físico, real.

Um artigo fundamental da fé cristã é que o Cristo ressuscitado agora habita no céu. Nós somos informados de que seu corpo ressuscitado na Terra era físico, e que o mesmo Jesus físico subiu ao Céu, do qual ele retornará um dia a Terra (Atos 1:11). Parece indiscutível, então, dizer que há pelo menos um corpo físico no céu atual.

Se o corpo de Cristo no Céu atual possui propriedades físicas, pode-se argumentar que outros no céu também podem ter formas físicas, mesmo que temporariamente. Faz sentido ainda que outros aspectos do Céu atual tenham propriedades físicas. Por exemplo, quando Cristo é visto de pé à direita de Deus (Atos 7:56), ele realmente está de pé em alguma coisa. Do contrário, teríamos que concluir que o Cristo ressuscitado (e, portanto, encarnado) flutua por dois mil anos em um reino sem substância material (Ele poderia, é claro, fazer isso, mas não é o que parece). Se, sabemos que há substância física no Céu (ou seja, o corpo de Cristo, “Apocalipse 1.13” – nota de editor e tradutor), não podemos também assumir que outras referências a objetos físicos no Céu, incluindo formas e roupas físicas, são literais em vez de figurativas? (“livro”, Apocalipse 5:1-2, 7-9; “harpa”, Apocalipse 14:2; 15.2; “roupas brancas”, Apocalipse 3:5; 4:4; 7:9, 13; “coroas”, Apocalipse 4:4; “trombeta”, Apocalipse 8:6, 8, 10; 9:1, 13; 11:15 … – notas do editor e tradutor).

Enoque e Elias parecem ter sido levados ao céu em seus corpos físicos: “Enoque andou com Deus e não foi mais visto, porquanto Deus o levou para junto de si” (Gênesis 5.24). Aparentemente, o corpo de Enoque não foi deixado para ser enterrado. A Septuaginta traduz como que Enoque “não foi encontrado”. Hebreus 11:5 diz explicitamente que Enoque não morreu: “Pela fé, Enoque foi levado a fim de não passar pela morte; não foi achado, porque Deus o havia levado. Pois, antes de ser levado, obteve testemunho de que havia agradado a Deus”.

Da mesma forma, Elias foi levado ao céu sem passar pela morte e sem deixar um corpo para trás: “Enquanto iam caminhando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro, e Elias subiu ao céu num redemoinho. Ao ver isso, Eliseu gritou: Meu pai, meu pai! Carros de Israel e seus cavaleiros! E nunca mais ele viu Elias. E, pegando a sua própria roupa, rasgou-a em duas partes” (2 Reis 2.11-12).

Dado que pelo menos uma (Cristo) e mais duas pessoas (Enoque e Elias) agora tenham corpos nos céus, não é possível que outros possam ter formas físicas também?

Moisés e Elias apareceram fisicamente com Cristo na Transfiguração (Lucas 9:28-36). Uma vez que já haviam ido para o Céu (Moisés morreu e Elias foi levado da Terra em um redemoinho), e se as almas no Céu presente estiverem desencarnadas, Deus teve que criar corpos temporários para eles quando vieram do Céu para estarem com Jesus no monte. Se assim for, eles teriam passado de seres desencarnados a encarnados, e depois que a Transfiguração acabou, eles se desincorporaram novamente para aguardar a ressurreição final.

Uma segunda possibilidade é que Moisés e Elias vieram a Terra nos mesmos corpos temporários que já tinham no Céu. (No caso de Elias, seu corpo temporário pode até ter sido seu corpo terrestre original, que nunca morreu). Se Moisés e Elias vieram a Terra com os mesmos corpos temporários que possuem no Céu, eles poderiam ter retornado ao Céu tal como estavam. Será que pelo fato de ter se juntado a Cristo na Terra exigiu que eles se tornassem algo mais, ou simplesmente envolveu a chegada de ambos a algum outro lugar? Eles foram incorporados temporariamente, ou simplesmente foram temporariamente deslocados?

A presença física de Moisés e Elias na Transfiguração parece demonstrar, sem dúvida, que Deus, pelo menos às vezes, cria corpos temporários para que as pessoas habitem antes da ressurreição.

NOTA:

Alguém pode contestar que não teremos corpos físicos no céu, com base em uma compreensão incorreta de 1 Coríntios 15:42-49 sobre o “corpo espiritual” e suas implicações.

Quando Paulo usa a expressão corpo espiritual (1 Coríntios 15:44), ele não está falando de um corpo feito de espírito ou de um ser incorpóreo. Não existe tal coisa. O corpo é material, composto de carne e ossos. A palavra espiritual, aqui, é um adjetivo que descreve o corpo, não negando o seu significado. Um corpo espiritual é, antes de tudo, um corpo real, do contrário não poderia ser chamado de corpo. Paulo poderia simplesmente ter dito: “É semeado um corpo natural, e criado um espírito”, se esse fosse o caso. A julgar pelo corpo de ressurreição de Cristo, um corpo espiritual aparece na maior parte do tempo para observar e agir como um corpo físico regular, com a exceção de que pode ter (e no caso de Cristo) alguns poderes de natureza metafísica, isto é, além das habilidades físicas normais.

Por outro lado, quando Paulo diz que “a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus” (1 Coríntios 15:50), ele está se referindo à nossa carne e sangue como estão agora – afetados e corrompidos pelo pecado. Nossos corpos presentes são caídos e destrutíveis, mas nossos corpos futuros – embora ainda corpos no sentido mais completo – serão livres do pecado e indestrutíveis. Eles serão como o corpo de ressurreição de Cristo, tanto físico como indestrutível.

"ONDE O PECADO ABUNDOU, A GRAÇA ABUNDOU MUITO MAIS." (ROMANOS 5:20)

A graça é abundante para o principal dos pecadores.
John Bunyan me diz que eu deveria procurar diligentemente por um duplo tesouro – o tesouro da minha primeira e segunda experiência desta graça de Deus, a bênção do limiar e a bênção da casa.

Há a minha primeira experiência. Por que eu não me lembro da palavra que se agarrou a mim, quando eu estava afundado em pecado e em miséria? Eu não me lembro de meu terror de consciência, e o medo da morte e do inferno; minhas lágrimas e orações também – sim, quanto eu suspirava por misericórdia? Eu esqueci o local onde pela primeira vez a minha alma foi visitada? Não, não; eu O louvarei sempre por esta primeira experiência de Sua graça. Oh dia feliz, que fixou a minha eleição em Cristo, meu Salvador e meu Deus!

Mas há a minha segunda experiência também. Se tenho pecado contra a luz, pecado depois de ter sido levado para casa desde o deserto e do país distante; se eu tenho sido tentado a blasfemar; se eu estou em desespero; se eu acho que Deus está lutando contra mim; que o céu está escondido de meus olhos; e ainda – e ainda assim o Senhor me livrou de tudo isso: aqui estão novos temas e motivos para ação de graças. Como um filho e nem tanto como um pecador, dentro da casa do Pai, bem como fora de seus muros, eu tenho provado e visto que Deus é misericordioso.

Pela mão do Senhor Jesus Cristo, Ele me leva para fora da terra de areia e de espinhos – para a terra que mana leite e mel. Neste novo amanhecer eu me lembro e comemoro a plenitude de Sua misericórdia.

Devocional Ligioner

O PRESENTE À LUZ DO FUTURO

Uma análise das classes sócioeconômicas na América focalizou-se nas diferenças observáveis ​​evidentes nos sistemas de valores, padrões comportamentais e costumes que existem entre as classes. Uma das dimensões mais interessantes da descoberta foi com respeito à questão de como as pessoas consideram o presente à luz do futuro.

As pessoas de níveis superiores do registro de classe tendem a ser muito mais orientadas para o futuro do que as que estão numa esfera mais inferior. A tendência nas classes mais baixas está na direção do imediatismo. O consumo de bens, os gastos e outras decisões são tomadas visando à gratificação de curto alcance. O planejamento para o futuro, o sacrifício dos impulsos presentes para a reserva futura, o investimento de capital para benefícios a longo prazo e a definição de metas, são empreendimentos que muitas vezes não são encontrados neste segmento da sociedade.

O fenômeno social ilustra uma importante lição para o cristão: a orientação futura sempre tem um impacto significativo nos padrões atuais de comportamento e um enorme impacto em nosso crescimento como cristãos.

Todos nós temos algum tipo de ponto de vista ou expectativa escatológica. O ponto de vista pode não ser conscientemente desenvolvido ou cuidadosamente elaborado, mas alguma suposição acerca do futuro é feita por todos. É inevitável. Como criaturas do tempo e do espaço, estamos amarrados não somente ao passado, mas também ao futuro. Por isso, dizemos: “O agora vale para sempre”.

Na presença de Deus

Que decisões você está tomando hoje que afetará o seu futuro? Lembre-se, o agora conta para sempre.

Passagens para estudo adicional

Mateus 24:14; Mateus 24:30-31

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

MAIOR SALVAÇÃO IMAGINÁVEL

Versículo do dia: Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. (Jeremias 31.31)

Deus é justo, santo e separado de pecadores como nós. Esse é o nosso principal problema no Natal e em qualquer outra época. Como seremos reconciliados com um Deus justo e santo?

Contudo, Deus é misericordioso e prometeu em Jeremias 31 (quinhentos anos antes de Cristo) que um dia faria algo novo. Ele substituiria as sombras pela realidade do Messias. E ele agiria em nossas vidas de modo poderoso e escreveria a sua vontade em nossos corações, de modo que não seríamos constrangidos a partir do exterior, mas seríamos dispostos desde o interior a amar a Deus, confiar nele e segui-lo.

Essa seria a maior salvação imaginável: se Deus nos oferecesse o gozo da maior realidade do universo e, então, se operasse em nós para garantir que pudéssemos apreciá-la com a maior liberdade e alegria possíveis. Seria digno cantar a respeito desse presente de Natal.

De fato, Deus o prometeu. Mas havia um enorme obstáculo. Nosso pecado. Nossa separação de Deus por causa de nossa injustiça.

Como um Deus santo e justo lidará conosco, pecadores, com tanta bondade que nos dará a maior realidade do universo (seu Filho) para desfrutarmos com a maior alegria possível?

A resposta é que Deus colocou nossos pecados sobre o seu Filho e os julgou nele, para que pudesse removê-los de sua vista e lidar conosco com misericórdia, e ao mesmo tempo, permanecer justo e santo. Hebreus 9.28 diz: “Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos”.

Cristo levou nossos pecados em seu próprio corpo quando ele morreu. Ele tomou nosso julgamento. Ele cancelou nossa culpa. E isso significa que os pecados foram tirados. Eles não permanecem diante da vista de Deus como fundamento para condenação. Nesse sentido, Deus se “esquece” dos pecados. Eles são consumidos na morte de Cristo.

Isso significa que Deus agora é livre, em sua justiça, para nos conceder a nova aliança. Ele nos dá Cristo, a maior realidade do universo, para nosso gozo. E ele escreve a sua própria vontade — seu próprio coração — em nossos corações para que possamos amar a Cristo, confiar em Cristo e seguir Cristo desde o interior, com liberdade e alegria.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do Dia: “E aos que justificou, a esses também glorificou.” (Romanos 8.30)

Crente, esta é uma verdade preciosa para você. Talvez você seja pobre e esteja sofrendo, mas, para seu encorajamento, medite novamente em sua “chamada” e nos resultados que fluem dela – especialmente o bendito resultado mencionado neste versículo. Tão certo como você é um filho de Deus hoje, todas as suas provações chegarão ao fim. Espere um pouco e a sua cabeça fatigada vestirá a coroa de glória, e sua mão de labor segurará as palmas de vitória. Não lamente as suas aflições; pelo contrário, regozije-se porque em breve você estará onde “não haverá luto, nem pranto, nem dor” (Apocalipse 21.4).

O carro de fogo está à sua porta, e apenas um momento será suficiente para levá-lo à companhia dos glorificados. O cântico eterno está quase em seus lábios. As portas do céu estão abertas para você. Não pense que você pode falhar em entrar no descanso. Se Deus o chamou, nada pode separá-lo do amor dele. A aflição não pode romper o vínculo. O fogo da perseguição não pode aniquilar a união. O martelo do inferno não pode quebrar as algemas. Você está seguro. Aquela voz que o chamou no início o chamará novamente da terra para o céu, da obscura melancolia da morte para os indizíveis esplendores da imortalidade.

Crente, descanse tranquilo, pois o coração dAquele que o justificou pulsa em seu íntimo com infinito amor por você. Em breve, você estará com os glorificados, onde está o seu quinhão. Você está aqui apenas aguardando ser preparado para a herança. Quando isso estiver consumado, asas de anjos o levarão para bem longe, ao monte da paz, da alegria e da bem-aventurança, onde longe de um mundo de tristeza e pecado, você descansará para sempre e sempre, com Deus sempre ao lado.

Longe de um mundo de pecado e dor, Guardado pra sempre, com Deus, em amor.

Você já morreu? - Série em Romanos (Rm 6:1-7) - Comunidade Cristã de Londrina


A RELAÇÃO ENTRE DONS ESPIRITUAIS E TALENTOS NATURAIS

Por John Stott

Que relação há entre dons espirituais e talentos naturais? Algumas poucas pessoas responderão imediatamente: “Nenhuma”, outras têm falado e escrito como se não houvesse diferença digna de nota entre eles. Parece-me que estas duas posições são extremadas. Deve haver alguma diferença, na verdade uma diferença clara, porque o Deus da criação, por um lado, em sua providência, dá talentos a todos os homens e mulheres (tanto que falamos que algumas pessoas têm um “dom” artístico ou um “dom” para a música, ou têm uma personalidade muito “dotada”) e, por outro, o Deus da nova criação, a Igreja, confere “dons espirituais” somente às pessoas redimidas. São os dons espirituais que diferenciam os membros do Corpo de Cristo, pois cada membro do Corpo tem um dom ou função. Mesmo assim, devemos ter cautela em deduzir disto que não há nenhum vinculo entre dons e talentos. Diversas razões devem levar-nos a pensar assim.

A primeira é que o mesmo Deus é o Deus da criação e da nova criação, e ele opera sua vontade perfeita através das duas. Esta vontade divina é eterna. Deus disse a Jeremias, por ocasião do seu chamado ao ofício profético: “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta às nações” (Jr 1:5). Paulo tinha a mesma convicção a respeito de si e de seu chamado para ser apóstolo. O Deus que lhe revelou seu Filho foi o mesmo que “me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça” (Gl 1:15). Observe que os dois versículos contêm mais que uma referência ao tempo, isto é, antes do nascimento de Jeremias e Paulo, Deus sabe o que lhes aconteceria. Afirma-se que já artes de eles nascerem Deus os tinha consagrado ou separado para o ministério especial para o qual ele haveria de chamá-los depois. É certo, então, que não podemos dizer que não havia uma ligação entre as duas partes da sua vida.

Será que não combina melhor com o Deus da Bíblia concluir que ele os capacitou antes de chamá-los (um condicionamento genético, diríamos modernamente), o que se manifestou e pôde ser usado somente depois? Deus esteve ativo nas duas partes da sua vida, e combinou ambas de maneira perfeita. De modo semelhante todos os escritores bíblicos foram preparados antes pela providência de Deus em termos de temperamento, educação e experiência, para depois serem inspirados pelo Espírito Santo para comunicar uma mensagem totalmente adequada ao tipo de pessoa que eram.

Se alguém objetar que o que valeu para profetas e apóstolos mão vale necessariamente para os cristãos comuns de hoje, eu responderia que a Bíblia sugere o oposto. O plano gracioso de Deus para cada um de nós é eterno. Ele foi imaginado e até “dado em Cristo Jesus antes dos tempos eternos” (2 Tm 1:9); Deus nos escolheu para que fôssemos santos e nos destinou para que fôssemos seus filhos através de Jesus Cristo “antes da fundação do mundo” (Ef 1:4,5); e as boas obras para as quais fornos recriados em Cristo são exatamente aquelas que “Deus de antemão preparou ” (Ef 2:10). Esta verdade fundamental de que Deus planejou o fim desde o começo, deve advertir-nos contra concluir com muita rapidez em favor de uma descontinuidade entre natureza e graça, entre nossa vida pré e pós-conversão.

Há uma outra razão para crermos em um vínculo entre dons naturais e espirituais. Diversos charismata, além de não serem milagrosos, são claramente mundanos. São dons espirituais de natureza material. Talvez os exemplos mais claros sejam os três últimos da lista de Paulo em Romanos 12:

“… o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria.” (Rm 12:8).

Não pode haver dúvida de que estes três fazem parte da lista de charismata. A própria palavra consta do início do versículo 6. A lista toda faz parte da metáfora “um corpo – muitos membros” (vv. 4, 5), como em 1 Coríntios 12. Todos os sete dons da lista de Romanos 12 são apresentados de uma maneira quase idêntica.

Então, do que falam estes três dons? O intermediário dos três é ambíguo no grego, podendo significar tanto “aquele que ajuda” como “que tem autoridade” (BLH) ou “quem lidera”; neste sentido é usado para os líderes da igreja e presbíteros em 1 Ts 5:12 e 1 Tm 5:17. Quanto aos outros dois dons não há dúvidas. Um (“o que contribui”) se refere a dar dinheiro, e é usado especificamente em Ef 4:28 para expressar a doação “ao necessitado”; o outro é “quem exerce misericórdia”. Acontece que descrentes podem, igualmente, dar dinheiro a pessoas necessitadas e exercer misericórdia, e o fazem.

Então, em que sentido as duas atitudes podem ser consideradas “dons espirituais” concedidos por Deus exclusivamente aos seus filhos? É, no mínimo, improvável que o primeiro destes dons seja uma chuva de dinheiro repentina, depois da conversão! Pelo contrário, creio que devermos concordar que os recursos (o dinheiro para dar, a força para servir) já estavam nestas pessoas antes de sua conversão. O que é novo, que transforma sua capacidade natural em um dom espiritual, deve estar na área do seu objetivo (as causas que eles servem e para que dão) e da sua motivação (os incentivos que os orientam). Pelo menos é nisto que Paulo põe a ênfase. Ele diz que não deve haver uma atitude indisposta e relutante. Quem dá dinheiro deve exercer seu dom “com liberalidade” (“generosidade”, BLH), e quem exerce misericórdia, “com alegria”.

Um vínculo semelhante entre talentos naturais existentes antes da conversão e dons espirituais presentes após a conversão, pode existir também entre dois dos charismata anteriores que Paulo menciona em Romanos 12, que são “o que ensina” (v. 7) e “o que exorta” (v. 8). É óbvio o que significa “ensinar”. O verbo exortar (parakaleo), por sua vez, tem diversos significados, que vão desde “pedir” e “suplicar” até “incentivar”, “confortar” e “consolar”. Os dois verbos podem estar se referindo a diferentes aspectos do ministério público da palavra, de um lado a instrução e de outro a exortação.

A “exortação” (paraklesis) pode, certamente, ser dada em discurso formal (At 13:15), ou por escrito (Hb 13:22). Mesmo assim, paraklesis é um conceito mais amplo que inclui o tipo de incentivo e conforto que a amizade, interesse e amor pessoal podem dar. Acontece que tanto a instrução como incentivo podem ser dados por pessoas não-cristãs. No mundo secular encontramos muitas pessoas que são (como dizemos) “professores natos”, e outras cujo grande dom é sua compreensão, disponibilidade, sensibilidade, em resultado do que elas reanimam as pessoas e as incentivam em seu caminho. Então, qual pode ser a diferença entre professores e conselheiros não-cristãos, por um lado e cristãos com estes dons espirituais, por outro?

Em vista do que foi escrito acima sobre o Deus da natureza e da graça, a priori não é improvável que Deus dê o dom espiritual do ensino a um crente que, antes de converter-se, não conseguia comunicar-se, ou o dom espiritual do aconselhamento a um Irmão ou irmã que é antipático ou rude por temperamento? Isto não seria impossível para Deus. Mas não estaria mais em harmonia com o Deus da Bíblia, cujos planos são eternos, supor que seus dons espirituais andam lado a lado com seus talentos naturais? E que, por exemplo, um “filho de exortação” como Barnabé (At 4:36), que exerceu seu ministério pessoal dando generosamente (v. 37) e sendo amigo pessoal (por ex., At 9:26, 27, 11:25,26), já era este tipo de pessoa, pelo menos em potencial, quando Deus o fez?

Neste caso devemos procurar as peculiaridades dos dons espirituais de ensino e aconselhamento na elevação, na intensificação, na “cristianização” de um talento natural latente, ou já presente. Por esta razão, uma pessoa pode ser um professor dotado antes de sua conversão, e depois de receber o charisma do ensino que o capacita a expor com entendimento, clareza e relevância. Ou alguém pode ter por natureza uma maior facilidade de se relacionar amigavelmente com pessoas, mas depois da conversão recebe o dom espiritual da “exortação”, que o capacita a exercer um ministério cristão específico de “exortação em Cristo” (Fp 2:1), que inclui a instrução cristã (p. ex., 1 Ts 4:18; Tt 1:9.) e o calor e a força da fé cristã (Rm 1:12). Em todas estas últimas referências ocorrem as palavras parakaleo ou paraklesis.

Portanto, a evidência bíblica nos adverte a não traçarmos uma linha demarcatória muito firme entre dons naturais e espirituais. John Owen, em seu grande livro do século XVII, Pneumatologia ou A Discourse Concerning the Holy Spirit (Uma Dissertação Sobre o Espírito Santo), distinguiu entre dois tipos de dons espirituais – “os que excedem todos os poderes e capacidades da mente humana” e “os que consistem de reforços extraordinários das capacidades da mente humana”.

O AMOR DE DEUS

Por James Smith

Que assunto pode ser comparado com o amor de Deus? Que assunto é tão doce, tão profícuo, tão cheio de maravilhas!

Deus , amando o seu povo.
O infinito, amando o finito.
O Criador, amando sua criatura.
O Altíssimo Deus, amando um verme.
O Santo, amando o profano.
O Soberano, amando o rebelde.

O Deus Eterno, ama pobres pecadores em seu Filho. Porque Deus nos coloca em Cristo, e lá ele nos abençoa, nos salva e nos ama com um amor infinito.

Eu quero pensar mais, meditar por um tempo, sobre o amor de Deus esta manhã. Que o Espírito Santo possa iluminar a mente e dirigir o coração ao amor de Deus. Oh direcione meu coração neste assunto glorioso, e derrame o amor de Deus no meu coração, que provando sua doçura, e sentindo o seu poder – eu possa escrever a experiência sobre este tema deleitável!

Deus ama o seu povo em primeiro lugar. Ninguém nunca amou a Deus, ou desejou a amá-lo – senão como o efeito de seu próprio amor. Nós o amamos – porque ele nos amou primeiro. Ele amou todo o seu povo antes dos tempos eternos, como ele diz, “Eu te amei com um amor eterno.”

O amor de Deus foi fixado e fluiu para o seu povo livremente. Que Deus ama o seu povo está claramente revelado, e poderosamente provado; mas por que ele ama? Como ele veio para firmar o seu amor sobre eles? Como ele veio revelar e comunicar o amor a eles? Isso ele não nos disse. Ele nos assegurou que não foi por qualquer coisa neles, ou feita por eles. Ele ama livremente. Ele ama – só porque ele amará, ou porque lhe agrada amar.

Seu amor é grande além de expressão ou concepção. Ninguém pode conceber a grandeza do amor de Deus, e se isto não pode ser concebido, então não pode ser expressado. É tão vasto como a eternidade, e tão infinito quanto sua própria natureza divina. Que maravilha, que Deus ame alguém como eu – e me ame com tal amor!

Seu amor é repleto de todas as bênçãos, e é a fonte de onde brota tudo o que é bom. Sim, o amor de Deus contém e compreende todas as bênçãos que possam ser conferidas aos pecadores no presente tempo, ou ser apreciadas pelos crentes por toda a eternidade.

O amor de Deus é tão imutável quanto a sua natureza. Ele é, sem variação – e assim é o seu amor. Suas obras podem mudar, sofrer mudanças, devem mudar; mas ele é o mesmo, e como ele é, por isso, é o seu amor. Ele sempre foi o que é; o que sempre foi; e o que sempre será.

Seu amor é eterno em sua duração. Uma vez firmado, é fixado para sempre. Tendo amado os seus – ele os ama até o fim. Nenhum objeto do seu amor se perde. Ninguém que é cuidado por ele, jamais perecerá. Ele é capaz de nos impedir de cair, e nós estamos guardados pelo seu poder por meio da fé para a salvação.

O amor de Deus é doce e poderoso, e vence todos os seus objetos para si mesmo. Deus é amado – porque ele ama. O doce poder do seu amor, como exibido no dom do seu Filho, e como derramado no coração pelo seu Espírito – mais nos ganha para si, e nós o amamos – mas nunca sentiremos que o amamos o suficiente.

Oh, que eu pudesse penetrar no amor de Deus mais plenamente! Oh, que eu sentisse o amor de Deus com mais força! Oh, que eu pudesse amar a Deus de todo o coração e mais constantemente, em resposta do seu amor por mim! Oh, testemunhar o amor de Deus em meu caráter, conduta, e conversação com meus semelhantes!

Nada vai me fazer feliz – senão esse amor.
Nada vai me fazer santo – senão esse amor.
Nada vai me dar força e energia para o dever – senão esse amor.

Se eu perceber que Deus me ama, me ama infinitamente, me ama eternamente – então eu posso fazer alguma coisa para Deus, eu posso sofrer qualquer coisa, que me venha da mão de Deus.

O amor de Deus por mim, é como . . .
luz na escuridão,
o maná no deserto, e
uma doce canção da noite.

O amor de Deus para mim, é . . .
minha alegria na tristeza,
meu consolo no sofrimento, e
minha vida em meio à morte.

O amor de Deus por mim, vai me fazer feliz em qualquer lugar, satisfeito com nada, e levantar-me acima das circunstâncias mais difíceis. Oh que possa este amor me confortar em minhas horas de solidão, em épocas de doença e sofrimento; e possa me inspirar com coragem, em cada luta com o Inimigo.

Pai das misericórdias, Deus de amor, eu posso conhecer e crer no amor que você tem por mim! Precioso Senhor Jesus, você é a prova e revelação do amor do Pai! Possa eu estudar mais, conhecê-lo melhor, para que assim eu possa alegrar-me no amor de seu Pai! Consolador Celestial, é seu poder revelar, desdobrar, e transmitir o amor de Deus para os pobres pecadores; revele mais claramente, desdobre mais plenamente, e transmita mais abundantemente – o amor de Deus para mim, para que eu possa ser enchido com toda a plenitude de Deus!

Devocional Ligioner

ANTECIPANDO O DIA DO SENHOR

No Antigo Testamento, os profetas falaram do dia da “visitação de Deus”. Foi considerado às vezes como um dia de grande conforto e alegria, e outras vezes como um dia de grande aflição e julgamento.

No nascimento de Jesus, Deus visitou a Terra. Esta visita é celebrada no hino inspirado pelo Espírito a Zacarias, no qual menciona a visita divina de Deus duas vezes (Lucas 1:68-69, 78).

O Novo Testamento chama Jesus de o “Bispo das nossas almas”. Ele é o Bispo Encarnado. Sua visita a este mundo mudou o curso da história. A visita inicial do nosso bispo celestial estava repleta de mistério. Ele não veio como um general militar, mas como um bebê em uma manjedoura. Ele veio cuidar de nossas almas. Ele veio para ver nossa situação. Ele veio com a divina bênção e redenção. Ele também veio com um alerta divino.

Nosso Bispo anunciou ao mundo que, em alguma data futura, faria uma segunda visita. Ele prometeu aparecer uma vez mais para rever Seus amigos. Para aqueles que amam a Sua vinda, a sua próxima visita será uma ocasião de alegria e glória inexplicáveis. Naquela visita, a consumação da tarefa do Bispo será completa.

Para aqueles que ignoram a primeira visita do Bispo, sua segunda visita será um desastre súbito. Esse será o dia do Senhor, o dia em que Amós descreveu como um dia de trevas, sem luz (Amós 5:18).

Na presença de Deus

Agradeça a Deus pela indizível alegria e glória que o espera no dia do Senhor.

Passagens para estudo adicional

Lucas 1:68-69; Lucas 1:78

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

A ADVERSIDADE MAIS BEM SUCEDIDA DE DEUS

Versículo do dia: Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses 2.9-11)

O Natal foi a adversidade mais bem-sucedida de Deus. Ele sempre se deleitou em mostrar o seu poder através da aparente derrota. Ele faz retrocessos táticos para obter vitórias estratégicas.

Foram prometidos glória e poder a José em seu sonho (Gênesis 37.5-11). Mas para alcançar essa vitória ele precisou se tornar um escravo no Egito. E como se isso não bastasse, quando suas condições melhoraram por causa da sua integridade, ele foi feito pior do que um escravo: um prisioneiro.

Porém, tudo estava planejado. Pois na prisão José encontrou o copeiro de Faraó, que por fim o levou a Faraó, que o colocou sobre o Egito. Que percurso mais improvável para a glória!

Mas esse é o caminho de Deus, mesmo para o seu Filho. Ele esvaziou a si mesmo e assumiu a forma de um servo. Pior do que um servo — um prisioneiro — e foi executado. Mas, como José, ele manteve a sua integridade. “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho” (Filipenses 2.9-10).

E esse é o caminho de Deus para nós também. A glória nos é prometida — se com ele sofremos (Romanos 8.17). O caminho para subir é descer. O caminho para frente é para trás. O caminho para o sucesso é através de adversidades divinamente nomeadas. Estas sempre serão vistas e sentidas como fracasso.

Mas se José e Jesus nos ensinam algo nesse Natal é que “Deus o tornou em bem” (Gênesis 50.20).

Vós, santos temerosos, tomai renovada coragem
As nuvens que tanto temeis
Estão cheias de misericórdia e se romperão
Derramando bênçãos sobre as vossas cabeças.[1]

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do Dia: “Morava Mefibosete em Jerusalém, porquanto comia sempre à mesa do rei. Ele era coxo de ambos os pés.” (2 Samuel 9.13)

Mefibosete não era um belo ornamento para a mesa de um rei; apesar disso, ele tinha lugar permanente nas refeições de Davi, porque este podia ver no rosto de Mefibosete os traços do amado Jônatas. Assim como Mefibosete, podemos clamar ao Rei da Glória: “Quem é teu servo, para teres olhado para um cão morto tal como eu?” (2 Samuel 9.8). Mas Deus nos favorece proporcionando-nos a comunhão consigo mesmo, porque vê em nós a semelhança de seu mui amado Jesus. O povo do Senhor é querido por causa de Outro. Esse é o amor que o Pai tem para com o seu Filho unigênito.

Por amor a Jesus, Deus exalta os humildes irmãos dele, retirando-os da insignificância para o companheirismo celestial, outorgando-lhes suprimento real e posição de nobreza. A imperfeição deles não os impedirá de desfrutarem seus privilégios. O aleijado é herdeiro, do mesmo modo como se pudesse correr à semelhança de Asael “era ligeiro de pés, como gazela selvagem” (2 Samuel 2.18). Nossa justiça não manca, embora nossa força possa mancar. A mesa de um rei é um esconderijo nobre para pernas coxas, e no banquete do evangelho aprendemos a nos alegrar nas enfermidades porque o poder de Cristo repousa sobre nós. Entretanto, defeitos graves podem manchar a personalidade dos mais amados santos de Deus. Os santos cuja fé é fraca e cujo conhecimento é escasso são grandes perdedores. Estão expostos a muitos inimigos e não podem seguir o Rei aonde quer que vá.

Esta enfermidade frequentemente surge a partir de quedas. A má nutrição no início da vida cristã geralmente faz com que os novos convertidos caiam em um tipo de desânimo do qual nunca se recuperarão, e pecados, em outros casos, faz com que ossos sejam quebrados. Senhor, ajuda o manco a saltar como um veado e satisfaz todo o teu povo com o pão da tua mesa.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Pecado, Lei e Graça - Série em Romanos (Rm 5:13-21) - Comunidade Cristã de Londrina


PENSAMENTOS SOBRE A RESTAURAÇÃO DE PASTORES CAÍDOS (PARTE 1)

Por Jared Wilson

Quando um pastor se torna desqualificado para o ministério, ele está desqualificado para voltar a exercê-lo? Se a resposta for sim, por quanto tempo? Para sempre? Ele pode ser restaurado? Em quanto tempo?

Esses tipos de perguntas não são novas, mas elas parecem mais relevantes do que nunca. Embora existam muitos artigos sobre “pastores caídos”, fiquei surpreso ao descobrir que poucos lidam com essas questões de forma profunda. Não pretendo fornecer neste artigo um tratamento abrangente de um assunto tão difícil, mas quero compartilhar algumas reflexões bíblicas e implicações práticas que eu tenho aprendido ao longo do tempo. Penso que este assunto é para muitos. Cabe-nos pensar com cuidado e biblicamente sobre ele.

O que desqualifica um pastor?

O que eu acho interessante nestes dias não são quantos pastores foram desqualificados, mas quantos não estão qualificados. Vivemos um tempo em que qualquer um que seja expressivo e tenha um espírito empreendedor e criativo pode plantar uma igreja e até mesmo ser bem sucedido com ela. Mas dons não são qualificações. Alguns parecem discutir este assunto como se não tivéssemos uma orientação bíblica clara sobre o que qualifica um homem para ser pastor. Exceto o que fazemos. Aqui está uma lista austera, composta das três passagens primárias sobre a qualificação pastoral (1 Timóteo 3, Tito 1 e 1 Pedro 5):

01 - Fiel sexualmente/maritalmente
02 - Bom administrador da família
03 - Humilde
04 - Gentil
05 - Sóbrio
06 - Pacífico
07 - Financeiramente responsável
08 - Hospitaleiro
09 - Controlado/equilibrado
10 - Justo
11- Comprometido com a santidade
12 - Capaz de ensinar
13 - Espiritualmente maduro (não um novo convertido)
14 - Respeitável (e respeitado pelas pessoas de fora)
15 - Um bom exemplo para a igreja

Os evangélicos parecem mais preocupados em discutir a desqualificação em relação ao adultério – o que, para ser claro, é desqualificante – do que estendermos o diálogo sobre a desqualificação de pastores de temperamento explosivo, questionadores ou desequilibrados. A “queda” de Mark Driscoll é, provavelmente, a mais próxima que o meu grupo particular chegou a contar com as qualificações de pleno direito para o ministério, mas ainda não é um conceito amplamente compreendido na era dos “pastores-celebridade”. De fato, penso em muitos grupos, tradições e nas “outras qualificações bíblicas para o ministério” que foram negligenciadas há muito tempo. Além disso, como explicar que foi apenas uma vez que um ministro prepotente, financeiramente irresponsável e desequilibrado cometeu adultério e finalmente foi removido da sua função?

A linha fundamental é que a porta para o ministério pastoral é muito bem trancada. Não é aberta para qualquer um que se “sinta chamado”. Além do talento e da ambição, requer maturidade, provas e uma longa obediência numa mesma direção. Por isso, quando um pastor se desqualifica, estamos lidando com um problema em um nível diferente do mesmo problema dos pecados dignos de disciplina entre os crentes. Não é porque os pastores sejam super-crentes ou possuem mais bênçãos de Deus do que os demais crentes, mas, sim, que o ministério de liderança exige um padrão mais elevado.

Os pastores desqualificados podem ser restaurados?

A primeira coisa que devemos argumentar é que muitas vezes falamos sobre dois tipos diferentes de restauração sem sabermos. Muitos dos problemas do evangelicalismo com os escândalos dos “pastores-celebridades” que se desqualificam resultam de uma incapacidade, uma falta de vontade para distinguir entre uma restauração e um ministério vocacional de uma restauração à comunidade. Em relação ao último, a resposta deve ser um sim inequívoco. Qualquer crente que tenha caído moralmente, pastor ou não, deve ser totalmente restaurado à comunidade cristã, dado o arrependimento e o processo de restauração de sua igreja.

É por isso que devemos ter cuidado com a nossa crítica. Às vezes, quando argumentamos contra a restauração de certos ministros ao púlpito, parece que negamos a capacidade de se juntarem à comunhão dos crentes. E às vezes, quando estamos chateados com o alto padrão de algum conjunto para o púlpito, chamamos os outros desajeitadamente quando, de fato, estão prontos para receber qualquer pecador arrependido pelo calor da comunhão cristã.

O que estamos falando aqui é especificamente o seguinte: um pastor que se desqualificou – de alguma maneira – é restaurado para o ministério pastoral? Em outras palavras, um pastor desqualificado pode ser requalificado? Esta é uma questão bastante controversa em si mesma, porque muitos respondem “não” a esta primeira consideração. Por exemplo, John MacArthur escreve :

Há alguns pecados que destroem irremediavelmente a reputação de um homem e o desqualificam para um ministério de liderança para sempre. Mesmo Paulo, homem de Deus que era, disse que temia tal possibilidade. Em 1 Coríntios 9:27, ele diz: “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”.

Ao se referir ao seu corpo, Paulo, obviamente, tinha a imoralidade sexual à vista. Em 1 Coríntios 6:18, ele o descreve como um pecado contra o próprio corpo – o pecado sexual está em sua própria categoria. Certamente, desqualifica um homem da liderança da igreja, uma vez que ele permanentemente perde uma reputação irrepreensível com uma única mulher (Provérbios 6:33; 1 Timóteo 3:2).

Eu vou um pouco além aqui, mas não discordo do pastor MacArthur. Primeiro, se um pecado anterior desclassifica para sempre um homem, Paulo já teria sido desqualificado por sua vida de perseguição assassina aos cristãos. Certamente, o pecado cometido depois que alguém está unido a Cristo é, de certa forma, mais grave do que o pecado cometido antes da conversão – não é apenas grave como condenável, é claro, ao contrário da nova natureza –, mas, se alguém puder ser considerado para sempre culpado, isso parece impedir o mesmo do ministério. A graça cobre qualquer pecado arrependido ou não abrange nenhum.

Eu também não acho convincente a exegese de MacArthur. Ele coloca 1 Coríntios 9:27 no contexto de 1 Coríntios 6:18 para argumentar que Paulo tem em mente a imoralidade sexual. Mas isso não parece ser o que Paulo está dizendo no contexto imediato do capítulo 9. O versículo 27 apresenta uma longa passagem explicativa sobre a filosofia missionária de Paulo, mostrando sua preocupação em ser “tudo para com todos” (v 22). Ele, naturalmente, menciona “autocontrole” (v. 25), mas é em relação ao treinamento. Isso não exclui qualquer consideração de se proteger contra a imoralidade sexual, é claro, mas a “desqualificação” referida no versículo 27 não parece estar conectada a uma falha moral, mas a uma missão. Em outras palavras, resulta da trajetória de seu raciocínio ao longo do capítulo, de que a “qualificação” em pauta é sobre se recomendar tanto ao judeu quanto ao grego (v. 19-23). Ele não quer ficar sem a versatilidade missionária. É por isso que ele derrama muita tinta mais cedo na passagem no pagamento para o ministro e outros. Ele continua a discutir sua disciplina em relação à lei cerimonial como uma consideração missionária. Ele está falando em grande parte de contextualização e usabilidade pessoal. Com isso, nós não tomamos a questão sexual inteiramente fora da equação, mas parece que a desqualificação que ele tem em mente tem mais a ver com a desqualificação do acesso à pregação aos grupos de pessoas (como ele menciona no versículo em pauta) do que a desqualificação do ministério inteiramente. Eu analiso o contexto imediato para ter mais orientação na compreensão de 9:27 do que um versículo em três capítulos anteriores.

Diante de tudo, obviamente sabemos que a imoralidade sexual é desqualificante para os pastores devido às referências mais diretas que nos dão as qualificações bíblicas para o ministério. Uma delas é encontrada, como MacArthur menciona, em 1 Timóteo 3:2. Mas a questão que realmente estamos tentando entender é se esta desqualificação é permanente. Mesmo que usemos 1 Coríntios 9:27 para se referir a uma falha moral, Paulo não diz nada sobre a permanência de tal desqualificação. MacArthur acrescenta a palavra “permanentemente” à sua exposição, mas não é encontrada no texto. O que podemos concordar, eu presumo, é que aqueles que procuram qualificação para o ministério pastoral – de acordo com 1 Timóteo 3, Tito 1 e 1 Pedro 5 – devem ter uma reputação bem estabelecida e ampla afirmação das qualidades listadas. (Eu vou voltar a essa última frase daqui a pouco, então não se esqueça disso.)

Sobre este assunto, John Piper escreve:

É possível restaurar um pastor que pecou sexualmente, mas que se arrependeu? Ou o tal pastor está desqualificado porque ele já não cumpre a qualificação de estar “acima da reprovação”?

Receio que se eu responder isso do jeito que eu deveria, dará a licença necessária para restaurar os pastores muito rapidamente. Mas, como eu devo…

Em última análise, acho que a resposta é sim. Um pastor que pecou sexualmente pode ser um pastor novamente. E eu digo que é apenas por causa da graça de Deus e o fato de que “acima da reprovação” pode ser restaurado, provavelmente.

Eu concordo com Piper sobre isso, e acho que há muito envolvido no “provavelmente” que devemos investigar. Mas, primeiro, temos algum precedente bíblico para a restauração de um pastor caído? Bem, na verdade, de um certo modo, temos.

O AMOR QUE DEUS TEM POR NÓS

“E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.” (1 João 4:16)
A mais doce verdade – quanto mais vivemos, mais cremos nisto. Por isso, deve ser apresentada a nós de novo e de novo. O que é mais agradável do que o fato de que “Deus é amor!”
No entanto, quão rapidamente duvidamos disto, ou o esquecemos, ou falhamos em percebê-lo. Portanto, o Evangelho o apresenta a nós uma e outra vez, e em quase todas as formas possíveis. Duas vezes no escopo de alguns versos, João nos diz que “Deus é amor!” 1 João 4:8, 16.

A crença neste retrato de Deus repousa na raiz da nossa santidade, felicidade e paz. Na medida em que acreditamos que “Deus é amor” – vamos. . .
nos consagrar ao seu serviço,
desfrutar de paz em nossas consciências,
e ser felizes nos seus caminhos.
Deus nos ama, e, portanto, Ele planejou nossa salvação, enviando o Seu único Filho para tirar os nossos pecados pelo sacrifício de Si mesmo. Ele também enviou o Seu Espírito Santo para nos ensinar a nossa necessidade de Cristo e nos conduzir a Ele. E, finalmente, Ele colocou Sua bendita Palavra em nossas mãos, para que pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança.
Deus nos ama – e, portanto, Ele. . . nos corrige -nos, nos quebranta – e nos esvazia!


Ele não nos deixa viver satisfeitos sem estarmos nEle.
Deus é amor – por isso Ele providenciou uma expiação por todos os nossos pecados. Sua justiça é satisfeita, e o Céu está preparado para nós!
Sim, embora sejamos pecadores por natureza, e profundamente sentimos isto – embora não sejamos tudo o que desejamos ser, e profundamente lamentamos isso – ainda assim, Deus nos ama!
Bendize o Senhor, ó minha alma, que no seu amor e na sua compaixão, tem me redimido!
“Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas que Ele nos amou primeiro e enviou o Seu Filho como propiciação pelos nossos pecados!” (1 João 4:10)

Devocional Ligioner

PREPARANDO-SE PARA A ETERNIDADE

Como será o futuro? Qual será a sua renda em cinco anos? Como será a sua saúde em três anos? O mundo será seguro para seus filhos e netos? Fazemos perguntas como essas, mesmo que apenas para nós mesmos. As empresas e os ministérios também planejam o futuro, incluindo planos de cinco e dez anos.

Você tem um plano de cem anos? Obviamente, você espera que tenha morrido no final desse período.

O que a sua morte trará? Jó perguntou assim: “Quando alguém morre, será que volta a viver?” (Jó 14:14).

O Gallup Poll on Religion na América indica que a maioria dos cristãos professos acredita na vida após a morte. A maioria desses, no entanto, rejeita qualquer ideia real sobre o inferno. Os argumentos para um paraíso sem inferno baseiam-se principalmente na exegese bíblica do sentimento humano. As pessoas simplesmente preferem não acreditar no inferno. É um assunto que poucos podem discutir desapaixonadamente. Contudo, para negar a realidade do inferno, é preciso se opor firmemente ao ensino inequívoco de Jesus.

Considere a parábola do rico e o Lázaro em Lucas 16:19-26. Esta passagem indica claramente um grande abismo entre o céu e o inferno. É intransponível. Onde estamos na eternidade é onde estaremos em cem anos. É onde estaremos em dois mil anos e em dois milhões de anos.

O verdadeiro ponto desta parábola é que as pessoas estão relutantes em atender as advertências bíblicas de um julgamento que é verdadeiramente final, com todos os novos apelos esgotados (Lucas 16:27-31).

Na presença de Deus

Passe alguns minutos do dia refletindo sobre o seu futuro. Quais são os seus planos para o seu futuro imediato? Quais são seus planos de longo alcance? Você fez seus planos para a eternidade?

Passagens para estudo adicional

Lucas 16:22-25

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

VIDA E MORTE NO NATAL

Versículo do dia: O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. (João 10.10)

Quando eu estava prestes a iniciar esse devocional, recebi a notícia de que Marion Newstrum acabara de morrer. Marion e seu marido Elmer fizeram parte da igreja Bethlehem por mais tempo do que a maioria dos nossos membros tem de vida. Ela tinha 87 anos. Eles foram casados por 64 anos.

Quando falei com Elmer e lhe disse que gostaria que ele fosse forte no Senhor e não desistisse da vida, ele disse: “O Senhor tem sido um amigo verdadeiro”. Oro para que todos os cristãos possam dizer no fim da vida: “Cristo tem sido um amigo verdadeiro”.

Em cada Advento, eu relembro o aniversário da morte de minha mãe. Ela morreu aos 56 anos, em um acidente de ônibus em Israel. Era 16 de dezembro de 1974. Esses eventos são incrivelmente reais para mim ainda hoje. Se eu me permitir, posso facilmente começar a chorar — por exemplo, pensando que meus filhos nunca a conheceram. Nós a enterramos no dia seguinte ao natal. Que Natal precioso foi aquele!

Muitos de vocês sentirão a sua perda nesse Natal mais intensamente do que antes. Não impeça o sentimento. Permita que ele venha. Sinta-o. O que é amar, senão intensificar nossas afeições — tanto na vida como na morte? Mas, oh, não fique amargurado. É autodestrutivo de modo trágico ser amargurado.

Jesus veio no Natal para que nós tenhamos a vida eterna. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10.10). Elmer e Marion haviam conversado sobre onde passariam os seus últimos anos. Elmer disse: “Marion e eu concordamos que o nosso último lar seria com o Senhor”.

Você se sente preocupado em relação ao seu lar? Eu tenho familiares vindo para casa para os feriados. Isso é bom. Eu acho que o motivo principal pelo qual isso é bom é porque eles e eu somos destinados, no íntimo do nosso ser, para um retorno final para o lar. Todas as outras voltas para casa são prenúncios. E prenúncios são bons.

A não ser que eles se tornem substitutos. Oh, não permita que todas as coisas doces dessa época se tornem substitutos da doçura final, grandiosa e totalmente satisfatória. Que cada perda e cada prazer estimule o seu coração a desejar voltar para o lar no céu.

O que é o Natal, senão isto: Eu vim para que tenham vida? Marion Newstrum, Ruth Piper, você e eu — que nós possamos ter a Vida, agora e para sempre.

Torne o seu agora mais rico e mais profundo nesse Natal ao beber da fonte do para sempre, pois ele está muito perto.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do Dia: “Confia os teus cuidados ao SENHOR, e ele te susterá.” (Salmos 55.22)

A inquietação, ainda que exercida sobre assuntos legítimos, levada ao excesso, possui em si mesma a natureza do pecado. O preceito de evitar a inquietação é repetido diversas vezes por nosso Senhor. É um preceito reiterado pelos apóstolos; é um princípio que não pode ser negligenciado sem envolver transgressão, pois a própria essência da prudência ansiosa é o pensamento de que somos mais sábios que Deus e, a ação de, com ímpeto, colocarmos a nós mesmos no lugar dele, a fim de fazermos por Ele o que Ele incumbiu-se de fazer por nós. Tentamos pensar naquilo que imaginamos que Ele esquecerá. Esforçamo-nos para levar sobre nós mesmos nossos pesados fardos, como se o Senhor fosse indisposto ou incapaz de leva-los em nosso lugar. Tal desobediência a este princípio de nosso Senhor, esta incredulidade para com sua Palavra, esta presunção de intrometer-se em sua providência, tudo isto é pecaminoso. E mais do que isto: a inquietação frequentemente leva ao pecado. Aquele que não consegue entregar, com tranquilidade, os seus assuntos nas mãos de Deus, mas carrega os próprios fardos, esse provavelmente será tentado a usar meios errados para ajudar a si mesmo. Este pecado leva a esquecer de Deus como nosso Conselheiro e, em vez disso, a recorrer à sabedoria humana. Isto equivale a beber das “cisternas rotas”, em vez de beber do “manancial de águas vivas” (Jeremias 2.13) – um pecado cometido pelo Israel do passado.

A ansiedade nos faz duvidar da bondade de Deus, e nosso amor por Ele se torna frio. Se desconfiamos e entristecemos o Espírito Santo, nossas orações são obstruídas, nosso exemplo de consistência é manchado, e vivemos no egoísmo. Se, à medida que nossos fardos nos sobrevierem, os lançarmos no Senhor, não ficando ansiosos (Filipenses 4.6), isto nos tornará mais próximos dele e nos fortalecerá contra essa tentação. “Tu, SENHOR, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti” (Isaías 26.3).

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

IGREJA, A FAMÍLIA DOS REGENERADOS - JONAS MADUREIRA


A ESCRITURA E O PRAZER CRISTÃO

Por Marcelo Berti

A escritura para o cristão é nada mais nada menos que a Palavra de Deus. Para ele a escritura vem de Deus, pertence a Deus e carrega em sua essência as características de Deus. Por ser Seu autor, Deus garantiu que a verdade a respeito de Si mesmo fosse apresentada de modo fiel por homens que ele escolheu para apresentar ao Seu povo, Sua pessoa, carater, plano e missão.

A escrita para o cristão, a Bíblia é a coleção de antigos documentos escritos por homens fiéis, que fielmente apresentaram a verdade de Deus ao mundo. Essa coleção de livros foi produzida por 40 diferentes autores, durante mais de quatro mil anos e foi preservada historicamente até os nossos dias. É uma preciosidade histórica e espiritual.

Essa dupla relação, um livro que vem de Deus e a Ele pertence  mas é fielmente escrita por autores humanos, faz que esse livro seja singular entre os livros. É divino no que se refere a revelação da verdade em sua complexidade. É humano no que se refere à escrita, estilo, manutenção e simplicidade. É um livro fundamental para aquele que deseja viver de acordo com a vontade do Deus que se faz conhecido em suas páginas.

E, diante do testemunho da própria escritura podemos descobrir que a Palavra de Deus era apreciada por homens fiéis do passado. Ela era central e fundamental para eles; era o alvo de estudo, devoção, aplicação e ensino. O Salmista nos ensina que uma vida mergulhada nas páginas das escrituras é uma vida prazerosa: “Antes, o seu prazer está na lei do Senhor, e nela medida de dia e de noite” (Sl.1.2). Nela o Salmista encontrou seu prazer e deleite, e por isso, ele se agrada em meditar em suas palavras, de dia e de noite.

A meditação apresentada pelo Salmista está diretamente relacionada ao estudo atento da escritura, é um exercício intelectual e piedoso. Ele sobre a escritura pondera atenciosamente, e dedica-se a memorizá-la. Para ele, meditar nas escrituras é um hábito espiritualmente saudável e necessário. Um hábito tão importante que o próprio Deus se encarregou de notificar Josué de sua importância: “Não se aparte da tua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer confirme a tudo quanto nele está escrito; por que então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido” (Jos.1.8).

De acordo com a expectativa divina, as palavras do livro da lei deveriam ser constantes nos comentários dos seus servos fiéis. Eles não deveriam deixar de falar sobre Deus, Sua obra e Suas ações em nossas vidas. Entretanto, isso é apenas possível se o servo do Senhor está empenhado em meditar nas palavras desse livro. Somente depois de mergulhar nas escrituras é que o hábito de falar deste livro pode ser percebido e concebido. É necessário que esse livro invada os mais profundos pensamentos do homem para que então se torne natural falar sobre ele.

Contudo, a expectativa divina não é que a meditação seja paralela à prática dos princípios encontrados nas escrituras, e por isso no texto Deus clarifica: “para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito”. Não podemos chamar de meditação o estudo das escrituras desassociado da prática das escrituras, nem podemos considerar isso como algo desejável. Isso seria, na verdade, uma perversão do propósito da escritura: Ela não foi escrita por causa da nossa curiosidade, mas por causa da nossa necessidade de orientação divina.

A ESCRITURA NÃO FOI ESCRITA PARA NOSSA CURIOSIDADE, MAS POR CAUSA DA NOSSA NECESSIDADE DE ORIENTAÇÃO DIVINA

Por fim, vemos na mensagem divina, que o estudo atento da Palavra de Deus também leva seu leitor ao sucesso: “por que então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido”. Uma vida de sucesso do ponto de vista de Deus nada tem a ver com dinheiro, proeminência, status ou qualquer outra pobre definição que nossa cultura oferece para o termo. Na verdade, da perspectiva divina, sucesso se atinge pela fidelidade, e fidelidade pelo estudo atento da escritura. Em outras palavras, não seremos prósperos ou bem sucedidos à parte da dedicação pessoal em estudar a Palavra de Deus.

É por isso que devemos ver no exemplo de Esdras um incentivo para nossa vida devocional: “Por que Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor, para cumpri-la e para ensinar em Israel os seus estatutos e juízos” (Esd.7.10). Nesse texto encontramos o resumo do que temos apresentado até aqui: Uma vida bem sucedida diante de Deus depende da devoção pessoal e dedicação ao estudo atento da escritura (buscar a lei do Senhor), então obedecer seus mandamentos e por fim ensiná-los àqueles que precisam encontrar em Deus direção para suas vidas.

Em outras palavras, quando prestamos atenção à mensagem de Deus revelada nas escrituras, concluímos que Deus não apenas espera e encoraja que nos dediquemos ao estudo das escrituras, mas Ele mesmo nos ordena a tal tarefa. Por isso, acredito ser prudente convidá-lo a uma vida de fidelidade a Deus e devoção à sua palavra. Afinal de contas, o verdadeiro sucesso espiritual consiste na persistente busca dessas duas tarefas.

Que Deus o abençoe!

O CAMINHO NO QUAL NÃO HÁ MORTE

“Na vereda da justiça, está a vida, e no caminho da sua carreira não há morte.” (Provérbios 12.28)

O caminho da justiça aqui referido é o da justiça de Deus, da justiça do próprio Cristo, tanto para nos justificar de nossos pecados, quanto para nos apresentar como justos perante Ele, consoante a sua própria justiça que nos é atribuída pela fé, e que vai nos aperfeiçoando mais e mais à medida que progredimos na jornada deste caminho da justiça do evangelho.

Precisamos de justiça para viver eternamente. Sem justiça divina não é possível ter esta vida porque Deus é perfeitamente justo e demanda por seu atributo de justiça que estejamos perfeitamente conformados à sua santidade.
Por isso precisamos da justiça do evangelho, que nos salva na esperança da perfeita justiça que teremos no por vir, porque é evidente que ninguém pode ser perfeitamente justo neste mundo injusto e de trevas, no qual somos tentados e atribulados em todo o tempo.

Todavia, é por meio destas provações que nossa fé em Cristo é aperfeiçoada, porque é somente por esperarmos nEle e recorrermos a Ele que somos vitoriosos, permanecendo na prática da justiça, a par de todas as nossas tribulações.
Não se pode portanto achar a qualidade da vida de Deus, que é perfeita e eterna, em qualquer outro caminho diferente de Cristo e dos seus mandamentos.
O comportamento que é definido pela Sua Palavra é o único que pode nos tornar semelhantes a ele em todas as coisas que se referem à sua própria santidade e justiça.
Deus é espírito. É o espírito que vivifica. Não podemos portanto ter esta vida no espírito separadamente de Cristo, que é o caminho, e a verdade, e a vida.
Todos os que percorrem esta vereda já não mais morrem, porque a própria morte física, para eles, é apenas a breve transposição para a vida mais plena que lhes aguarda no céu.

Devocional Ligioner

ESPERANDO PELO CÉU

Eu, como uma pessoa viva, que respira e é consciente, tenho uma esperança concreta para o meu futuro? O que eu tenho que esperar? Às vezes, quando descubro que o meu próprio espírito está flácido, e uma sensação de peso penetra a minha vida, às vezes me pergunto por que a nuvem sombria está empoleirada acima da minha cabeça.

A escatologia bíblica nos dá motivos sólidos para esperar a continuação pessoal da vida. A vida eterna para o indivíduo não é uma aspiração humana vazia construída sobre um mito, mas uma garantia prometida pelo próprio Cristo. Seu próprio triunfo sobre a morte é a esperança da igreja para a nossa participação em Sua vida.

Temos ouvido tantas coisas ridículas e zombeteiras sobre a teologia que temo que perdemos o nosso apetite pelo céu. O que as Escrituras prometem para o nosso futuro envolve muito mais do que podemos imaginar.

A promessa do céu é realmente gloriosa – uma promessa que não apenas ancora a alma, mas que desencadeia a alma com esperança. A vida não é um horror ultrajante, embora testemunhemos adversidades diariamente. A indignação não é a linha inferior. O aguilhão da morte foi derrotado.

A vitória de Cristo não é estabelecida por trivialidades ou por um conjunto de atitudes mentais positivas. Jesus não é o “Homem do Bom Humor”. Seu chamado à alegria está enraizado na realidade: “Falei essas coisas para que em mim vocês tenham paz. No mundo, vocês passam por aflições; mas tenham coragem: eu venci o mundo” (João 16:33). Nisto reside a nossa esperança futura: que Cristo venceu o mundo. Ele olhou diretamente para o rosto da morte e a morte “perdeu”.

Na presença de Deus

Reflita sobre esta verdade quando tiver que enfrentar os seus problemas: Jesus venceu o mundo e lhe deu o poder para fazer o mesmo.

Passagem para estudo adicional

Apocalipse 21:1-3

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

DEUS TORNA SUA ALIANÇA REAL PARA O SEU POVO

Versículo do dia: Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. (Hebreus 8.6)



Cristo é o Mediador de uma nova aliança, de acordo com Hebreus 8.6. O que isso significa? Que o seu sangue — o sangue da aliança (Lucas 22.20; Hebreus 13.20) — comprou o cumprimento das promessas de Deus para nós.

Significa que Deus opera nossa transformação interior pelo Espírito de Cristo.

E significa que Deus opera toda a sua transformação em nós por meio da fé em tudo o que Deus é para nós em Cristo.

A nova aliança é comprada pelo sangue de Cristo, aplicada pelo Espírito de Cristo e apropriada pela fé em Cristo.

O melhor lugar para ver Cristo agindo como o Mediador da nova aliança está em Hebreus 13.20-21:

Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança [essa é a compra da nova aliança], vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade, operando em vós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém!

As palavras “operando em vós o que é agradável diante dele” descrevem o que ocorre quando Deus escreve a lei em nossos corações na nova aliança. E as palavras “por Jesus Cristo” descrevem Jesus como o Mediador dessa gloriosa obra da graça soberana.

Portanto, o significado do Natal não é apenas que Deus substitui as sombras pela realidade, mas também que ele toma a realidade e a torna real para o seu povo. Deus a escreve em nossos corações. Ele não abaixa o seu presente de Natal da salvação e transformação para que você consiga pegá-lo em sua própria força. Deus toma o presente e o coloca em seu coração e em sua mente, e sela você para que seja um filho de Deus.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do Dia: “Não me desampares, SENHOR.” (Salmos 38.21)

Frequentemente suplicamos a Deus que não nos abandone em tempos de aflição e provação. Esquecemos, porém, que precisamos fazer esta súplica em todos os momentos. Não existe ocasião de nossa vida (embora seja uma vida santa) em que podemos estar sem o amparo do Senhor. Quer em tranquilidade, quer em tribulações, quer em comunhão, quer em tentação, precisamos desta oração: “Não me desampares, SENHOR. Sustenta-me e estarei seguro”. Uma criancinha, enquanto aprende a andar, sempre necessita de ajuda. O navio deixado sem a direção do piloto imediatamente se afasta de seu curso.

Não podemos viver sem o contínuo amparo do céu. Que hoje, a sua oração seja: “Pai não me abandones”. Não abandones o teu filho, pois assim ele não cairá por meio das mãos do inimigo. Pastor, não abandones a tua ovelha, para que ela não se afaste da segurança do rebanho. Grande Agricultor, não abandones a tua planta, a fim de que não seque e morra. “Não me desampares, SENHOR” agora; e não me desampares em qualquer momento de minha vida. Não me abandones em minhas alegrias, para que elas não consumam o meu coração. Não me abandones em minhas aflições, para que eu não murmure contra Ti. Não me abandones no dia do meu arrependimento, para que não perca a esperança do perdão. Não me abandones no dia em que eu tiver a mais forte fé, para que a fé não se degenere em presunção. Não me abandones, pois sem Ti eu sou fraco, mas contigo sou forte. Não me abandones, porque o caminho é perigoso e cheio de armadilhas. Não posso seguir adiante sem o teu amparo. A galinha não desampara sua ninhada; então, me cobrirás Tu ainda mais com tuas penas e me permitirá encontrar meu refúgio sob tuas asas? “Não te distancies de mim, porque a tribulação está próxima, e não há quem me acuda” (Salmos 22.11). “Não me recuses, nem me desampares, ó Deus da minha salvação” (Salmos 27.9).

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Adão, o que VOCÊ tem a ver com ele? - Série em Romanos (Rm 5:12) - Comunidade Cristã de Londrina


UMA EXPOSIÇÃO DO ARGUMENTO MORAL

Por Djesniel Krause

O denominado argumento moral busca demonstrar a existência de Deus a partir de uma inferência da existência de valores e deveres morais objetivos. Nos últimos anos, tal argumento tem sido defendido por um número significativo de apologistas cristãos, tais como Paul Copan, J.P. Moreland e o mundialmente conhecido William Lane Craig.

O apologista pressuposiciolanista Cornélius Van Til comenta que “existe um ponto de contato garantido no fato de que todo homem foi feito à imagem de Deus e possui impresso em sua natureza a lei de Deus”[1].

Assim, é importante que os cristãos interessados em demonstrar a razoabilidade do cristianismo e mantê-lo como uma opção intelectualmente viável para a sociedade contemporânea conheçam o argumento moral e saibam defendê-lo diante o escrutínio.

O argumento pode ser desenvolvido de modo dedutivo como segue:

1. Se valores morais objetivos existem, então Deus existe;

2. Valores morais objetivos realmente existem;

3. Logo, Deus existe.

Dada a veracidade da premissa 1 e da premissa 2, a conclusão segue lógica e necessariamente, assim, se alguém quiser refutar o argumento, terá que refutar qualquer uma das duas premissas.

As premissas serão verificadas com mais detalhes a seguir.

Na primeira premissa encontra-se que se os valores e os deveres morais realmente existirem de forma objetiva, então Deus também existe, ou,  exposto de uma outra forma, os valores e os deveres morais objetivos somente existem se também Deus existir.

A conhecida máxima de Dostoievski é de que “se Deus não existisse, tudo seria permitido”[2], e isso se explica pelo fato de que na ausência de Deus, a moralidade humana não passa do resultado das adaptações evolutivas do homo sapiens, são culturalmente construídos ou impostos pela força, porém sem qualquer validade objetiva, em outras palavras, a moralidade torna-se relativa.

Conforme Paul Copan acrescenta, “se Deus não existe, então, simplesmente, não temos um alicerce adequado para uma ética objetiva, incluindo-se dignidade, direitos humanos intrínsecos, responsabilidade pessoal e obrigação moral”[3].

Também Rice Broocks comenta que “se Deus não existe, não poderia haver uma moralidade transcendente que todos devessem obedecer. O bem e o mal seriam simplesmente ilusões criadas arbitrariamente pelo homem”[4].

A experiência de C.S. Lewis também é pertinente ao assunto, o autor relembra seus anos de ateísmo: “Meu argumento contra Deus era o de que o universo parecia injusto e cruel. No entanto, de onde eu tirara essa idéia de justo e injusto?”[5] Com o que Lewis comparava o mundo a fim de considerá-lo injusto? “Um homem não diz que uma linha é torta se não souber o que é uma linha reta”[6].

Interessante notar que até mesmo ateus concordam com essa estreita relação entre a existência de Deus e a moralidade.

Um exemplo é Richard Dawkins, que como é amplamente conhecido, não faz questão alguma de esconder seu ateísmo, segundo ele, “não podemos admitir que as coisas possam ser nem boas nem más, nem cruéis nem carinhosas, mas simplesmente cruas – indiferentes a todos os sofrimentos e sem nenhum propósito”[7].

Na verdade, muitos ateus preferem que a realidade seja exatamente assim, sem propósito e sem moralidade objetiva; conforme John Frame comenta, “muitos acham o ateísmo atraente por uma boa razão. Afinal, as pessoas fogem de Deus por não querer ser responsabilizadas diante dele. Como todas as formas de descrença, o ateísmo é essencialmente um escape à responsabilidade”[8].

A ex-freira Karen Amstrong comenta que “é maravilhoso não ter de se acovardar diante de uma divindade vingativa, que nos ameaça com a condenação eterna se não seguirmos suas regras”[9].

Alguns optam por acreditar na inexistência de Deus justamente para tentar livrar-se de suas responsabilidades morais, do peso de precisar responder por suas ações, principalmente no que tange a liberdade sexual.

O grande escritor britânico Aldous Huxley admite que “nós nos opusemos à moralidade porque ela interferiu em nossa liberdade sexual”[10] (tradução nossa).

E C.S. Lewis ironiza tal situação:

Consideremos todas as idéias de dever como um simples e útil método de sobrevivência: deixemos de lado tudo isso e comecemos a fazer o que bem quisermos. Decidamos por nós mesmos o que o homem deve ser e façamos com que se torne o que desejamos, não com base num valor ideal, mas apenas porque queremos que assim seja. Tendo decidido as nossas circunstâncias, sejamos agora os nossos próprios mestres e escolhamos os nossos próprios destinos.[11]

Assim, dada a veracidade da primeira premissa e tendo sido afirmada a dependência da existência de Deus para a objetividade dos valores e deveres morais, tratar-se-á agora da segunda premissa do argumento: valores morais objetivos realmente existem.

Alguns críticos, em geral ateus ou agnósticos, argumentam que a moralidade é precisamente aquilo que afirmou-se que ela seria dada a não existência de alguém como Deus: relativa, culturalmente construída, é apenas o resultado provisório dos processos evolutivos dos quais o ser humano está subordinado, mas não há, de fato, algo que seja realmente certo ou realmente errado, não há algo como uma lei moral absoluta.

Partindo deste pressuposto da não existência da moral objetiva, não apenas a sexualidade fica sem parâmetros, mas mesmo a corrupção por parte dos governantes, o crime organizado e mesmo assassinatos – que podem não ser muito bem vistos e aceitos pela sociedade em geral – mas não são intrinsecamente errados.

Assim, havendo todo um esquema de corrupção instaurado, sendo minimizado de forma significativa a possibilidade de punições ou conseqüências pessoais, qual o motivo para não ser corrupto?

Como comenta R.C. Sproul, “se o crime compensa então não há razão prática para ser virtuoso”[12].

Mas conforme a crítica de Lewis ao relativismo moral, “o ceticismo em relação aos valores é apenas superficial, sendo válido apenas para os valores alheios; eles não são muito céticos em relação aos valores correntes em seus próprios meios”[13].

“A reação dos críticos frente a injustiças cometidas contra eles próprios releva uma crença mais profunda na existência de valores morais objetivos a despeito do seu discurso relativista”[14].

Os políticos brasileiros podem desviar milhões de reais dos cofres públicos e nem ao menos sentir algum constrangimento ou remorso, mas basta que a sua casa seja invadida e seus bens roubados, para que eles estejam convencidos de que o roubo é condenável.

Há, claro, situações limítrofes onde pode se questionar se de fato o roubo é absolutamente errado, não seria louvável alguém que se arrisca em roubar comida da cozinha de um ditador para alimentar civis famintos?

Mas ainda assim, como coloca Samuel Johnson, “o fato de haver uma coisa como o crepúsculo não significa que não podemos distinguir entre o dia e a noite”[15].

Um fato que foi amplamente divulgado pode auxiliar a discussão.

No último dia 05 de outubro, um vigia efetivado ateou fogo em uma creche onde trabalhava, causando a morte de diversas pessoas, entre elas várias crianças de 4 anos de idade e uma professora, Helley Abreu Batista, de 43 anos, que lutou contra o vigia e salvou diversas crianças, levando-os para fora da sala, enquanto seu próprio corpo estava em chamas.

Diante de episódios como este, como argumentar que não há diferença moral entre a atitude do vigia e a atitude da professora?

Como algum crítico poderá concordar que a ação do vigia não foi objetivamente errada enquanto o ato heróico da professora, objetivamente correto, mesmo custando-lhe a vida?

Como não assumir que o vigia agiu de modo condenável enquanto a professora agiu de modo absolutamente louvável?

Se não há diferença moral entre os dois, qual a razão do governo de Minas Gerais conceder à professora a Medalha da Inconfidência, a maior condecoração de Minas Gerais?

Aqui, pode-se tranquilamente distinguir entre o dia e a noite, mesmo que em outras situações, como quando se rouba alimento para alimentar famintos, ou se mente a fim de proteger a vida de alguém, podem gerar discussão sobre qual a atitude correta.

Ocorre, entretanto, que não havendo um padrão moral objetivo, não há motivos para discutir se alguma atitude é certa ou errada, a própria discussão dos casos limítrofes pressupõe uma moral absoluta, o que se discute é qual atitude melhor se adéqua a ela.

William Lane Craig comenta que ele tem “constatado que o material da ausência de valor moral objetivo em uma cosmovisão ateísta constitui uma apologética muito eficiente para universitários”[16], e certamente também o é para o público geral, ele prossegue: “apesar de afirmarem o relativismo da boca para fora, minha experiência diz que 95% dos estudantes podem ser rapidamente convencidos de que realmente existem valores morais objetivos”[17].

Mais adiante, na mesma obra, Craig faz mais uma crítica a crença relativista dos estudantes:

De um lado, [os estudantes] foram ensinados a acreditar que o relativismo moral é verdadeiro, que os valores e deveres morais são cultural e pessoalmente relativos, e que não temos o direito de julgar uns aos outros. Eles aprenderam a história da evolução e acreditam que a moralidade é subproduto da natureza e da cultura. Por outro lado, estão mergulhados no politicamente correto e nos valores que essa atitude produz. Por exemplo, o sentimento expresso acima de que ninguém tem o direito de julgar o próximo não tem como objetivo a negação da obrigação moral, e sim a afirmação da obrigação de ser tolerante e ter a mente aberta. A convicção é que é errado julgar o outro. Embora os estudantes falem muito em relativismo, eles não crêem de fato nisso e tampouco vivem de acordo com essa idéia[18].

Conclui-se, portanto, que a moral objetiva é verdadeira, existem coisas que são realmente corretas e existem coisas que são realmente erradas.

Mesmo que alguns estudantes e alguns críticos tentem negar esta realidade, sua argumentação sempre se encerra quando são confrontados com alguma injustiça que lhe cause um dano real.

Verifica-se, assim, a veracidade da premissa 1, de que valores morais objetivos só podem existir se também Deus existir, e a veracidade da premissa 2, de que os valores morais objetivos de fato existem, segue-se portanto, a conclusão: logo, Deus existe.

A ANTÍTESE DA SANTIFICAÇÃO

A satisfação permanente consigo mesmo e a presunção são a própria antítese da santificação, porque onde o Espírito habita haverá sempre um conflito, uma crise, da luta da carne contra o Espírito e do Espírito contra a carne, de maneira que o verdadeiro crente terá fome e sede de justiça, e nunca estará satisfeito com o nível da santificação que tem alcançado, porque o próprio Deus o chama a crescer cada vez mais na graça e no conhecimento espiritual de Jesus.

Então o crente genuíno sempre estará em atitude de vigilância contra o pecado, e se auto examinará constantemente para julgar a si mesmo, se tem andado ou não no Espírito fazendo a vontade de Deus.
Esta é a verdadeira santificação, a saber, a que começa no coração, e que não se aplica somente às nossas ações.


Assim, a doutrina do pecado, nos faz ver a necessidade absoluta de um poder sobrenatural, infinitamente maior que o poder do pecado para que possamos ser libertados. Isto nos faz ver o quanto somos dependentes de Jesus Cristo e de andar efetivamente na Sua presença e debaixo do Seu poder.
A doutrina do pecado esvazia o homem de toda justiça própria, de busca de méritos por boas obras e tudo o mais que não lhe faça enxergar que somente Cristo é a resposta para tudo o que se refere a um viver de modo agradável a Deus.
Benditos os olhos que podem enxergar isto.

Benditos os ouvidos que recebem esta doutrina, porque se a têm recebido é porque foram abertos por Deus. O homem não pode de si mesmo ver esta verdade caso não lhe seja revelada pelo Espírito.
Isto não vem a nós pela força de argumentação de um discurso moralista ou religioso, mas pela revelação do Espírito Santo ao nosso espírito, tornando-nos humildes e mansos diante do Senhor.
Este é o caminho para a verdadeira felicidade porque é somente por ele que podemos ter nossas consciências purificadas e acharmos paz verdadeira com Deus.

Devocional Ligioner

DISCERNINDO OS SINAIS

As previsões sobre o regresso de Jesus geraram tantas distorções bizarras por parte das religiões que testemunhamos uma grave reação exagerada entre muitos cristãos para a nossa esperança futura. Alguns de nós vivem como se Jesus Cristo não fosse voltar. Nós enfatizamos o passado e tentamos congelar o presente. Mas o presente é crucial devido ao futuro. É porque Jesus está voltando que sabemos que o que estamos fazendo no presente conta.

Lutero pensou que Jesus fosse retornar no seu tempo. Jonathan Edwards pensou que ele voltaria perto do século 18. Ambos os teólogos estavam errados. Contudo, o tempo do regresso de Cristo está mais próximo do que estava no tempo de Lutero. Cada dia que se passa Jesus se aproxima. Pode muito bem ser em breve.


Quando Jesus vier, eu quero estar pronto. Eu quero ser como pessoas que estavam prontas, pessoas vigilantes, pessoas que se atentam aos sinais dos tempos e esperam que não sejam envergonhadas. Elas anelam a vindicação de Cristo. Anseiam pelo triunfo do Seu reino. Elas trabalham com o conhecimento de que o trabalho não é em vão.

Na presença de Deus

Como você trabalha hoje em prol do reino? Lembre-se que o seu trabalho não é em vão.

Passagens para estudo adicional

1 Tessalonicenses 4:16-18

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

A REALIDADE FINAL ESTÁ AQUI

Versículo do dia: Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem. (Hebreus 8.1-2)

O Natal é a substituição das sombras pela realidade.

Hebreus 8.1-2 é um tipo de afirmação sumária. A essência é que o único sacerdote que permanece entre nós e Deus, nos torna retos diante de Deus, e ora a Deus por nós não é um sacerdote comum, fraco, pecador e mortal, como nos dias do Antigo Testamento. Ele é o Filho de Deus — forte, sem pecado e com uma vida indestrutível.

Não apenas isso, ele não está ministrando em um tabernáculo terreno com todas as suas limitações de lugar e tamanho, que está se desgastando e sendo comido pela traça, e nem sendo inundado, queimado, rasgado e roubado.

Não, o versículo 2 diz que Cristo está ministrando para nós em um “verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem”. Essa é a realidade no céu. É o que lançou uma sombra no Monte Sinai, a qual Moisés copiou.

De acordo com o versículo 1, outro grande aspecto sobre a realidade que é maior do que a sombra é que nosso Sumo Sacerdote está sentado à destra da Majestade no céu. Nenhum sacerdote no Antigo Testamento poderia dizer isso.

Jesus lida diretamente com Deus Pai. Ele tem um lugar de honra ao lado de Deus. Ele é amado e respeitado infinitamente por Deus. Ele está constantemente com Deus. Isso não é sombra da realidade como cortinas, taças, mesas, velas, vestes, pendões, ovelhas, cabras e pombos. Essa é a última e decisiva realidade: Deus e seu Filho interagem em amor e santidade para a nossa salvação eterna.

A realidade final é as Pessoas da Divindade em relacionamento, lidando entre si sobre como a sua majestade, santidade, amor, justiça, bondade e verdade serão manifestados em um povo redimido.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do Dia: “Bendito seja Deus, que não me rejeita a oração.” (Salmos 66.20)

Ao considerarmos o caráter de nossas orações passadas, se o fizermos com sinceridade, ficaremos repletos de admiração ante o fato de que Deus as respondeu. Talvez alguns imaginem que suas orações são dignas de aceitação, assim como o faziam os fariseus. O verdadeiro crente, numa retrospectiva mais iluminada, lamenta por suas orações. Se ele pudesse voltar atrás em seus passos, desejaria orar com mais fervor.

Crente, lembre-se de quão frias têm sido as suas orações. Em sua oração secreta, você deveria lutar como Jacó. Em vez disso, as suas petições têm sido poucas e frágeis – bem distantes daquela fé humilde, perseverante e confiante que clama: “Não te deixarei ir se me não abençoares” (Gênesis 32.26). Apesar disso, afirmamos com admiração, Deus tem ouvido suas frias orações. Ele não somente as tem ouvido, mas também respondido. Considere igualmente o quão infrequentes têm sido as suas orações, a menos que tenha passado por problemas, e então, tenha recorrido com frequência ao trono de misericórdia. Mas quando a libertação vem, onde vai parar sua súplica constante? Contudo, embora você tenha cessado de orar como fez, Deus não cessou de abençoá-lo. Quando você negligenciou o trono de misericórdia, Deus não o abandonou, mas a luz brilhante da Glória tem estado sempre visível entre as asas do querubim. Quão admirável é o nosso Deus, que ouve as orações daqueles que O buscam quando têm necessidades urgentes e O negligenciam quando recebem uma misericórdia. Eles se aproximam de Deus, quando são forçados, mas esquecem de buscá-Lo, quando as misericórdias são abundantes e as aflições, escassas!

Que a graciosa bondade de nosso Senhor em ouvir tais orações motive nosso coração, de modo que daqui para frente sejamos encontrados com “toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito” (Efésios 6.18).

Eu ERA inimigo de Deus. E VOCÊ? - Série em Romanos (Rm 5:9 a 11) - Comunidade Cristã de Londrina


NATAL SOTERIOLÓGICO: A NECESSIDADE DA ENCARNAÇÃO E EXPIAÇÃO

Por Eliandro da Costa Cordeiro

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo. 3:16)

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Sem que se recorra à toda a teologia apresentadas nos evangelhos acerca da pessoa de Jesus,o seu nascimento será como o de qualquer homem. Ele será um homem bom, ético, mestre da moral, mas nunca o Salvador dos homens. Estes morrem presos às desgraças de seus pecados em ofensa à Santidade divina; Jesus será incapaz de dar aos homens aquilo que vai além de um alívio existencial (ICor.15:19).

Entender Jesus Cristo como Deus-Homem é compreender a chave de todo o plano de Deus para com os homens. É sob esta perspectiva que Ele é introduzido na história da humanidade. Tem-se Nele não apenas o nascimento de um homem ou o de um deus salvador, mas o nascimento do Homem-Deus Salvador. É tal verdade bíblica que tem servido de embaraço para muitos teólogos, estudiosos e crentes pelo mundo. Porém, a dificuldade de dois mil anos acerca do Logos divino não nos serve de desculpas para que neguemos o que a Bíblia diz sobre a sua encarnação: “O verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo.1:14).

Dizer que o Verbo se fez carne é dizer, igualmente, que o filho de Deus se fez homem; isto é, que o Filho eterno de Deus Pai se fez filho temporal. O Logos eterno se fez o Cristo Jesus, princípio, meio e fim de toda a história humana. O Verbo se fez carne; não se uniu a um ser humano. O Filho de Deus não assumiu uma pessoa humana, mas uma natureza humana. Trata-se da união de uma só pessoa em duas naturezas. Cada uma destas naturezas possui em si as suas propriedades inalteradas em essência. Tal estrutura própria dessas naturezas é assumida pelo Filho de Deus (Rm.1:3;Fl.2:5-11;ITm.2:5). Jesus Cristo não é, por isto, Deus e Homem, mas o Deus/Homem. Sem que se aceite esta santa verdade, toda a história da salvação se perde (Hb.1:2,3;Ef.1:22,23;2.16-18;4.10;1Jo.2.2).

Pensar no nascimento de Cristo deve levar os homens à intensa e extensa noção de que a pequena história humana é, significativamente, manifestação do amor gratuito de Deus. Não se trata de um capricho ou ação espontânea da divindade, tal qual um homem que não consegue entender os fatos anteriores que lhe coagiram a agir como agiu no presente. Jesus Cristo é Deus em busca do homem (Lc.15:24;Lc.19:10;Hb.2:18;7:25). Conforme Sturz, “deve-se lembrar que a salvação é o propósito por trás da encarnação do Filho de Deus (Jo.3:16;2Co 8.9).” Deus em Cristo significa que a busca do Pai pelo homem não ocorre apenas numa realidade lógica ou metafísica. Para Lutero, a encarnação do Filho de Deus significava que, “onde está Deus, ali também está o homem; e o que faz Deus, também o faz o homem; e o que o homem faz e padece, isso o faz e padece Deus.” A Encarnação de Jesus Cristo (divina) engendra no relógio do desespero humano e assume os contornos da pálida figura de homem (Is.53:1ss;Hb.2:16-18).

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A revelação de Deus aos homens se dá sobrenaturalmente na figura humana (Lc.1:35;Fl.2:7). Todavia, o que há de mais natural do que o ser humano (Hb.2:17,18)? Por que se rejeita a doutrina de um Deus que se faz homem, quando se acha natural Deus fazer tudo o quanto existe a partir do nada? Não se nega que houve uma ação sobrenatural no nascimento de Jesus Cristo (Is.7:14;Mt.1:18-25;Lc.1:26-38); também não se nega que a encarnação do Filho seja uma linguagem difícil de ser compreendida pelos homens. Todavia, a Bíblia apresenta-nos que o seu nascimento é tanto uma processo divino como humano (Lc.2:11;

Segundo Bavink, “quem quer que pense que a encarnação seja impossível, em princípio, também nega a criação do mundo e a geração do Filho. E quem quer que aceite a criação e a geração não pode ter qualquer objeção, em princípio, à encarnação de Deus na natureza humana.” A fé que compreende, mediante o conceito que o Cristianismo apresenta de Deus Criador, que Aquele que traz do nada o que agora existe pode facilmente entrar na história dos homens (Jo.1:3;Hb.11:3). A fé cristã lê na encarnação do Verbo a mais encantadora das linguagens do amor: “Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc.2:7,11,12;16,17,21,40).

É quando o Filho é engendrado neste mundo que o plano de Deus torna-se manifesto e a fé é a lente apropriada para se ler este plano (Jo.1:12-14;ICor.2:6-16). Um menino nasce, um homem morre e nada muda a despeito da Razão humana (Mt.27:40;Mc.15:30). O Deus-Homem nasce, morre e ressuscita e a alegria da fé humilha a Razão aos pés da cruz (mt.27:54). O nascimento do Deus-homem só é menos escandaloso do que a sua morte na cruz. O nascimento de Jesus Cristo é, mormente, redentor. Por Isto é impossível pensar seu nascimento excluido de sua morte.

Consideremos a epístola do apóstolo Paulo aos Filipenses e descobriremos quão inerente é a encarnação da expiação (Fl.2:7,8). Bavink nos lembra que a pregação apostólica “raramente menciona a concepção e o nascimento de Jesus, mas coloca toda a ênfase sobre a cruz, a morte e o sangue de Cristo. Não foi pelo nascimento, mas pela sua morte que nós fomos reconciliados com Deus (Rm.5:10).”

O nascimento do Deus-homem esconde a semente de sua morte e ressurreição (Jo.18:37). Naquele corpo envolto em panos na mangedoura estava a fé dos crentes; ainda semente. Portanto, aquele garoto carregava em si a morte, a ressurreição e a vida. Nasce para a morte; morre para ressurgir: eis a mensagem do Natal! E não há mensagem mais simples e poderosa do que esta: “Vamos, pois, até Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos fez saber” (Lc.2:15).

1. Pensar o Natal é pensar na salvação dos homens: Parece um grande paradoxo olhar para o bebê da manjedoura, em Belém, e pensar em sua morte; mas é o que a Bíblia nos induz. Sem dúvida, o nascimento de Cristo é uma imagem de pura alegria e gratidão a Deus. Dialeticamente, a alegria e gratidão surgem pertinentes a que, senão, ao fato de que Ele deveria morrer por nossos pecados? Separe o nascimento de Jesus da cruz e a manjedoura perderá toda a alegria.

É verdade que podemos pensar nos acontecimentos (encarnação, morte e ressurreição de Jesus) como dados cronologicamente. Podemos nos alegrar com o seu nascimento, nos entristecer com a cruz e exultarmos com a sua ressurreição. A questão é que, quando se lê o Novo Testamento, ele nos exige que se compreenda a vida de Jesus como um todo, não multifacetado. Jesus Cristo é a manifestação não só do amor de Deus pelo homem, mas a manifestação do seu completo ódio pelo pecado humano herdado em Adão.

Conforme a teologia paulina, o nascimento, morte e ressurreição de nosso Salvador se faz propícia à satisfação da Justiça divina contra os homens. As exigências da justiça que a santidade de Deus não encontra nos homens descansam na satisfação das obras de Cristo (Is.53:10,11;IICor.5:21;Fl.3:9).

A Santidade divina exige que todo o pecado seja punido (Gl.3:13). O fato é que, somente um coração regenerado pode entender a profundidade de sua ofensa a Deus. Um homem que não conhece, o mínimo que seja, da santidade de Deus e dela projetou uma esmaecida sombra, jamais associará a encarnação de Cristo à necessidade de Sua morte. O nascimento de Cristo para um homem carnal é (quando muito) apenas um ato de amor de Deus; enquanto para o crente, é a manifestação tanto do amor divino como o do seu ódio para com o pecado humano (Rm.3:25;Gl.3:13;IJo.4:10). O crente sabe que a santidade deve fazer a pena seguir-se ao pecado e o amor deve compartilhar a pena com o transgressor. “A cruz foi a apresentação completa da santidade que requereu e do amor que proveu a redenção do homem” (Strong, Teologia sistemática, p.379).

É neste contraste que a Santidade divina se manifesta perfeita, de amor eterno e de justiça elevada. É a partir desta perspectiva que Deus é adorado pelos cristãos. Ele, na humilhação e exaltação de Jesus Cristo instiga, naturalmente, a adoração nos corações dos regenerados (IICor.5:14).Nisto consiste o convite, prontamente aceito pelos redimidos: “adorai ao Senhor na beleza de sua santidade” (Sl.96:9).

É deste modo que a manjedoura está inerentemente ligada à cruz e é por isto que a cruz, além de escândalo, também implica na ideia de Glória de Deus, isto é, lança luzes sobre a ressurreição. Maria, mãe do Senhor percebera esta ligação (nascimento, cruz e ressurreição) quando ainda recebia a notícia de que seria a mãe do Salvador. Ouviu que “também uma espada traspassará a tua própria alma” (Lc.2:35).

A encarnação de Cristo é apenas o início, a introdução ao ato redentivo e reconciliador do Pai com a humanidade caída, mas não é um ato completo em si mesmo. O fim da encarnação é a expiação dos pecados dos homens (Hb.2:14).Encarnar-se daria ao Verbo eterno apenas uma dimensão diferente da qual ele tinha com o Pai na eternidade; uma comunhão na existência histórica dos homens. Demonstraria a condescendência divina à desgraça humana, mas só.

Neste aspecto, a encarnação serviria, somente, para aumentar ainda mais a desgraça e desespero dos homens perdidos em seus pecados. Cristo seria um exemplo alto demais para ser seguido e o seu relacionamento com Deus nos seria transcendente e impossível de se viver. O seu nascimento, portanto, sem todo o invólucro do plano soteriológico, é incompleto. Paulo dá a dimensão da plenitude da encarnação e cruz de nosso Senhor quando une à cruz o amor e a morte expiatória de Cristo. O apóstolo aponta para a cruz e diz que nela viu o Cristo que o amou e se entregou por ele (Gl.2:20).

Jesus mesmo esteve consciente de que veio para morrer. Assumiu que a sua morte era o cumprimento da vida (Mt.16:22,23;Lc.4:16ss; Jo.1:29;2:19;3:14×12:32,33;12:24). Nosso Senhor demonstra estar familiarizado com as passagens veotestamentárias que apontam ser-lhe necessário ir para a cruz (Is.53;Sl.22;29;Mt.16:21; Lc.24:26-44).

2. Nascimento e morte de Jesus são atemporais; é antes lógica e depois, histórica:

Embora de difícil compreensão, As Escrituras Sagradas aludem que o Cordeiro de Deus já estava morto antes da fundação do mundo (Jo.17:1,2,4,9,12;Rm.5:6-8;Ef.1:4;Gl.4:4,5;Hb.9:26;IPe.1:18-21).Todavia, Jesus nasce e morre num tempo apropriado (Gn.3:15;gl.4:4).

O fato de o sacrifico de Jesus ser ‘único’ e ‘para sempre’ (Hb.5:5ss;10:12) não implica que a salvação tenha ocorrência no tempo conforme os homens o concebe. O máximo que conseguimos nos aproximar da sublime sabedoria divina na salvação é que, embora o Filho foi morto antes da fundação do mundo (Ap.13:8), para completar a salvação, ele teve de vir, se encarnar e viver as agonias da morte num contexto histórico e patológico com os homens pecadores (Gl.4:4,5).

A lógica do Cordeiro morto antes da fundação do mundo incorre em dois elementos: (A)- é certo que o Deus Onisciente e Onipotente não é pego de surpresa no pecado de Adão no Édem. Ele é o Senhor, Sábio Criador. Criou tudo a partir do nada e dá vida a tudo o quanto existe sendo a vida destes seres (Jo.5:26;At.17:28;Rm.11:36). Tudo o quanto existe não tem existência em si mesmo, senão, pela vida que emana de Deus (Sl.104:29). É certo que a Bíblia não afirma que a cruz foi um “Plano B” no desígnio divino (Gn.3:15;Jo.20:9;at.2:23); (B)- é certo que a salvação deve ser histórica, pois os homens são seres participantes da criação juntamente com outras criaturas. A estrutura particular dos homens não alcança a vontade e a comunhão de Deus que se dê apenas no ambiente lógico.

A comunhão do homem com Deus limita-se à sua condição de existência. Embora Deus esteja acima do tempo, este lhe é uma realidade, pois foi por Ele criada. Para as Sagradas Escrituras, o tempo, a história humana, são perfeitamente receptíveis à presença divina (Is.57:15). Acertadamente Strog diz que, “o sofrimento do Cristo encarnado é a manifestação do sofrimento eterno de Deus no tempo e no espaço por causa do pecado humano. Contudo, sem a obra histórica que findou no Calvário, o duradouro sofrimento de Deus nunca podia tornar-se compreensível ao homem” (Strong, Teologia Sistemática, p.379).

Conclusão dos dois pontos aludidos: Brunner afirma que a expiação de Jesus foi um evento super-histórico. A morte do Salvador foi um evento tanto ‘fora do tempo’, como o fato de Deus carregar os pecados da humanidade na pessoa do Filho (Is.53:9,10)pela Via Dolorosa marcadamente no Primeiro Século. Charles A. Dinsmore resume esta verdade quando diz que “antes que houvesse uma cruz elevada na colina verde que estava nos arredores de Jerusalém, já havia uma Cruz no coração de Deus.”

3. A Necessidade da encarnação e expiação do Filho de Deus:

O Natal aponta para a necessidade lógica, real e fatual de que sem a encarnação de Cristo Jesus não haveria expiação. Consequentemente, sem a expiação por finalidade, a encarnação do Logos Eterno é obsoleta.

A união das duas naturezas em uma pessoa é necessária, pois constitui Jesus Cristo como o mediador entre o homem e Deus. As duas naturezas em Sua Pessoa estabelecem a perfeita união entre Deus e o homem. Ambas naturezas envolvem a dignidade igual à de Deus e, concomitantemente, assume a perfeita simpatia para com o homem (Hb.2:17,18;4:15,16).

Era, portanto, necessário que o Filho assumisse as duas naturezas em sua Pessoa, a fim de capacitá-lo na representação de Deus e do homem como o cumprimento da exigência da Justiça divina e, assim, promover a reconciliação. Enquanto humano, Cristo faz a expiação pelos pecados dos homens; enquanto Deus, a expiação assume valor infinito. Deste modo, “tanto a sua divindade como a sua humanidade combinam-se para mudar os corações dos ofensores e constrangê-los à submissão e amor (ITm.2:5;Hb.7:25)” (Teologia Sistemática. Strong.p.352).

A impossível desvinculação entre encarnação e expiação é observada em Hb.2:10,17,18. Neste texto, o autor afirma que “convinha que, aquele para quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse pelas aflições o príncipe da salvação deles.” O termo “convir” assume acentuado significado em Hebreus, pois implica afirmar que a necessidade da redenção era como que “obrigação” para o Filho de Deus. Tal “conveniência” assume a necessidade de Jesus estar totalmente ‘identificado’ com os homens. E Hebreus entende que tal identificação é manifesta no sumo sacerdócio de Jesus Cristo (cf.Hb.2:1ss).

O resultado lógico é que, o cumprimento do plano divino exigiu que o Filho encorporasse em si mesmo ambas essas naturezas, a superior e a inferior, para que assim pudesse conduzir a inferior ao mais elevado (Hb.2:10;Rm.8:29;II Cor.3:18;Cl.1:28; Ap.5:10). Cristo quando assume a natureza humana assume, também, uma união que se torna eterna. A união da divindade com a humanidade de Cristo é, agora, indissolúvel e eterna (Jo.17:5;Icor.15:28;Hb.1:8;7:24,25). É por isto que tendo Cristo feito um único sacrifício pelos pecados dos homens, pode interceder continuamente por nós junto ao Pai (Jo.17:11;Rm.8:34; Hb.7:25;IJo.2:1).

Não lembramos o Natal pela data, mas pelo motivo: “que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (I Tm.1:15). O natal está, portanto, para além da manjedoura. Cristo é deitado na manjedoura, envolto por Maria, José, pastores e anjos, mas morre na cruz desamparados por todos (Mt.2:1,9;Mc.14:50;15:34) a fim de satisfazer a santidade divina. Não foi, então, apenas a prova do amor de Deus que Jesus revelou quando nasceu entre os homens, mas foi, também, a manifestação da justiça divina derramada sobre Ele lá na cruz (Rm.3:25;IICor.5:21;Fl.3:9).

O cristão deve treinar os seus olhos a contemplarem, num único lance, tanto a manjedoura como a cruz. Olhos assim contemplam a profunda gravidade de seus pecados em contraste com o incomensurável amor e santidade divinos, capazes de levar Deus a tal ponto de se entregar no Filho no Calvário (Rm.5:8;Itm.1:15). Esses olhos verão as luzes  de Natal em ruas enfeitadas perderem o seu brilho, os presentes perderem a graça e a árvore enfeitada ter a sua beleza ofuscada pelo ápice do plano redentor de Deus. Todos os nosso presentes, bens e alegrias nos pedirão que rendamos aos pés da manjedoura e da cruz de Cristo o único presente que lhe satisfaz: o nosso coração (Pv.23:26).

Somente quando os nossos corações são dominados pelo Salvador, e ofertado a ele como o único presente que temos para lhe dar (Sl. 116:12), é que entendemos que somente com a manjedoura e a cruz é que o Natal existe!