Semeando o Evangelho

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Semear a Verdade e o Amor de Deus

sábado, 7 de outubro de 2017

Os efeitos da pornografia na mente humana - Karine Rizzardi


PRINCIPIOS DA DOUTRINA DA IGREJA (PARTE 1)

Por Jonas Ayres

INTRODUÇÃO

Falar sobre Eclesiologia – a doutrina da igreja – nunca foi fácil. Articular ideias sobre aquilo que todo cristão comprometido com as Escrituras almeja ver como uma igreja saudável e bíblica é um grande desafio.

Nestes dias que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman chama de “tempos líquidos”[1], trabalhar com a solidez de instituições pode ser considerado como um desafio quase homérico. E como faz falta pensar sobre a importância dos elementos que garantem a solidez de núcleos e instituições.

Diante deste cenário, este artigo procura trazer um pouco de luz sobre o assunto da eclesiologia brasileira, caracterizada por muitos movimentos e confissões evangélicas das mais variadas vertentes. Serão articuladas ideias baseadas de modo não exclusivo obra de SNYDER (2004). Este artigo pretende discutir e ampliar reflexões para o contexto da igreja brasileira. O choque com modelos pragmáticos é inevitável.

Em seu livro “A Comunidade do Rei” (2004) Howard Snyder procura justamente estabelecer os pontos que caracterizam e definem a igreja como a “Comunidade do Rei”, valorizando as características internas da igreja e impulsionando e motivando para o aspecto missional da mesma. Comunhão interna com infiltração na sociedade, almejando para a igreja uma melhor visão acerca do reino e como se tornar uma comunidade mais autêntica e influenciadora da cultura do reino. O artigo abordará os elos entre a perspectiva de eclesiologia de Howard Snyder com outros pensadores contemporâneos, como Mark Dever, Timothy Keller, John Stott e Ed Stetzer.

A IGREJA COMO A COMUNIDADE DE JESUS

A igreja só poderá ser de fato uma igreja, uma agente do Reino de Deus neste mundo, quando ela for de fato o que deve ser. Ao longo de toda sua obra, SNYDER (2004) explana sobre a igreja como comunidade messiânica, centrada plenamente no Evangelho de Jesus para que possa ser agente funcional num ambiente comunitário. É de suma importância que a igreja seja este agente do reino, a comunidade do Messias que transcende as estruturas institucionais sim, mas que não se faz de modo solitário.

Fazer parte da comunidade de cristãos como servos do reino de Deus, agentes de uma comunidade submetida ao senhorio de Jesus Cristo é estar e ser igreja. A definição apresentada por COMFORT e ELWELL org. (2015, p.842):

A relação entre Cristo e a Igreja nessa imagem de “corpo” leva a um entendimento muito singular da natureza da existência cristã. Paulo fala da vida de fé como vida “em Cristo”. Estar “em Cristo” é ser uma “nova criação” (2Co 5.17). Mas, para Paulo, isso não é apenas uma experiência individual, um tipo de união mística entre o crente e Cristo. Em um sentido real, estar “em Cristo” é, ao mesmo tempo, estar na Igreja. Ser batizado em Cristo (cf. Gl 3.27) é se tornar um com uma comunidade na qual as tradicionais barreiras da sociedade humana são superadas – “pois todos são um em Cristo Jesus (v.28)”. Além disso, estar “em Cristo” é ter sido batizado em um só corpo (1Co 12.12,13), pois os cristãos “são corpo de Cristo, e cada um [deles], individualmente, é membro deste corpo (v.27)”. De acordo com Paulo, portanto, não há algo como ser um cristão isoladamente, alimentando um relacionamento individual com Cristo. Ser um cristão é estar incorporado em uma comunidade de pessoas que estão se desenvolvendo para expressar, na sua “vida do corpo”, a realidade de Cristo, tornando-a substancial em seu trabalho e vida comuns.

Segundo o documento histórico O Catecismo Maior de Westminster, temos o conceito de “sociedade” e/ou comunidade reunida pela verdade e de modo geracional[2]:

A Igreja visível é uma sociedade composta de todos quantos, em todos os tempos e lugares no mundo, professam a verdadeira religião (1Co 1.2), juntamente com seus filhos (Gn 17.7; At 2.39; 1Co 7.14)

Neste sentido SNYDER (2004, p.86) diz que “o Espírito Santo nos ministra, em grande medida, por meio da mutualidade”. Para compreender melhor e tentar definir um norte e tentativa de uma eclesiologia sadia, serão expostos a partir de então alguns pontos importantes conforme definido pelo próprio SNYDER na obra “A Comunidade do Rei”[3].

A NATUREZA DA IGREJA

O ensino sobre a natureza da igreja precisa ser trazido novamente à tona para que haja o entendimento mais amplo e bíblico do que significa ser membro de uma igreja e de modo ainda mais amplo ser igreja como um cidadão do Reino de Deus.

A vida de uma pessoa regenerada (que nasceu de novo – Jo 3.3) deve ter como foco principal o viver para a glória de Deus. O plano de Deus quanto ao revelar de sua glória não está direcionado apenas ao individual, mas também ao coletivo. Deus poderosamente revela-se individualmente salvando pessoas para que estas possam caminhar juntas para um viver da e para glória de Deus. A revelação bíblica mostra isso em diversos momentos:

1) Na criação Deus não fez apenas um ser humano, mas dois indivíduos para multiplicação da raça humana para sua glória (Gn 2.18);

2) No dilúvio Deus não salvou apenas um ser humano, mas pessoas de várias famílias para sua glória (Gn 6.9 – 8.22);

3) A promessa de Deus para Abraão não foi de caráter individual, mas coletivo; nele estava a semente de um povo tão numeroso quanto as estrelas do céu e como a areia do mar para sua glória (Gn 12.1-3);

4) No Livro do Êxodo, ainda que Moisés fosse o escolhido por Deus para cumprir seus propósitos, milhares de pessoas foram resgatadas do Egito, milhares. Este coletivo – a nação de Israel – foi tirado do Egito e em seguida formaram doze tribos para um viver coletivo dentro dos propósitos de Deus e isso para sua glória;

5) Muitos seriam os exemplos ainda dentro do Antigo Testamento para apontar para uma continuidade do povo de Deus, como filho de Deus (Ex 4.22), esposa (Ez 16.6-14), menina dos olhos de Deus (Dt 32.10), vinha (Is 5.1-7), rebanho (Ez 34.4), e tudo isso apontando para o cumprir máximo da vontade de Deus de fazer um só povo em Cristo Jesus, ou seja, por meio de todos os fatos e atos de Deus no Antigo Testamento, Ele apontava para a obra de um caminho aberto através do Sangue do Cordeiro em benefício de sua igreja para sua glória!

Para a grande maioria dos cristãos é difícil pensar em igreja e remontar o assunto ao Antigo Testamento. Já é por si um atestado da confusão quanto a natureza da igreja como um povo. DEVER (2015, p.46-47) explica:

Etimologicamente, existe uma conexão entre a palavra do Antigo Testamento que expressa a ideia de “assembléia” – qahal – e a palavra traduzida por “igreja” – ekklesia – no Novo Testamento. Em Deuteronômio 4.10 e outras passagens, a versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta, traduz qahal por ekklesia (p.e. Dt 4.10; At 7.38). E esta palavra que significa assembléia – qahal – está intimamente ligada, no Antigo Testamento, ao distinto povo do Senhor, Israel. A rica associação entre a assembléia de Deus e o povo de Israel, expressa por qahal no Antigo Testamento, é transportada para ekklesia no Novo Testamento. A igreja é, literalmente, uma assembléia (ver Hebreus 10.25). É a assembléia de Deus, porque ele habita nela. E a igreja é constituída de pessoas que estão começando a conhecer a reversão dos efeitos da queda no pecado. Portanto, membros tanto de Israel como da igreja recebem um vislumbre da glória que aguarda o povo de Deus.

Entendida a natureza da igreja de modo bíblico que somos um povo resgatado vivendo para a glória de Deus, um povo que recebe um pouco do vislumbre dEle colhendo e vivendo os benefícios de seu favor em nossa regeneração, fica a pergunta: como ensinar esta pauta? Como levar a clareza da natureza da igreja e apontar o caminho bíblico? SNYDER (2014, p.193-194):

Muitas congregações locais poderiam ser revolucionadas com um ano de estudos sobre a igreja. A pregação e o ensino poderiam ser coordenados com estudos bíblicos individuais e em grupos pequenos. O tópico seria a igreja e sua missão. Os holofotes estariam em livros como Atos, 1 Coríntios, Efésios e Colossenses, com atenção voltada também ao desenvolvimento do plano de Deus no Antigo Testamento (em especial, os conceitos de aliança, povo de Deus e reino de Deus) e aos materiais relevantes nos Evangelhos. Os livros de Hebreus e Apocalipse também tem rico conteúdo eclesiológico.

Os fundamentos da Escritura tornam-se claros pelo ensino da palavra (2Tm 3.16). Colocando-o em prática, alimentando a igreja (1Pe 2.2) para que possa compreender a natureza da igreja e ser, de fato, instrumento de Deus para um reformar.

Pureza

Há poucas palavras mais doces e belas do que a palavra pureza. Que suave luz irradia de suas profundezas através de sua clareza cristalina! Que halo de glória a rodeia! Que doce melodia está contida no som, o qual, à medida que cai sobre a alma, desperta tudo o que é viril, nobre e santo!

Pureza! quem pode repetir esta palavra e não sentir e ouvir um ritmo doce reverberando através de todas as sendas de seu ser espiritual? “Mantenha-te a ti mesmo puro.” Há alguma alma tão profundamente adormecida, tão entorpecida pelo pelos opiáceos do pecado, que não possa ser despertada pela doce melodia deste comando celestial? Um coração abatido, de fato, deve ser o coração em que não haja aspirações para uma pura vida devotada despertada por estas palavras gloriosas.

Ouve, ó minha alma, ao som da doce música, “Mantenha a ti mesmo puro”. Sintonizada pelo Espírito e cantada pela voz da inspiração, na manhã brilhante deste dia do evangelho glorioso, vem soando ao longo dos séculos para despertar desejos e aspirações para a verdadeira nobreza da humanidade, a piedade mais profunda, e o maior planejamento de pureza moral que o homem pode alcançar através da graça redentora de Deus.
O mandamento para você, meu jovem, é: ” Mantenha a ti mesmo puro”, e para você, mocinha, “Mantenha a ti mesma pura”, e para todos os que estão mais além na corrente da vida e se apressando para o oceano sem limites da eternidade, “Mantenha a ti mesmo puro”. Se você deseja compreender algo do verdadeiro significado da pureza, pense no céu: porque assim como a pureza que está no céu, deve ser a que há na terra; conforme ela se encontra na vida de Cristo, assim ela deve estar na vida do homem.

Aqui sobre as encostas do tempo nós olhamos para longe, com os olhos da fé, e contemplamos a pureza dos céus e seus habitantes. Vemos os anjos e o grande trono branco, sobre o qual se assenta o Rei da glória; mas quem, de toda a humanidade, será realmente testemunha ocular desta cena agradável? O Cordeiro, que é a luz da cidade celestial responde: “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus.”
A partir desse trono de ouro de Deus e do Cordeiro, o “discípulo amado”, viu da terra, em visões, fluindo o rio puro da água da vida, claro como cristal, e ele ouviu o Senhor do céu e da terra, dizendo: “eu darei àquele que tem sede a água da vida “, e o Espírito e a noiva repetem o convite, dizendo:” Quem quiser, venha e beba a água da vida “.

Mas o que é este rio puro da água da vida? É o rio maravilhoso da graça salvadora de Deus, a luz emitida a partir do seu trono e que flui por todo o seu reino. O Filho de Deus estendeu o reino de seu Pai a esta terra e definiu o fluxo glorioso da salvação. Este fluxo maravilhoso é puro e as suas águas são doces quando fluem aqui, como elas são quando vêm brilhando a partir do trono. Se você virá e se lavará neste fluxo cristalino; se você beberá de suas deliciosas águas – elas o tornarão tão puro como o trono do qual elas fluem.

Se você lhe permitirá se moverem sobre a sua alma, elas irão purificá-lo e o tornarão puro, de modo que a pureza em seu coração não será inferior a essa pureza que circunda o trono de Deus. Glória ao seu nome!
O salmista diz: “Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo. Lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve” O branco é um símbolo de pureza. Quando João contemplou a multidão de todas as nações que estão diante do trono e do Cordeiro, com vestiduras brancas, ele perguntou de onde eles vieram. “Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.” Apo 7.14.

Pureza de alma, coração, mente e consciência e pensamento e vida é uma experiência a ser atingida e apreciada nesta vida. Pedro diz: “Já que tendes purificado as vossas almas na obediência à verdade”. 1 Pe 1.22. Jesus diz: “Bem-aventurados os puros de coração”. Mt 5.8. Paulo diz: “Dou graças ao Deus de meus antepassados, ao qual sirvo com consciência pura.” 2 Tim 1.3. Pedro diz: “despertar com lembranças a vossa mente pura.” 2 Pe 3.1. Paulo diz: “Tudo o que é puro, … nisso pensai.” Fp 4.8,9. Cristo é o padrão de pureza. “E todo aquele que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro.” 1 João 3.3. Pureza em todas as afeições, em todos os desejos, em todos os motivos, e em todos os pensamentos. O coração que se torna puro na luz de Deus não revela nada contrário ao céu. Nada pode ser mais nobre e belo sobre a terra do que uma vida pura. Oh, quantos pensamentos e desejos impuros estão enchendo as mentes e os corações dos homens e mulheres nestes dias iníquos terríveis! Caro leitor, “Mantenha a ti mesmo puro.”

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

DEUS DEMONSTRA SEU AMOR

Versículo do dia: Mas Deus prova [demonstra] o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. (Romanos 5.8)

Observe que “demonstra” está no tempo presente e “morrido” está no passado.

O tempo presente indica que essa demonstração é um ato contínuo que permanece ocorrendo no presente de hoje e no presente de amanhã.

O passado “morrido” implica que a morte de Cristo aconteceu de uma vez por todas e não será repetida. “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus” (1 Pedro 3.18).

Por que Paulo usou o tempo presente (“Deus demonstra”)? Eu teria esperado que Paulo dissesse: “Deus demonstrou (no passado) o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”. A morte de Cristo não foi a demonstração do amor de Deus? E essa demonstração não aconteceu no passado?

Eu acho que a pista é dada alguns versículos antes. Paulo acabou de dizer que “a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde” (versículos 3-5).

Em outras palavras, o objetivo de tudo o que Deus nos leva a passar é a esperança. Ele deseja que nos sintamos incansavelmente esperançosos em meio a todas as tribulações.

Mas, como podemos?

Paulo responde na frase seguinte: “porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (versículo 5). O amor de Deus “é derramado em nosso coração”. O tempo desse verbo indica que o amor de Deus foi derramado em nossos corações no passado (em nossa conversão) e ainda é presente e ativo.

Deus demonstrou o seu amor por nós ao dar seu próprio Filho para morrer de uma vez por todas no passado por nossos pecados (versículo 8). Mas ele também sabe que esse amor passado deve ser experimentado como uma realidade presente (hoje e amanhã), para que tenhamos perseverança, experiência e esperança.

Portanto, ele não somente o demonstrou no Calvário; ele continua demonstrando-o agora pelo Espírito. Ele faz isso abrindo os olhos de nossos corações para que “provemos e vejamos” a glória da cruz e a segurança de que nada pode nos separar do amor de Deus em Cristo Jesus (Romanos 8.39).

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do Dia: “Não peço que os tires do mundo.” (João 17.15)

Para todos os crentes, a ida ao lar, a fim de estarem com Jesus, no tempo determinado por Deus, será um acontecimento bendito e feliz. Em apenas alguns anos, os soldados de Cristo que agora estão lutando o bom combate da fé (ver 1 Timóteo 6.12) terminarão o seu conflito e entrarão no gozo de seu Senhor. Embora Cristo tenha suplicado que seu povo, no tempo certo, esteja onde Ele está, Ele não pediu que seu povo seja retirado imediatamente deste mundo para o céu. O Senhor Jesus deseja que os crentes permaneçam aqui. Entretanto, quão frequentemente o cansado peregrino oferece uma oração como a seguinte: “Quem me dera asas como de pomba! Voaria e acharia pouso” (Salmos 55.6), mas Cristo não ora assim. Ele nos deixa nas mãos de seu Pai, até que, como espigas completamente maduras, sejamos cada um de nós reunidos no celeiro de nosso Senhor.

Jesus não pede nossa remoção instantânea por meio da morte, pois permanecer na carne é necessário para os outros, se não é proveitoso para nós mesmos. O Senhor Jesus pediu que fôssemos guardados do mal. Quando os crentes enfrentam qualquer aflição, frequentemente eles tem o desejo de morrer. Pergunte-lhes por que, e eles responderão: “Queremos estar com Cristo”. Temos receio de que isto ocorra não exatamente porque eles anseiam estar com o Senhor, e sim porque desejam livrar-se de seus problemas. Se assim não fosse, eles sentiriam esse desejo de morrer em outras ocasiões, quando não estivessem sob a pressão das provações. Eles querem ir para casa, não tanto pela companhia do Salvador quanto para terem descanso.

Ora, ter o desejo de partir é correto, se pudermos senti-lo da maneira como o apóstolo Paulo o sentiu. Estar com Cristo é muito melhor. Mas o desejo de livrar-se das provações é egoísta. O seu desejo deve ser o de glorificar a Deus, por meio de sua vida neste mundo, até quando Ele quiser. Embora isto se realize em meio a conflitos, intenso labor e sofrimento, permita que Ele diga: “Chega, já é o bastante!”

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Saiba Como Mudar o Mundo - Paulo Junior


JEROBOÃO E O ALTAR DA IDOLATRIA

Por Silas Alves Figueira

Texto Base: 1 Reis 13.1-10

INTRODUÇÃO

A história de Jeroboão é um exemplo de como uma pessoa que tem as promessas de Deus para sua vida, mas devido à falta de fé e por medo, entra por caminhos errados e se afasta completamente de Deus. É a história de um homem que tinha tudo para dar certo, mas fracassou em todas as áreas de sua vida. Assim como Davi entrou para a história como um modelo de integridade para com Deus, Jeroboão era o modelo do monarca ímpio. Essa lembrança constante de seu pecado indica a maneira como o Senhor tratou a idolatria durante a história de Israel (1Rs 16.26; 2Rs 14.24).

Este homem era servo de Salomão. Era um homem que exercia entre o povo uma grande liderança. Ele era da tribo de Efraim. Salomão o colocou como supervisor de todo o trabalho forçado.

Salomão, o terceiro rei de Judá, pecou tanto contra Deus que o Senhor decidiu tirar a maior parte do reino das mãos dos descendentes dele. Após a morte deste filho de Davi, o reino se dividiu em duas partes. A parte do sul, conhecida como Judá, ficou sob o domínio dos descendentes de Davi. A maior parte, composta das dez tribos do norte, foi dada por Deus a Jeroboão, filho de Nebate, um efraimita já provado como administrador hábil. Por ser um excelente líder e por estar o reino de Salomão em declínio por causa da sua idolatria (1Rs 11.9-13); o Senhor levantou contra Salomão vários inimigos, dentre eles o próprio Jeroboão (1Rs 11.26).

O profeta Aías procurou Jeroboão com um recado do Senhor lhe dizendo que o reino de Israel seria divido após a morte de Salomão e que ele seria rei de dez tribos e que ele seria bem sucedido, mas para isso teria que seguir ao Senhor (1Rs 11.29-40).

Quando Salomão morre e seu filho Roboão passa a reinar, Jeroboão retorna do Egito e vê se cumprir a profecia que o Senhor lhe havia falado (1Rs 12.16-20), pois Roboão, em sua arrogância, não deu ouvidos ao conselho dos mais velhos, mas seguiu o conselho dos jovens. E o conselho deles era para que se tornasse pior que seu pai.

Quando o profeta Aías transmitiu a Jeroboão a mensagem de Deus garantindo-lhe o reino de Israel (1Rs 11.28-39), o profeta deixou claro que a divisão política não dava espaço a um afastamento religioso. O lugar de culto a Deus continuaria sendo em Jerusalém. No entanto, por não confiar nas promessas de Deus, ele estabeleceu o seu próprio culto e sacerdotes para evitar que o povo que estava sob sua liderança fosse adorar em Jerusalém (1Rs 12.25-33).

Jeroboão conduziu o povo a uma falsa religião. Essa religião que inventou era confortável, conveniente e barata, mas não era autorizada pelo Senhor. Ia contra a vontade de Deus revelada nas Escrituras e tinha como propósito a unificação do reino de Jeroboão e não a salvação do povo e a glória de Deus. Era uma religião feita por mãos humanas, e Deus a rejeitou inteiramente.

Devido a isso, o Senhor envia a Betel um profeta para profetizar contra Jeroboão e seu altar idólatra. Por isso, eu quero pensar com você sobre a vida de Jeroboão e o seu altar e quais as lições que podemos aprender com isto.

Em primeiro lugar, quando levantamos nossos próprios altares deixamos Deus de lado e criamos os nossos próprios deuses para adorar (1Rs 12.28-30).

Em Êxodo 1-6 nos diz:

“Então, falou Deus todas estas palavras: Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos”.

A adoração verdadeira envolvia a arca da aliança, o altar dos holocaustos, o templo em Jerusalém, mas não havia imagem de Deus, pois como disse o Senhor Jesus a mulher samaritana em João 4.24: “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. A religião inovadora de Jeroboão tinha outros deuses – bezerros de ouro e altares em Dã e Betel. Ele tinha um certo apoio histórico, pois o primeiro sumo sacerdote de Israel (Arão) havia feito um bezerro de ouro (Êxodo 32.1-29). Precedente histórico, sem a aprovação divina, não serve para guiar o nosso caminho.

a) Vivemos hoje numa era em que a “religião inventada” é popular, aprovada e aceita.

b) Os líderes cegos que conduzem outros cegos asseveram que vivemos em uma “sociedade pluralista” e que ninguém tem o direito de afirmar que apenas uma revelação é verdadeira e que apenas um caminho para salvação é correto.

Esse tipo de mensagem agrada ao ouvido de muitos, mas não é a verdadeira mensagem. A Verdade é imutável. A Bíblia é a nossa regra de fé e prática, por isso não podemos relativá-la como muitos tem feito. Se negligenciarmos o que a Palavra de Deus nos fala, então não precisamos dela.

A sociedade pode ser pluralista, mas a Palavra de Deus não. A sociedade pode pensar o que quiser, mas nós somos guiados pela Bíblia e nela que encontramos a orientação de como deve ser a nossa adoração. Se a negligenciarmos deixaremos o caminho trassado pelo Senhor e passamos a andar por atalhos que nos afastarão cada vez mais da sua presença. Como nos fala o autor de Hebreus:

“Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas. Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram” (Hb 2.1-3).

Em segundo lugar, quando levantamos os nossos próprios altares criamos as nossas próprias regras, nossas próprias leis espirituais e nossos próprios sacerdotes (1Rs 12.31).

A lei dada por meio de Moisés foi clara. Os sacerdotes de Israel seriam levitas. Jeroboão não respeitou esta limitação e ordenou pessoas de outras tribos como sacerdotes. Quem tivesse dinheiro para fazer os sacrifícios que o rei pediu poderia ser sacerdote (2Cr 13.9).

“Não lançastes fora os sacerdotes do SENHOR, os filhos de Arão e os levitas, e não fizestes para vós outros sacerdotes, como as gentes das outras terras? Qualquer que vem a consagrar-se com um novilho e sete carneiros logo se faz sacerdote daqueles que não são deuses”.

Quando Deus dá qualificações para posições de serviço no reino dEle, devemos respeitar todas as condições por Ele impostas. Apesar de tais orientações na Palavra, quantos homens hoje continuam agindo como pastores, mesmo não tendo todas as qualificações que Deus exige deles? Quem tiver dinheiro para pagar mensalidades de algum curso de teologia se torna pastor, ignorando e desrespeitando as qualificações bíblicas (1 Timóteo 3.1-7 e Tito 1.5-9).

Pastores e “profetas” autodesignados criam a própria teologia e a passam adiante, como se fosse a verdade. Não se interessam nem um pouco no que as Escrituras têm a dizer; antes, colocam as suas “palavras fictícias” no lugar da Palavra imutável e inspirada por Deus, levando muita gente crédula a ser condenada (2Pe 2.1-3):

“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita”.

Esses falsos líderes abandonaram as Escrituras e inventaram seus próprios manuais de regras e condutas.

E a impressão que temos é que quanto mais longe das Escrituras mais o povo gosta. Quanto mais longe da verdade mais as pessoas se interessam. Só há um detalhe que essas pessoas não sabem: “A Verdade liberta”.

A Verdade traz o entendimento que nos leva a compreender a mensagem da cruz e, através desse entendimento, alcançamos a salvação de nossas almas.

Em terceiro lugar, quando levantamos nossos próprios altares fazemos o que bem entendemos, pois não temos a quem prestar contas (1Rs 13.1).

Jeroboão criou uma religião que lhe permitia ser rei e sacerdote, ou seja, ele fazia o que bem entendesse.

Jeremias e Ezequiel foram sacerdotes que foram chamados para serem profetas, mas a lei mosaica não permitia que reis servissem como sacerdotes. No livro de  2Cr 26.16-23, nos diz que o rei Uzias quis oferecer incenso sobre o altar e por causa desta transgressão ele ficou leproso.

Hoje temos vivido um cristianismo do “tudo pode”, “não tem nada a ver”, “qual o problema?”. Temos visto por aí um evangelho sem compromisso com Deus, um evangelho sem cruz, um evangelho sem Deus. Entenda uma coisa: “Só houve Pentecostes porque houve cruz. Sem cruz não há Pentecostes”.

Leia o que o Senhor nos diz em Lucas 14.25-33:

“Grandes multidões o acompanhavam, e ele, voltando-se, lhes disse: Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo. Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz. Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo”.

W. Tozer escreveu:

A cruz é a coisa mais revolucionária que já apareceu entre os homens. A cruz dos tempos romanos não sabia o que era fazer acordos; nunca fez concessões. Ela vencia todas as suas discussões matando seu oponente e silenciando-o para sempre. Não poupou a Cristo, mas assassinou-o violentamente como fez aos demais. Ele estava vivo quando o penduraram naquela cruz e completamente morto quando o retiraram dali, seis horas depois. […] Com perfeito conhecimento de tudo isso, Cristo disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me”. Então, a cruz não somente trouxe um fim à vida de Cristo, mas também à primeira vida, a vida velha, de cada um de seus verdadeiros seguidores. A cruz destrói o padrão antigo, o padrão de Adão, na vida do crente e o traz a um fim. Então, Deus que ressuscitou Cristo dentre os mortos ressuscita o crente, e uma nova vida começa.

Isso, e nada menos, é o verdadeiro cristianismo.

Devemos fazer algo em relação à cruz. E só podemos fazer um de duas coisas – fugir da cruz ou morrer nela.

Em quarto lugar, quando levantamos os nossos próprios altares e oferecemos nele os nossos próprios sacrifícios o Senhor não se dirige mais a nós (1Rs 13.2).

O profeta não se dirige a Jeroboão, mas ao altar onde ele está sacrificando, pois o coração desse ímpio rei estava cheio de si e ocupado com seus próprios planos e não tinha tempo de ouvir Deus.

Observe que sua mão secou quando ameaçou o profeta e depois foi restaurada. Ele vivenciou o milagre, mas não se voltou para Deus. O coração de Jeroboão estava completamente fechado para Deus.

O altar de Jeroboão era uma profanação ao altar do templo em Jerusalém. No altar desse rei o que era oferecido não era aceito por Deus, era feito para engrandecimento e fortalecimento do reinado e não para Deus. Não era um lugar de quebrantamento pelo pecado, mas um lugar de engrandecimento de si mesmo.

Há muitos altares em nossas igrejas hoje parecidos com o altar de Jeroboão. Vivemos um tempo secularizado em que os altares das igrejas se parecem mais com palcos de shows do que lugar de adoração. Devido a esta preocupação, precisamos entender qual é o propósito do altar que temos em nossos templos.

Por isso eu pergunto: “O que é um altar?”

1- O Altar é um LUGAR: Malaquias 1.17 “Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A mesa do SENHOR é desprezível”.

O profeta Malaquias questiona porque o povo profanava o altar oferecendo pão imundo, ou seja, entregando ofertas indesejáveis ao Senhor e desprezando o lugar santo. Isso ainda acontece quando as pessoas fazem do altar um lugar comum onde se apresentam não a Deus, mas a um público.

O altar é um local, contudo deve ser um lugar santificado e “ungirás também o altar do holocausto e todos os seus utensílios e consagrarás o altar; e o altar se tornará santíssimo” (Êxodo 40.10). Não podemos usar um lugar consagrado a Deus para dar glória aos homens (João 5.41). No Antigo Testamento, para subir ao altar era preciso reverência com vestes apropriadas “nem subirás por degrau ao meu altar, para que a tua nudez não seja ali exposta” (Êxodo 20.26). Hoje estamos no tempo da Graça e dispensação do Espírito Santo, mas não podemos deixar de respeitar o lugar de adoração.

2- O Altar é uma POSIÇÃO: Malaquias 1.10 “Tomara houvesse entre vós quem feche as portas, para que não acendêsseis, debalde, o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oferta”.

Malaquias também lamenta que estavam oferecendo fogo em vão no altar do Senhor e deseja que as portas fossem fechadas para que isso não acontecesse mais. Afirma que o Senhor Deus não tem alegria em receber sacrifícios falsos e não aceita um culto religioso apenas sem sentido espiritual.

O altar, além de ser um lugar de adoração é uma posição, ou seja, uma postura que precisa ser tomada pelo adorador. Para estar no lugar de adoração é preciso ser um adorador.

Estar diante do Altar da igreja exige muito respeito e temor porque “o nosso Deus é fogo consumidor” (Hebreus 12.29) e “tudo, porém, seja feito com decência e ordem” (I Coríntios 14.40). Embora hoje estejamos no tempo da graça e temos alegria e liberdade pelo Espírito Santo, não podemos negligenciar a seriedade do altar do Senhor.

3- O altar é a VIDA: Malaquias 2.13 “Ainda fazeis isto: cobris o altar do SENHOR de lágrimas, de choro e de gemidos, de sorte que ele já não olha para a oferta, nem a aceita com prazer da vossa mão”.

Malaquias repreende o povo porque ofereciam ofertas no altar e não tinham prazer ao entregar seu sacrifício. A tristeza do povo não era de arrependimento dos seus pecados.

O Altar é a vida de cada cristão porque “o corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós” (I Coríntios 6.19). Então a pessoa que confessa a Jesus deve viver uma vida diante do Altar do Senhor em seu coração.

Spurgeon aconselhava seus alunos no seminário a nunca se descuidarem da prática da oração como parte integrante na vida do Ministro da Palavra. Declarou que o pregador precisa se distinguir acima de todas as demais pessoas como um homem de oração. “Ele ora como um cristão comum, ou de outra forma seria um hipócrita. Ora mais que os cristãos comuns ou de outra forma estaria desqualificado para o cargo que assumiu”.

CONCLUSÃO

Essa realidade espiritual que ocorreu na vida de Jeroboão é uma triste realidade que temos visto em nossos dias. Temos que estar atentos para não cairmos no erro de Jeroboão, que duvidou da Palavra de Deus e se enredou por outro caminho, criando o seu próprio sistema de culto, sua própria religião.

Cada crente deve ter consciência de viver no Altar do Senhor, colocando-se em oração constante diante de Deus (I Tessalonicenses 5.17) sabendo que Jesus morreu pelos seus pecados e que o Espírito Santo intercede por nós.

Nossas vidas devem ser oferecidas a Deus “como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus que o vosso culto racional” (Romanos 12.1) ao negar-se a si mesmo e tomar sua cruz como Jesus ordenou (Lucas 9.23).  Em Apocalipse o altar é o lugar onde repousam as almas dos mártires (Apocalipse 6.9) que se sacrificaram por amor a Deus.

O altar da adoração é o coração do adorador.

Pense Nisso!

O MAL E O PERIGO DE OFENSAS

” Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!” (Mt 18.7)

É muito evidente que nosso Senhor Jesus Cristo põe um peso muito grande sobre esta matéria relativa a ofensas, ele as representa como uma espada de dois gumes:

1) “Ai do mundo por causa dos escândalos!” – O mundo que se escandaliza sem motivo, com Cristo e com o evangelho, e com o bom testemunho dos seus servos, e que por esta rejeição permanece debaixo de condenação.

2) “Ai daquele por quem vem o escândalo!” – Aqueles que provocam escândalos, por carregarem o nome de Cristo, e que por não terem um procedimento condizente com a fé que professam ter, servem de motivo de tropeço para muitos que não vêm a Cristo ou que dele se afastam, por pensarem que ele tenha algo a ver com o comportamento desses insubordinados.

John Owen assim se expressou quanto a isto:
“Assim, nosso Senhor apresenta essas duas coisas juntamente.
É necessário que haja ofensas; Deus as designou, e deve ser assim.
Devemos portanto considerar para nós mesmos o tempo em que podemos estar certos que os escândalos serão abundantes, para que sejamos cautelosos quanto a isto.
Primeiro, é um tempo de perseguição. As ofensas serão abundantes em tempos de perseguição.

Em segundo lugar, um tempo de grandes pecados é um momento de grandes escândalos, tanto contra um testemunho exemplar do evangelho, quanto em relação ao oposto disto.
Isto, o Espírito Santo diz expressamente, que “nos últimos dias haverá tempos difíceis.” Todos os perigos surgem de ofensas. E por quê? As concupiscências dos homens serão abundantes. Quando há uma abundância de concupiscências (cobiças), haverá uma abundância de delitos, que fazem com que os tempos sejam perigosos.

Em terceiro lugar, quando há uma decadência das igrejas, quando crescem frias, é a hora dos escândalos abundarem: “por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” Este é um tempo em que as ofensas abundarão; como todas as igrejas de Cristo parecem estar neste dia. Todas as virgens, sábias e tolas, estão dormindo. É o que eu lhes disse muitas vezes, e eu gostaria de poder dizer que eu lhes disse com choro, que estamos sob um decaimento lamentável, – caindo de nossa primeira fé, amor e obras.

Agora, se todos estes tempos devem vir sobre nós – um tempo de perseguição, como ocorre agora em todo o mundo, diz o apóstolo: “Amados, não estranheis a ardente prova… certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo”, um tempo de abundância de grandes pecados nos homens; e um tempo de grandes decaimentos em todas as igrejas, – se é assim conosco, com certeza é muito bom para nós atentarmos para a advertência de nosso Salvador: “Acautelai-vos dos escândalos”.

Deus designou Cristo para ser a maior ofensa no mundo, Isaías 8.14. Ele foi designado para ser uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo, – uma ofensa insuperável. A pobreza de Cristo no mundo e sua cruz seriam rocha de escândalo, na qual os judeus e os gentios tropeçaram e caíram, e se arruinaram por toda a eternidade.”
Jesus nunca ofendeu a ninguém mas foi tomado indevidamente por muitos como sendo uma ofensa, um escândalo.

E assim também seus discípulos têm da parte de Deus apenas esta única concessão de serem motivo de escândalo para alguns do mundo, por causa do bom testemunho que eles dão, na sua identificação com o Seu Salvador e Senhor.
Agora, devemos ter cuidado quanto a todas as demais formas de escândalos (ofensas) que são causadas, especialmente contra as consciências de irmãos ainda fracos na fé. Mesmo que estas ofensas sejam causadas por uma má aplicação da verdade.
“Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões.” Rom 14.1.
“Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus. Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus. Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão.” (Rom 14.10-13)

O apóstolo falou do tribunal de Deus para o julgamento de todos os escândalos e ofensas que tivermos feito, especialmente aqueles que servem de tropeço a pessoas que ofendemos com o nosso procedimento e que por conta disto ficaram impedidas de virem a Cristo ou de se firmarem na fé, pelo que viram ou receberam de nós e que não condiz com a nossa condição de servos de Deus.

“E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo.” (I Cor 8.13)
Se daremos contas do escândalo produzido quando estamos empenhados em defender o que nos parece verdadeiro e justo, o que se dirá então do escândalo produzido por um mau procedimento, seja ele intencional ou não?
“não dando nós nenhum motivo de escândalo em coisa alguma, para que o ministério não seja censurado.” (2 Cor 6.3)
“Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a igreja de Deus,” (I Cor 10.13)

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

TRAPOS IMUNDOS NUNCA MAIS

Versículo do dia: Todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia. (Isaías 64.6)

É verdade que qualquer transgressão da lei de Deus ofende a sua perfeita santidade e nos torna passíveis de condenação, já que Deus não pode olhar com favor para qualquer pecado (Habacuque 1.13; Tiago 2.10-11).

Porém, o que levava uma pessoa à ruína no Antigo Testamento (e é o mesmo conosco hoje) não era o fracasso em ter a justiça da perfeição sem pecado. O que os levou à ruína foi a falta de confiança nas promessas misericordiosas de Deus, especialmente a esperança de que um dia ele providenciaria um redentor que seria uma perfeita justiça para o seu povo (“SENHOR, Justiça Nossa” – Jeremias 23.6; 33.16). Os santos sabiam que era assim que seriam salvos, que essa fé era a chave da obediência e que a obediência era a prova dessa fé.

É terrivelmente confuso quando as pessoas dizem que a única justiça que tem algum valor é a justiça imputada de Cristo. Obviamente, a justificação não se baseia em nenhuma justiça nossa, mas apenas na justiça de Cristo imputada a nós. Mas, às vezes, as pessoas são descuidadas e falam depreciativamente de toda justiça humana, como se não houvesse uma justiça humana que agradasse a Deus.

Eles muitas vezes citam Isaías 64.6, que diz que a nossa justiça é como trapos imundos, ou “trapo da imundícia”. “Todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia”.

Mas, no contexto, Isaías 64.6 não significa que toda justiça realizada pelo povo de Deus é inaceitável para Deus. Isaías está se referindo a pessoas cuja justiça é, de fato, hipócrita. Não é mais justiça. Porém, no versículo anterior, Isaías diz que Deus satisfatoriamente sai ao encontro “daquele que com alegria pratica justiça” (versículo 5).

É verdade — gloriosamente verdadeiro — que ninguém do povo de Deus, nem antes nem depois da cruz, seria aceito por um Deus imaculadamente santo se a perfeita justiça de Cristo não fosse imputada a nós (Romanos 5.19; 1 Coríntios 1.30; 2 Coríntios 5.21). Mas isso não significa que Deus não produza nessas pessoas “justificadas” uma justiça experiencial que não é um “trapo da imundícia”.

De fato, ele o faz, e essa justiça é preciosa para Deus; e é, de fato, exigida — não como o fundamento de nossa justificação (que é a justiça de Cristo somente), mas como uma evidência de que somos verdadeiramente filhos de Deus justificados.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do Dia: “As suas faces são como um canteiro de bálsamo, como colinas de ervas aromáticas.” (Cântico dos Cânticos 5.13)

Este é o mês das flores! As chuvas de março e os ventos de abril realizaram a sua obra e a terra está toda adornada em beleza. Vem, alma minha, e ponha sua veste de feriado; saia a juntar flores de pensamentos celestiais. O “canteiro de bálsamo” é bastante conhecido para você, que tem frequentemente sentido o cheiro das “colinas de ervas aromáticas”. Dirija-se imediatamente ao seu Senhor e encontre nEle toda amabilidade e regozijo. Aquele rosto outrora fustigado com severidade pela vara, frequentemente molhado por lágrimas de simpatia e, depois, maculado por cuspe – aquele rosto, visto que agora sorri com misericórdia, é um aroma fragrante para o meu coração.

Ó Senhor Jesus, não escondeste o teu rosto da vergonha e do cuspe. Encontrarei no adorar-Te o mais estimado deleite. As tuas faces foram sulcadas pelo arado da aflição e enrubescidas pelo sangue de tuas têmporas coroadas de espinhos. Tais marcas de amor ilimitado encantam minha alma, mais do que “colunas perfumadas”. Se não me fosse possível ver a sua face inteira, olharia suas bochechas; mesmo que olhe para Ele rapidamente, meu espírito será revigorado e produzirá uma variedade de alegrias. Em Jesus, eu encontro não somente fragrância, encontro também um canteiro de bálsamo. Encontro não somente uma flor, mas todo tipo de flores aromáticas. Ele é a minha rosa, o meu lírio, o meu amor-perfeito, o meu ramalhete de cânfora. Quando Ele está comigo, todo o ano é maio em minha vida. Minha alma sai a lavar seu rosto feliz no orvalho da manhã da graça de Cristo e consolar-se com o gorjeio dos pássaros de suas promessas. Ó precioso Senhor Jesus, faze-me conhecer a bênção que se encontra na comunhão permanente e ininterrupta contigo. Eu sou um pobre indigno, cuja face Tu tens condescendido em beijar! Oh, deixa-me beijar-Te em retribuição.