Semeando o Evangelho

Semear a Verdade e o Amor de Deus
sexta-feira, 7 de julho de 2017
A IDOLATRIA NOSSA DE CADA DIA
Por Denis Monteiro
Introdução
Todos nós somos seres religiosos. Quando Calvino disse que na humanidade há “certo senso de divindade” foi para justificar de que o homem não está imune da existência de Deus. Ou seja, todos os seres humanos creem em algum tipo de divindade. Uns creem no Deus verdadeiro outros não, até mesmo os ateus creem em algo como um ser absoluto. Essa distorção da Divindade ocorre pelo fato de que toda a humanidade se encontra debaixo do pecado, e sendo assim, com a imagem de Deus manchada, o homem busca em diversas formas adorar algo, tendo esse senso de divindade em nós, e agora já libertos do pecado pela obra vicária de Cristo na cruz, podemos dizer que ainda somos idólatras?
Certa ocasião Lutero disse:
“As pessoas que confiam e se apoiam na sua grande habilidade, na sua inteligência, no seu poder, no seu trabalho, na sua misericórdia, nas suas amizades, na sua honra também tem deuses, mas tal deus não é o único Deus verdadeiro.” [1]
Alguns dizem que quando Lutero disse essa frase ele se dirigia aos protestantes, mostrando que a idolatria praticada por eles eram iguais a dos católicos romanos com suas imagens. Será que essa atitude condenada por Lutero não permeia a nossa vida diariamente?
Neste artigo faremos uma análise básica daquilo que a Bíblia chama de idolatria e veremos em cada detalhe apresentado, se somos ou não idólatras.
O que é a idolatria?
Para alguns de nós idolatria é alguém se prostrar diante de alguma imagem prestando culto, atitude que quebra os dois primeiros mandamentos. No entanto, idolatria conforme a Bíblia nos mostra, não se reduz ao fato de alguém adorar uma imagem, mas como diz Wright, idolatria é:
“A tentativa de limitar, reduzir e controlar a Deus, recusando sua autoridade, constrangendo ou manipulando seu poder de agir e querendo que ele esteja disponível para servir aos nossos interesses.” [2]
As nossas desobediências ativas aos mandamentos de Deus, aquilo que nos seduzem, confiamos, ou necessitamos e até mesmo algumas maneiras que tentamos alcançar o favor de Deus é idolatria, como mostra Waltke:
“Sempre que um crente adota um padrão de comportamento no qual desempenha certas atividades para alcançar o favor de Deus, e depois espera uma palavra divina por meio de algum sinal obscuro, creio que está nadando em águas perigosas. Cristãos que utilizam a Bíblia como um livro de magia, abrindo-a ao acaso e apontando um versículo com o dedo, chegam perigosamente perto da idolatria. Aqueles que usam ‘caixinhas de promessas’, com vários versículos escritos em cartões que são retirados ao acaso para atender uma certa necessidade do momento, comportam-se como os adoradores de terafins [ídolo].” [3]
Sendo assim, idolatria é tudo aquilo que toma o lugar de Deus. É aquilo que fazemos, mesmo crendo em Deus, como se nós fossemos o deus de nossa vida, nos portamos como um ser supremo fazendo do Deus Todo Poderoso algo manipulável a nossa vontade.
1) A origem da idolatria
Será que a origem da idolatria, ou melhor, o primeiro ato idólatra que a Bíblia relata é em Gn 11.27, 28 que, segundo Josué, era ali onde Abraão servia a outros deuses (cf. Js 24.2)? Não! Como nós vimos anteriormente, o fato de alguém ser um idólatra não quer dizer que, necessariamente, tenha que se prostrar diante de uma imagem, mas, simplesmente, desobedecer a Deus e obedecer alguma outra coisa. Portanto, na história bíblica o primeiro ato de idolatria – mesmo sem o texto mencionar – foi o ato de rebeldia de Adão e Eva.
Adão e Eva foram criados por Deus para refletirem à Sua imagem, e essa imagem deveria ser mostrada pela obediência a Deus de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, de guardar e cultivar o jardim e de ser uma família – esses três aspectos é o que chamamos de Mandato Espiritual, Mandato Cultural e Mandato Social – (Gn 2.15-25).
Após o relato da criação do primeiro casal, a Bíblia nos mostra que Adão não cumpriu com o que fora ordenado por Deus (Gn 2.16,17), mas passou de guardião da criação para escravo da criação e de servo de Deus para ser fiel ao Diabo.
Aquilo que o Diabo oferece ao casal – de ser igual a Deus – parecia ser uma proposta tentadora, pois, ser igual a Deus, na menor das hipóteses, é tomar as nossas próprias decisões baseadas em nós mesmos, como se fôssemos senhores de nós mesmos e foi isso que Adão fez, pois Deus dissera que se ele comesse do fruto ele morreria, já o Diabo disse que se ele comesse do fruto seria como Deus. A proposta do Diabo foi verdadeira, pois o próprio Deus confirma (Gn 3.22). No entanto, Satanás não disse toda a verdade mostrando que tal conhecimento que eles (Adão e Eva) teriam seria benéfico, mas fora afastando o primeiro casal (e posteriormente toda a criação) de Deus.
Mas será que tal explicação não é forçar demais o texto e dizer que Adão e Eva foram idólatras? Um texto que pode nos ajudar a entender a queda de Adão é Ezequiel 28, que relata o juízo de Deus sobre o Rei de Tiro, de forma poética (ou prosa):
“Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor DEUS: Porquanto o teu coração se elevou e disseste: Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares; e não passas de homem, e não és Deus, ainda que estimas o teu coração como se fora o coração de Deus (cf. Gn 3.5). Estiveste no Éden, jardim de Deus (cf. Gn 2.15); de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados (cf. Gn 2.10-12). Tu eras o querubim, ungido para cobrir (Gn 2.15), e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti (cf. Gn 3.6). Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus (cf. Gn 3.23), e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas (Ez 28.2,13-16 – itálico acrescentado) [4]
Sendo assim, o mesmo pecado que este rei cometera é o mesmo que Adão praticara: egolatria. O ego do ser humano é a causa da nossa desobediência a Deus e obediência a nós ou a outro, a qual, segundo as suas ofertas, se encaixa perfeitamente naquilo que nos satisfaz, pois se olharmos para Adão e este rei, Deus os colocara em lugar de destaque, mas eles não ficaram felizes com o que Deus dera, e tentaram ser igual a Deus, como mostra Beale:
“[Trocando a] sua fidelidade a Deus pela fidelidade a ele próprio e talvez também a Satanás.” [5]
Pois, o ego ou orgulho, como mostra Agostinho:
“É o começo de todo pecado.”
E também, Pondé, quando diz:
“Fora os ídolos esculpidos, qual é o erro da idolatria? É adorar sua própria capacidade, esquecendo que somos seres insuficientes.” [6]
Essa ideia de “seres insuficientes” pode ser visto em Sartre, segundo o Profº Franklin Leopoldo [7], de que a liberdade pregada por Sartre faz do homem um deus constituindo um drama, pois tal autonomia deixa o homem entre aquilo que ele já foi e aquilo que ele deseja ser e ainda não, e neste meio termo resta uma coisa a ser analisada, que somos um “nada”.
Portanto, quando agimos de maneira autônoma estamos mostrando a nossa ingratidão a Deus e ao mesmo tempo sendo infiel a Ele. Não obstante, a nossa autonomia é contraditória, pois faz com que nos apeguemos a algo sendo dependente dela para ser autônomo.
2) Idolatria no Antigo Testamento
“Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.” (Êx 20.3-5)
Todas as vezes que falamos de idolatria os dois primeiros mandamentos são os mais lembrados por nós quando tratamos do assunto. Esses mandamentos, resumidamente, significam que todo ato de adoração, pertencida a Deus, dada a alguma imagem ou outra coisa é idolatria. E foi justamente isso que os israelitas fizeram:
“Fizeram um bezerro em Horebe e adoraram a imagem fundida. E converteram a sua glória na figura de um boi que come erva. Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que fizera grandezas no Egito.” (Sl 106.19-21)
A segunda passagem em evidência é quando nos lembramos do tema do Salmo 115.4-8:
“Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não vêem. Têm ouvidos, mas não ouvem; narizes têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam; pés têm, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta. A eles se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que neles confiam.”
Este Salmo, assim como o Salmo 135-15-18, mostra que os ídolos são mudos, cegos e surdos e todo aquele que os adora se torna semelhante a eles.
E este é um ponto importante para prestarmos atenção, pois como parte do juízo de Deus sobre o idólatra, Deus faz que idólatras se tornem semelhantes aos seus ídolos (cf. Sl 115.8). E essa condenação foi justamente a que Deus anunciara ao profeta Isaias sobre uma nação idólatra (cf. Is 1.29-31; 2.8,18,19):
“Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis. Engorda o coração deste povo, e faze-lhe pesados os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os seus olhos, e não ouça com os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração, nem se converta e seja sarado.” (Is 6.9,10 – itálicos acrescentados).
Portanto, a idolatria mostra que tal pessoa está morta espiritualmente, pois, não ouvem e nem enxergam. Logo, se adorarmos algo que não seja Deus, Ele nos entrega às mesmas condições que esses ídolos como forma de juízo. Em contraste aos ídolos mudos que nada são, o Deus Soberano possui vida porque Ele é o doador da vida:
“Aquele que fez o ouvido não ouvirá? E o que formou o olho, não verá? Aquele que argui os gentios não castigará? E o que ensina ao homem o conhecimento, não saberá? O Senhor conhece os pensamentos do homem, que são vaidade.” (Sl 94.9-11).
3) A idolatria no Novo Testamento
Até aqui vimos alguns pontos do que a Bíblia, no Antigo Testamento, ensina sobre idolatria. Será que o tema idolatria se relaciona com o Novo Testamento e com a comunidade da Nova Aliança? Pois, se nós, nos dias de hoje, olharmos para algumas sociedades a idolatria ainda permeia a cultura delas.
As pessoas que confiam em horóscopos se assemelham muito ao pecado de Israel cometido contra Deus (2Rs 21.3-6). Será que os judeus da época de Jesus, por exemplo, não eram idólatras como os seus antepassados? Sim, eles eram idólatras, mas a sua idolatria manifestavam de maneira diferente, como veremos adiante.
3.1. A tradição
“E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e eu os cure.” (Mt 13.10-15)
Perceba que o juízo que Jesus pronuncia sobre o povo de sua época é o mesmo do profeta Isaías. Sendo assim, sobre que idolatria Jesus condenara? O Evangelista Marcos responde:
“E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, Mas o seu coração está longe de mim; Em vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição.” (7.6-9 – itálicos acrescentados).
Quando Jesus cita Isaías 29, sabia que o mandato profético de Isaías 6 se cumprira em Isaías 29.9-14 e 63.17,[8] assim podemos entender o que o profeta Isaías tinha predito sobre sua nação que prefiguravam aquilo que ocorreria no Novo Testamento. Sendo assim, podemos ver que o pecado de idolatria cometido pelos judeus da época de Jesus era invalidar a Palavra de Deus em nome de suas tradições, ou daquilo que chamamos de “boa intenção”. No entanto, a “boa intenção” da tradição, quando nos leva a desobedecer a Deus é pecado. Veja, por exemplo, o caso do Rei Saul que recebera a ordem de Deus para destruir todos os amalequitas e seus animais (1Sm 15.3,8). Não obstante, Saul poupou “tudo o que era bom” (1Sm 15.9) para “oferecer ao Senhor” (v.19). A “boa intenção” de Saul não agradou a Deus, pois Deus o respondera: “Não cumpriu as minhas palavras” (v.11), que é a mesma coisa de invalidar “o mandamento de Deus” (Mc 7.9). Mas alguém poderia dizer: “sacrificar animais não era mandamento de Deus?”. Sim. No entanto, a ordem de Deus era eliminar tudo e Saul não obedecera e, ainda mais, criou para si um estilo próprio e regra de adoração não obedecendo a Deus.
Portanto, invalidar ou desobedecer a Palavra de Deus é pecado de idolatria, assim como Saul o fez (cf. 1Sm 15.23) os judeus da época de Jesus também o fizeram.
3.2. A glória dos homens
Outra passagem a qual também cita Isaías 6 é João 12.37-43:
“E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele; Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Por isso não podiam crer, então Isaías disse outra vez: Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure. Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele. Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga. Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus.”
A passagem acima faz duas referências a Isaías. Uma (Is 53.1) para indicar o cumprimento de que Israel não creria no servo, e a menção de Isaías 6 indica o cumprimento de juízo sobre aqueles que não creram. E, sendo assim, a preferência pela glória dos homens do que à glória de Deus é uma prova de idolatria. Pois, eles rejeitaram o Filho de Deus e Seus sinais, se assemelhando mais aos homens do que a Deus, preferindo a glória dos homens à glória de Deus.
J.C. Ryle comenta:
“O temor dos homens os impede de abandonar seu caminho. Têm receio de serem zombados, escarnecidos e desprezados pelo mundo. Odeiam perder a boa reputação da sociedade e o julgamento favorável de homens e mulheres semelhantes a eles.” [9]
4) Como identificar os nossos ídolos?
Será que possuímos ídolos que precisam ser identificados ou nenhuma das explicações anteriores se encaixa no nosso dia a dia? Às vezes nós temos a tendência de que detalhes não são importantes, pois são “meros detalhes”, e sempre nos atentamos para coisas maiores. Mas não é assim! Toda e qualquer forma de idolatria parte do coração humano, como nós podemos ver desde o primeiro pecado que a Bíblia relata. E assim, quando olhamos para o Novo Testamento estranhamos que não haja nenhuma menção direta ao tipo de idolatria como praticada no Antigo Testamento. Não obstante, a forma que o Novo Testamento trabalha com a idolatria é mais profunda, o qual pode ser caracterizada também por palavras: desejo, concupiscência ou cobiça. E assim, nos mostra que toda idolatria praticada na Antiga Aliança, provera de um coração idólatra.
Por isso que Jesus mostra que a quebra dos mandamentos, como por exemplo, o sétimo, vem de um coração cobiçoso (Mt 5.28). E aí nós podemos entender o que Calvino quis dizer: o coração do homem é um fábrica de ídolos. Portanto, podemos pontuar algumas coisas que, provavelmente, são formadas em nossos corações os quais nos afastam de Deus e não prestamos à atenção.
Como mostra David Powlison:
“Os ídolos do coração conduzem-nos a abandonar a Deus de muitas maneiras. Manifestam-se e expressam-se em qualquer lugar, nos mínimos detalhes na vida interior e exterior.” [10]
4.1 As coisas que nos seduzem
Quem de nós não deseja ser reconhecido por aquilo que faz? E na verdade o problema não está em ser reconhecido por aquilo que faz, mas como alcançamos este reconhecimento e qual o motivo que nos leva a ser reconhecido.
No ramo do trabalho algumas pessoas, mesmo sem saber, estão aderindo aoWorkaholic, que é uma pessoa viciada em trabalho, que faz isso não só para aumentar a sua renda, mas para alcançar um cargo maior do que ela possui. Além de ser um vício – e bem sabemos que todos os vícios são prejudiciais não só para a própria saúde, como para aqueles que estão ao nosso redor, e uma pessoa assim, para subir de posição, não mede esforços para fazer qualquer coisa para ser reconhecido, sendo possível até mesmo pisar em alguém, se esquecendo de que devemos amar uns aos outros.
Esse tipo de comportamento não se aplica somente ao trabalho, mas em qualquer área em que a pessoa seja seduzida ou tentada a obter, sendo levada pela ganância em busca de poder, glória e majestade.
Até mesmo os discípulos de Jesus discutiram sobre quem estaria à direita e a esquerda na glória de Cristo, no entanto, a resposta de Cristo foi enfática:
“Jesus os chamou e disse: Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.42-45).
Poder, glória e majestade pertencem a Deus (Sl 96.6). Nós fomos chamados para cumprir aquilo que Ele nos ordenou e que devemos fazer para a glória d’Ele e nunca para a nossa glória. E o primeiro passo que alguém deve dar, ao querer alcançar uma posição maior do que possui, é ser servo de todos. Portanto, que não venhamos ser seduzidos pelo poder que não pertence a nós, mas que aquilo que nos fora dado, seja feito de modo que glorifique a Deus.
4.2 As coisas que confiamos
Toda criança, quando pequena, entende que o seu pai é o melhor, é o seu Super-Herói e isso faz a criança ter confiança quando está perto do seu pai. Quando essa criança vai crescendo, o pai vai ficando velho, dificilmente ela terá o pai como referência de confiança diante de alguma situação que possa a constranger. Sendo assim, ela passa a confiar em outra coisa, mas nunca desprezando o seu pai, e boa parte daquilo que o pai fala já não é tão verdade como antes, e isso vai se estendendo por muitos anos. Nós sempre colocamos confiança em algo temporal e, até mesmo, em algo mais fraco do que nós ou corrupto.
Alguns colocam a sua confiança no dinheiro, em seus aparelhos tecnológicos de última geração ou em si mesmo. No entanto, de uns tempos pra cá, uma antiga idolatria está se reerguendo aos poucos em nosso país: Estado Messiânico ou culto ao Estado.
Joseph Ratzinger, diz:
“Quando a política pretende ser redentora, promete demais. Quando pretende fazer a obra de Deus, não se torna divina, mas demoníaca”. [11]
Se hoje você digitar em algum site de pesquisa a palavra esquerda, direita, liberalismoe/ou comunismo acharemos vários periódicos, vídeos, livros e sites que defendam suas posições. Resumidamente, por definição, podemos dizer que a Esquerda põe o seu foco na comunidade e que a direita e/ ou liberalismo é focado no indivíduo.[12] A primeira ideologia, de longa data, coloca o Estado como totalitário sendo aquele que decide o que terá e o que vai ser de várias áreas de nossa vida pública e até privada; escola, criação de filhos, religião, trabalho e etc. A segunda, entende que o indivíduo é livre para escolher e agir dentro dessas áreas; isto é, sem a intervenção do Estado, mas sendo a função do Estado de proteger e garantir a propriedade privada e a liberdade.
No entanto, qual o problema da idolatria quando se envolve a política? Primeiro, todo sistema político é formado por homens e mulheres pecadores. Segundo, se é formado por pecadores, logo, possuem falhas. E, terceiro, teorias políticas não são Deus e o Estado não é messiânico. Se nós colocarmos a nossa esperança, com um fim supremo, num seguimento político, nós estaremos trocando a glória de Deus pela glória do Estado ou da ideologia, crendo que quem poderá nos libertar deste mal que nos cerca é alguma coisa que não é o Deus verdadeiro:
“Nenhum rei se salva pelo tamanho do seu exército; nenhum guerreiro escapa por sua grande força. O cavalo é vã esperança de vitória; apesar da sua grande força, é incapaz de salvar.” (Sl 33.16.17)
Mas aqueles que confiam no Senhor, mesmo em meio a questões que nos cercam, sabe que Deus é o nosso auxilio supremo:
“Nossa esperança está no Senhor; ele é o nosso auxílio e a nossa proteção. Nele se alegra o nosso coração, pois confiamos no seu santo nome. Esteja sobre nós o teu amor, Senhor, como está em ti a nossa esperança.” (Sl 33.20-22)
4.3 As coisas que necessitamos
“O que você faz para ser feliz?” é um trecho do refrão e título da música de Clarice Falcão. A música não dá uma resposta definitiva, mas mostra que a felicidade pode estar voando num balão, dentro de você ou até mesmo debaixo do nariz.
Desde a queda a humanidade vem buscando meios para ser feliz. Alguns vão à procura de sexo, outros de amor, outros usam drogas, enfim, meios terreais e passageiros para tentar buscar sentido para a vida ou a sua felicidade.
Isto não quer dizer que ninguém deva ser feliz, mas que a felicidade, por se tornar um ídolo, quando os meios para buscá-la, ou ela própria não fazem parte da vontade de Deus, ou seja, quando a nossa felicidade não se encontra em Deus, mas em outra coisa que nos faz mais feliz do que Deus, isso é idolatria.
No entanto, quais são os meios que buscamos felicidade?
Além do dinheiro, um dos mais cogitados e cantados atualmente é o “amor”. Se pesquisarmos a palavra “amor” como forma de música acharemos o tema em quase todos os ritmos. Não obstante, esse amor que é tão procurado, é em forma de uma paixão não correspondida, ou em busca de sexo, ou segundo o movimento LGBT, love wins (o amor vence). Uma “legalização” de algo pecaminoso sendo propagado como algo natural. Todas essas formas da busca desenfreada pela felicidade baseada num amor, ou melhor, para ter “sucesso no amor”, é uma forma de idolatria confundindo o amor com Deus. [13]
Outras coisas que necessitamos, além do amor, é o comer, beber e vestir, os quais envolvem dinheiro. E é verdade, nós como criaturas necessitamos dessas coisas para viver. Mas a grande questão que nós não paramos para pensar é como buscamos essas coisas necessárias e o que essa busca desenfreada pela sobrevivência pode causar. Jesus, certa vez, advertiu os discípulos sobre a forma como eles buscavam essas coisas:
“Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Não andeis, pois, ansiosos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas.” (Mt 6.25,31,32)
Creio que muitos de nós nunca paramos para pensar, mas ansiedade é pecado de idolatria. Quando nos desesperamos, nós buscamos meios não convencionais para conseguirmos aquilo que, aqui neste mundo, são de extrema necessidade. É por isso que Jesus, em Mateus 6.19-32, nos mostra o que a ansiedade pode causar.
a) Não confiança na eternidade celestial (Mateus 6.19-24)
A Bíblia não condena a propriedade privada, ou seja, ter bens materiais. O grande problema é o apego do nosso coração a este bem (v21). E o que isso pode gerar? Esquecimento da promessa celestial (v19); tornando-nos cobiçosos (ou para um linguajar mais regional: olho gordo) (v22,23) e Idólatras (v24).
b) Falta de confiança na providência de Deus (Mateus 6.25-34)
Como consequência lógica, aquele que não crê na eternidade celestial dificilmente crerá na providência Divina, e seus valores serão invertidos (v.25) entendendo que os bens que estão em nossas vidas sejam mais importantes que a própria vida.
E por que ansiedade é um pecado de idolatria? Quando o nosso coração se apega fortemente naquilo que não é o Deus verdadeiro, em alguma coisa esse coração se apega. E essa entrega total do coração nos leva a trocar Deus por algo, e como diz a passagem bíblica “não podemos servir a dois senhores”, pois um sentirá ciúme do outro. Portanto, nós devemos amar a Deus sobre todas as coisas, acumular bens no céu e buscar em primeiro lugar o Reino de Deus, pois “o pão nosso de cada dia dai-nos hoje”, e como nos mostra esses textos:
“Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós (1Pedro 5.7); o meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus.” (Filipenses 4.19 – itálicos acrescentados).
5) Conclusão
Vimos que idolatria não é, somente, nos prostrar diante de uma imagem, mas trocar a glória de Deus por algo, mesmo que isso venha dEle. E o que nós devemos fazer? João nos dá a resposta:
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém.” (1João 5.21)
Simples, perceberam? É só se guardar dos ídolos. Mas como eu faço isso? Parece que o apóstolo está advertindo sobre a idolatria dos templos pagãos daquela época com suas festas religiosas, as quais Paulo enfrentou (1Co 8:10) e que, mais tarde, João ao escrever Apocalipse, enfrentou em algumas igrejas na Ásia, como Pérgamo (Ap 2.14) e Tiatira (Ap 2.20). Não obstante, todo ato idólatra acontece por não conhecer o Deus verdadeiro, e é justamente isso que João diz:
“E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” (1 João 5.20).
Um exemplo que nós podemos dar de quando alguém não conhece ao Senhor é o caso de Juízes 2.10 o qual nos diz que a geração que não conheceu ao Senhor e nem aos Seus feitos adorou outros deuses. Por isso que João, em toda sua primeira carta, o vemos mostrando quem é o verdadeiro Cristo, o verdadeiro Deus e como devemos agir. Se não compreendermos realmente quem é Cristo e o nosso dever por causa de Sua obra em nossa vida, nós nos apegaremos aos ídolos e se entregaremos a eles colocando toda a nossa confiança.
No entanto, se entendermos que Cristo é o nosso advogado diante de Deus (1 Jo 2.1,2), santo (3.1-6), amor (4.8), o Espirito Santo (5.7) e Jesus (5.20), nós nos guardaremos dos ídolos confiando em Deus e em Sua Palavra. Amém.
Introdução
Todos nós somos seres religiosos. Quando Calvino disse que na humanidade há “certo senso de divindade” foi para justificar de que o homem não está imune da existência de Deus. Ou seja, todos os seres humanos creem em algum tipo de divindade. Uns creem no Deus verdadeiro outros não, até mesmo os ateus creem em algo como um ser absoluto. Essa distorção da Divindade ocorre pelo fato de que toda a humanidade se encontra debaixo do pecado, e sendo assim, com a imagem de Deus manchada, o homem busca em diversas formas adorar algo, tendo esse senso de divindade em nós, e agora já libertos do pecado pela obra vicária de Cristo na cruz, podemos dizer que ainda somos idólatras?
Certa ocasião Lutero disse:
“As pessoas que confiam e se apoiam na sua grande habilidade, na sua inteligência, no seu poder, no seu trabalho, na sua misericórdia, nas suas amizades, na sua honra também tem deuses, mas tal deus não é o único Deus verdadeiro.” [1]
Alguns dizem que quando Lutero disse essa frase ele se dirigia aos protestantes, mostrando que a idolatria praticada por eles eram iguais a dos católicos romanos com suas imagens. Será que essa atitude condenada por Lutero não permeia a nossa vida diariamente?
Neste artigo faremos uma análise básica daquilo que a Bíblia chama de idolatria e veremos em cada detalhe apresentado, se somos ou não idólatras.
O que é a idolatria?
Para alguns de nós idolatria é alguém se prostrar diante de alguma imagem prestando culto, atitude que quebra os dois primeiros mandamentos. No entanto, idolatria conforme a Bíblia nos mostra, não se reduz ao fato de alguém adorar uma imagem, mas como diz Wright, idolatria é:
“A tentativa de limitar, reduzir e controlar a Deus, recusando sua autoridade, constrangendo ou manipulando seu poder de agir e querendo que ele esteja disponível para servir aos nossos interesses.” [2]
As nossas desobediências ativas aos mandamentos de Deus, aquilo que nos seduzem, confiamos, ou necessitamos e até mesmo algumas maneiras que tentamos alcançar o favor de Deus é idolatria, como mostra Waltke:
“Sempre que um crente adota um padrão de comportamento no qual desempenha certas atividades para alcançar o favor de Deus, e depois espera uma palavra divina por meio de algum sinal obscuro, creio que está nadando em águas perigosas. Cristãos que utilizam a Bíblia como um livro de magia, abrindo-a ao acaso e apontando um versículo com o dedo, chegam perigosamente perto da idolatria. Aqueles que usam ‘caixinhas de promessas’, com vários versículos escritos em cartões que são retirados ao acaso para atender uma certa necessidade do momento, comportam-se como os adoradores de terafins [ídolo].” [3]
Sendo assim, idolatria é tudo aquilo que toma o lugar de Deus. É aquilo que fazemos, mesmo crendo em Deus, como se nós fossemos o deus de nossa vida, nos portamos como um ser supremo fazendo do Deus Todo Poderoso algo manipulável a nossa vontade.
1) A origem da idolatria
Será que a origem da idolatria, ou melhor, o primeiro ato idólatra que a Bíblia relata é em Gn 11.27, 28 que, segundo Josué, era ali onde Abraão servia a outros deuses (cf. Js 24.2)? Não! Como nós vimos anteriormente, o fato de alguém ser um idólatra não quer dizer que, necessariamente, tenha que se prostrar diante de uma imagem, mas, simplesmente, desobedecer a Deus e obedecer alguma outra coisa. Portanto, na história bíblica o primeiro ato de idolatria – mesmo sem o texto mencionar – foi o ato de rebeldia de Adão e Eva.
Adão e Eva foram criados por Deus para refletirem à Sua imagem, e essa imagem deveria ser mostrada pela obediência a Deus de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, de guardar e cultivar o jardim e de ser uma família – esses três aspectos é o que chamamos de Mandato Espiritual, Mandato Cultural e Mandato Social – (Gn 2.15-25).
Após o relato da criação do primeiro casal, a Bíblia nos mostra que Adão não cumpriu com o que fora ordenado por Deus (Gn 2.16,17), mas passou de guardião da criação para escravo da criação e de servo de Deus para ser fiel ao Diabo.
Aquilo que o Diabo oferece ao casal – de ser igual a Deus – parecia ser uma proposta tentadora, pois, ser igual a Deus, na menor das hipóteses, é tomar as nossas próprias decisões baseadas em nós mesmos, como se fôssemos senhores de nós mesmos e foi isso que Adão fez, pois Deus dissera que se ele comesse do fruto ele morreria, já o Diabo disse que se ele comesse do fruto seria como Deus. A proposta do Diabo foi verdadeira, pois o próprio Deus confirma (Gn 3.22). No entanto, Satanás não disse toda a verdade mostrando que tal conhecimento que eles (Adão e Eva) teriam seria benéfico, mas fora afastando o primeiro casal (e posteriormente toda a criação) de Deus.
Mas será que tal explicação não é forçar demais o texto e dizer que Adão e Eva foram idólatras? Um texto que pode nos ajudar a entender a queda de Adão é Ezequiel 28, que relata o juízo de Deus sobre o Rei de Tiro, de forma poética (ou prosa):
“Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor DEUS: Porquanto o teu coração se elevou e disseste: Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares; e não passas de homem, e não és Deus, ainda que estimas o teu coração como se fora o coração de Deus (cf. Gn 3.5). Estiveste no Éden, jardim de Deus (cf. Gn 2.15); de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados (cf. Gn 2.10-12). Tu eras o querubim, ungido para cobrir (Gn 2.15), e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti (cf. Gn 3.6). Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus (cf. Gn 3.23), e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas (Ez 28.2,13-16 – itálico acrescentado) [4]
Sendo assim, o mesmo pecado que este rei cometera é o mesmo que Adão praticara: egolatria. O ego do ser humano é a causa da nossa desobediência a Deus e obediência a nós ou a outro, a qual, segundo as suas ofertas, se encaixa perfeitamente naquilo que nos satisfaz, pois se olharmos para Adão e este rei, Deus os colocara em lugar de destaque, mas eles não ficaram felizes com o que Deus dera, e tentaram ser igual a Deus, como mostra Beale:
“[Trocando a] sua fidelidade a Deus pela fidelidade a ele próprio e talvez também a Satanás.” [5]
Pois, o ego ou orgulho, como mostra Agostinho:
“É o começo de todo pecado.”
E também, Pondé, quando diz:
“Fora os ídolos esculpidos, qual é o erro da idolatria? É adorar sua própria capacidade, esquecendo que somos seres insuficientes.” [6]
Essa ideia de “seres insuficientes” pode ser visto em Sartre, segundo o Profº Franklin Leopoldo [7], de que a liberdade pregada por Sartre faz do homem um deus constituindo um drama, pois tal autonomia deixa o homem entre aquilo que ele já foi e aquilo que ele deseja ser e ainda não, e neste meio termo resta uma coisa a ser analisada, que somos um “nada”.
Portanto, quando agimos de maneira autônoma estamos mostrando a nossa ingratidão a Deus e ao mesmo tempo sendo infiel a Ele. Não obstante, a nossa autonomia é contraditória, pois faz com que nos apeguemos a algo sendo dependente dela para ser autônomo.
2) Idolatria no Antigo Testamento
“Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.” (Êx 20.3-5)
Todas as vezes que falamos de idolatria os dois primeiros mandamentos são os mais lembrados por nós quando tratamos do assunto. Esses mandamentos, resumidamente, significam que todo ato de adoração, pertencida a Deus, dada a alguma imagem ou outra coisa é idolatria. E foi justamente isso que os israelitas fizeram:
“Fizeram um bezerro em Horebe e adoraram a imagem fundida. E converteram a sua glória na figura de um boi que come erva. Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que fizera grandezas no Egito.” (Sl 106.19-21)
A segunda passagem em evidência é quando nos lembramos do tema do Salmo 115.4-8:
“Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não vêem. Têm ouvidos, mas não ouvem; narizes têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam; pés têm, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta. A eles se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que neles confiam.”
Este Salmo, assim como o Salmo 135-15-18, mostra que os ídolos são mudos, cegos e surdos e todo aquele que os adora se torna semelhante a eles.
E este é um ponto importante para prestarmos atenção, pois como parte do juízo de Deus sobre o idólatra, Deus faz que idólatras se tornem semelhantes aos seus ídolos (cf. Sl 115.8). E essa condenação foi justamente a que Deus anunciara ao profeta Isaias sobre uma nação idólatra (cf. Is 1.29-31; 2.8,18,19):
“Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis. Engorda o coração deste povo, e faze-lhe pesados os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os seus olhos, e não ouça com os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração, nem se converta e seja sarado.” (Is 6.9,10 – itálicos acrescentados).
Portanto, a idolatria mostra que tal pessoa está morta espiritualmente, pois, não ouvem e nem enxergam. Logo, se adorarmos algo que não seja Deus, Ele nos entrega às mesmas condições que esses ídolos como forma de juízo. Em contraste aos ídolos mudos que nada são, o Deus Soberano possui vida porque Ele é o doador da vida:
“Aquele que fez o ouvido não ouvirá? E o que formou o olho, não verá? Aquele que argui os gentios não castigará? E o que ensina ao homem o conhecimento, não saberá? O Senhor conhece os pensamentos do homem, que são vaidade.” (Sl 94.9-11).
3) A idolatria no Novo Testamento
Até aqui vimos alguns pontos do que a Bíblia, no Antigo Testamento, ensina sobre idolatria. Será que o tema idolatria se relaciona com o Novo Testamento e com a comunidade da Nova Aliança? Pois, se nós, nos dias de hoje, olharmos para algumas sociedades a idolatria ainda permeia a cultura delas.
As pessoas que confiam em horóscopos se assemelham muito ao pecado de Israel cometido contra Deus (2Rs 21.3-6). Será que os judeus da época de Jesus, por exemplo, não eram idólatras como os seus antepassados? Sim, eles eram idólatras, mas a sua idolatria manifestavam de maneira diferente, como veremos adiante.
3.1. A tradição
“E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e eu os cure.” (Mt 13.10-15)
Perceba que o juízo que Jesus pronuncia sobre o povo de sua época é o mesmo do profeta Isaías. Sendo assim, sobre que idolatria Jesus condenara? O Evangelista Marcos responde:
“E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, Mas o seu coração está longe de mim; Em vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição.” (7.6-9 – itálicos acrescentados).
Quando Jesus cita Isaías 29, sabia que o mandato profético de Isaías 6 se cumprira em Isaías 29.9-14 e 63.17,[8] assim podemos entender o que o profeta Isaías tinha predito sobre sua nação que prefiguravam aquilo que ocorreria no Novo Testamento. Sendo assim, podemos ver que o pecado de idolatria cometido pelos judeus da época de Jesus era invalidar a Palavra de Deus em nome de suas tradições, ou daquilo que chamamos de “boa intenção”. No entanto, a “boa intenção” da tradição, quando nos leva a desobedecer a Deus é pecado. Veja, por exemplo, o caso do Rei Saul que recebera a ordem de Deus para destruir todos os amalequitas e seus animais (1Sm 15.3,8). Não obstante, Saul poupou “tudo o que era bom” (1Sm 15.9) para “oferecer ao Senhor” (v.19). A “boa intenção” de Saul não agradou a Deus, pois Deus o respondera: “Não cumpriu as minhas palavras” (v.11), que é a mesma coisa de invalidar “o mandamento de Deus” (Mc 7.9). Mas alguém poderia dizer: “sacrificar animais não era mandamento de Deus?”. Sim. No entanto, a ordem de Deus era eliminar tudo e Saul não obedecera e, ainda mais, criou para si um estilo próprio e regra de adoração não obedecendo a Deus.
Portanto, invalidar ou desobedecer a Palavra de Deus é pecado de idolatria, assim como Saul o fez (cf. 1Sm 15.23) os judeus da época de Jesus também o fizeram.
3.2. A glória dos homens
Outra passagem a qual também cita Isaías 6 é João 12.37-43:
“E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele; Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Por isso não podiam crer, então Isaías disse outra vez: Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure. Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele. Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga. Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus.”
A passagem acima faz duas referências a Isaías. Uma (Is 53.1) para indicar o cumprimento de que Israel não creria no servo, e a menção de Isaías 6 indica o cumprimento de juízo sobre aqueles que não creram. E, sendo assim, a preferência pela glória dos homens do que à glória de Deus é uma prova de idolatria. Pois, eles rejeitaram o Filho de Deus e Seus sinais, se assemelhando mais aos homens do que a Deus, preferindo a glória dos homens à glória de Deus.
J.C. Ryle comenta:
“O temor dos homens os impede de abandonar seu caminho. Têm receio de serem zombados, escarnecidos e desprezados pelo mundo. Odeiam perder a boa reputação da sociedade e o julgamento favorável de homens e mulheres semelhantes a eles.” [9]
4) Como identificar os nossos ídolos?
Será que possuímos ídolos que precisam ser identificados ou nenhuma das explicações anteriores se encaixa no nosso dia a dia? Às vezes nós temos a tendência de que detalhes não são importantes, pois são “meros detalhes”, e sempre nos atentamos para coisas maiores. Mas não é assim! Toda e qualquer forma de idolatria parte do coração humano, como nós podemos ver desde o primeiro pecado que a Bíblia relata. E assim, quando olhamos para o Novo Testamento estranhamos que não haja nenhuma menção direta ao tipo de idolatria como praticada no Antigo Testamento. Não obstante, a forma que o Novo Testamento trabalha com a idolatria é mais profunda, o qual pode ser caracterizada também por palavras: desejo, concupiscência ou cobiça. E assim, nos mostra que toda idolatria praticada na Antiga Aliança, provera de um coração idólatra.
Por isso que Jesus mostra que a quebra dos mandamentos, como por exemplo, o sétimo, vem de um coração cobiçoso (Mt 5.28). E aí nós podemos entender o que Calvino quis dizer: o coração do homem é um fábrica de ídolos. Portanto, podemos pontuar algumas coisas que, provavelmente, são formadas em nossos corações os quais nos afastam de Deus e não prestamos à atenção.
Como mostra David Powlison:
“Os ídolos do coração conduzem-nos a abandonar a Deus de muitas maneiras. Manifestam-se e expressam-se em qualquer lugar, nos mínimos detalhes na vida interior e exterior.” [10]
4.1 As coisas que nos seduzem
Quem de nós não deseja ser reconhecido por aquilo que faz? E na verdade o problema não está em ser reconhecido por aquilo que faz, mas como alcançamos este reconhecimento e qual o motivo que nos leva a ser reconhecido.
No ramo do trabalho algumas pessoas, mesmo sem saber, estão aderindo aoWorkaholic, que é uma pessoa viciada em trabalho, que faz isso não só para aumentar a sua renda, mas para alcançar um cargo maior do que ela possui. Além de ser um vício – e bem sabemos que todos os vícios são prejudiciais não só para a própria saúde, como para aqueles que estão ao nosso redor, e uma pessoa assim, para subir de posição, não mede esforços para fazer qualquer coisa para ser reconhecido, sendo possível até mesmo pisar em alguém, se esquecendo de que devemos amar uns aos outros.
Esse tipo de comportamento não se aplica somente ao trabalho, mas em qualquer área em que a pessoa seja seduzida ou tentada a obter, sendo levada pela ganância em busca de poder, glória e majestade.
Até mesmo os discípulos de Jesus discutiram sobre quem estaria à direita e a esquerda na glória de Cristo, no entanto, a resposta de Cristo foi enfática:
“Jesus os chamou e disse: Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.42-45).
Poder, glória e majestade pertencem a Deus (Sl 96.6). Nós fomos chamados para cumprir aquilo que Ele nos ordenou e que devemos fazer para a glória d’Ele e nunca para a nossa glória. E o primeiro passo que alguém deve dar, ao querer alcançar uma posição maior do que possui, é ser servo de todos. Portanto, que não venhamos ser seduzidos pelo poder que não pertence a nós, mas que aquilo que nos fora dado, seja feito de modo que glorifique a Deus.
4.2 As coisas que confiamos
Toda criança, quando pequena, entende que o seu pai é o melhor, é o seu Super-Herói e isso faz a criança ter confiança quando está perto do seu pai. Quando essa criança vai crescendo, o pai vai ficando velho, dificilmente ela terá o pai como referência de confiança diante de alguma situação que possa a constranger. Sendo assim, ela passa a confiar em outra coisa, mas nunca desprezando o seu pai, e boa parte daquilo que o pai fala já não é tão verdade como antes, e isso vai se estendendo por muitos anos. Nós sempre colocamos confiança em algo temporal e, até mesmo, em algo mais fraco do que nós ou corrupto.
Alguns colocam a sua confiança no dinheiro, em seus aparelhos tecnológicos de última geração ou em si mesmo. No entanto, de uns tempos pra cá, uma antiga idolatria está se reerguendo aos poucos em nosso país: Estado Messiânico ou culto ao Estado.
Joseph Ratzinger, diz:
“Quando a política pretende ser redentora, promete demais. Quando pretende fazer a obra de Deus, não se torna divina, mas demoníaca”. [11]
Se hoje você digitar em algum site de pesquisa a palavra esquerda, direita, liberalismoe/ou comunismo acharemos vários periódicos, vídeos, livros e sites que defendam suas posições. Resumidamente, por definição, podemos dizer que a Esquerda põe o seu foco na comunidade e que a direita e/ ou liberalismo é focado no indivíduo.[12] A primeira ideologia, de longa data, coloca o Estado como totalitário sendo aquele que decide o que terá e o que vai ser de várias áreas de nossa vida pública e até privada; escola, criação de filhos, religião, trabalho e etc. A segunda, entende que o indivíduo é livre para escolher e agir dentro dessas áreas; isto é, sem a intervenção do Estado, mas sendo a função do Estado de proteger e garantir a propriedade privada e a liberdade.
No entanto, qual o problema da idolatria quando se envolve a política? Primeiro, todo sistema político é formado por homens e mulheres pecadores. Segundo, se é formado por pecadores, logo, possuem falhas. E, terceiro, teorias políticas não são Deus e o Estado não é messiânico. Se nós colocarmos a nossa esperança, com um fim supremo, num seguimento político, nós estaremos trocando a glória de Deus pela glória do Estado ou da ideologia, crendo que quem poderá nos libertar deste mal que nos cerca é alguma coisa que não é o Deus verdadeiro:
“Nenhum rei se salva pelo tamanho do seu exército; nenhum guerreiro escapa por sua grande força. O cavalo é vã esperança de vitória; apesar da sua grande força, é incapaz de salvar.” (Sl 33.16.17)
Mas aqueles que confiam no Senhor, mesmo em meio a questões que nos cercam, sabe que Deus é o nosso auxilio supremo:
“Nossa esperança está no Senhor; ele é o nosso auxílio e a nossa proteção. Nele se alegra o nosso coração, pois confiamos no seu santo nome. Esteja sobre nós o teu amor, Senhor, como está em ti a nossa esperança.” (Sl 33.20-22)
4.3 As coisas que necessitamos
“O que você faz para ser feliz?” é um trecho do refrão e título da música de Clarice Falcão. A música não dá uma resposta definitiva, mas mostra que a felicidade pode estar voando num balão, dentro de você ou até mesmo debaixo do nariz.
Desde a queda a humanidade vem buscando meios para ser feliz. Alguns vão à procura de sexo, outros de amor, outros usam drogas, enfim, meios terreais e passageiros para tentar buscar sentido para a vida ou a sua felicidade.
Isto não quer dizer que ninguém deva ser feliz, mas que a felicidade, por se tornar um ídolo, quando os meios para buscá-la, ou ela própria não fazem parte da vontade de Deus, ou seja, quando a nossa felicidade não se encontra em Deus, mas em outra coisa que nos faz mais feliz do que Deus, isso é idolatria.
No entanto, quais são os meios que buscamos felicidade?
Além do dinheiro, um dos mais cogitados e cantados atualmente é o “amor”. Se pesquisarmos a palavra “amor” como forma de música acharemos o tema em quase todos os ritmos. Não obstante, esse amor que é tão procurado, é em forma de uma paixão não correspondida, ou em busca de sexo, ou segundo o movimento LGBT, love wins (o amor vence). Uma “legalização” de algo pecaminoso sendo propagado como algo natural. Todas essas formas da busca desenfreada pela felicidade baseada num amor, ou melhor, para ter “sucesso no amor”, é uma forma de idolatria confundindo o amor com Deus. [13]
Outras coisas que necessitamos, além do amor, é o comer, beber e vestir, os quais envolvem dinheiro. E é verdade, nós como criaturas necessitamos dessas coisas para viver. Mas a grande questão que nós não paramos para pensar é como buscamos essas coisas necessárias e o que essa busca desenfreada pela sobrevivência pode causar. Jesus, certa vez, advertiu os discípulos sobre a forma como eles buscavam essas coisas:
“Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Não andeis, pois, ansiosos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas.” (Mt 6.25,31,32)
Creio que muitos de nós nunca paramos para pensar, mas ansiedade é pecado de idolatria. Quando nos desesperamos, nós buscamos meios não convencionais para conseguirmos aquilo que, aqui neste mundo, são de extrema necessidade. É por isso que Jesus, em Mateus 6.19-32, nos mostra o que a ansiedade pode causar.
a) Não confiança na eternidade celestial (Mateus 6.19-24)
A Bíblia não condena a propriedade privada, ou seja, ter bens materiais. O grande problema é o apego do nosso coração a este bem (v21). E o que isso pode gerar? Esquecimento da promessa celestial (v19); tornando-nos cobiçosos (ou para um linguajar mais regional: olho gordo) (v22,23) e Idólatras (v24).
b) Falta de confiança na providência de Deus (Mateus 6.25-34)
Como consequência lógica, aquele que não crê na eternidade celestial dificilmente crerá na providência Divina, e seus valores serão invertidos (v.25) entendendo que os bens que estão em nossas vidas sejam mais importantes que a própria vida.
E por que ansiedade é um pecado de idolatria? Quando o nosso coração se apega fortemente naquilo que não é o Deus verdadeiro, em alguma coisa esse coração se apega. E essa entrega total do coração nos leva a trocar Deus por algo, e como diz a passagem bíblica “não podemos servir a dois senhores”, pois um sentirá ciúme do outro. Portanto, nós devemos amar a Deus sobre todas as coisas, acumular bens no céu e buscar em primeiro lugar o Reino de Deus, pois “o pão nosso de cada dia dai-nos hoje”, e como nos mostra esses textos:
“Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós (1Pedro 5.7); o meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus.” (Filipenses 4.19 – itálicos acrescentados).
5) Conclusão
Vimos que idolatria não é, somente, nos prostrar diante de uma imagem, mas trocar a glória de Deus por algo, mesmo que isso venha dEle. E o que nós devemos fazer? João nos dá a resposta:
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém.” (1João 5.21)
Simples, perceberam? É só se guardar dos ídolos. Mas como eu faço isso? Parece que o apóstolo está advertindo sobre a idolatria dos templos pagãos daquela época com suas festas religiosas, as quais Paulo enfrentou (1Co 8:10) e que, mais tarde, João ao escrever Apocalipse, enfrentou em algumas igrejas na Ásia, como Pérgamo (Ap 2.14) e Tiatira (Ap 2.20). Não obstante, todo ato idólatra acontece por não conhecer o Deus verdadeiro, e é justamente isso que João diz:
“E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” (1 João 5.20).
Um exemplo que nós podemos dar de quando alguém não conhece ao Senhor é o caso de Juízes 2.10 o qual nos diz que a geração que não conheceu ao Senhor e nem aos Seus feitos adorou outros deuses. Por isso que João, em toda sua primeira carta, o vemos mostrando quem é o verdadeiro Cristo, o verdadeiro Deus e como devemos agir. Se não compreendermos realmente quem é Cristo e o nosso dever por causa de Sua obra em nossa vida, nós nos apegaremos aos ídolos e se entregaremos a eles colocando toda a nossa confiança.
No entanto, se entendermos que Cristo é o nosso advogado diante de Deus (1 Jo 2.1,2), santo (3.1-6), amor (4.8), o Espirito Santo (5.7) e Jesus (5.20), nós nos guardaremos dos ídolos confiando em Deus e em Sua Palavra. Amém.
O AMOR DE DEUS NO CORAÇÃO
“Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.” (Rom 5.5)
“Ora, a esperança não confunde”. Ou seja, ela tem a nossa salvação como um fato garantido. Isto mostra claramente que a aflição é usada pelo Senhor para nos provar, de modo que a nossa salvação possa, através da provação, progredir gradualmente. Portanto, aquelas misérias, que a seu próprio modo são os suportes de nossa felicidade, não podem nos transformar em miseráveis. E assim a tese de Paulo fica provada, ou seja: que os piedosos contam com bases sólidas para se gloriar em meio às suas aflições (Rom 5.3).
“Porque o amor de Deus é derramado em nossos corações”. Não se refere isto só à última frase, mas ao todo dos dois versículos precedentes. Somos estimulados à paciência pela instrumentalidade da tribulação, e a paciência é para nós a prova do auxílio divino. Este fato robustece um tanto mais a nossa esperança; pois, por mais que sejamos acossados, e pareçamos desgastados, não cessamos de sentir a generosidade divina para conosco. Esta é a mais rica consolação, e muito mais abundante do que quando tudo parecia que ia bem conosco. Uma vez que o que se nos afigura como felicidade não passa de miséria, quando Deus se revela descontente conosco, assim também, quando ele se mostra favoravelmente disposto para conosco, nossas próprias calamidades indubitavelmente nos resultarão em prosperidade e alegria.
Todas as coisas devem servir à vontade do Criador, porque, segundo o seu paternal favor para conosco (conforme Paulo o reiterará no capítulo 8 de Romanos), ele direciona todas as provações oriundas da cruz para nossa salvação. Este conhecimento do amor divino para conosco é insuflado em nossos corações pelo Espírito de Deus, pois as boas coisas que Deus preparou para aqueles que o amam estão ocultas dos ouvidos, dos olhos e das mentes dos homens, e tão-somente o Espírito é quem pode revelá-las. O particípio “derramado” é bastante enfático, e significa que a revelação do amor divino para conosco é tão copiosa que enche os nossos corações. Sendo assim derramado, e permeando cada parte de nós, não só mitiga nosso sofrimento na adversidade, mas também age como um agradável meio para transmitir graça às nossas tribulações.
Ele diz mais que o Espírito é outorgado ou seja, ele nos é concedido pela generosidade divina, cuja motivação não se acha em nós, e nem nos foi conferida com base em nossos méritos, conforme a feliz observação de Agostinho. Contudo, o mesmo Agostinho equivocou-se em sua interpretação do amor de Deus. Eis sua explicação: visto que suportamos as adversidades com persistência, então somos confirmados em nossa esperança; e visto que fomos regenerados pelo Espírito Santo, então amamos a Deus. Este pode ser um sentimento piedoso, mas não justifica a intenção de Paulo. O amor não pode ser considerado aqui em sentido ativo, mas passivo. É certo também que o que Paulo nos ensina aqui consiste em que a genuína fonte de todo o amor está na convicção que os crentes têm do amor divino por eles. Esta não é uma leve persuasão a imprimir-lhes certos matizes à vida, senão que suas mentes são completamente permeadas por ela.
“Ora, a esperança não confunde”. Ou seja, ela tem a nossa salvação como um fato garantido. Isto mostra claramente que a aflição é usada pelo Senhor para nos provar, de modo que a nossa salvação possa, através da provação, progredir gradualmente. Portanto, aquelas misérias, que a seu próprio modo são os suportes de nossa felicidade, não podem nos transformar em miseráveis. E assim a tese de Paulo fica provada, ou seja: que os piedosos contam com bases sólidas para se gloriar em meio às suas aflições (Rom 5.3).
“Porque o amor de Deus é derramado em nossos corações”. Não se refere isto só à última frase, mas ao todo dos dois versículos precedentes. Somos estimulados à paciência pela instrumentalidade da tribulação, e a paciência é para nós a prova do auxílio divino. Este fato robustece um tanto mais a nossa esperança; pois, por mais que sejamos acossados, e pareçamos desgastados, não cessamos de sentir a generosidade divina para conosco. Esta é a mais rica consolação, e muito mais abundante do que quando tudo parecia que ia bem conosco. Uma vez que o que se nos afigura como felicidade não passa de miséria, quando Deus se revela descontente conosco, assim também, quando ele se mostra favoravelmente disposto para conosco, nossas próprias calamidades indubitavelmente nos resultarão em prosperidade e alegria.
Todas as coisas devem servir à vontade do Criador, porque, segundo o seu paternal favor para conosco (conforme Paulo o reiterará no capítulo 8 de Romanos), ele direciona todas as provações oriundas da cruz para nossa salvação. Este conhecimento do amor divino para conosco é insuflado em nossos corações pelo Espírito de Deus, pois as boas coisas que Deus preparou para aqueles que o amam estão ocultas dos ouvidos, dos olhos e das mentes dos homens, e tão-somente o Espírito é quem pode revelá-las. O particípio “derramado” é bastante enfático, e significa que a revelação do amor divino para conosco é tão copiosa que enche os nossos corações. Sendo assim derramado, e permeando cada parte de nós, não só mitiga nosso sofrimento na adversidade, mas também age como um agradável meio para transmitir graça às nossas tribulações.
Ele diz mais que o Espírito é outorgado ou seja, ele nos é concedido pela generosidade divina, cuja motivação não se acha em nós, e nem nos foi conferida com base em nossos méritos, conforme a feliz observação de Agostinho. Contudo, o mesmo Agostinho equivocou-se em sua interpretação do amor de Deus. Eis sua explicação: visto que suportamos as adversidades com persistência, então somos confirmados em nossa esperança; e visto que fomos regenerados pelo Espírito Santo, então amamos a Deus. Este pode ser um sentimento piedoso, mas não justifica a intenção de Paulo. O amor não pode ser considerado aqui em sentido ativo, mas passivo. É certo também que o que Paulo nos ensina aqui consiste em que a genuína fonte de todo o amor está na convicção que os crentes têm do amor divino por eles. Esta não é uma leve persuasão a imprimir-lhes certos matizes à vida, senão que suas mentes são completamente permeadas por ela.
Devocional Alegria Inabalável - John Piper
TÃO CERTO QUANTO SEU FILHO
Versículo do dia: Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? (Romanos 8.32)
Deus remove toda dor de poder destrutivo. Você deve crer nisso ou não crescerá, ou talvez até mesmo não sobreviverá como cristão em meio às pressões e tentações da vida moderna.
Há tanta dor, contratempos e desânimos, tantas controvérsias e pressões. Eu não sei para aonde iria se eu não cresse que o Deus Todo-Poderoso está cuidando de todo contratempo, desânimo, controvérsia, pressão e dor, removendo deles o seu poder destrutivo e fazendo com que cooperem para o aumento da minha alegria em Deus.
O mundo é nosso. A vida é nossa. A morte é nossa. Deus reina tão supremamente em favor dos seus eleitos que tudo com o que nos deparamos em uma vida de obediência e ministério será subjugado pela poderosa mão de Deus e feito servo da nossa santidade e da nossa eterna alegria em Deus.
Se Deus é por nós, e se Deus é Deus, então é verdade que nada será bem-sucedido contra nós. Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, infalível e livremente, nos dará com ele todas as coisas — tudo — o mundo, a vida, a morte e o próprio Deus.
Romanos 8.32 é um amigo precioso. A promessa da futura graça de Deus é irresistível. Porém, o mais importante é o fundamento. Aqui está um lugar para enfrentarmos todos os obstáculos. Deus não poupou o seu próprio Filho! Quanto mais, então, não poupará esforços para me dar tudo o que Cristo morreu para comprar: todas as coisas, todo bem?
Isso é tão certo quanto a certeza de que ele amava seu Filho!
Versículo do dia: Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? (Romanos 8.32)
Deus remove toda dor de poder destrutivo. Você deve crer nisso ou não crescerá, ou talvez até mesmo não sobreviverá como cristão em meio às pressões e tentações da vida moderna.
Há tanta dor, contratempos e desânimos, tantas controvérsias e pressões. Eu não sei para aonde iria se eu não cresse que o Deus Todo-Poderoso está cuidando de todo contratempo, desânimo, controvérsia, pressão e dor, removendo deles o seu poder destrutivo e fazendo com que cooperem para o aumento da minha alegria em Deus.
O mundo é nosso. A vida é nossa. A morte é nossa. Deus reina tão supremamente em favor dos seus eleitos que tudo com o que nos deparamos em uma vida de obediência e ministério será subjugado pela poderosa mão de Deus e feito servo da nossa santidade e da nossa eterna alegria em Deus.
Se Deus é por nós, e se Deus é Deus, então é verdade que nada será bem-sucedido contra nós. Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, infalível e livremente, nos dará com ele todas as coisas — tudo — o mundo, a vida, a morte e o próprio Deus.
Romanos 8.32 é um amigo precioso. A promessa da futura graça de Deus é irresistível. Porém, o mais importante é o fundamento. Aqui está um lugar para enfrentarmos todos os obstáculos. Deus não poupou o seu próprio Filho! Quanto mais, então, não poupará esforços para me dar tudo o que Cristo morreu para comprar: todas as coisas, todo bem?
Isso é tão certo quanto a certeza de que ele amava seu Filho!
Devocional Do Dia - Charles Spurgeon
Versículo do Dia: “Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu.” (Hebreus 5.8)
O Capitão de nossa salvação foi aperfeiçoado por meio do sofrimento. Portanto, nós que somos pecadores e imperfeitos não podemos nos admirar, se também formos chamados a enfrentar sofrimentos. O Cabeça será coroado com espinhos, e os outros membros do corpo serão embalados no agradável colo da tranquilidade? Cristo tem de passar pelo oceano de seu próprio sangue, a fim de ganhar a coroa, e nós caminharemos em direção ao céu calçados com sandálias de prata? Não, a experiência de nosso Senhor nos ensina que o sofrimento é necessário e o verdadeiramente nascido de novo, filho de Deus, não deve e não escaparia dele, caso pudesse. Entretanto, existe um pensamento reconfortante no fato de que Cristo foi “aperfeiçoado” pelas coisas que sofreu: Ele pode demonstrar completa simpatia para conosco. Cristo não é um sumo sacerdote que não se comove pelos sentimentos de nossa fraqueza (ver Hebreus 4.15). Nesta simpatia de Cristo, encontramos um poder sustentador. Um dos primeiros mártires disse: “Eu posso suportar tudo, pois Jesus sofreu, e agora, Ele sofre em mim. Ele simpatiza comigo, e isto me faz forte”.
Crente, aproprie-se deste pensamento em todos os momentos de aflição. Permita que esta verdade a respeito de Jesus o fortaleça, à medida que você segue os passos dele. Encontre um estímulo revigorante na simpatia de Jesus. Lembre-se de que o sofrimento é uma honra. Sofrer por causa de Cristo é uma glória. Os apóstolos se regozijaram por haverem sido considerados dignos de sofrerem por causa de Jesus. O Senhor nos dará graça para sofrermos por e com Cristo. As joias de um crente são as suas aflições. As insígnias dos reis que Deus ungiu são os problemas, as tristezas e as aflições deles. Portanto, não evitemos o ser honrados e exaltados. A dor nos exalta e os problemas nos elevam. “Se perseveramos, também com ele reinaremos” (2 Timóteo 2.12).
O Capitão de nossa salvação foi aperfeiçoado por meio do sofrimento. Portanto, nós que somos pecadores e imperfeitos não podemos nos admirar, se também formos chamados a enfrentar sofrimentos. O Cabeça será coroado com espinhos, e os outros membros do corpo serão embalados no agradável colo da tranquilidade? Cristo tem de passar pelo oceano de seu próprio sangue, a fim de ganhar a coroa, e nós caminharemos em direção ao céu calçados com sandálias de prata? Não, a experiência de nosso Senhor nos ensina que o sofrimento é necessário e o verdadeiramente nascido de novo, filho de Deus, não deve e não escaparia dele, caso pudesse. Entretanto, existe um pensamento reconfortante no fato de que Cristo foi “aperfeiçoado” pelas coisas que sofreu: Ele pode demonstrar completa simpatia para conosco. Cristo não é um sumo sacerdote que não se comove pelos sentimentos de nossa fraqueza (ver Hebreus 4.15). Nesta simpatia de Cristo, encontramos um poder sustentador. Um dos primeiros mártires disse: “Eu posso suportar tudo, pois Jesus sofreu, e agora, Ele sofre em mim. Ele simpatiza comigo, e isto me faz forte”.
Crente, aproprie-se deste pensamento em todos os momentos de aflição. Permita que esta verdade a respeito de Jesus o fortaleça, à medida que você segue os passos dele. Encontre um estímulo revigorante na simpatia de Jesus. Lembre-se de que o sofrimento é uma honra. Sofrer por causa de Cristo é uma glória. Os apóstolos se regozijaram por haverem sido considerados dignos de sofrerem por causa de Jesus. O Senhor nos dará graça para sofrermos por e com Cristo. As joias de um crente são as suas aflições. As insígnias dos reis que Deus ungiu são os problemas, as tristezas e as aflições deles. Portanto, não evitemos o ser honrados e exaltados. A dor nos exalta e os problemas nos elevam. “Se perseveramos, também com ele reinaremos” (2 Timóteo 2.12).
ESPERA EM DEUS
Por Antônio Pereira Jr.
Muitas vezes, nossa alma parece um ser incompreensível. Ora ela acorda cheia de animação e alegria; ora ela parece abatida, fraca e desanimada. Já se sentiu assim? Sentir-se abatido, hoje em dia, é quase um pecado. Vivemos um triunfalismo dentro das igrejas e as pessoas ficam quase que obrigadas a contar apenas bênçãos e vitórias. Alguém que se sente abatido e fraco logo é repreendido como alguém sem fé ou muito pecador.
No entanto, quando examinamos as Escrituras, verificamos que o abatimento da alma é mais do que natural. Muitos servos de Deus já se sentiram assim. Basta fazer uma leitura superficial na vida de Jó (Jó 3.11); Moisés (Números 11.15); Elias (1 Reis 19.1-18); Jonas (Jonas 4.3); Jeremias (Jeremias 20.1-18); Paulo (At 16.16-40; 2Co 1.3-11) entre tantos.
E se você conhecer um pouco da História da Igreja ficará impressionado com aquilo que os “grandes” homens de Deus passaram. Já leu sobre a vida de Martinho Lutero, John Bunyan, David Brainerd, John Wesley, Charles H. Spurgeon? Isso só para citar alguns. O que se percebe claramente é que todos eles eram seres humanos que não negavam seus sentimentos e fraquezas.
Muitos daqueles que vibram alegremente num culto de domingo, parecendo um ser impecável e superpoderoso, se abatem durante a semana na solidão do seu quarto. Ou quando surgem alguns problemas, logo aquela “espiritualidade” toda se esvai como areia entre os dedos. Não é verdade? Lembre-se que você não precisa esconder seus sentimentos nem tentar ser o que não é. Seres humanos normais passam por tristezas, abatimentos, solidão, angústias, ansiedades e depressões.
Dou graças a Deus por Jesus que não escondia seus sentimentos e angústias. Em sua humanidade, ele foi homem como qualquer um de nós. E não tinha vergonha ou medo de falar o que estava realmente sentindo: “Então, lhe disse: a minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo” (Mateus 26.38). Quem esconde seus sentimentos são os religiosos e fariseus. Aqueles que querem parecer diante dos outros o que não se é diante do Eterno: “…pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça. Ai de vós…” (Mateus 23.27-32).
O que fazer então quando nossa alma parece sem forças? Lembre-se do conselho do salmista: fale com sua alma (Salmo 42.5). Ele diz: “Por que estás assim tão abatida, ó minha alma? Por que te angustias dentro de mim?”. Vez por outra é preciso conversar consigo mesmo. Sua alma precisa ouvir de você alguns conselhos. Não sei o que sua alma precisa ouvir, talvez seja: “Toma juízo!”; ou “Tá na hora de deixar esse sentimento de comiseração”. O do salmista foi: “Espera… pois ainda o louvarei por seu livramento”.
Deposita tua esperança em Deus. Diga pra sua alma: “bola pra frente!”. Outras histórias serão contadas. Novas experiências e vitórias chegarão. Ou nas palavras do apóstolo Pedro: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pedro 5.7).
Muitas vezes, nossa alma parece um ser incompreensível. Ora ela acorda cheia de animação e alegria; ora ela parece abatida, fraca e desanimada. Já se sentiu assim? Sentir-se abatido, hoje em dia, é quase um pecado. Vivemos um triunfalismo dentro das igrejas e as pessoas ficam quase que obrigadas a contar apenas bênçãos e vitórias. Alguém que se sente abatido e fraco logo é repreendido como alguém sem fé ou muito pecador.
No entanto, quando examinamos as Escrituras, verificamos que o abatimento da alma é mais do que natural. Muitos servos de Deus já se sentiram assim. Basta fazer uma leitura superficial na vida de Jó (Jó 3.11); Moisés (Números 11.15); Elias (1 Reis 19.1-18); Jonas (Jonas 4.3); Jeremias (Jeremias 20.1-18); Paulo (At 16.16-40; 2Co 1.3-11) entre tantos.
E se você conhecer um pouco da História da Igreja ficará impressionado com aquilo que os “grandes” homens de Deus passaram. Já leu sobre a vida de Martinho Lutero, John Bunyan, David Brainerd, John Wesley, Charles H. Spurgeon? Isso só para citar alguns. O que se percebe claramente é que todos eles eram seres humanos que não negavam seus sentimentos e fraquezas.
Muitos daqueles que vibram alegremente num culto de domingo, parecendo um ser impecável e superpoderoso, se abatem durante a semana na solidão do seu quarto. Ou quando surgem alguns problemas, logo aquela “espiritualidade” toda se esvai como areia entre os dedos. Não é verdade? Lembre-se que você não precisa esconder seus sentimentos nem tentar ser o que não é. Seres humanos normais passam por tristezas, abatimentos, solidão, angústias, ansiedades e depressões.
Dou graças a Deus por Jesus que não escondia seus sentimentos e angústias. Em sua humanidade, ele foi homem como qualquer um de nós. E não tinha vergonha ou medo de falar o que estava realmente sentindo: “Então, lhe disse: a minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo” (Mateus 26.38). Quem esconde seus sentimentos são os religiosos e fariseus. Aqueles que querem parecer diante dos outros o que não se é diante do Eterno: “…pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça. Ai de vós…” (Mateus 23.27-32).
O que fazer então quando nossa alma parece sem forças? Lembre-se do conselho do salmista: fale com sua alma (Salmo 42.5). Ele diz: “Por que estás assim tão abatida, ó minha alma? Por que te angustias dentro de mim?”. Vez por outra é preciso conversar consigo mesmo. Sua alma precisa ouvir de você alguns conselhos. Não sei o que sua alma precisa ouvir, talvez seja: “Toma juízo!”; ou “Tá na hora de deixar esse sentimento de comiseração”. O do salmista foi: “Espera… pois ainda o louvarei por seu livramento”.
Deposita tua esperança em Deus. Diga pra sua alma: “bola pra frente!”. Outras histórias serão contadas. Novas experiências e vitórias chegarão. Ou nas palavras do apóstolo Pedro: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pedro 5.7).
A NORMA DA LEI FOI ESCRITA POR DEUS EM TODOS OS CORAÇÕES
“Rom 2:14 Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos.”
“Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei”. Paulo agora repete a prova da primeira parte da sentença, porquanto não se satisfaz em nos condenar por mera afirmação e em pronunciar o justo juízo divino sobre nós, senão que diligencia por convencer-nos dele por meio de argumentos, a fim de despertar-nos um grande desejo e amor por Cristo. Ele mostra que a ignorância é apresentada pelos gentios como fútil justificativa, visto que declaram, por seus próprios feitos, que possuem alguma norma de justiça.
Não existe nação tão oposta a tudo quanto é humano que não se mantenha dentro dos limites de algumas leis. Visto, pois, que todas as nações de dispõem a promulgar leis para si próprias, de seu próprio alvitre, e sem serem instruídas para agirem assim, é além de toda e qualquer dúvida que elas conservam certa noção de justiça e retidão, ao que os gregos se referem como prolhyeij, e que é implantado por natureza nos corações humanos. Eles, portanto, possuem uma lei, sem a Lei; porque, embora não possuam a lei escrita por Moisés, não são completamente destituídos de conhecimento da retidão e da justiça. De outra forma, não poderiam distinguir entre vício e virtude – restringem aquele com castigo, enquanto que a esta exaltam, mostrando-lhe sua aprovação e honrando-a com recompensas. Paulo contrasta a natureza com a lei escrita, significando que os gentios possuíam a luz natural da justiça, a qual supria o lugar da lei escrita, por meio da qual os judeus são instruídos, de modo a se tornarem lei para si próprios.
“Rom 2:15 Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se,”
“Nisto eles mostram a obra de lei escrita em seu coração”, ou seja: eles provam que há impressa em seus corações certa discriminação e juízo, por meio dos quais podem distinguir entre justiça e injustiça, honestidade e desonestidade. Paulo não diz que a obra da lei se acha esculpida em sua vontade, de modo a buscarem-na e perseguirem-na diligentemente, mas que se acham tão assenhoreados pelo poder da verdade, que não têm como desaprová-la. Não teriam instituído ritos religiosos, se não estivessem convencidos de que Deus deve ser adorado; nem se envergonhariam de adultério e de latrocínio, se os não considerassem como algo em extremo nocivo.
Não há qualquer base para deduzir-se desta passagem o poder da vontade, como se Paulo dissesse que a observância da lei é algo que se acha em nosso poder, visto que ele não está falando de nosso poder de cumprir a lei, e, sim, de nosso conhecimento dela. O termo corações não deve ser considerado como a sede das afeições, mas simplesmente como se referindo ao entendimento, como em Deuteronômio 29.4: “Porém, o Senhor não vos deu coração para entender”; e Lucas 24.25: “Ó néscios e tardos de coração para crer [=entender] tudo o que os profetas disseram!”
Não podemos concluir desta passagem que há no ser humano um pleno conhecimento da lei, mas tão-somente que há algumas sementes de justiça implantadas em sua natureza. Isto é evidenciado por fatos como estes, a saber: que todos os gentios, igualmente, instituem ritos religiosos, promulgam leis para a punição do adultério, do latrocínio e do homicídio, e louvam a boa fé nas transações e contratos comerciais. Assim, eles provam seu conhecimento de que Deus deve ser cultuado, que o adultério, o latrocínio e o homicídio são ações perversas, e que a honestidade deve ser valorizada. Não é o nosso propósito inquirir sobre que tipo de Deus eles o tomam, ou quantos deuses têm eles inventado. É suficiente saber que acreditam que há um Deus, e que honra e culto lhe são devidos. Pouco importa, também, que não permitam que se cobice a mulher do próximo, possessões, ou alguma coisa que tenham como sua, se toleram as faltas sem rancor e ódio, porque tudo aquilo que julgam como sendo ruim sabem também que não deve ser cultivado.
“Sua consciência e seus pensamentos, ora acusando-os, ora defendendo-os”. O testemunho de sua própria consciência, que é equivalente a mil testemunhas, era a mais forte pressão que poderá ter causado neles. Os homens são sustentados e confortados por sua consciência e boas ações, porém, interiormente, são molestados e atormentados quando sentem ter praticado o mal – daí, o aforismo pagão de que a boa consciência é um espaçoso teatro, e que a má consciência é um dos piores verdugos, e atormenta os perversos com a mais feroz de todas as fúrias. Há, pois, [no homem], um certo conhecimento da lei, o qual confirma que uma ação é boa e digna de ser seguida, enquanto que outra será evitada com horror.
Notemos como Paulo define a consciência de forma judiciosa. Adotamos, diz ele, certos argumentos com o fim de defender certo curso de ação que assumimos, enquanto que, por outro lado, há outros que nos acusam e nos convencem de nossos maus feitos. Ele se refere a estes argumentos de acusação e defesa no dia do Senhor, não só pelo fato de que somente então é que aparecerão, porquanto são constantemente ativos no cumprimento de sua função nesta vida, mas porque, então, também entrarão em vigor. O propósito do argumento de Paulo, aqui, é impedir que alguém menospreze tais argumentos como sendo de pouca importância ou permanente significação. Como já vimos, ele pôs no dia em vez de até ao dia.
“Rom 2:16 no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho.”
“No dia em que Deus julgará os segredos dos homens”. Esta descrição ampliada do juízo divino é mais apropriada para a presente passagem. Ele informa aos que intencionalmente se ocultam nos refúgios de sua insensibilidade moral, que as intenções mais íntimas, que presentemente se acham inteiramente escondidas no recôndito de seus corações, serão, estão, trazidas à plena luz. Assim, em outra passagem, Paulo procura mostrar aos coríntios de quão pouco mérito é o juízo humano que se deixa fascinar pelas aparências exteriores. Ele os conclama a que aguardem até à vinda do Senhor, “o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” [1 Co 4.5]. Ao ouvirmos isto, lembremo-nos daquela admoestação, a saber: se aspiramos a real aprovação por parte de nosso Juiz, empenhemo-nos por cultivar a sinceridade de coração.
Ele adiciona a expressão, segundo o meu evangelho, para provar que está oferecendo uma doutrina que corresponde aos juízos inatos do gênero humano, e a chama de meu evangelho em consideração ao seu ministério. Deus verdadeiro é unicamente aquele que possui a autoridade de dar o evangelho aos homens.
Os apóstolos só tinham a administração dele. Não carece que fiquemos surpresos de dizer-se ser o evangelho, em parte, tanto mensageiro como a proclamação do juízo futuro. Se o cumprimento de suas promessas são suspensos até à plena revelação do reino celestial, então tal fato precisa necessariamente ser relacionado com o juízo final. Além do mais, Cristo não pode ser proclamado sem demonstrar ser Ele, ao mesmo tempo, ressurreição para alguns e destruição para outros. Ambas estas – ressurreição e destruição – se referem ao dia do juízo. Aplico as palavras por meio de Jesus Cristo ao dia do juízo, ainda que haja outras explicações, significando que o Senhor executará Seu juízo por meio de Cristo, o qual foi designado pelo Pai para ser o Juiz tanto dos vivos como dos mortos. Este juízo por meio de Cristo é sempre posto pelos apóstolos entre os principais artigos do evangelho. Se porventura adotarmos esta interpretação, então a sentença, que de outra forma seria inadequada, ganhará em profundidade.
(Nota do Pr Silvio Dutra: Tomemos por assentado, que nesta dispensação da graça, que tem durado desde a morte e ressurreição de Jesus, que a nenhuma pessoa, e a nenhuma instituição tem sido dado por Deus, que em nome da religião, se faça acepção, ou injúria, maldição ou condenação de quem quer que seja, e muito menos que se use de violência seja ela moral ou física em nome de se defender a santidade e justiça de Deus. Ao contrário é ordenado aos que amam e conhecem a Deus em espírito, que amem a todos, inclusive a seus inimigos, e que perdoem e bendigam os que lhes amaldiçoam, injuriam ou perseguem.
Quando encontramos em comentários bíblicos o terrível destino que está reservado àqueles que se opuserem a Deus até o final de suas vidas, como vemos por exemplo não apenas nos comentários de Calvino, mas nos de todos aqueles que são fiéis à pregação e ensino da verdade revelada nas Escrituras, o que se tem em foco não é uma ameaça ou um aborrecimento declarado da parte de homens, senão um alerta misericordioso da parte do próprio Deus, que é quem o afirma, pela boca dos seus ministros o que há de suceder no dia do juízo final, de modo que pelo arrependimento, possam se converter e serem livrados da condenação.)
“Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei”. Paulo agora repete a prova da primeira parte da sentença, porquanto não se satisfaz em nos condenar por mera afirmação e em pronunciar o justo juízo divino sobre nós, senão que diligencia por convencer-nos dele por meio de argumentos, a fim de despertar-nos um grande desejo e amor por Cristo. Ele mostra que a ignorância é apresentada pelos gentios como fútil justificativa, visto que declaram, por seus próprios feitos, que possuem alguma norma de justiça.
Não existe nação tão oposta a tudo quanto é humano que não se mantenha dentro dos limites de algumas leis. Visto, pois, que todas as nações de dispõem a promulgar leis para si próprias, de seu próprio alvitre, e sem serem instruídas para agirem assim, é além de toda e qualquer dúvida que elas conservam certa noção de justiça e retidão, ao que os gregos se referem como prolhyeij, e que é implantado por natureza nos corações humanos. Eles, portanto, possuem uma lei, sem a Lei; porque, embora não possuam a lei escrita por Moisés, não são completamente destituídos de conhecimento da retidão e da justiça. De outra forma, não poderiam distinguir entre vício e virtude – restringem aquele com castigo, enquanto que a esta exaltam, mostrando-lhe sua aprovação e honrando-a com recompensas. Paulo contrasta a natureza com a lei escrita, significando que os gentios possuíam a luz natural da justiça, a qual supria o lugar da lei escrita, por meio da qual os judeus são instruídos, de modo a se tornarem lei para si próprios.
“Rom 2:15 Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se,”
“Nisto eles mostram a obra de lei escrita em seu coração”, ou seja: eles provam que há impressa em seus corações certa discriminação e juízo, por meio dos quais podem distinguir entre justiça e injustiça, honestidade e desonestidade. Paulo não diz que a obra da lei se acha esculpida em sua vontade, de modo a buscarem-na e perseguirem-na diligentemente, mas que se acham tão assenhoreados pelo poder da verdade, que não têm como desaprová-la. Não teriam instituído ritos religiosos, se não estivessem convencidos de que Deus deve ser adorado; nem se envergonhariam de adultério e de latrocínio, se os não considerassem como algo em extremo nocivo.
Não há qualquer base para deduzir-se desta passagem o poder da vontade, como se Paulo dissesse que a observância da lei é algo que se acha em nosso poder, visto que ele não está falando de nosso poder de cumprir a lei, e, sim, de nosso conhecimento dela. O termo corações não deve ser considerado como a sede das afeições, mas simplesmente como se referindo ao entendimento, como em Deuteronômio 29.4: “Porém, o Senhor não vos deu coração para entender”; e Lucas 24.25: “Ó néscios e tardos de coração para crer [=entender] tudo o que os profetas disseram!”
Não podemos concluir desta passagem que há no ser humano um pleno conhecimento da lei, mas tão-somente que há algumas sementes de justiça implantadas em sua natureza. Isto é evidenciado por fatos como estes, a saber: que todos os gentios, igualmente, instituem ritos religiosos, promulgam leis para a punição do adultério, do latrocínio e do homicídio, e louvam a boa fé nas transações e contratos comerciais. Assim, eles provam seu conhecimento de que Deus deve ser cultuado, que o adultério, o latrocínio e o homicídio são ações perversas, e que a honestidade deve ser valorizada. Não é o nosso propósito inquirir sobre que tipo de Deus eles o tomam, ou quantos deuses têm eles inventado. É suficiente saber que acreditam que há um Deus, e que honra e culto lhe são devidos. Pouco importa, também, que não permitam que se cobice a mulher do próximo, possessões, ou alguma coisa que tenham como sua, se toleram as faltas sem rancor e ódio, porque tudo aquilo que julgam como sendo ruim sabem também que não deve ser cultivado.
“Sua consciência e seus pensamentos, ora acusando-os, ora defendendo-os”. O testemunho de sua própria consciência, que é equivalente a mil testemunhas, era a mais forte pressão que poderá ter causado neles. Os homens são sustentados e confortados por sua consciência e boas ações, porém, interiormente, são molestados e atormentados quando sentem ter praticado o mal – daí, o aforismo pagão de que a boa consciência é um espaçoso teatro, e que a má consciência é um dos piores verdugos, e atormenta os perversos com a mais feroz de todas as fúrias. Há, pois, [no homem], um certo conhecimento da lei, o qual confirma que uma ação é boa e digna de ser seguida, enquanto que outra será evitada com horror.
Notemos como Paulo define a consciência de forma judiciosa. Adotamos, diz ele, certos argumentos com o fim de defender certo curso de ação que assumimos, enquanto que, por outro lado, há outros que nos acusam e nos convencem de nossos maus feitos. Ele se refere a estes argumentos de acusação e defesa no dia do Senhor, não só pelo fato de que somente então é que aparecerão, porquanto são constantemente ativos no cumprimento de sua função nesta vida, mas porque, então, também entrarão em vigor. O propósito do argumento de Paulo, aqui, é impedir que alguém menospreze tais argumentos como sendo de pouca importância ou permanente significação. Como já vimos, ele pôs no dia em vez de até ao dia.
“Rom 2:16 no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho.”
“No dia em que Deus julgará os segredos dos homens”. Esta descrição ampliada do juízo divino é mais apropriada para a presente passagem. Ele informa aos que intencionalmente se ocultam nos refúgios de sua insensibilidade moral, que as intenções mais íntimas, que presentemente se acham inteiramente escondidas no recôndito de seus corações, serão, estão, trazidas à plena luz. Assim, em outra passagem, Paulo procura mostrar aos coríntios de quão pouco mérito é o juízo humano que se deixa fascinar pelas aparências exteriores. Ele os conclama a que aguardem até à vinda do Senhor, “o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” [1 Co 4.5]. Ao ouvirmos isto, lembremo-nos daquela admoestação, a saber: se aspiramos a real aprovação por parte de nosso Juiz, empenhemo-nos por cultivar a sinceridade de coração.
Ele adiciona a expressão, segundo o meu evangelho, para provar que está oferecendo uma doutrina que corresponde aos juízos inatos do gênero humano, e a chama de meu evangelho em consideração ao seu ministério. Deus verdadeiro é unicamente aquele que possui a autoridade de dar o evangelho aos homens.
Os apóstolos só tinham a administração dele. Não carece que fiquemos surpresos de dizer-se ser o evangelho, em parte, tanto mensageiro como a proclamação do juízo futuro. Se o cumprimento de suas promessas são suspensos até à plena revelação do reino celestial, então tal fato precisa necessariamente ser relacionado com o juízo final. Além do mais, Cristo não pode ser proclamado sem demonstrar ser Ele, ao mesmo tempo, ressurreição para alguns e destruição para outros. Ambas estas – ressurreição e destruição – se referem ao dia do juízo. Aplico as palavras por meio de Jesus Cristo ao dia do juízo, ainda que haja outras explicações, significando que o Senhor executará Seu juízo por meio de Cristo, o qual foi designado pelo Pai para ser o Juiz tanto dos vivos como dos mortos. Este juízo por meio de Cristo é sempre posto pelos apóstolos entre os principais artigos do evangelho. Se porventura adotarmos esta interpretação, então a sentença, que de outra forma seria inadequada, ganhará em profundidade.
(Nota do Pr Silvio Dutra: Tomemos por assentado, que nesta dispensação da graça, que tem durado desde a morte e ressurreição de Jesus, que a nenhuma pessoa, e a nenhuma instituição tem sido dado por Deus, que em nome da religião, se faça acepção, ou injúria, maldição ou condenação de quem quer que seja, e muito menos que se use de violência seja ela moral ou física em nome de se defender a santidade e justiça de Deus. Ao contrário é ordenado aos que amam e conhecem a Deus em espírito, que amem a todos, inclusive a seus inimigos, e que perdoem e bendigam os que lhes amaldiçoam, injuriam ou perseguem.
Quando encontramos em comentários bíblicos o terrível destino que está reservado àqueles que se opuserem a Deus até o final de suas vidas, como vemos por exemplo não apenas nos comentários de Calvino, mas nos de todos aqueles que são fiéis à pregação e ensino da verdade revelada nas Escrituras, o que se tem em foco não é uma ameaça ou um aborrecimento declarado da parte de homens, senão um alerta misericordioso da parte do próprio Deus, que é quem o afirma, pela boca dos seus ministros o que há de suceder no dia do juízo final, de modo que pelo arrependimento, possam se converter e serem livrados da condenação.)
Devocional Alegria Inabalável - John Piper
QUANDO TODOS LHE ABANDONAM
Versículo do dia: Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta! Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém! (2 Timóteo 4.16-18)
Nessa manhã, eu refleti muito sobre essas palavras magníficas e comoventes. Paulo está preso em Roma. Até onde sabemos, ele não foi libertado. Sua última carta é finalizada assim.
Medite e seja maravilhado!
Ele está abandonado. Ele é um homem velho, um servo fiel, em uma cidade estrangeira, longe de casa. Ele está cercado por inimigos, em perigo de morte. Por quê? Resposta: Para que ele pudesse escrever esta sentença preciosa para nossas almas: “Mas o Senhor me assistiu”!
Oh, como eu amo essas palavras! Quando você é abandonado por amigos íntimos, você murmura contra Deus? As pessoas em sua vida são realmente o seu Deus? Ou você é encorajado com essa magnífica verdade: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28.20)? Você fortalece seu coração com esse juramento inexorável: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hebreus 13.5)?
Então, digamos: “O Senhor me assistiu!”.
Pergunta: Qual era a ameaça no versículo 18? Resposta: que Paulo poderia não alcançar o reino celestial do Senhor! “O Senhor… me levará salvo para o seu reino celestial”.
Pergunta: Como a ida de Paulo para o reino celestial era ameaçada? Resposta: “Obra má”. “O Senhor me livrará de toda obra má e me salvará para o seu reino celestial”.
Pergunta: Como uma obra má poderia ameaçar Paulo de alcançar o reino celestial? Resposta: tentando-o a abandonar sua fidelidade a Cristo por meio da desobediência.
Pergunta: Essa tentação era a “boca do leão” da qual ele foi liberto? Resposta: Sim. “O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé” (1 Pedro 5.8-9).
Pergunta: Então, quem recebe a glória por Paulo não ter cedido a essa tentação, mas perseverado até o fim com fé e obediência? Resposta: “A ele [Deus] seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!” (1 Pedro 5.11).
Pergunta: Por quê? Não foi Paulo quem permaneceu firme? Resposta: “O Senhor me assistiu e me revestiu de forças”.
Versículo do dia: Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta! Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém! (2 Timóteo 4.16-18)
Nessa manhã, eu refleti muito sobre essas palavras magníficas e comoventes. Paulo está preso em Roma. Até onde sabemos, ele não foi libertado. Sua última carta é finalizada assim.
Medite e seja maravilhado!
Ele está abandonado. Ele é um homem velho, um servo fiel, em uma cidade estrangeira, longe de casa. Ele está cercado por inimigos, em perigo de morte. Por quê? Resposta: Para que ele pudesse escrever esta sentença preciosa para nossas almas: “Mas o Senhor me assistiu”!
Oh, como eu amo essas palavras! Quando você é abandonado por amigos íntimos, você murmura contra Deus? As pessoas em sua vida são realmente o seu Deus? Ou você é encorajado com essa magnífica verdade: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28.20)? Você fortalece seu coração com esse juramento inexorável: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hebreus 13.5)?
Então, digamos: “O Senhor me assistiu!”.
Pergunta: Qual era a ameaça no versículo 18? Resposta: que Paulo poderia não alcançar o reino celestial do Senhor! “O Senhor… me levará salvo para o seu reino celestial”.
Pergunta: Como a ida de Paulo para o reino celestial era ameaçada? Resposta: “Obra má”. “O Senhor me livrará de toda obra má e me salvará para o seu reino celestial”.
Pergunta: Como uma obra má poderia ameaçar Paulo de alcançar o reino celestial? Resposta: tentando-o a abandonar sua fidelidade a Cristo por meio da desobediência.
Pergunta: Essa tentação era a “boca do leão” da qual ele foi liberto? Resposta: Sim. “O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé” (1 Pedro 5.8-9).
Pergunta: Então, quem recebe a glória por Paulo não ter cedido a essa tentação, mas perseverado até o fim com fé e obediência? Resposta: “A ele [Deus] seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!” (1 Pedro 5.11).
Pergunta: Por quê? Não foi Paulo quem permaneceu firme? Resposta: “O Senhor me assistiu e me revestiu de forças”.
Devocional Do Dia - Charles Spurgeon
Versículo do Dia: “O amor de Cristo, que excede todo entendimento.” (Efésios 3.19)
O amor de Cristo em sua doçura, plenitude, grandeza e fidelidade, excede toda a compreensão humana. As palavras são incapazes de descrever o incomparável amor dele para com os homens. Este amor é tão amplo e ilimitado, que, assim como a andorinha desliza pela superfície da água e não mergulha às profundezas, assim também as palavras descritivas apenas tocam a superfície deste amor, enquanto profundezas insondáveis permanecem embaixo. Bem diria o profeta: “Ó amor, tua profundidade é impenetrável!” pois este amor de Cristo é de fato, sem medida e sem fim; nenhum outro pode igualar-se.
Antes de termos qualquer ideia correta sobre o amor de Cristo, precisamos entender a sua glória anterior nas alturas da majestade e em sua encarnação na terra com todas as suas vergonhas. Mas quem pode descrever a majestade de Cristo? Quando estava entronizado nas alturas celestes, Ele era Deus tanto quanto Deus. Por meio dele, os céus foram criados, bem como todas as suas hostes. Seu próprio braço todo-poderoso sustentava as esferas. Os louvores dos querubins e serafins rodeavam-no continuamente. O abundante coro de aleluias do universo fluía incessantemente aos pés do trono de Jesus. Ele reinava supremo acima de todas as suas criaturas – Deus sobre todos, bendito para sempre (ver Romanos 9.5).
Quem pode dizer o nível de sua glória nesta posição? Por outro lado, quem pode descrever a profundeza de sua condescendência? Ser um homem era uma coisa, mas ser um homem de dores era outra coisa muito diferente. Sangrar, morrer e sofrer significaram muito para Ele, que era o Filho de Deus. No entanto, sofrer uma agonia incomparável e suportar uma morte vergonhosa e o abandono da parte de seu Pai – isto demonstra a profundeza de amor condescendente, que a mente mais inspirada falhará em imaginar completamente. Em Jesus há amor! Amor de verdade, “que excede todo entendimento”. Oh, que este amor encha nosso coração com gratidão adoradora e nos conduza a manifestações práticas de seu poder.
O amor de Cristo em sua doçura, plenitude, grandeza e fidelidade, excede toda a compreensão humana. As palavras são incapazes de descrever o incomparável amor dele para com os homens. Este amor é tão amplo e ilimitado, que, assim como a andorinha desliza pela superfície da água e não mergulha às profundezas, assim também as palavras descritivas apenas tocam a superfície deste amor, enquanto profundezas insondáveis permanecem embaixo. Bem diria o profeta: “Ó amor, tua profundidade é impenetrável!” pois este amor de Cristo é de fato, sem medida e sem fim; nenhum outro pode igualar-se.
Antes de termos qualquer ideia correta sobre o amor de Cristo, precisamos entender a sua glória anterior nas alturas da majestade e em sua encarnação na terra com todas as suas vergonhas. Mas quem pode descrever a majestade de Cristo? Quando estava entronizado nas alturas celestes, Ele era Deus tanto quanto Deus. Por meio dele, os céus foram criados, bem como todas as suas hostes. Seu próprio braço todo-poderoso sustentava as esferas. Os louvores dos querubins e serafins rodeavam-no continuamente. O abundante coro de aleluias do universo fluía incessantemente aos pés do trono de Jesus. Ele reinava supremo acima de todas as suas criaturas – Deus sobre todos, bendito para sempre (ver Romanos 9.5).
Quem pode dizer o nível de sua glória nesta posição? Por outro lado, quem pode descrever a profundeza de sua condescendência? Ser um homem era uma coisa, mas ser um homem de dores era outra coisa muito diferente. Sangrar, morrer e sofrer significaram muito para Ele, que era o Filho de Deus. No entanto, sofrer uma agonia incomparável e suportar uma morte vergonhosa e o abandono da parte de seu Pai – isto demonstra a profundeza de amor condescendente, que a mente mais inspirada falhará em imaginar completamente. Em Jesus há amor! Amor de verdade, “que excede todo entendimento”. Oh, que este amor encha nosso coração com gratidão adoradora e nos conduza a manifestações práticas de seu poder.
Assinar:
Postagens (Atom)