Por Bob Kauflin
Com o passar dos anos, tenho encontrado mais de meia dúzia de irmãos tentando lidar com a ideia de estarem envolvidos com “música secular”, sendo cristãos. E este é um longo debate. Mas, enquanto convivo com pessoas que tentam entender a vontade de Deus para este grande dilema, pude perceber alguns princípios que podem ser aplicados além da área específica da música. Os músicos não são as únicas pessoas com esse tipo de problema.
O que quero dizer é:
E um cineasta cristão? Ele ou ela só poderão participar de festivais de filmes cristãos?
E um cara com dom para poesia? Ele terá de se afastar de saraus em ambientes seculares?
E um escritor trabalhando em um romance? Quanto “material cristão” será necessário em seu livro?
Então, o que devemos pensar sobre cristãos estarem envolvidos em movimentos “seculares”? É sempre errado? É algo que devemos incentivar?
Quero listar alguns pensamentos que tenho compartilhado ao longo dos anos com pessoas que estavam tentando achar a vontade de Deus para suas vidas, na área da música; mas não acho que é difícil ver conexões com outras áreas, como arte, cinema, etc.
Então, vamos explorar esses princípios juntos.
A questão mais importante
O ponto mais importante para questionar (e, às vezes, o mais difícil de responder) é: “Quais são os meus motivos para querer me envolver com a música secular?” A Palavra de Deus é clara: “Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1 Co 10.31). Isso inclui a nossa arte.
Embora eu nunca presuma que os motivos de alguém serão completamente puros, existe uma diferença significativa entre quem vive para tocar nos palcos e quem vive para servir aos outros com seus dons.
Se houver qualquer dúvida sobre porque quero tocar fora da igreja, é uma boa ideia pedir a pessoas a quem respeito uma avaliação honesta dos meus motivos.
Redefinindo “sucesso”
O sucesso de um cristão no mercado não é, de nenhuma maneira, sinal de que o Reino está avançando ou que o Evangelho está sendo proclamado. O ímpio pode ser rico e famoso também (Sl 73.12).
Um hit não é necessariamente um sinal da bênção de Deus. Pode ser resultado de uma boa divulgação ou de uma grande musicalidade. Em muitas músicas que misturam o secular e o cristão, a letra falha em comunicar qualquer coisa que a distinga como cristã. Além disso, quando uma canção cristã se torna popular, as pessoas podem presumir que não há diferença entre músicos seculares e cristãos – é tudo sobre música e dinheiro.
Redefinindo “secular”
Uma música secular não é necessariamente anticristã ou ateia.
Há inúmeros exemplos de canções populares que apresentam valores morais, perspectivas profundas e comentários significativos sobre a vida e que não façam referência direta às Escrituras. O sucesso de músicas como “I Can Only Imagine”, “Butterfly Kisses”, e “Meant to Live”, é clara evidência disso. (se você não gosta dessas músicas, apenas continue comigo nesse argumento). Podemos usar nossa música para entreter, sem glamourizar ou promover os ídolos do materialismo, orgulho e egocentrismo.
Julgando Caridosamente
À distância, não podemos estar corretos quanto às motivações de um artista.
Enquanto podemos tirar conclusões sobre a vestimenta de alguém, sua linguagem, atitudes e ações, é difícil dizer a diferença entre um rebelde não salvo e um crente desinformado. Poucos de nós se sairiam bem se os detalhes de nossas vidas fossem publicados para milhões de pessoas lerem e criticarem. Isso não significa que os músicos que se declaram cristãos estão acima da avaliação ou julgamento público. Significa apenas que, na maioria dos casos, devemos focar mais nas diferenças do que em expressar julgamentos finais. No mínimo, nossas orações por um artista devem ser iguais à nossa crítica pública.
Sem desculpas para renunciar
Estar envolvido na música secular não é justificativa para abandonar a igreja ou minimizar nossa fé.
Um músico cristão pode não cantar abertamente sobre a salvação ou a cruz, ou não tocar música composta por cristãos. Mas nunca podemos afirmar que o nosso cristianismo fica em segundo plano e a nossa musicalidade em primeiro. Não existem músicos que por acaso são cristãos. Nossa identidade como cristãos deve direcionar tudo o que fazemos. Assim como Paulo, devemos estar aptos a dizer: “Para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 1.21)
Em um pequeno e desafiador livro intitulado Imagine: A Vision for Christians in the Arts, Steve Turner escreve:
Às vezes eu escuto cristãos justificarem a menção de seus pontos fracos em sua arte porque ‘Eu sou um pecador, como qualquer outro’. Isso não é verdade. O cristão não é um pecador como qualquer outro porque o cristão é um pecador perdoado, e isso altera sua relação com o pecado.
Basicamente, a cruz muda tudo. O Evangelho redefine as nossas prioridades, redireciona as nossas paixões, e reformula nossa visão de mundo. Agora vivemos toda a nossa vida “pelas misericórdias de Deus” (Rm 12.1).
A Influência do Evangelho
O mundo precisa ver, em todas as áreas, pessoas que tenham sido genuinamente transformadas pelo Evangelho.
Músicos cristãos inseridos no mercado secular têm a oportunidade de influenciar não-cristãos não apenas com suas músicas, mas com suas vidas. Deus pode ter dado a eles a oportunidade de compartilhar o Evangelho com pessoas que não seriam alcançadas de nenhuma outra maneira. Kerry Livgren e Dave Hope são dois artistas que têm feito a diferença nesse sentido. E existem muitos outros. Alguns cristãos servirão à igreja na igreja. Outros servirão à igreja fora dela. Ambos mostram através de suas vidas que Jesus é o único Salvador e o Soberano do Mundo.
Nem todas as músicas escritas e cantadas por cristãos precisam expor todo o Evangelho. Russ Bremeier, em uma de suas colunas Music Connection, escreveu:
Algumas músicas falam explicitamente do Evangelho, e outras apenas plantam uma semente que pode levar ao Evangelho. Nossa arte é um reflexo da diversidade que somos como corpo de Cristo. Se ela é usada na igreja, no rádio, num programa de televisão, ou mesmo em um anúncio de 30 segundos, podemos ficar descansados sabendo que Deus pode usar a música que fazemos em inúmeras maneiras de servir a seus propósitos.
Pode haver músicas de todos os tipos, escritas sob a perspectiva daqueles que vivem à luz das alegrias e realidades do céu.
Eis o que importa: Conheça seu coração e procure fazer música para a glória de Jesus Cristo, não importa onde você a execute. Nossa arte não é sobre nós. Trata-se, em primeiro lugar, de chamar a atenção para o Deus que nos deu dons como a música. No final das contas, nenhum outro tipo de arte irá permanecer.
Semeando o Evangelho

Semear a Verdade e o Amor de Deus
terça-feira, 3 de abril de 2018
O PERDÃO DE PECADOS (PARTE 1)
(Nota Introdutória: Quando lemos esta tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de William Bates, em domínio público, podemos entender quanto o verdadeiro evangelho exposto nas Escrituras, tem sido obscurecido e desviado do seu principal significado em nossos dias presentes, especialmente por influência do consumismo desenfreado e da busca de prosperidade material ao custo da negligência das necessidades do espírito, que têm moldado uma mentalidade que vislumbra prioritariamente as coisas temporais e não o reino de Deus e a sua justiça.
Não é surpreendente portanto que a própria igreja cristã, esteja, em grande parte, aprisionada pelos ditames da mídia secular, quando cristãos se empenham na mesma busca daquelas os gentios procuram, e fazem da fé para alcançar objetivos o grande alvo da pregação do evangelho.
Daí decorrem os ensinos focados em prosperidade material, ministração de psicologia aplicada, e tantos outros, em substituição ao puro evangelho de Cristo, em muitas igrejas ditas cristãs.
Não são poucos os cristãos que não possuem um conhecimento adequado do que seja o evangelho, ou a sã doutrina bíblica, e que têm feito uma aplicação do conteúdo das promessas de salvação pela fé em Cristo, pelo perdão dos nossos pecados, pela fé nele, a um mero diagnóstico e busca de soluções para problemas temporais, relativos à esfera financeira, sentimental, emocional, e a outros interesses diferentes daquilo para o que a fé foi designada, conforme o dizer do apóstolo: “obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma.” (I Pe 1.9).
Seguramente, a produção das Escrituras e o envio do Filho de Deus a este mundo para salvar pecadores, não consistiu na elaboração de um manual de auto-ajuda para descobrirmos um meio de tirar o melhor desta vida que temos aqui neste mundo.
Temos assim nas sábias palavras de William Bates, um resumo daquilo que é o evangelho verdadeiro, tal e qual ele foi planejado e revelado por Deus na pessoa e obra de nosso Jesus Cristo.)
O Perdão de Pecados
“Mas contigo está o perdão, para que sejas temido.” (Salmo 130.4)
O salmista, no primeiro e segundo versos, se dirige a Deus com os desejos sinceros de suas misericórdias salvíficas: “Das profundezas clamo a ti, Senhor. Escuta, Senhor, a minha voz; estejam abertos os teus ouvidos às minhas súplicas.”
Ele humildemente deplora a severa inquirição da justiça divina; “Se observares, Senhor, iniquidades, quem, Senhor, subsistirá?” (verso 3). Se Deus observasse nossos pecados com um olho preciso, e nos chamasse para um ajuste de contas, quem poderia estar de pé em juízo? Quem poderia suportar esta prova de fogo? Os melhores santos, embora nunca sejam tão inocentes e irrepreensíveis aos olhos dos homens, embora nunca sejam tão vigilantes e atentos sobre seus corações e caminhos, não estão isentos dos pontos de fragilidade humana, que de acordo com o rigor da lei, iria expô-los a uma sentença condenatória.
Ele encontra alívio se apoiando sob esta apreensão temível com as esperanças de misericórdia: “Mas contigo está o perdão, para que sejas temido.” É o teu poder e a tua vontade, perdoar os pecadores arrependidos que retornam, “para que sejas temido”. O temor de Deus nas Escrituras significa a santa reverência humilde a ele, como nosso Pai celestial e Soberano, que nos faz cautelosos para que não o ofendamos, e tenhamos cuidado em agradá-lo. Por isso, o temor de Deus é abrangente em todas as religiões, “o dever de todo homem”, para o qual isto é uma introdução, e é o principal ingrediente da mesma. A compaixão e a misericórdia de Deus é a causa de um temor filial, misturado com amor e compromisso dos homens. Outros atributos, sua Santidade que emoldurou a lei, a justiça que ordenou o castigo do pecado, o poder que o inflige, torna sua majestade terrível, e causa uma fuga dele como um inimigo. Se tudo deve perecer por seus pecados, nenhuma oração ou louvor os levará ao céu, toda a adoração religiosa cessará para sempre, mas sua terna misericórdia prontamente recebe os humildes suplicantes, e os restaura em seu favor, e isto nos leva a amá-lo e admirá-lo, e também nos conduz para perto dele.
Há duas proposições a serem considerados no versículo do nosso texto:
I. Que o perdão pertence a Deus.
II. Que o perdão misericordioso de Deus é um poderoso motivo de adoração e obediência a ele.
Quanto à primeira proposição é necessário considerar,
1. O que está contido no perdão.
2. Os argumentos que demonstram que o perdão pertence a Deus.
1. O que está contido no perdão.
Isto supõe necessariamente pecado, e o pecado supõe uma lei que é violada por ele: a lei implica um legislador soberano, a cuja vontade declarada a sujeição é devida, e que exigirá uma prestação de contas no julgamento da obediência ou desobediência dos homens à sua lei, e que atribuirá recompensas e punições conforme for o caso.
Deus pelos mais claros títulos “é o nosso rei, nosso legislador e juiz”; porque ele é nosso criador e preservador, e conseqüentemente possui uma plena propriedade de nós, e autoridade absoluta sobre nós; e por sua soberana e singular perfeição está qualificado para nos governar. Um ser criado está necessariamente em um estado de dependência e sujeição. Todas as espécies de criaturas do mundo são ordenadas por seu Criador; seus “reino domina sobre tudo.”
Criaturas meramente instintivas são conduzidas pelos impulsos da natureza para suas ações, e não por terem qualquer luz para distinguir entre o bem e o mal moral, elas não têm escolha, e são incapazes de receber a lei, mas criaturas inteligentes são dotadas de faculdades judiciosas e livres, e têm entendimento para discernir entre o bem e o mal moral, e para escolher ou rejeitar o que lhes é proposto, e são capazes de ter uma lei para dirigir e regular a sua liberdade.
Para o homem, a lei foi dada pelo Criador, (a cópia de sua sabedoria e vontade) a qual possui todas as perfeições de uma regra. Ela é clara e completa, ordenando o que é essencialmente bom, e proibindo o que é essencialmente mau. Deus governa o homem em conformidade com a sua natureza, e nenhum serviço é agradável a ele, senão o quer for o resultado da nossa razão e escolha, a obediência dos nossos supremos poderes principais.
Desde a queda no pecado, a luz do entendimento comparada com a descoberta da gloriosa condição que havia em nosso estado original, ou é como o crepúsculo da noite, quando cai um véu escuro sobre o mundo, ou como a alva da manhã, quando o sol nascente começa a dispersar a escuridão da noite. Eu acho que esta última comparação é mais justa e regular; pois é dito que o Filho de Deus “ilumina todo homem que vem ao mundo.” A luz inata descobre que há uma linha reta da verdade para regular o nosso julgamento, e uma linha reta de virtude para regular nossas ações.
A consciência natural é um princípio de autoridade, dirigindo-nos a escolher e a praticar a virtude, e para evitar o vício. É pouco provável que qualquer um seja tão prodigiosamente ímpio, que não esteja convencido da retidão natural que há em todas as coisas criadas: eles podem distinguir entre o que é justo e o que é fraudulento nas relações, e reconhecem no geral, e no julgamento de outros, a equidade das coisas, embora se iludam com a força da convicção na sua aplicação para si mesmos. Agora, já que a razão comum descobre que há uma regra comum, deve haver um juiz comum perante o qual os homens são responsáveis pelo desvio ou conformidade de suas ações a essa regra. A lei de Deus é revelada em sua pureza e perfeição na Escritura.
A lei obriga primeiro à obediência, e na sua negligência, à punição. O pecado é definido pelo apóstolo João como sendo “a transgressão da lei.” A omissão daquilo que é ordenado, ou fazer o que é proibido, é pecado. Não somente as cobiças que irrompem em ações e evidências, mas inclinações interiores, contrárias à lei, são pecado. Daqui resulta uma culpa sobre cada pecador, que inclui a imputação da culpa e a obrigação de punição. Há uma conexão natural entre o mal da ação, e o mal do sofrimento: a violação da lei é justamente vingada pela punição da pessoa que a quebra. É uma imaginação impossível, que Deus deveria dar uma lei não executada com uma sanção. Isso seria lançar uma mancha sobre a sua sabedoria, pois a lei tornaria nula a si mesma, e derrotaria os fins pelos quais fora dada; seria imputar uma alta desonra à sua santa majestade, como se fosse indiferente com relação à virtude ou ao vício, e desconsideração da nossa irreverência ou rebelião contra a sua autoridade.
O apóstolo declara que “todo o mundo tornou-se culpado diante de Deus,” o que torna imputável os seus crimes e sujeito ao julgamento de Deus. O ato do pecado é transitório, e o prazer desaparece, mas a culpa, se não perdoada e purgada, permanece para sempre nos registros da consciência. “O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro e com a ponta de diamante, está esculpido nas tábuas do coração.” Quando os livros da vida eterna e da morte forem abertos no último dia, todos os pecados não perdoados dos homens, com suas agravantes mortais, serão registrados por escrito em caracteres indeléveis, e serão colocados em ordem diante de seus olhos, para a sua confusão: “o justo Juiz jurou que ele não esquecerá nenhuma das suas obras.” De acordo com o número e a atrocidade de seus pecados, a sentença deve passar sobre eles: não haverá desculpas que possam suspender o juízo, nem mitigar a execução imediata do mesmo.
O perdão dos pecados contém a abolição de sua culpa e a liberdade da destruição consequente merecida por eles. Isto é expressado por vários termos na Escritura. O perdão se relaciona com algum dano e ofensa nos quais a parte ofendida pode severamente reivindicar o seu direito. Agora, embora o bendito Deus, falando estritamente, não possa receber qualquer dano por criaturas rebeldes, sendo infinitamente superior à impressão do mal, ainda que, como diz o nosso Salvador de alguém que olha para uma mulher com desejo impuro, que cometeu adultério com ela em seu coração, embora a inocência da mulher seja imaculada, de modo que os pecados dos homens, sendo atos de ingratidão contra a sua bondade, e notória injustiça contra a sua autoridade, são em um certo sentido prejudiciais a ele, e assim pode exercer justamente vingança sobre eles, mas a sua misericórdia os poupa.
O “não imputar o pecado” é apagado das contas dos servidores com seus mestres, e implica a conta que somos obrigados a saldar com o supremo Senhor por todos os benefícios dos quais temos tão miseravelmente abusado. Ele pode justamente exigir de nós os dez mil talentos que lhes são devidos, mas ele, graciosa e prazerosamente risca a nossa dívida em seu livro, e livremente nos desobriga da dívida que temos para com ele. A “purificação do pecado”, implica que ele é muito odioso e ofensivo aos olhos de Deus, e tem uma relação especial com os sacrifícios expiatórios, dos quais se diz, que “sem sangue não há remissão.” Isso era típico do precioso sangue do Filho de Deus que purifica a consciência “de obras mortas”; da culpa do pecado mortal que crava a consciência do pecador. Através da aplicação do seu sangue a culpa carmesim é lavada, e o pecador perdoado é aceito como alguém puro e inocente.
2. Vou demonstrar a seguir, que o perdão pertence a Deus. Isso será evidente pelas seguintes considerações.
1. É a elevada e peculiar prerrogativa de Deus perdoar o pecado. Sua autoridade fez a lei, e dá vida e vigor a ela, portanto, ele pode remir a punição do ofensor. Isto é evidente a partir da proporção das leis humanas, pois, embora os juízes subordinados tenham apenas um poder limitado, e devam absolver ou condenar de acordo com a lei, contudo, o juiz soberano pode revogar suas decisões. Isto é declarado nas Escrituras pelo próprio Deus: “Eu, eu sou aquele, que apago as tuas transgressões por amor do meu nome”, Isa 43. Ele repete isto com ênfase. Ele é proclamado com este título real, “o Senhor clemente e misericordioso, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado.” É uma dispensação da soberania divina perdoar o culpado.
Isto é verdade – o perdão a Deus como um pai, de acordo com a promessa graciosa: “poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve.”, Malaquias 3.17, mas isto é feito com a dignidade da sua soberania. Nosso Salvador nos dirige, na perfeita forma de oração ensinada aos seus discípulos a orarem a Deus para o perdão dos nossos pecados, como “nosso Pai que está no céu” em um trono elevad, de onde ele pronuncia o nosso perdão. Sua majestade é gloriosa com sua misericórdia nessa bendita dispensação. Sua supremacia real é mais visível no exercício da misericórdia para com os pecadores arrependidos, do que em atos de juízos sobre criminosos obstinados.
Como um rei é mais um rei por perdoar os suplicantes humildes pela operação de seu cetro, do que subjugar os rebeldes pelo poder da espada; porque nos atos de graça, ele está acima da lei, e anula o seu rigor, e nos atos de vingança ele somente está acima dos seus inimigos.
É prerrogativa peculiar de Deus perdoar o pecado. O profeta reputa todas as divindades criadas pelos pagãos como defeituosas quanto a este poder real: “Quem é Deus semelhante a ti, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado?”, Miqueias 7. O que os fariseus disseram é verdade, “Quem pode perdoar pecados senão Deus?”. Porque isto é uma prerrogativa de um imperador absoluto, como somente Deus o é. O poder judicial para o perdão é uma flor inseparável da coroa, porque está fundado numa superioridade à lei, portanto, incompatível com uma autoridade subordinada.
A criatura é assim incapaz, e está muito longe de ter a supremacia de Deus para perdoar o pecado, bem como da Sua onipotência para criar o mundo, porque ambos são verdadeiramente infinitos. Além disso, o poder de perdoar pecados, implica necessariamente um conhecimento universal das mentes e dos corações dos homens, que são as fontes de suas ações, e conforme a inclinação deles para o bem ou para o mal moral aumenta. Quanto mais deliberada e intencionalmente um pecado é cometido, o pecador incorre numa maior culpa, e requer uma punição mais pesada. Agora, nenhuma criatura pode mergulhar no coração dos homens: “eles estão nus e abertos ao olhar penetrante de Deus.” Adicione ainda mais isto: o poder de autoridade para perdoar, tem, necessariamente anexada, a potência ativa de dispensar recompensas e punições. Agora, somente o Filho de Deus “tem as chaves da vida e da morte em suas mãos.”
Pode ser objetado que o nosso Salvador declara que “o Filho do Homem tem poder para perdoar pecados.” A resposta para isso ficará clara ao se considerar que há duas naturezas em Cristo, a natureza divina, que originalmente pertence a ele, e é própria à sua pessoa; e a natureza humana, que é como se fosse adotiva, e foi assumida voluntariamente. Agora, a pessoa divina é o único princípio e sujeito desta dignidade real, mas o perdão é exercido em sua conjunção com a natureza humana, e atribuído ao Filho do homem, com base na humilhação de Cristo, os princípios de seus sofrimentos, e os sofrimentos reais, que existem somente na natureza humana, mas por conta da união pessoal eles são atribuídos à pessoa divina, pos se diz: “o Senhor da glória foi crucificado”, e “o sangue de Deus” resgatou sua igreja.
A igreja de Roma, com alta presunção, arroga para seus sacerdotes um poder judicial de perdoar os pecados, e pela fácil insensatez e ingenuidade das pessoas, e o engano de seus instrutores, exerce uma jurisdição sobre a consciência. Para evitar a imputação de blasfêmia, eles afirmam que há um duplo poder de perdoar, um supremo e outro subordinado, o primeiro pertence a Deus, e o outro é delegado por comissão para os ministros do evangelho. Mas isso é uma contradição irreconciliável: o poder de perdoar é uno e flui de supremacia, e é incomunicável ao homem. Um príncipe que investe uma outra pessoa com um poder absoluto para perdoar, deve renunciar à sua soberania.
Nenhum homem tem recebido portanto, poder supremo de Deus para pronunciar e dispensar perdão, porque não têm nenhuma autoridade judicial, pois não é presumível que o Deus sábio invista homens com uma autoridade que eles são absolutamente incapazes de exercer.
(A concessão ou retenção de pecados que nosso Senhor atribuiu a toda a igreja, tem em vista tão somente a aplicação da disciplina para a recepção ou afastamento da comunhão dos santos, pelo arrependimento demonstrado, no primeiro caso, e pela obstinação por permanecer no pecado, para o segundo. (Mateus 18; João 20.23).
Evidentemente, está excluída disto a capacidade para absolvição do erro e para a remoção da culpa, até mesmo porque, não há quem não seja pecador aos olhos de Deus, e que não necessite também de ser perdoado por ele.
Isto é evidente para qualquer um que tenha o Espírito Santo habitando nele, para lhe instruir para discernir corretamente este assunto.
Mas quando não se tem o Espírito e não se é guiado por ele, qualquer um pode afirmar ter poderes que não possui e que são exclusivos de Deus.
E uma incorreta interpretação do significado das palavras de nosso Senhor atribuir a si mesmo a qualificação de mediador entre Deus e o pecador, quando na verdade é afirmado expressamente nas Escrituras que há somente um Mediador para reter ou perdoar pecados, que é nosso Senhor Jesus Cristo. (I Tim 2.5) Isto é prerrogativa exclusiva dEle, e assim, nem mesmo a Igreja como um todo a possui, e nem mesmo os seus prelados. Nenhum sacerdote, pastor, presbítero, diácono, profeta, mestre, possui a citada autoridade, nem isoladamente, e nem em grupo.
Isto não é sequer uma prerrogativa de lideranças da Igreja, porque quando nosso Senhor e os apóstolos se referem à Igreja, isto é sempre aplicado a todo o corpo de cristãos que se reúnem nas diversas congregações locais, e cabe a todos os que estão em comunhão deliberar quanto aos assuntos relativos à disciplina ou ao interesse de todo o corpo de Cristo, como vemos por exemplo em Atos 15.22 e Mateus 18.17.
Os que são constituídos como bispos (supervisores, líderes) sobre o rebanho do Senhor não devem deliberar qualquer assunto de interesse da igreja, aparte da participação e aprovação da mesma. – NOTA DO TRADUTOR)
william Bates
Não é surpreendente portanto que a própria igreja cristã, esteja, em grande parte, aprisionada pelos ditames da mídia secular, quando cristãos se empenham na mesma busca daquelas os gentios procuram, e fazem da fé para alcançar objetivos o grande alvo da pregação do evangelho.
Daí decorrem os ensinos focados em prosperidade material, ministração de psicologia aplicada, e tantos outros, em substituição ao puro evangelho de Cristo, em muitas igrejas ditas cristãs.
Não são poucos os cristãos que não possuem um conhecimento adequado do que seja o evangelho, ou a sã doutrina bíblica, e que têm feito uma aplicação do conteúdo das promessas de salvação pela fé em Cristo, pelo perdão dos nossos pecados, pela fé nele, a um mero diagnóstico e busca de soluções para problemas temporais, relativos à esfera financeira, sentimental, emocional, e a outros interesses diferentes daquilo para o que a fé foi designada, conforme o dizer do apóstolo: “obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma.” (I Pe 1.9).
Seguramente, a produção das Escrituras e o envio do Filho de Deus a este mundo para salvar pecadores, não consistiu na elaboração de um manual de auto-ajuda para descobrirmos um meio de tirar o melhor desta vida que temos aqui neste mundo.
Temos assim nas sábias palavras de William Bates, um resumo daquilo que é o evangelho verdadeiro, tal e qual ele foi planejado e revelado por Deus na pessoa e obra de nosso Jesus Cristo.)
O Perdão de Pecados
“Mas contigo está o perdão, para que sejas temido.” (Salmo 130.4)
O salmista, no primeiro e segundo versos, se dirige a Deus com os desejos sinceros de suas misericórdias salvíficas: “Das profundezas clamo a ti, Senhor. Escuta, Senhor, a minha voz; estejam abertos os teus ouvidos às minhas súplicas.”
Ele humildemente deplora a severa inquirição da justiça divina; “Se observares, Senhor, iniquidades, quem, Senhor, subsistirá?” (verso 3). Se Deus observasse nossos pecados com um olho preciso, e nos chamasse para um ajuste de contas, quem poderia estar de pé em juízo? Quem poderia suportar esta prova de fogo? Os melhores santos, embora nunca sejam tão inocentes e irrepreensíveis aos olhos dos homens, embora nunca sejam tão vigilantes e atentos sobre seus corações e caminhos, não estão isentos dos pontos de fragilidade humana, que de acordo com o rigor da lei, iria expô-los a uma sentença condenatória.
Ele encontra alívio se apoiando sob esta apreensão temível com as esperanças de misericórdia: “Mas contigo está o perdão, para que sejas temido.” É o teu poder e a tua vontade, perdoar os pecadores arrependidos que retornam, “para que sejas temido”. O temor de Deus nas Escrituras significa a santa reverência humilde a ele, como nosso Pai celestial e Soberano, que nos faz cautelosos para que não o ofendamos, e tenhamos cuidado em agradá-lo. Por isso, o temor de Deus é abrangente em todas as religiões, “o dever de todo homem”, para o qual isto é uma introdução, e é o principal ingrediente da mesma. A compaixão e a misericórdia de Deus é a causa de um temor filial, misturado com amor e compromisso dos homens. Outros atributos, sua Santidade que emoldurou a lei, a justiça que ordenou o castigo do pecado, o poder que o inflige, torna sua majestade terrível, e causa uma fuga dele como um inimigo. Se tudo deve perecer por seus pecados, nenhuma oração ou louvor os levará ao céu, toda a adoração religiosa cessará para sempre, mas sua terna misericórdia prontamente recebe os humildes suplicantes, e os restaura em seu favor, e isto nos leva a amá-lo e admirá-lo, e também nos conduz para perto dele.
Há duas proposições a serem considerados no versículo do nosso texto:
I. Que o perdão pertence a Deus.
II. Que o perdão misericordioso de Deus é um poderoso motivo de adoração e obediência a ele.
Quanto à primeira proposição é necessário considerar,
1. O que está contido no perdão.
2. Os argumentos que demonstram que o perdão pertence a Deus.
1. O que está contido no perdão.
Isto supõe necessariamente pecado, e o pecado supõe uma lei que é violada por ele: a lei implica um legislador soberano, a cuja vontade declarada a sujeição é devida, e que exigirá uma prestação de contas no julgamento da obediência ou desobediência dos homens à sua lei, e que atribuirá recompensas e punições conforme for o caso.
Deus pelos mais claros títulos “é o nosso rei, nosso legislador e juiz”; porque ele é nosso criador e preservador, e conseqüentemente possui uma plena propriedade de nós, e autoridade absoluta sobre nós; e por sua soberana e singular perfeição está qualificado para nos governar. Um ser criado está necessariamente em um estado de dependência e sujeição. Todas as espécies de criaturas do mundo são ordenadas por seu Criador; seus “reino domina sobre tudo.”
Criaturas meramente instintivas são conduzidas pelos impulsos da natureza para suas ações, e não por terem qualquer luz para distinguir entre o bem e o mal moral, elas não têm escolha, e são incapazes de receber a lei, mas criaturas inteligentes são dotadas de faculdades judiciosas e livres, e têm entendimento para discernir entre o bem e o mal moral, e para escolher ou rejeitar o que lhes é proposto, e são capazes de ter uma lei para dirigir e regular a sua liberdade.
Para o homem, a lei foi dada pelo Criador, (a cópia de sua sabedoria e vontade) a qual possui todas as perfeições de uma regra. Ela é clara e completa, ordenando o que é essencialmente bom, e proibindo o que é essencialmente mau. Deus governa o homem em conformidade com a sua natureza, e nenhum serviço é agradável a ele, senão o quer for o resultado da nossa razão e escolha, a obediência dos nossos supremos poderes principais.
Desde a queda no pecado, a luz do entendimento comparada com a descoberta da gloriosa condição que havia em nosso estado original, ou é como o crepúsculo da noite, quando cai um véu escuro sobre o mundo, ou como a alva da manhã, quando o sol nascente começa a dispersar a escuridão da noite. Eu acho que esta última comparação é mais justa e regular; pois é dito que o Filho de Deus “ilumina todo homem que vem ao mundo.” A luz inata descobre que há uma linha reta da verdade para regular o nosso julgamento, e uma linha reta de virtude para regular nossas ações.
A consciência natural é um princípio de autoridade, dirigindo-nos a escolher e a praticar a virtude, e para evitar o vício. É pouco provável que qualquer um seja tão prodigiosamente ímpio, que não esteja convencido da retidão natural que há em todas as coisas criadas: eles podem distinguir entre o que é justo e o que é fraudulento nas relações, e reconhecem no geral, e no julgamento de outros, a equidade das coisas, embora se iludam com a força da convicção na sua aplicação para si mesmos. Agora, já que a razão comum descobre que há uma regra comum, deve haver um juiz comum perante o qual os homens são responsáveis pelo desvio ou conformidade de suas ações a essa regra. A lei de Deus é revelada em sua pureza e perfeição na Escritura.
A lei obriga primeiro à obediência, e na sua negligência, à punição. O pecado é definido pelo apóstolo João como sendo “a transgressão da lei.” A omissão daquilo que é ordenado, ou fazer o que é proibido, é pecado. Não somente as cobiças que irrompem em ações e evidências, mas inclinações interiores, contrárias à lei, são pecado. Daqui resulta uma culpa sobre cada pecador, que inclui a imputação da culpa e a obrigação de punição. Há uma conexão natural entre o mal da ação, e o mal do sofrimento: a violação da lei é justamente vingada pela punição da pessoa que a quebra. É uma imaginação impossível, que Deus deveria dar uma lei não executada com uma sanção. Isso seria lançar uma mancha sobre a sua sabedoria, pois a lei tornaria nula a si mesma, e derrotaria os fins pelos quais fora dada; seria imputar uma alta desonra à sua santa majestade, como se fosse indiferente com relação à virtude ou ao vício, e desconsideração da nossa irreverência ou rebelião contra a sua autoridade.
O apóstolo declara que “todo o mundo tornou-se culpado diante de Deus,” o que torna imputável os seus crimes e sujeito ao julgamento de Deus. O ato do pecado é transitório, e o prazer desaparece, mas a culpa, se não perdoada e purgada, permanece para sempre nos registros da consciência. “O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro e com a ponta de diamante, está esculpido nas tábuas do coração.” Quando os livros da vida eterna e da morte forem abertos no último dia, todos os pecados não perdoados dos homens, com suas agravantes mortais, serão registrados por escrito em caracteres indeléveis, e serão colocados em ordem diante de seus olhos, para a sua confusão: “o justo Juiz jurou que ele não esquecerá nenhuma das suas obras.” De acordo com o número e a atrocidade de seus pecados, a sentença deve passar sobre eles: não haverá desculpas que possam suspender o juízo, nem mitigar a execução imediata do mesmo.
O perdão dos pecados contém a abolição de sua culpa e a liberdade da destruição consequente merecida por eles. Isto é expressado por vários termos na Escritura. O perdão se relaciona com algum dano e ofensa nos quais a parte ofendida pode severamente reivindicar o seu direito. Agora, embora o bendito Deus, falando estritamente, não possa receber qualquer dano por criaturas rebeldes, sendo infinitamente superior à impressão do mal, ainda que, como diz o nosso Salvador de alguém que olha para uma mulher com desejo impuro, que cometeu adultério com ela em seu coração, embora a inocência da mulher seja imaculada, de modo que os pecados dos homens, sendo atos de ingratidão contra a sua bondade, e notória injustiça contra a sua autoridade, são em um certo sentido prejudiciais a ele, e assim pode exercer justamente vingança sobre eles, mas a sua misericórdia os poupa.
O “não imputar o pecado” é apagado das contas dos servidores com seus mestres, e implica a conta que somos obrigados a saldar com o supremo Senhor por todos os benefícios dos quais temos tão miseravelmente abusado. Ele pode justamente exigir de nós os dez mil talentos que lhes são devidos, mas ele, graciosa e prazerosamente risca a nossa dívida em seu livro, e livremente nos desobriga da dívida que temos para com ele. A “purificação do pecado”, implica que ele é muito odioso e ofensivo aos olhos de Deus, e tem uma relação especial com os sacrifícios expiatórios, dos quais se diz, que “sem sangue não há remissão.” Isso era típico do precioso sangue do Filho de Deus que purifica a consciência “de obras mortas”; da culpa do pecado mortal que crava a consciência do pecador. Através da aplicação do seu sangue a culpa carmesim é lavada, e o pecador perdoado é aceito como alguém puro e inocente.
2. Vou demonstrar a seguir, que o perdão pertence a Deus. Isso será evidente pelas seguintes considerações.
1. É a elevada e peculiar prerrogativa de Deus perdoar o pecado. Sua autoridade fez a lei, e dá vida e vigor a ela, portanto, ele pode remir a punição do ofensor. Isto é evidente a partir da proporção das leis humanas, pois, embora os juízes subordinados tenham apenas um poder limitado, e devam absolver ou condenar de acordo com a lei, contudo, o juiz soberano pode revogar suas decisões. Isto é declarado nas Escrituras pelo próprio Deus: “Eu, eu sou aquele, que apago as tuas transgressões por amor do meu nome”, Isa 43. Ele repete isto com ênfase. Ele é proclamado com este título real, “o Senhor clemente e misericordioso, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado.” É uma dispensação da soberania divina perdoar o culpado.
Isto é verdade – o perdão a Deus como um pai, de acordo com a promessa graciosa: “poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve.”, Malaquias 3.17, mas isto é feito com a dignidade da sua soberania. Nosso Salvador nos dirige, na perfeita forma de oração ensinada aos seus discípulos a orarem a Deus para o perdão dos nossos pecados, como “nosso Pai que está no céu” em um trono elevad, de onde ele pronuncia o nosso perdão. Sua majestade é gloriosa com sua misericórdia nessa bendita dispensação. Sua supremacia real é mais visível no exercício da misericórdia para com os pecadores arrependidos, do que em atos de juízos sobre criminosos obstinados.
Como um rei é mais um rei por perdoar os suplicantes humildes pela operação de seu cetro, do que subjugar os rebeldes pelo poder da espada; porque nos atos de graça, ele está acima da lei, e anula o seu rigor, e nos atos de vingança ele somente está acima dos seus inimigos.
É prerrogativa peculiar de Deus perdoar o pecado. O profeta reputa todas as divindades criadas pelos pagãos como defeituosas quanto a este poder real: “Quem é Deus semelhante a ti, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado?”, Miqueias 7. O que os fariseus disseram é verdade, “Quem pode perdoar pecados senão Deus?”. Porque isto é uma prerrogativa de um imperador absoluto, como somente Deus o é. O poder judicial para o perdão é uma flor inseparável da coroa, porque está fundado numa superioridade à lei, portanto, incompatível com uma autoridade subordinada.
A criatura é assim incapaz, e está muito longe de ter a supremacia de Deus para perdoar o pecado, bem como da Sua onipotência para criar o mundo, porque ambos são verdadeiramente infinitos. Além disso, o poder de perdoar pecados, implica necessariamente um conhecimento universal das mentes e dos corações dos homens, que são as fontes de suas ações, e conforme a inclinação deles para o bem ou para o mal moral aumenta. Quanto mais deliberada e intencionalmente um pecado é cometido, o pecador incorre numa maior culpa, e requer uma punição mais pesada. Agora, nenhuma criatura pode mergulhar no coração dos homens: “eles estão nus e abertos ao olhar penetrante de Deus.” Adicione ainda mais isto: o poder de autoridade para perdoar, tem, necessariamente anexada, a potência ativa de dispensar recompensas e punições. Agora, somente o Filho de Deus “tem as chaves da vida e da morte em suas mãos.”
Pode ser objetado que o nosso Salvador declara que “o Filho do Homem tem poder para perdoar pecados.” A resposta para isso ficará clara ao se considerar que há duas naturezas em Cristo, a natureza divina, que originalmente pertence a ele, e é própria à sua pessoa; e a natureza humana, que é como se fosse adotiva, e foi assumida voluntariamente. Agora, a pessoa divina é o único princípio e sujeito desta dignidade real, mas o perdão é exercido em sua conjunção com a natureza humana, e atribuído ao Filho do homem, com base na humilhação de Cristo, os princípios de seus sofrimentos, e os sofrimentos reais, que existem somente na natureza humana, mas por conta da união pessoal eles são atribuídos à pessoa divina, pos se diz: “o Senhor da glória foi crucificado”, e “o sangue de Deus” resgatou sua igreja.
A igreja de Roma, com alta presunção, arroga para seus sacerdotes um poder judicial de perdoar os pecados, e pela fácil insensatez e ingenuidade das pessoas, e o engano de seus instrutores, exerce uma jurisdição sobre a consciência. Para evitar a imputação de blasfêmia, eles afirmam que há um duplo poder de perdoar, um supremo e outro subordinado, o primeiro pertence a Deus, e o outro é delegado por comissão para os ministros do evangelho. Mas isso é uma contradição irreconciliável: o poder de perdoar é uno e flui de supremacia, e é incomunicável ao homem. Um príncipe que investe uma outra pessoa com um poder absoluto para perdoar, deve renunciar à sua soberania.
Nenhum homem tem recebido portanto, poder supremo de Deus para pronunciar e dispensar perdão, porque não têm nenhuma autoridade judicial, pois não é presumível que o Deus sábio invista homens com uma autoridade que eles são absolutamente incapazes de exercer.
(A concessão ou retenção de pecados que nosso Senhor atribuiu a toda a igreja, tem em vista tão somente a aplicação da disciplina para a recepção ou afastamento da comunhão dos santos, pelo arrependimento demonstrado, no primeiro caso, e pela obstinação por permanecer no pecado, para o segundo. (Mateus 18; João 20.23).
Evidentemente, está excluída disto a capacidade para absolvição do erro e para a remoção da culpa, até mesmo porque, não há quem não seja pecador aos olhos de Deus, e que não necessite também de ser perdoado por ele.
Isto é evidente para qualquer um que tenha o Espírito Santo habitando nele, para lhe instruir para discernir corretamente este assunto.
Mas quando não se tem o Espírito e não se é guiado por ele, qualquer um pode afirmar ter poderes que não possui e que são exclusivos de Deus.
E uma incorreta interpretação do significado das palavras de nosso Senhor atribuir a si mesmo a qualificação de mediador entre Deus e o pecador, quando na verdade é afirmado expressamente nas Escrituras que há somente um Mediador para reter ou perdoar pecados, que é nosso Senhor Jesus Cristo. (I Tim 2.5) Isto é prerrogativa exclusiva dEle, e assim, nem mesmo a Igreja como um todo a possui, e nem mesmo os seus prelados. Nenhum sacerdote, pastor, presbítero, diácono, profeta, mestre, possui a citada autoridade, nem isoladamente, e nem em grupo.
Isto não é sequer uma prerrogativa de lideranças da Igreja, porque quando nosso Senhor e os apóstolos se referem à Igreja, isto é sempre aplicado a todo o corpo de cristãos que se reúnem nas diversas congregações locais, e cabe a todos os que estão em comunhão deliberar quanto aos assuntos relativos à disciplina ou ao interesse de todo o corpo de Cristo, como vemos por exemplo em Atos 15.22 e Mateus 18.17.
Os que são constituídos como bispos (supervisores, líderes) sobre o rebanho do Senhor não devem deliberar qualquer assunto de interesse da igreja, aparte da participação e aprovação da mesma. – NOTA DO TRADUTOR)
william Bates
FORÇA PARA O DIA
DEUS
É UM
[…] o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR (Deuteronômio 6:4).
Existe apenas um Deus verdadeiro.
Quando Deus libertou Israel para levá-lo à terra prometida, Ele disse: “Não tenha outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:3). Mais tarde, Moisés disse aos israelitas: “[…] o SENHOR é Deus; nenhum outro há, além dele” (Deuteronômio 4:35) e “o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (6:4). Israel deveria acreditar no único Deus.
No entanto, Jesus afirmou ser Deus. Ele é outro Deus? De modo nenhum. Em Marcos 12: 29-30, Jesus citou Deuteronômio 6:4-5: “Escute, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Portanto, ame o SENHOR, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e com toda a sua força”. Se Jesus fosse outro Deus, ele poderia ter dito: “Divida sua fidelidade entre nós dois”. Mas Jesus disse que devemos amar a Deus com um compromisso indiviso. Portanto, ele concorda com Moisés que existe apenas um Deus. Contudo, ele também diz: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30).
Paulo também discorre sobre a unidade de Deus em 1 Coríntios 8. Os sacerdotes pagãos em Corinto vendiam frequentemente a carne que havia sido sacrificada aos ídolos. Alguns novos convertidos ficaram escandalizados quando outros cristãos comeram aquela carne. Em resposta, Paulo disse a eles: “Quanto a comer alimentos sacrificados a ídolos, sabemos que o ídolo, por si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus” (v. 4).
Como um ídolo representava um deus inexistente, não havia nada de errado em comer a comida. Ele continuou: “Porque, ainda que existam alguns que são chamados de deuses, quer no céu ou sobre a terra — como há muitos “deuses” e muitos “senhores” —, para nós, porém, há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos, e um só Senhor, Jesus Cristo, por meio de quem todas as coisas existem e por meio de quem também nós existimos” (v. 5-6). Como todas as coisas podem ser de Deus Pai, para quem nós existimos, e do Senhor Jesus Cristo, por meio de quem nós existimos? Porque eles são um.
Sugestão para oração
Louve a Deus como Davi fez: “Portanto, grandioso és tu, ó SENHOR Deus, porque não há ninguém semelhante a ti, e não há outro Deus além de ti, segundo tudo o que nós mesmos temos ouvido” (2 Samuel 7:22).
Estudo adicional
Leia Ezequiel 6.
Qual foi a resposta de Deus à idolatria de Israel?
Como Deus se sente sobre qualquer coisa que possa ocupar o primeiro lugar em seu coração em vez de Ele?
[…] o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR (Deuteronômio 6:4).
Existe apenas um Deus verdadeiro.
Quando Deus libertou Israel para levá-lo à terra prometida, Ele disse: “Não tenha outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:3). Mais tarde, Moisés disse aos israelitas: “[…] o SENHOR é Deus; nenhum outro há, além dele” (Deuteronômio 4:35) e “o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (6:4). Israel deveria acreditar no único Deus.
No entanto, Jesus afirmou ser Deus. Ele é outro Deus? De modo nenhum. Em Marcos 12: 29-30, Jesus citou Deuteronômio 6:4-5: “Escute, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Portanto, ame o SENHOR, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e com toda a sua força”. Se Jesus fosse outro Deus, ele poderia ter dito: “Divida sua fidelidade entre nós dois”. Mas Jesus disse que devemos amar a Deus com um compromisso indiviso. Portanto, ele concorda com Moisés que existe apenas um Deus. Contudo, ele também diz: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30).
Paulo também discorre sobre a unidade de Deus em 1 Coríntios 8. Os sacerdotes pagãos em Corinto vendiam frequentemente a carne que havia sido sacrificada aos ídolos. Alguns novos convertidos ficaram escandalizados quando outros cristãos comeram aquela carne. Em resposta, Paulo disse a eles: “Quanto a comer alimentos sacrificados a ídolos, sabemos que o ídolo, por si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus” (v. 4).
Como um ídolo representava um deus inexistente, não havia nada de errado em comer a comida. Ele continuou: “Porque, ainda que existam alguns que são chamados de deuses, quer no céu ou sobre a terra — como há muitos “deuses” e muitos “senhores” —, para nós, porém, há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos, e um só Senhor, Jesus Cristo, por meio de quem todas as coisas existem e por meio de quem também nós existimos” (v. 5-6). Como todas as coisas podem ser de Deus Pai, para quem nós existimos, e do Senhor Jesus Cristo, por meio de quem nós existimos? Porque eles são um.
Sugestão para oração
Louve a Deus como Davi fez: “Portanto, grandioso és tu, ó SENHOR Deus, porque não há ninguém semelhante a ti, e não há outro Deus além de ti, segundo tudo o que nós mesmos temos ouvido” (2 Samuel 7:22).
Estudo adicional
Leia Ezequiel 6.
Qual foi a resposta de Deus à idolatria de Israel?
Como Deus se sente sobre qualquer coisa que possa ocupar o primeiro lugar em seu coração em vez de Ele?
Devocional Alegria Inabalável - John Piper
APAIXONADO POR DEUS E PELA VERDADE
Versículo do dia: E daí? Se alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem, segundo está escrito: Para seres justificado nas tuas palavras e venhas a vencer quando fores julgado. (Romanos 3.3-4)
Nossa preocupação com a verdade é uma expressão inevitável de nossa preocupação com Deus. Se Deus existe, então ele é a medida de todas as coisas, e o que ele pensa sobre todas as coisas é a medida do que nós devemos pensar.
Não se preocupar com a verdade é não se preocupar com Deus. Amar a Deus com paixão é amar a verdade apaixonadamente. Ser centrado em Deus na vida significa ser conduzido pela verdade no ministério. O que não é verdade não procede de Deus.
Medite nestes quatro conjuntos de textos sobre Deus e a verdade:
1) Deus é a verdade
Romanos 3.3-4 (Deus Pai): “E daí? Se alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem, segundo está escrito: Para seres justificado nas tuas palavras e venhas a vencer quando fores julgado”.
João 14.6 (Deus Filho): “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”.
João 15.26 (Deus Espírito): “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim”.
2) Não amar a verdade é eternamente prejudicial
2Tessalonicenses 2.10: Eles perecerão, “porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos”.
3) A vida cristã baseia-se no conhecimento da verdade
1Coríntios 6.15-16: “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne”.
4) O corpo de Cristo é edificado com verdade em amor
Colossenses 1.28: “O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo”.
Que Deus nos torne pessoas apaixonadas por ele e pela verdade.
Versículo do dia: E daí? Se alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem, segundo está escrito: Para seres justificado nas tuas palavras e venhas a vencer quando fores julgado. (Romanos 3.3-4)
Nossa preocupação com a verdade é uma expressão inevitável de nossa preocupação com Deus. Se Deus existe, então ele é a medida de todas as coisas, e o que ele pensa sobre todas as coisas é a medida do que nós devemos pensar.
Não se preocupar com a verdade é não se preocupar com Deus. Amar a Deus com paixão é amar a verdade apaixonadamente. Ser centrado em Deus na vida significa ser conduzido pela verdade no ministério. O que não é verdade não procede de Deus.
Medite nestes quatro conjuntos de textos sobre Deus e a verdade:
1) Deus é a verdade
Romanos 3.3-4 (Deus Pai): “E daí? Se alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem, segundo está escrito: Para seres justificado nas tuas palavras e venhas a vencer quando fores julgado”.
João 14.6 (Deus Filho): “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”.
João 15.26 (Deus Espírito): “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim”.
2) Não amar a verdade é eternamente prejudicial
2Tessalonicenses 2.10: Eles perecerão, “porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos”.
3) A vida cristã baseia-se no conhecimento da verdade
1Coríntios 6.15-16: “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne”.
4) O corpo de Cristo é edificado com verdade em amor
Colossenses 1.28: “O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo”.
Que Deus nos torne pessoas apaixonadas por ele e pela verdade.
Devocional Do Dia - Charles Spurgeon
Versículo do dia: “Estes não têm raiz.” (Lucas 8.13)
O minha alma, examina-te à luz deste versículo. Recebeste a Palavra com alegria. Teus sentimentos espirituais foram aguçados e uma impressão vívida foi criada. Lembra que receber a Palavra com os ouvidos é uma coisa e que receber a Jesus no íntimo é outra bem diferente. Sentimentos superficiais geralmente acompanham dureza de coração e uma intensa impressão da Palavra nem sempre é definitiva.
Nesta parábola, a semente, em um caso, caiu no solo rochoso coberto por uma fina camada de terra. Quando a semente começou a criar raízes, seu crescimento para baixo foi obstruído pelas pedras. Por isso, ela utilizou as suas forças para empurrar as folhas a romperem, tanto quanto pudessem, em direção ao alto. No entanto, não possuindo seiva em seu interior, obtida do nutrimento das raízes, ela murchou.
Será que este é o meu caso? Tenho feito uma exibição na carne, sem possuir uma vida interior correspondente? O crescimento excelente ocorre tanto para cima como para baixo, ao mesmo tempo. Estou arraigado em sincera fidelidade e amor para com o Senhor Jesus? Se meu coração permanece endurecido e não está sendo nutrido pela graça de Deus, a boa semente pode germinar por um tempo, mas murchará depois, visto que não pode florescer em um espírito não-quebrantado e não-santificado. Devo temer uma piedade que cresce tão rápido, que carece de firmeza, como a planta de Jonas. Tenho de avaliar o custo de seguir a Cristo. Devo sentir o poder do seu Espírito Santo; então, possuirei uma semente duradoura e permanente em minha alma. Se meu caráter permanecer obstinado como o era por natureza, o sol do julgamento queimará e meu duro coração ajudará o calor a atingir mais a semente mal coberta. Logo minha fé morrerá e meu desespero será terrível; portanto, ó Semeador celeste, ara-me primeiro e depois, coloca a verdade dentro de mim. Deixa-me produzir uma abundante safra para Ti. ‘
O minha alma, examina-te à luz deste versículo. Recebeste a Palavra com alegria. Teus sentimentos espirituais foram aguçados e uma impressão vívida foi criada. Lembra que receber a Palavra com os ouvidos é uma coisa e que receber a Jesus no íntimo é outra bem diferente. Sentimentos superficiais geralmente acompanham dureza de coração e uma intensa impressão da Palavra nem sempre é definitiva.
Nesta parábola, a semente, em um caso, caiu no solo rochoso coberto por uma fina camada de terra. Quando a semente começou a criar raízes, seu crescimento para baixo foi obstruído pelas pedras. Por isso, ela utilizou as suas forças para empurrar as folhas a romperem, tanto quanto pudessem, em direção ao alto. No entanto, não possuindo seiva em seu interior, obtida do nutrimento das raízes, ela murchou.
Será que este é o meu caso? Tenho feito uma exibição na carne, sem possuir uma vida interior correspondente? O crescimento excelente ocorre tanto para cima como para baixo, ao mesmo tempo. Estou arraigado em sincera fidelidade e amor para com o Senhor Jesus? Se meu coração permanece endurecido e não está sendo nutrido pela graça de Deus, a boa semente pode germinar por um tempo, mas murchará depois, visto que não pode florescer em um espírito não-quebrantado e não-santificado. Devo temer uma piedade que cresce tão rápido, que carece de firmeza, como a planta de Jonas. Tenho de avaliar o custo de seguir a Cristo. Devo sentir o poder do seu Espírito Santo; então, possuirei uma semente duradoura e permanente em minha alma. Se meu caráter permanecer obstinado como o era por natureza, o sol do julgamento queimará e meu duro coração ajudará o calor a atingir mais a semente mal coberta. Logo minha fé morrerá e meu desespero será terrível; portanto, ó Semeador celeste, ara-me primeiro e depois, coloca a verdade dentro de mim. Deixa-me produzir uma abundante safra para Ti. ‘
segunda-feira, 2 de abril de 2018
O PROBLEMA DO "PLURALISMO INTERPRETATIVO GENERALIZADO"
Por Sam Storms
Por que há diferentes interpretações da Bíblia? Se a Bíblia é inspirada e suficiente, por que tantos cristãos estão em desacordo uns com os outros em textos e tópicos particulares? A linguagem do “pluralismo interpretativo generalizado” foi usada pela primeira vez pelo autor Christian Smith, que recentemente se converteu ao catolicismo romano.
Comecemos com a importante concessão de que este é um problema que todas as pessoas enfrentam, independentemente da sua afiliação religiosa. Não é apenas um problema evangélico. Quem pensa que há uma interpretação monolítica e sempre unificada na Igreja Católica Romana é simplesmente desinformado. Isso não é apenas um problema em todas as famílias da fé cristã, é um problema em todas as esferas da existência terrena. Em outras palavras, isso não é simplesmente um problema religioso, é um problema humano que afeta toda a disciplina de estudo e toda obra de literatura que lemos. Entretanto, está especialmente presente no cristianismo, porque afirmamos que nossa “obra de literatura” – a Bíblia – é inspirada, inerrante, infalível e suficiente.
Agora estamos preparados para examinar algumas das razões do pluralismo interpretativo. Estes não são, de modo algum, os únicos motivos, mas eles fornecem um bom lugar para começar nossa discussão.
Primeiro, há muito mais sobre o que concordamos do que o que pode nos dividir. Praticamente, todos os cristãos (sim, há sempre algumas exceções) concordam que:
(1) A Bíblia é a Palavra revelada de Deus; (2) Deus é Trino (Pai, Filho e Espírito Santo); (3) Deus é o Criador e governa sobre a história; (4) a humanidade caiu no pecado e é incapaz de escapar dele ou de suas consequências eternas; (5) Deus escolheu Israel de entre as nações do mundo para ser um farol de luz, verdade e preparar o caminho para a vinda do Messias; (6) Jesus nasceu de uma virgem e encarnou a Segunda Pessoa da Trindade; (7) Jesus viveu uma vida sem pecado, em perfeita obediência à vontade do Pai; (8) Jesus morreu em uma cruz como um sacrifício de substituição para os pecadores, a fim de fazer expiação para as nossas transgressões; (9) Jesus ressuscitou corporalmente dentre os mortos; (10) Jesus subiu à mão direita do Pai; (11) Jesus governa supremamente sobre toda a história; (12) a salvação baseia-se na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo; (13) a salvação é pela graça mediante a fé no que Cristo realizou para nós; (14) Jesus Cristo retornará pessoalmente e fisicamente para consumar o seu reino; e (15) todos estarão diante de Deus para serem julgados, para a salvação ou condenação.
Sobre estes assuntos, praticamente todos os cristãos professos concordam. Poderíamos acrescentar a estas questões numerosas outras crenças e práticas em que todos concordam: a Igreja de Jesus Cristo, o papel da oração, a importância do batismo e da Ceia do Senhor, a obra do Espírito Santo em santificação, entre outras. As pequenas diferenças que a maioria dos protestantes pode ter em alguns destes assuntos são em grande parte insignificantes em relação à medida que eles concordam.
Segundo, uma razão principal para grande parte do desacordo que existe é simplesmente que alguns textos bíblicos são extremamente difíceis de interpretar. Pedro disse isso sobre o que Paulo escreveu (2 Pedro 3:16). E eu penso que Deus pretendia que fosse assim! Ele inspirou textos difíceis, entre outros motivos, para que não nos tornemos presunçosos, arrogantes e autossuficientes em nossa abordagem e compreensão da Bíblia. Ele inspirou textos difíceis para nos obrigar a orar pela iluminação, a penetrar profundamente no texto, e outros recursos que possam ajudar na nossa compreensão, a fim de nos levar a completar a dependência dele e de sua sabedoria, e não a nossa.
Terceiro, o que aparentemente são interpretações diferentes ou contraditórias de textos bíblicos, são, em análise mais detalhada, diferentes aplicações ou formas diferentes de entender o significado prático de certos textos. Por exemplo, os cristãos diferem amplamente sobre se devem assistir a filmes e, se o fizerem, quais. Eles diferem em suas escolhas políticas. Eles diferem sobre se um cristão deve beber álcool, e se o fizer, quanto. Contudo, estas não são necessariamente diferenças em como interpretam o significado dos textos bíblicos, mas, sim, diferenças quanto à forma como fazemos a aplicação desses textos às escolhas éticas contemporâneas. Assim, por exemplo, uma pessoa cujo pai era alcoólatra e espancava sua família pode concluir que, embora a Bíblia não exija abstinência total, qualquer cristão pensante irá abraçá-la. Outros, que não foram criados em tais circunstâncias, podem muito bem tirar uma conclusão diferente sobre o exercício da liberdade cristã a esse respeito.
Quarto, todos os cristãos são influenciados muito mais pelas suas tradições pessoais do que estão dispostos a reconhecer. O contexto da igreja a partir do qual se vem, seja ou não os pais, os locais e o tempo do nascimento e a cultura mais ampla em que são criados, servem para moldar nossas crenças e desejos e como nos aproximamos da Bíblia muito mais do que nós imaginamos. E as diferenças resultantes em certas interpretações não são, portanto, problema da Bíblia, antes, daqueles que se aproximam e a leem através de diferentes lentes coloridas.
Quinto, muitas vezes, as diferenças de interpretação não são devidas ao fato de que as pessoas sabem ou suspeitam que sua visão pessoal seja incorreta, mas simplesmente porque não gostam de alternativas. Em outras palavras, conheci pessoas que abraçam o universalismo porque não gostam da ideia de pessoas que sofrem em um inferno eterno. Ou, talvez, estejam em desacordo com a visão tradicional do homossexualismo, não porque o texto bíblico seja ambíguo, mas porque eles não veem qualquer outra maneira de amar e apoiar um membro da família ou amigo que tenha declarado ser atraído por alguém do mesmo sexo.
Sexto, estou triste por dizer isso, mas temo que algumas pessoas sustentam diferentes interpretações de textos bíblicos porque, se eles abraçassem o que acreditam sinceramente no que a Bíblia diz, eles estariam em perigo de perder seus empregos, ter sua ordenação rescindida, ou algum resultado desse tipo. Os interesses pessoais e a autopreservação têm um modo estranho de influenciar, muitas vezes inconscientemente, como lemos e interpretamos a Bíblia. E não só as pessoas adotam uma interpretação particular para manter seu emprego, mas também para obter um!
Sétimo, é com uma tristeza ainda maior que reconheço que alguns escolhem uma interpretação particular contra o consenso da tradição cristã porque querem justificar seu próprio pecado. Ceder à interpretação padrão (e provavelmente óbvia) exigiria que eles admitissem que seu comportamento é pecaminoso e exige arrependimento. Todavia, o amor por seu pecado é maior do que o desejo de submeter-se à verdade da Palavra de Deus.
Oitavo, muitas vezes há simplesmente um preconceito pessoal no trabalho. O preconceito pode assumir qualquer número de formas, mas em praticamente todos os casos, levará a interpretações distorcidas de textos que servem para reforçar a forma particular de preconceito em vista.
Nono, muitas vezes, as diferenças de interpretação se devem ao fato de que algumas pessoas são simplesmente menos educadas do que outras. Alguns conhecem bem o grego e o hebraico, enquanto outros apenas leem a Bíblia em português. Alguns são altamente educados no contexto cultural dos textos bíblicos, ao passo que outros sabem pouco a esse respeito.
Não estou sugerindo que apenas pessoas altamente educadas com mestrado, doutorado, podem interpretar corretamente as Escrituras. Na verdade, na maioria das vezes, é o leigo médio que entende mais corretamente e tem maior visão do que outros. Meu ponto é simplesmente que diferentes níveis educacionais podem facilmente contribuir para as diferenças na interpretação do texto bíblico.
Décimo, algumas pessoas não acreditam que a Bíblia é inspirada, inerrante e sempre consistente, e, portanto, não hesitam em concluir que a Bíblia está claramente errada em algumas coisas que afirma. Diferentes interpretações do abate dos cananeus no período do AT são um bom exemplo disso.
Um homem me contou em uma conversa privada que ele discordou da minha posição sobre se uma mulher deveria ou não ser ordenada para o cargo de pastora, pois estava convencido de que o apóstolo Paulo estava errado. Não importava o que o texto dizia sobre o assunto. Não há uma boa razão em seu pensamento do por que as mulheres não devem servir em cargos de autoridade eclesiástica na igreja local, e, portanto, ele se recusou a admitir a possibilidade de que Paulo esteja ensinando de outra forma.
Décimo primeiro, a influência de pais, irmãos e professores sobre a forma como pensamos, o que preferimos e por que lemos certos textos da maneira como fazemos é bastante significativo, e, muitas vezes, novamente, inconsciente. Às vezes, as pessoas têm certas visões sobre questões teológicas porque isso é o que a mãe e o pai acreditavam, ou porque sentiria como se fosse traição se voltassem para um professor da Bíblia amado e respeitado. Ninguém gosta de admitir que as pessoas que mais amamos estavam erradas.
Décimo segundo, uma razão simples, mas não pouco frequente, por trás das diferenças interpretativas é que alguns cristãos não buscam profundamente nas Escrituras. Eles se contentam com o que parece evidente na superfície. Às vezes, eles desenham conclusões interpretativas porque estão lendo uma paráfrase da Bíblia em vez de uma tradução mais literal. O tempo, a dedicação e a pesquisa extensiva podem percorrer um longo caminho para resolver as diferenças interpretativas.
Décimo terceiro, há sempre a possibilidade de uma cultura exercer uma poderosa influência sobre a forma como lemos a Bíblia. As pessoas que vivem no Oriente Médio nem sempre veem as coisas como as pessoas que vivem no Sudão. Ou os cristãos criados no Leste Asiático interpretarão a Bíblia de uma maneira diferente daqueles criados e educados no sul da Califórnia, por exemplo.
É claro, nunca devemos esquecer que o contexto cultural da Bíblia em si é visivelmente diferente do nosso. Em outras palavras, não é simplesmente que trazemos um condicionamento cultural único à maneira como lemos as Escrituras; é também o caso de que as palavras da Escritura refletem o condicionamento cultural de seus muitos autores, o que pode dificultar a interpretação correta das intenções dos autores sacros.
Décimo quarto, há sempre diferenças de personalidade que podem afetar a forma como lemos a Bíblia. Por exemplo, considere a forma como uma pessoa com uma confiança robusta em Deus e a verdade do perdão lerá certos textos diferente de uma pessoa com uma consciência extremamente sensível e terna poderá lê-los. Os humildes podem ler e aplicar textos de uma maneira totalmente diferente daqueles que são arrogantes e auto-assertivos.
Inúmeras outras diferenças na personalidade podem exercer influência poderosa sobre o que nos permitimos ver na Bíblia. Uma pessoa inclinada para o legalismo lerá textos de forma diferente do que um antinomiano de espírito livre. Uma pessoa dedicada ao isolamento e ao separatismo lerá e aplicará textos de uma forma que difere de uma pessoa que é mais inclusiva e acolhedora de outros.
Ao mesmo tempo em que exercemos a nossa responsabilidade dada por Deus de interpretar as Escrituras, devemos estar conscientes do elemento da subjetividade que influencia toda a interpretação. Interpretar a Bíblia não deve ser comparado a um homem que olha para um aquário, mas para um peixe em seu próprio aquário olhando para outro peixe!
Décimo quinto, e, finalmente, a experiência pessoal do passado tem uma grande influência sobre a forma como lemos a Bíblia. Uma pessoa criada em uma igreja onde a disciplina para o pecado escandaloso nunca ocorreu pode ter uma maneira diferente de interpretar certos textos como contra a pessoa que foi ferida pela disciplina excessiva e pesada que foi imposta a um amado ou amigo da família. Há, provavelmente, inúmeras outras maneiras pelas quais a experiência pessoal, tanto dentro como fora da igreja, afetou nossa capacidade e vontade de ler o texto bíblico de forma objetiva e justa.
Gostaria também de mencionar, em conclusão, que muitas vezes é o caso de diferenças aparentes serem precisamente isso, apenas aparente. Quando um estudo mais profundo é realizado, descobre-se que o que, a princípio, parecia ser uma contradição ou uma diferença, na verdade não é nada do tipo, mas é totalmente complementar e harmonioso.
Não estou afirmando que esses pontos eliminem o problema do “pluralismo interpretativo generalizado”, mas espero ter trazido uma medida de perspectiva para o problema. De qualquer forma, aceito o desafio que nossas diferenças trazem para o corpo de Cristo. Que possamos responder a esta realidade inescapável, ouvindo e lendo mais os outros e ao que a Bíblia está realmente dizendo.
Por que há diferentes interpretações da Bíblia? Se a Bíblia é inspirada e suficiente, por que tantos cristãos estão em desacordo uns com os outros em textos e tópicos particulares? A linguagem do “pluralismo interpretativo generalizado” foi usada pela primeira vez pelo autor Christian Smith, que recentemente se converteu ao catolicismo romano.
Comecemos com a importante concessão de que este é um problema que todas as pessoas enfrentam, independentemente da sua afiliação religiosa. Não é apenas um problema evangélico. Quem pensa que há uma interpretação monolítica e sempre unificada na Igreja Católica Romana é simplesmente desinformado. Isso não é apenas um problema em todas as famílias da fé cristã, é um problema em todas as esferas da existência terrena. Em outras palavras, isso não é simplesmente um problema religioso, é um problema humano que afeta toda a disciplina de estudo e toda obra de literatura que lemos. Entretanto, está especialmente presente no cristianismo, porque afirmamos que nossa “obra de literatura” – a Bíblia – é inspirada, inerrante, infalível e suficiente.
Agora estamos preparados para examinar algumas das razões do pluralismo interpretativo. Estes não são, de modo algum, os únicos motivos, mas eles fornecem um bom lugar para começar nossa discussão.
Primeiro, há muito mais sobre o que concordamos do que o que pode nos dividir. Praticamente, todos os cristãos (sim, há sempre algumas exceções) concordam que:
(1) A Bíblia é a Palavra revelada de Deus; (2) Deus é Trino (Pai, Filho e Espírito Santo); (3) Deus é o Criador e governa sobre a história; (4) a humanidade caiu no pecado e é incapaz de escapar dele ou de suas consequências eternas; (5) Deus escolheu Israel de entre as nações do mundo para ser um farol de luz, verdade e preparar o caminho para a vinda do Messias; (6) Jesus nasceu de uma virgem e encarnou a Segunda Pessoa da Trindade; (7) Jesus viveu uma vida sem pecado, em perfeita obediência à vontade do Pai; (8) Jesus morreu em uma cruz como um sacrifício de substituição para os pecadores, a fim de fazer expiação para as nossas transgressões; (9) Jesus ressuscitou corporalmente dentre os mortos; (10) Jesus subiu à mão direita do Pai; (11) Jesus governa supremamente sobre toda a história; (12) a salvação baseia-se na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo; (13) a salvação é pela graça mediante a fé no que Cristo realizou para nós; (14) Jesus Cristo retornará pessoalmente e fisicamente para consumar o seu reino; e (15) todos estarão diante de Deus para serem julgados, para a salvação ou condenação.
Sobre estes assuntos, praticamente todos os cristãos professos concordam. Poderíamos acrescentar a estas questões numerosas outras crenças e práticas em que todos concordam: a Igreja de Jesus Cristo, o papel da oração, a importância do batismo e da Ceia do Senhor, a obra do Espírito Santo em santificação, entre outras. As pequenas diferenças que a maioria dos protestantes pode ter em alguns destes assuntos são em grande parte insignificantes em relação à medida que eles concordam.
Segundo, uma razão principal para grande parte do desacordo que existe é simplesmente que alguns textos bíblicos são extremamente difíceis de interpretar. Pedro disse isso sobre o que Paulo escreveu (2 Pedro 3:16). E eu penso que Deus pretendia que fosse assim! Ele inspirou textos difíceis, entre outros motivos, para que não nos tornemos presunçosos, arrogantes e autossuficientes em nossa abordagem e compreensão da Bíblia. Ele inspirou textos difíceis para nos obrigar a orar pela iluminação, a penetrar profundamente no texto, e outros recursos que possam ajudar na nossa compreensão, a fim de nos levar a completar a dependência dele e de sua sabedoria, e não a nossa.
Terceiro, o que aparentemente são interpretações diferentes ou contraditórias de textos bíblicos, são, em análise mais detalhada, diferentes aplicações ou formas diferentes de entender o significado prático de certos textos. Por exemplo, os cristãos diferem amplamente sobre se devem assistir a filmes e, se o fizerem, quais. Eles diferem em suas escolhas políticas. Eles diferem sobre se um cristão deve beber álcool, e se o fizer, quanto. Contudo, estas não são necessariamente diferenças em como interpretam o significado dos textos bíblicos, mas, sim, diferenças quanto à forma como fazemos a aplicação desses textos às escolhas éticas contemporâneas. Assim, por exemplo, uma pessoa cujo pai era alcoólatra e espancava sua família pode concluir que, embora a Bíblia não exija abstinência total, qualquer cristão pensante irá abraçá-la. Outros, que não foram criados em tais circunstâncias, podem muito bem tirar uma conclusão diferente sobre o exercício da liberdade cristã a esse respeito.
Quarto, todos os cristãos são influenciados muito mais pelas suas tradições pessoais do que estão dispostos a reconhecer. O contexto da igreja a partir do qual se vem, seja ou não os pais, os locais e o tempo do nascimento e a cultura mais ampla em que são criados, servem para moldar nossas crenças e desejos e como nos aproximamos da Bíblia muito mais do que nós imaginamos. E as diferenças resultantes em certas interpretações não são, portanto, problema da Bíblia, antes, daqueles que se aproximam e a leem através de diferentes lentes coloridas.
Quinto, muitas vezes, as diferenças de interpretação não são devidas ao fato de que as pessoas sabem ou suspeitam que sua visão pessoal seja incorreta, mas simplesmente porque não gostam de alternativas. Em outras palavras, conheci pessoas que abraçam o universalismo porque não gostam da ideia de pessoas que sofrem em um inferno eterno. Ou, talvez, estejam em desacordo com a visão tradicional do homossexualismo, não porque o texto bíblico seja ambíguo, mas porque eles não veem qualquer outra maneira de amar e apoiar um membro da família ou amigo que tenha declarado ser atraído por alguém do mesmo sexo.
Sexto, estou triste por dizer isso, mas temo que algumas pessoas sustentam diferentes interpretações de textos bíblicos porque, se eles abraçassem o que acreditam sinceramente no que a Bíblia diz, eles estariam em perigo de perder seus empregos, ter sua ordenação rescindida, ou algum resultado desse tipo. Os interesses pessoais e a autopreservação têm um modo estranho de influenciar, muitas vezes inconscientemente, como lemos e interpretamos a Bíblia. E não só as pessoas adotam uma interpretação particular para manter seu emprego, mas também para obter um!
Sétimo, é com uma tristeza ainda maior que reconheço que alguns escolhem uma interpretação particular contra o consenso da tradição cristã porque querem justificar seu próprio pecado. Ceder à interpretação padrão (e provavelmente óbvia) exigiria que eles admitissem que seu comportamento é pecaminoso e exige arrependimento. Todavia, o amor por seu pecado é maior do que o desejo de submeter-se à verdade da Palavra de Deus.
Oitavo, muitas vezes há simplesmente um preconceito pessoal no trabalho. O preconceito pode assumir qualquer número de formas, mas em praticamente todos os casos, levará a interpretações distorcidas de textos que servem para reforçar a forma particular de preconceito em vista.
Nono, muitas vezes, as diferenças de interpretação se devem ao fato de que algumas pessoas são simplesmente menos educadas do que outras. Alguns conhecem bem o grego e o hebraico, enquanto outros apenas leem a Bíblia em português. Alguns são altamente educados no contexto cultural dos textos bíblicos, ao passo que outros sabem pouco a esse respeito.
Não estou sugerindo que apenas pessoas altamente educadas com mestrado, doutorado, podem interpretar corretamente as Escrituras. Na verdade, na maioria das vezes, é o leigo médio que entende mais corretamente e tem maior visão do que outros. Meu ponto é simplesmente que diferentes níveis educacionais podem facilmente contribuir para as diferenças na interpretação do texto bíblico.
Décimo, algumas pessoas não acreditam que a Bíblia é inspirada, inerrante e sempre consistente, e, portanto, não hesitam em concluir que a Bíblia está claramente errada em algumas coisas que afirma. Diferentes interpretações do abate dos cananeus no período do AT são um bom exemplo disso.
Um homem me contou em uma conversa privada que ele discordou da minha posição sobre se uma mulher deveria ou não ser ordenada para o cargo de pastora, pois estava convencido de que o apóstolo Paulo estava errado. Não importava o que o texto dizia sobre o assunto. Não há uma boa razão em seu pensamento do por que as mulheres não devem servir em cargos de autoridade eclesiástica na igreja local, e, portanto, ele se recusou a admitir a possibilidade de que Paulo esteja ensinando de outra forma.
Décimo primeiro, a influência de pais, irmãos e professores sobre a forma como pensamos, o que preferimos e por que lemos certos textos da maneira como fazemos é bastante significativo, e, muitas vezes, novamente, inconsciente. Às vezes, as pessoas têm certas visões sobre questões teológicas porque isso é o que a mãe e o pai acreditavam, ou porque sentiria como se fosse traição se voltassem para um professor da Bíblia amado e respeitado. Ninguém gosta de admitir que as pessoas que mais amamos estavam erradas.
Décimo segundo, uma razão simples, mas não pouco frequente, por trás das diferenças interpretativas é que alguns cristãos não buscam profundamente nas Escrituras. Eles se contentam com o que parece evidente na superfície. Às vezes, eles desenham conclusões interpretativas porque estão lendo uma paráfrase da Bíblia em vez de uma tradução mais literal. O tempo, a dedicação e a pesquisa extensiva podem percorrer um longo caminho para resolver as diferenças interpretativas.
Décimo terceiro, há sempre a possibilidade de uma cultura exercer uma poderosa influência sobre a forma como lemos a Bíblia. As pessoas que vivem no Oriente Médio nem sempre veem as coisas como as pessoas que vivem no Sudão. Ou os cristãos criados no Leste Asiático interpretarão a Bíblia de uma maneira diferente daqueles criados e educados no sul da Califórnia, por exemplo.
É claro, nunca devemos esquecer que o contexto cultural da Bíblia em si é visivelmente diferente do nosso. Em outras palavras, não é simplesmente que trazemos um condicionamento cultural único à maneira como lemos as Escrituras; é também o caso de que as palavras da Escritura refletem o condicionamento cultural de seus muitos autores, o que pode dificultar a interpretação correta das intenções dos autores sacros.
Décimo quarto, há sempre diferenças de personalidade que podem afetar a forma como lemos a Bíblia. Por exemplo, considere a forma como uma pessoa com uma confiança robusta em Deus e a verdade do perdão lerá certos textos diferente de uma pessoa com uma consciência extremamente sensível e terna poderá lê-los. Os humildes podem ler e aplicar textos de uma maneira totalmente diferente daqueles que são arrogantes e auto-assertivos.
Inúmeras outras diferenças na personalidade podem exercer influência poderosa sobre o que nos permitimos ver na Bíblia. Uma pessoa inclinada para o legalismo lerá textos de forma diferente do que um antinomiano de espírito livre. Uma pessoa dedicada ao isolamento e ao separatismo lerá e aplicará textos de uma forma que difere de uma pessoa que é mais inclusiva e acolhedora de outros.
Ao mesmo tempo em que exercemos a nossa responsabilidade dada por Deus de interpretar as Escrituras, devemos estar conscientes do elemento da subjetividade que influencia toda a interpretação. Interpretar a Bíblia não deve ser comparado a um homem que olha para um aquário, mas para um peixe em seu próprio aquário olhando para outro peixe!
Décimo quinto, e, finalmente, a experiência pessoal do passado tem uma grande influência sobre a forma como lemos a Bíblia. Uma pessoa criada em uma igreja onde a disciplina para o pecado escandaloso nunca ocorreu pode ter uma maneira diferente de interpretar certos textos como contra a pessoa que foi ferida pela disciplina excessiva e pesada que foi imposta a um amado ou amigo da família. Há, provavelmente, inúmeras outras maneiras pelas quais a experiência pessoal, tanto dentro como fora da igreja, afetou nossa capacidade e vontade de ler o texto bíblico de forma objetiva e justa.
Gostaria também de mencionar, em conclusão, que muitas vezes é o caso de diferenças aparentes serem precisamente isso, apenas aparente. Quando um estudo mais profundo é realizado, descobre-se que o que, a princípio, parecia ser uma contradição ou uma diferença, na verdade não é nada do tipo, mas é totalmente complementar e harmonioso.
Não estou afirmando que esses pontos eliminem o problema do “pluralismo interpretativo generalizado”, mas espero ter trazido uma medida de perspectiva para o problema. De qualquer forma, aceito o desafio que nossas diferenças trazem para o corpo de Cristo. Que possamos responder a esta realidade inescapável, ouvindo e lendo mais os outros e ao que a Bíblia está realmente dizendo.
A NECESSIDADE DE SE ATENDER AO CONVITE DA GRAÇA DE DEUS
Prv 1:20 “Grita na rua a Sabedoria, nas praças, levanta a voz;
do alto dos muros clama, à entrada das portas e nas cidades profere as suas palavras:
Até quando, ó néscios, amareis a necedade? E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o conhecimento?
Atentai para a minha repreensão; eis que derramarei copiosamente para vós outros o meu espírito e vos farei saber as minhas palavras.
Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a mão, e não houve quem atendesse;
antes, rejeitastes todo o meu conselho e não quisestes a minha repreensão;
também eu me rirei na vossa desventura, e, em vindo o vosso terror, eu zombarei,
em vindo o vosso terror como a tempestade, em vindo a vossa perdição como o redemoinho, quando vos chegar o aperto e a angústia.
Então, me invocarão, mas eu não responderei; procurar-me-ão, porém não me hão de achar.
Porquanto aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor do SENHOR;
não quiseram o meu conselho e desprezaram toda a minha repreensão.
Portanto, comerão do fruto do seu procedimento e dos seus próprios conselhos se fartarão.”
Neste texto Deus se levanta para protestar com os homens em relação aos seus maus caminhos, para apontar as consequências de persistir neles, para exortar à necessidade de uma urgente e completa conversão a Deus, e para fazer valer o seu convite com súplicas afetuosas e encorajadoras garantias, e por isso é estigmatizado pelos que recebem o convite como sendo a efervescência de uma imaginação aquecida, o fruto de uma mente entusiasmada fraca.
Mas, embora este convite da graça seja uma loucura para os homens, ele é na verdade sabedoria aos olhos de Deus. Nenhuma súplica, promessa ou ameaça podem ser entregues com maior poder ou afeto do que estes que lemos nesta porção de Provérbios, porém, a voz de Deus, não é de loucura e entusiasmo mas de “sabedoria”, e, em tudo devem ser consideradas as palavras da verdade e de sobriedade que ele profere. Estamos agora no principal lugar para o qual somos convocados e para o qual se destina o convite, e ele é o próprio Deus que é apresentado no texto com o nome de Sabedoria, o qual se dirige agora a nós. O local de destino do convite pode ser compreendido sob duas observações gerais:
I. Para aqueles que atenderem ao seu convite, Deus será abundantemente gracioso.
Nada pode ser mais terno do que a admoestação diante de nós.
As palavras são dirigidas não apenas aos “simples”, mas para aqueles que “amam a simplicidade”, não somente para os ignorantes, mas para os que “odeiam o conhecimento;” não somente para aqueles que estão destituídos de religião, mas que têm prazer “em zombar dela”. Que podemos supor que Deus deveria dizer a tais transgressores ousados? O que, senão pronunciar os julgamentos mais pesados?
Todavia, “ele é Deus e não homem”, e, portanto, ele lhes fala como Deus, em termos de amor e misericórdia inconcebíveis: “Até quando, ó néscios, amareis a necedade? E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o conhecimento?”, (v. 22). Não foi bastante “o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias.”?, I Pe 4.3.
Estes pecados lhes têm sido tão agradáveis ou rentáveis que haveis de renunciar a toda a felicidade do céu por causa deles? ou, se tendes a intenção de afastar-se deles, tendes fixado o tempo da sua conversão? “Quanto tempo você pretende persistir nisto? Até o tempo de doença, e na hora da morte? ou até algum tempo mais conveniente? Ah! “Convertei-vos pela minha repreensão;” deixem que as palavras de um Pai e um amigo prevaleçam com vocês; não tentem justificar suas ações, ou atenuar a sua culpa; vocês vêm claramente o suficiente que a sua conduta é indefensável; portanto, voltem, voltem sem demora.
As promessas, com as quais a admoestação é aplicada, acrescentam muito ao seu peso.
A consciência tanto da fraqueza e da ignorância, muitas vezes contribui para manter os homens sob o poder de seus pecados. Um pensamento surge em suas mentes: “Eu não sei como mudar; eu não sei como obter tanto o perdão dos meus pecados, quanto a vitória sobre os meus desejos.” Mas Deus elimina de uma só vez todos essas reflexões desencorajadoras. Ele diz que na verdade, suas corrupções não podem ser superadas pelos seus próprios esforços. “Derramarei o meu Espírito”, para santificá-los em tudo. Você está perdido e como obterá o meu favor? Eu vou lhe dar a conhecer as palavras da vida; eu vou revelar o meu Filho em seu coração, eu vou mostrar-lhe a eficácia da sua expiação, e lhe tornarei sábio para a salvação através da fé nele. Assim que ele calar suas objeções, e dissipar seus temores: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai”! certamente não deveríamos ouvir isto, senão com admiração, não devemos recebê-lo com provocações, mas com grata adoração.
Mas “Deus não se esforçará (agirá) para sempre com o homem – Gên 6.6, pelo contrário,
II. Aqueles, que desprezam os seus convites, serão lançados numa impenitência final e na ruína.
O desprezo que é também geralmente derramado sobre a misericórdia de Deus, é terrível ao extremo.
Alguém poderia supor que esses convites e promessas não podiam deixar de produzir o efeito desejado. Mas, infelizmente, a recepção a eles é, como o próprio Deus o apresenta: os homens “se recusam a obedecer às suas chamadas, quando ele estende suas mãos para eles com carinho de um pai e rogos importunos; eles não vão considerá-lo, pois têm desprezado o seu conselho e a sua repreensão; eles odeiam mesmo ouvir o seu dever, e se determinam, qualquer que seja o resultado, que não vão praticá-lo.”
O zelo e fervor de seus pastores são feitos objeto de ridículo profano, e os ditames da sabedoria são como efusões de loucura e fanatismo. Apelamos às consciências de todos em relação a essas coisas.
Quem tem observado o mundo ao seu redor, ou o que se passa em seu coração, não deve atestar que essas coisas são assim? Sim, todos nós somos culpados: “Esta foi a nossa forma em nossa juventude.” Alguns têm sido mais abertos e notórios, e outros mais secretos e reservados, em suas oposições à vontade de Deus, mas todos se opuseram a ele, e, se a graça divina não tem mortificado o nosso inimigo – o pecado – nós seremos achados ainda nos opondo a isto; o sentimento deliberado de cada homem não regenerado é como o dito dos antigos: “Quanto à palavra que nos anunciaste em nome do Senhor, não te obedeceremos a ti;”, Jer 44.16.
Mas se persistirmos em tal conduta, um dia encontraremos uma recompensa adequada.
Como Deus não pode ser enganado, então, não será ridicularizado; se ele tem um dia de graça; então ele também tem um dia de vingança; e esse dia está se aproximando em ritmo acelerado. Por mais seguro que o pecador possa pensar de si mesmo, há uma hora de desolação, e um consequente sofrimento e angústia vindo sobre ele. Então, agora pode ser sugerido muitas vezes à mente de um pecador despertado, mas não convertido, “O que o mundo vai fazer por você agora? Qual o lucro que seus prazeres, suas riquezas e suas honrarias lhe trarão neste dia da minha ira? O que você acha da semente que tem sido semeada, agora que você começa a colher o seu fruto?” Mas se Deus não lidar com a gente, desta forma, neste mundo, com toda a certeza que ele o fará no mundo vindouro.
Aquela será certamente uma hora de extrema aflição e angústia quando estes desprezadores da misericórdia permanecerão no tribunal do grande Juiz; e oh! como é que Ele, então, “rirá de sua desgraça! como é que ele zombará de todo o medo e terror deles!” Você não iria acreditar na minha palavra agora, e ver se é verdade ou não. Você não seria persuadido de que um dia eu iria reivindicar minha Majestade insultada; o que você acha desse assunto agora? Você me desprezou, e por isso eu disse: “Apartai-vos de mim, porque eu não desejo ter conhecimento das tuas maneiras! Você deve ter o seu pedido atendido, vou me afastar de você; e você também deve se afastar de mim; partam, malditos, para sempre para o fogo eterno, que vocês terão que suportar por toda a eternidade sem qualquer mitigação da sua dor, e vocês nunca terão sequer uma gota de água para refrescar as suas línguas.
Queira Deus que os homens percebam estas coisas, e sejam persuadidos a crer que Deus é verdadeiro! Mas se eles vão ouvir, ou se irão se abster disso, devemos declarar o que Deus falou; e, embora um mundo ignorante possa ridicularizar como loucura, proclamaremos isto como sendo o “conselho da verdadeira sabedoria”, e a declaração de um Deus infalível.
APLICAÇÃO
1. Vamos todos adorar a bondade divina.
Qual de nós não deve se declarar culpado da acusação de desprezador de Deus? Qual de nós não tem perseverado em um curso de desobediência a ele, apesar de todas as suas mensagens de misericórdia; e que também, temos agido assim não por dias meramente, mas por meses e anos?
No entanto, Deus tem exercido a tolerância em relação a nós, e neste mesmo instante isto se renova nos seus convites graciosos. Vamos considerar quantos milhares foram cortados em seus pecados, enquanto somos ainda poupados para ouvir as boas novas de salvação, e “deixar a paciência e longanimidade de Deus nos conduzirem ao arrependimento.”
do alto dos muros clama, à entrada das portas e nas cidades profere as suas palavras:
Até quando, ó néscios, amareis a necedade? E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o conhecimento?
Atentai para a minha repreensão; eis que derramarei copiosamente para vós outros o meu espírito e vos farei saber as minhas palavras.
Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a mão, e não houve quem atendesse;
antes, rejeitastes todo o meu conselho e não quisestes a minha repreensão;
também eu me rirei na vossa desventura, e, em vindo o vosso terror, eu zombarei,
em vindo o vosso terror como a tempestade, em vindo a vossa perdição como o redemoinho, quando vos chegar o aperto e a angústia.
Então, me invocarão, mas eu não responderei; procurar-me-ão, porém não me hão de achar.
Porquanto aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor do SENHOR;
não quiseram o meu conselho e desprezaram toda a minha repreensão.
Portanto, comerão do fruto do seu procedimento e dos seus próprios conselhos se fartarão.”
Neste texto Deus se levanta para protestar com os homens em relação aos seus maus caminhos, para apontar as consequências de persistir neles, para exortar à necessidade de uma urgente e completa conversão a Deus, e para fazer valer o seu convite com súplicas afetuosas e encorajadoras garantias, e por isso é estigmatizado pelos que recebem o convite como sendo a efervescência de uma imaginação aquecida, o fruto de uma mente entusiasmada fraca.
Mas, embora este convite da graça seja uma loucura para os homens, ele é na verdade sabedoria aos olhos de Deus. Nenhuma súplica, promessa ou ameaça podem ser entregues com maior poder ou afeto do que estes que lemos nesta porção de Provérbios, porém, a voz de Deus, não é de loucura e entusiasmo mas de “sabedoria”, e, em tudo devem ser consideradas as palavras da verdade e de sobriedade que ele profere. Estamos agora no principal lugar para o qual somos convocados e para o qual se destina o convite, e ele é o próprio Deus que é apresentado no texto com o nome de Sabedoria, o qual se dirige agora a nós. O local de destino do convite pode ser compreendido sob duas observações gerais:
I. Para aqueles que atenderem ao seu convite, Deus será abundantemente gracioso.
Nada pode ser mais terno do que a admoestação diante de nós.
As palavras são dirigidas não apenas aos “simples”, mas para aqueles que “amam a simplicidade”, não somente para os ignorantes, mas para os que “odeiam o conhecimento;” não somente para aqueles que estão destituídos de religião, mas que têm prazer “em zombar dela”. Que podemos supor que Deus deveria dizer a tais transgressores ousados? O que, senão pronunciar os julgamentos mais pesados?
Todavia, “ele é Deus e não homem”, e, portanto, ele lhes fala como Deus, em termos de amor e misericórdia inconcebíveis: “Até quando, ó néscios, amareis a necedade? E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o conhecimento?”, (v. 22). Não foi bastante “o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias.”?, I Pe 4.3.
Estes pecados lhes têm sido tão agradáveis ou rentáveis que haveis de renunciar a toda a felicidade do céu por causa deles? ou, se tendes a intenção de afastar-se deles, tendes fixado o tempo da sua conversão? “Quanto tempo você pretende persistir nisto? Até o tempo de doença, e na hora da morte? ou até algum tempo mais conveniente? Ah! “Convertei-vos pela minha repreensão;” deixem que as palavras de um Pai e um amigo prevaleçam com vocês; não tentem justificar suas ações, ou atenuar a sua culpa; vocês vêm claramente o suficiente que a sua conduta é indefensável; portanto, voltem, voltem sem demora.
As promessas, com as quais a admoestação é aplicada, acrescentam muito ao seu peso.
A consciência tanto da fraqueza e da ignorância, muitas vezes contribui para manter os homens sob o poder de seus pecados. Um pensamento surge em suas mentes: “Eu não sei como mudar; eu não sei como obter tanto o perdão dos meus pecados, quanto a vitória sobre os meus desejos.” Mas Deus elimina de uma só vez todos essas reflexões desencorajadoras. Ele diz que na verdade, suas corrupções não podem ser superadas pelos seus próprios esforços. “Derramarei o meu Espírito”, para santificá-los em tudo. Você está perdido e como obterá o meu favor? Eu vou lhe dar a conhecer as palavras da vida; eu vou revelar o meu Filho em seu coração, eu vou mostrar-lhe a eficácia da sua expiação, e lhe tornarei sábio para a salvação através da fé nele. Assim que ele calar suas objeções, e dissipar seus temores: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai”! certamente não deveríamos ouvir isto, senão com admiração, não devemos recebê-lo com provocações, mas com grata adoração.
Mas “Deus não se esforçará (agirá) para sempre com o homem – Gên 6.6, pelo contrário,
II. Aqueles, que desprezam os seus convites, serão lançados numa impenitência final e na ruína.
O desprezo que é também geralmente derramado sobre a misericórdia de Deus, é terrível ao extremo.
Alguém poderia supor que esses convites e promessas não podiam deixar de produzir o efeito desejado. Mas, infelizmente, a recepção a eles é, como o próprio Deus o apresenta: os homens “se recusam a obedecer às suas chamadas, quando ele estende suas mãos para eles com carinho de um pai e rogos importunos; eles não vão considerá-lo, pois têm desprezado o seu conselho e a sua repreensão; eles odeiam mesmo ouvir o seu dever, e se determinam, qualquer que seja o resultado, que não vão praticá-lo.”
O zelo e fervor de seus pastores são feitos objeto de ridículo profano, e os ditames da sabedoria são como efusões de loucura e fanatismo. Apelamos às consciências de todos em relação a essas coisas.
Quem tem observado o mundo ao seu redor, ou o que se passa em seu coração, não deve atestar que essas coisas são assim? Sim, todos nós somos culpados: “Esta foi a nossa forma em nossa juventude.” Alguns têm sido mais abertos e notórios, e outros mais secretos e reservados, em suas oposições à vontade de Deus, mas todos se opuseram a ele, e, se a graça divina não tem mortificado o nosso inimigo – o pecado – nós seremos achados ainda nos opondo a isto; o sentimento deliberado de cada homem não regenerado é como o dito dos antigos: “Quanto à palavra que nos anunciaste em nome do Senhor, não te obedeceremos a ti;”, Jer 44.16.
Mas se persistirmos em tal conduta, um dia encontraremos uma recompensa adequada.
Como Deus não pode ser enganado, então, não será ridicularizado; se ele tem um dia de graça; então ele também tem um dia de vingança; e esse dia está se aproximando em ritmo acelerado. Por mais seguro que o pecador possa pensar de si mesmo, há uma hora de desolação, e um consequente sofrimento e angústia vindo sobre ele. Então, agora pode ser sugerido muitas vezes à mente de um pecador despertado, mas não convertido, “O que o mundo vai fazer por você agora? Qual o lucro que seus prazeres, suas riquezas e suas honrarias lhe trarão neste dia da minha ira? O que você acha da semente que tem sido semeada, agora que você começa a colher o seu fruto?” Mas se Deus não lidar com a gente, desta forma, neste mundo, com toda a certeza que ele o fará no mundo vindouro.
Aquela será certamente uma hora de extrema aflição e angústia quando estes desprezadores da misericórdia permanecerão no tribunal do grande Juiz; e oh! como é que Ele, então, “rirá de sua desgraça! como é que ele zombará de todo o medo e terror deles!” Você não iria acreditar na minha palavra agora, e ver se é verdade ou não. Você não seria persuadido de que um dia eu iria reivindicar minha Majestade insultada; o que você acha desse assunto agora? Você me desprezou, e por isso eu disse: “Apartai-vos de mim, porque eu não desejo ter conhecimento das tuas maneiras! Você deve ter o seu pedido atendido, vou me afastar de você; e você também deve se afastar de mim; partam, malditos, para sempre para o fogo eterno, que vocês terão que suportar por toda a eternidade sem qualquer mitigação da sua dor, e vocês nunca terão sequer uma gota de água para refrescar as suas línguas.
Queira Deus que os homens percebam estas coisas, e sejam persuadidos a crer que Deus é verdadeiro! Mas se eles vão ouvir, ou se irão se abster disso, devemos declarar o que Deus falou; e, embora um mundo ignorante possa ridicularizar como loucura, proclamaremos isto como sendo o “conselho da verdadeira sabedoria”, e a declaração de um Deus infalível.
APLICAÇÃO
1. Vamos todos adorar a bondade divina.
Qual de nós não deve se declarar culpado da acusação de desprezador de Deus? Qual de nós não tem perseverado em um curso de desobediência a ele, apesar de todas as suas mensagens de misericórdia; e que também, temos agido assim não por dias meramente, mas por meses e anos?
No entanto, Deus tem exercido a tolerância em relação a nós, e neste mesmo instante isto se renova nos seus convites graciosos. Vamos considerar quantos milhares foram cortados em seus pecados, enquanto somos ainda poupados para ouvir as boas novas de salvação, e “deixar a paciência e longanimidade de Deus nos conduzirem ao arrependimento.”
FORÇA PARA O DIA
ENTENDENDO O SEU CHAMADO
[…] Peço que ele ilumine os olhos do coração de vocês, para que saibam qual é a esperança da vocação de vocês… (Efésios 1:18).
A esperança da sua vocação é baseada nas promessas de Deus e nas obras de Cristo.
Em Efésios 1:3-14, Paulo proclama as bênçãos da nossa salvação. No versículo 18, ele ora para que compreendamos essas grandes verdades, que ele resume na frase “a esperança da vocação de vocês”.
“Chamado” aqui se refere ao chamado efetivo de Deus – o chamado que redime a alma. A Escritura fala de dois tipos de chamado: o chamado geral (ou do evangelho) e o chamado efetivo ou específico. O chamado do evangelho é dado pelos homens e é um chamado universal para se arrepender e confiar em Cristo para a salvação (por exemplo, Mateus 28:19, Atos 17:30-31). Ele é para todos os pecadores, mas nem todos os que o ouvem respondem com fé.
O chamado efetivo é dado somente por Deus aos eleitos. Por ele, Deus fala com a alma e concede fé salvadora (João 6:37-44, 65; Atos 2:39). Todos os que o recebem respondem com fé.
A esperança do seu chamado efetivo está alicerçado nas promessas de Deus e nas obras de Cristo (1 Pedro 1:3), e é caracterizada por uma expectativa confiante, que aguarda pacientemente que essas promessas sejam cumpridas. É sua esperança de glorificação final e de compartilhar a glória de Deus quando Cristo retornar (Colossenses 3:4). É uma fonte de força e estabilidade em meio às provações da vida (1 Pedro 3:14-15). Por conseguinte, deve preenchê-lo com alegria (Romanos 5:2) e motivá-lo a viver piedosamente (1 João 3:3).
Ao enfrentar este novo dia, tenha confiança de que você é um dos eleitos de Deus. Ele chamou você para si mesmo e irá guarda-lo, não importa quais as circunstâncias que você enfrenta. Nada pode separá-lo do Seu amor (Romanos 8:38-39)!
Sugestão para oração
Agradeça a Deus pela segurança da sua salvação.
Peça a Ele que marque seu coração pelas bênçãos e responsabilidades do seu chamado.
Viva hoje em antecipação ao regresso de Cristo.
[…] Peço que ele ilumine os olhos do coração de vocês, para que saibam qual é a esperança da vocação de vocês… (Efésios 1:18).
A esperança da sua vocação é baseada nas promessas de Deus e nas obras de Cristo.
Em Efésios 1:3-14, Paulo proclama as bênçãos da nossa salvação. No versículo 18, ele ora para que compreendamos essas grandes verdades, que ele resume na frase “a esperança da vocação de vocês”.
“Chamado” aqui se refere ao chamado efetivo de Deus – o chamado que redime a alma. A Escritura fala de dois tipos de chamado: o chamado geral (ou do evangelho) e o chamado efetivo ou específico. O chamado do evangelho é dado pelos homens e é um chamado universal para se arrepender e confiar em Cristo para a salvação (por exemplo, Mateus 28:19, Atos 17:30-31). Ele é para todos os pecadores, mas nem todos os que o ouvem respondem com fé.
O chamado efetivo é dado somente por Deus aos eleitos. Por ele, Deus fala com a alma e concede fé salvadora (João 6:37-44, 65; Atos 2:39). Todos os que o recebem respondem com fé.
A esperança do seu chamado efetivo está alicerçado nas promessas de Deus e nas obras de Cristo (1 Pedro 1:3), e é caracterizada por uma expectativa confiante, que aguarda pacientemente que essas promessas sejam cumpridas. É sua esperança de glorificação final e de compartilhar a glória de Deus quando Cristo retornar (Colossenses 3:4). É uma fonte de força e estabilidade em meio às provações da vida (1 Pedro 3:14-15). Por conseguinte, deve preenchê-lo com alegria (Romanos 5:2) e motivá-lo a viver piedosamente (1 João 3:3).
Ao enfrentar este novo dia, tenha confiança de que você é um dos eleitos de Deus. Ele chamou você para si mesmo e irá guarda-lo, não importa quais as circunstâncias que você enfrenta. Nada pode separá-lo do Seu amor (Romanos 8:38-39)!
Sugestão para oração
Agradeça a Deus pela segurança da sua salvação.
Peça a Ele que marque seu coração pelas bênçãos e responsabilidades do seu chamado.
Viva hoje em antecipação ao regresso de Cristo.
Devocional Alegria Inabalável - John Piper
COMO CRENTES SERÃO JULGADOS?
Versículo do dia: Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. (Apocalipse 20.12)
Isso é sobre o juízo final? Os nossos pecados serão lembrados? Eles serão revelados? Anthony Hoekema responde sabiamente algo como isso: “As falhas e debilidades dos… crentes… estarão em cena no dia do juízo. Mas — e esse é o ponto importante — os pecados e debilidades dos crentes serão revelados no juízo como pecados perdoados, cuja culpa foi totalmente coberta pelo sangue de Jesus Cristo”.
Imagine-o assim: Deus tem um registro de cada pessoa (os “livros” de Apocalipse 20.12). Tudo o que você já fez ou disse (Mateus 12.36) está gravado ali com uma nota (de “0” a “10”). Quando você estiver diante do “tribunal de Cristo” (2Coríntios 5.10) para ser julgado “segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo”, Deus abrirá o registro e disporá os testes com suas notas. Ele separará todos os “0” e os colocará em uma pilha. Depois, ele pegará todos os “4” e “6” e tirará as partes boas do teste e as colocará com os “10”, em seguida, colocará as partes ruins com o “0”. Depois, ele pegará todos os “7” e “9” e separará as partes ruins e as colocará na pilha “0”, e colocará todas as partes boas na pilha “10”.
Em seguida, ele abrirá outro registro (“o livro da vida”) e encontrará o seu nome. Atrás do seu nome haverá um fósforo feito da madeira da cruz de Jesus. Ele pegará o fósforo, o acenderá e lançará a pilha “0”, com todas as suas falhas e deficiências, no fogo e a queimará. Estas não lhe condenarão e não lhe recompensarão.
Depois, ele tirará do seu “livro da vida” um envelope selado marcado como “bônus gratuito e gracioso” e colocará na pilha “10” (veja Marcos 4.24 e Lucas 6.38). Então, ele levantará toda a pilha e declarará: “Com isso a sua vida dá testemunho da graça do meu Pai, do valor do meu sangue e do fruto do meu Espírito. Entre no gozo do seu Mestre”.
Versículo do dia: Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. (Apocalipse 20.12)
Isso é sobre o juízo final? Os nossos pecados serão lembrados? Eles serão revelados? Anthony Hoekema responde sabiamente algo como isso: “As falhas e debilidades dos… crentes… estarão em cena no dia do juízo. Mas — e esse é o ponto importante — os pecados e debilidades dos crentes serão revelados no juízo como pecados perdoados, cuja culpa foi totalmente coberta pelo sangue de Jesus Cristo”.
Imagine-o assim: Deus tem um registro de cada pessoa (os “livros” de Apocalipse 20.12). Tudo o que você já fez ou disse (Mateus 12.36) está gravado ali com uma nota (de “0” a “10”). Quando você estiver diante do “tribunal de Cristo” (2Coríntios 5.10) para ser julgado “segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo”, Deus abrirá o registro e disporá os testes com suas notas. Ele separará todos os “0” e os colocará em uma pilha. Depois, ele pegará todos os “4” e “6” e tirará as partes boas do teste e as colocará com os “10”, em seguida, colocará as partes ruins com o “0”. Depois, ele pegará todos os “7” e “9” e separará as partes ruins e as colocará na pilha “0”, e colocará todas as partes boas na pilha “10”.
Em seguida, ele abrirá outro registro (“o livro da vida”) e encontrará o seu nome. Atrás do seu nome haverá um fósforo feito da madeira da cruz de Jesus. Ele pegará o fósforo, o acenderá e lançará a pilha “0”, com todas as suas falhas e deficiências, no fogo e a queimará. Estas não lhe condenarão e não lhe recompensarão.
Depois, ele tirará do seu “livro da vida” um envelope selado marcado como “bônus gratuito e gracioso” e colocará na pilha “10” (veja Marcos 4.24 e Lucas 6.38). Então, ele levantará toda a pilha e declarará: “Com isso a sua vida dá testemunho da graça do meu Pai, do valor do meu sangue e do fruto do meu Espírito. Entre no gozo do seu Mestre”.
Devocional Do Dia - Charles Spurgeon
Versículo do dia: “A coroa da justiça me está guardada.” (2 Timóteo 4.8)
Ó crente duvidoso, talvez você já tenha dito em alguns momentos: “Temo nunca entrar no céu”. Não tema! Todo o povo de Deus entrará no céu. Aprecio muito a exclamação singular de um crente que estava às portas da morte: “Não tenho medo de ir para casa. Todas as coisas que importam para mim já estão lá. A mão de Deus já está girando o trinco de minha porta. Estou pronto para que Ele entre”. Alguém lhe perguntou: “Você não tem receio de perder seus bens?” Ele respondeu: “No céu, existe uma coroa que o anjo Gabriel não pode usar. Não caberá na cabeça de ninguém, exceto na minha. Lá existe um trono no qual o apóstolo Paulo não pode assentar-se. Foi feito para mim; eu o receberei”. Ó crente, que pensamento repleto de alegria! A sua porção está garantida! “Resta um repouso para o povo de Deus” (Hebreus 4.9).
“Mas, é possível que eu a perca?” Não, ela está reservada em seu nome. Se eu sou um filho de Deus, não a perderei. Ela é tão minha como se eu já estivesse lá. Venha comigo, crente, assentemo-nos no cimo do monte Nebo e contemplemos a terra dos santos, a terra de Canaã. Veja aquele pequeno rio da morte, cintilando aos raios do sol. E, depois dele, você pode contemplar os pináculos da cidade eterna? Pode observar a terra agradável e seus felizes habitantes? Esteja certo de que, se você pudesse ir até lá, veria escrito numa das mansões da cidade: “Este galardão pertence àquele que é preservado por Deus apenas. Ele será levado, a fim de habitar com Deus eternamente”. Ó crente duvidoso e pobre, contemple a sua herança gloriosa. Ela é sua. Se realmente crê no Senhor Jesus, se já experimentou o arrependimento de seus pecados e já foi regenerado em espírito, você é um dos membros do povo de Deus. Existe um lugar reservado para você, uma coroa e uma harpa lhe estão preparadas. Ninguém tomará a sua porção, ela está reservada no céu para você, que logo a terá. Na glória, não haverá tronos vazios, quando todos os santos estiverem reunidos.
Ó crente duvidoso, talvez você já tenha dito em alguns momentos: “Temo nunca entrar no céu”. Não tema! Todo o povo de Deus entrará no céu. Aprecio muito a exclamação singular de um crente que estava às portas da morte: “Não tenho medo de ir para casa. Todas as coisas que importam para mim já estão lá. A mão de Deus já está girando o trinco de minha porta. Estou pronto para que Ele entre”. Alguém lhe perguntou: “Você não tem receio de perder seus bens?” Ele respondeu: “No céu, existe uma coroa que o anjo Gabriel não pode usar. Não caberá na cabeça de ninguém, exceto na minha. Lá existe um trono no qual o apóstolo Paulo não pode assentar-se. Foi feito para mim; eu o receberei”. Ó crente, que pensamento repleto de alegria! A sua porção está garantida! “Resta um repouso para o povo de Deus” (Hebreus 4.9).
“Mas, é possível que eu a perca?” Não, ela está reservada em seu nome. Se eu sou um filho de Deus, não a perderei. Ela é tão minha como se eu já estivesse lá. Venha comigo, crente, assentemo-nos no cimo do monte Nebo e contemplemos a terra dos santos, a terra de Canaã. Veja aquele pequeno rio da morte, cintilando aos raios do sol. E, depois dele, você pode contemplar os pináculos da cidade eterna? Pode observar a terra agradável e seus felizes habitantes? Esteja certo de que, se você pudesse ir até lá, veria escrito numa das mansões da cidade: “Este galardão pertence àquele que é preservado por Deus apenas. Ele será levado, a fim de habitar com Deus eternamente”. Ó crente duvidoso e pobre, contemple a sua herança gloriosa. Ela é sua. Se realmente crê no Senhor Jesus, se já experimentou o arrependimento de seus pecados e já foi regenerado em espírito, você é um dos membros do povo de Deus. Existe um lugar reservado para você, uma coroa e uma harpa lhe estão preparadas. Ninguém tomará a sua porção, ela está reservada no céu para você, que logo a terá. Na glória, não haverá tronos vazios, quando todos os santos estiverem reunidos.
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