Semeando o Evangelho

Semeando o Evangelho
Semear a Verdade e o Amor de Deus

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Espiritualidade Líquida (Parte 4) - Pr Daniel Martins


PERSEVERANDO NO CAMINHO: UMA ADVERTÊNCIA EM RELAÇÃO AOS FALSOS MESTRES

Por João Rodrigo Weronka

Sempre existiram falsos mestres. Sempre. O Novo Testamento está repleto de advertências sobre o assunto. As advertências – bíblicas e históricas – são tantas que preocupa como os cristãos de nossos dias ainda conseguem ser tão tolerantes com aquilo que a Bíblia condena. Seja por ignorância ou na conivência com o erro, os falsos mestres e seus falsos ensinos encontram morada na mente e coração de muitos nesta geração.

Mas e então? Como encarar e como se posicionar diante da necessidade de ser firme em tempos de frouxidão? Como tratar a Verdade numa era em que temos vários conceitos e várias ‘verdades’ diluídas na sopa do pluralismo pós-moderno? Acredito que nossa apologética e pregação devam ser humildes e gentis, mas sem perder a firmeza doutrinária que a Bíblia manda e que a história da igreja preservou e onde perseverou. Vejamos a advertência:

Assim como, no passado, surgiram falsos profetas entre o povo, da mesma forma, haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao cúmulo de negarem o Soberano que os resgatou, atraindo sobre si mesmos repentina destruição. Muitos seguirão seus falsos ensinos e práticas libertinas, e por causa dessas pessoas, haverá difamação contra o Caminho da Verdade. Movidos por sórdida ganância, tais mestres os explorarão com suas lendas e artimanhas. Todavia, sua condenação desde há muito tempo paira sobre eles, e a sua destruição já está em processo. 2Pe 2.1-3 – (Bíblia King James Atualizada – KJA)

Muito bem, a advertência é clara, no contexto o apóstolo Pedro fala que os falsos mestres viriam e o cumprimento profético mostra que eles vieram e estão por aí, queira você admitir ou não. Para melhor esclarecimento do contexto bíblico, leia também Judas 4-18.

Em sua primeira carta (leia 1 Pedro), Pedro trabalha no sentido de encorajamento espiritual, ensino doutrinário fundamental e muitos conselhos para o dia-a-dia do cristão. Ele tratou na primeira carta sobre orientações pastorais para que a igreja naquele momento pudesse enfrentar a perseguição que afligia os irmãos da igreja primitiva.

Já nesta segunda carta, também conhecida por “Epístola da Verdade”, Pedro trabalha sobre o problema dos falsos mestres e suas heresias e a necessidade de alerta e combate ao erro. A sabedoria e conhecimento de Deus tratada nesta carta nos leva a reflexão sobre a necessidade de termos uma práxis cristã sadia entrelaçada a uma teologia profundamente bíblica e ortodoxa. Diante deste cenário perigoso, o porto seguro é o conhecimento de Deus. Estar firme no conhecimento da Verdade é o que faz toda a diferença, como diz Hodge:

Os crentes são filhos da luz. Do povo diz-se que perece por falta de conhecimento. Nada é mais característico da Bíblia do que a importância que ela dá ao conhecimento da verdade. Diz-se que somos gerados por intermédio da verdade; que somos santificados pela verdade; e dos ministros e mestres afirma-se que todo o seu dever é manter a palavra da vida. É por essa crença dos protestantes no essencial do conhecimento para a fé que eles insistiam tão energicamente na circulação das Escrituras e na instrução do povo. [1]

Voltando ao foco da análise bíblica de 2Pe 2.1-3, percebe-se que a sagacidade dos falsos mestres e seu falso e destruidor ensino está caracterizado por diversos pontos expostos:

V. 1 – Assim como no passado os falsos profetas (AT) estavam presentes no meio do povo de Deus, a igreja também presenciaria (e presencia) a existência dos falsos ensinos. São traiçoeiros, pois agem de forma dissimulada, lobos com vestes de cordeiro que introduzem heresias destruidoras, assolando a si mesmos e trazendo a ruína espiritual a todos os que os seguem. O cúmulo deste processo é que ao agir dissimuladamente tais falsários negam o Soberano (neste texto aplicado a Jesus Cristo, assim como em Judas 4). Nas palavras de Lloyd-Jones:

As forças do mal mobilizadas contra nós nunca são tão perigosas como quando nos falam como falsos profetas, ou falsos mestres. As forças do mal têm uma quase interminável variedade de maneiras de lidar conosco; mas, de acordo com o Novo Testamento, elas nunca são tão sutis e perigosas como quando aparecem entre nós como profetas, falsos profetas, que se nos apresentam como fiéis e capazes de guiar-nos e de mostrar-nos o caminho do livramento e do escape. [2]

V. 2 – Oferta e procura religiosa. Eis o âmbito deste versículo, pois na mesma medida que os falsos mestres ampliam o alcance das suas heresias, a massa de incautos os segue e recebem tais ensinos como verdade absoluta, mesmo que tais ensinos entrem em choque com as Escrituras. Falando em massa humana, Lloyd-Jones comenta sobre “volumes” de pessoas como algo que “não se pode avaliar verdade espiritual pelos róis; contagem de cabeças não é um método bíblico de verificar se um ensino é certo ou errado”[3]. Por outro lado vemos alguns que encaram a graça como um artifício para mergulhar no pecado, confundindo liberdade com libertinagem e transformando a graça salvadora de Cristo numa “graça barata”. Caminho perigoso e espinhoso este, que além de flagelar o causador, escandaliza o Caminho (“Caminho”, nome antigo da fé cristã, veja Atos 9.2);

V. 3 – Hereges de seitas gerais e falsos mestres de grupos pseudocristãos tem em comum a sórdida ganância, o impulso por explorar seguidores e a ânsia por dinheiro sobre dinheiro. Se a tribuna, púlpito ou altar do local onde você busca a Deus oferece e dedica mais tempo a falar sobre dinheiro e as eventuais benções meramente terrenas e materiais, se o líder/pastor deste local procura mais enfatizar este aspecto que a proclamação do Evangelho e o ensino de uma vida voltada para glória de Deus, cuide-se! Você pode estar sendo tragado por heresias destruidoras, conduzido por uma pessoa gananciosa, exploradora, herege e que por maior que seja sua aparência de piedade tão somente nega a Cristo.

O motivo da heresia é a ‘avareza’ – o ganho financeiro (2.3). Basta apenas analisar as palavras e a fé contidas nas teologias de várias seitas nos dias de hoje, para se entender a relevância e a urgência das advertências de Pedro. Os falsos mestres ganham os cristãos com histórias engenhosas (1.16), um padrão diretamente oposto à verdade que Pedro e os demais apóstolos testemunharam. [4]

E ainda em resumo:

Os falsos profetas são perigosos por três razões: (1) o seu método é traiçoeiro e conduz a meios vergonhosos, levando a fé a ser difamada, (2) o seu ensino é uma completa negação da verdade e (3) o seu destino é causar destruição tanto a si mesmos quanto aos seus seguidores. [5]

O campo de batalha: a vida, a família, o dia-a-dia

À medida que se aproxima o tempo do fim, cresce a apostasia. As advertências são severas quanto a isso. Como dito a pouco, seria possível citar muitos e muitos textos bíblicos sobre o assunto, mas vamos chamar atenção para esta pequena cadeia de versículos:

Jesus nos advertiu sobre o assunto de modo bem claro:

Então Jesus lhes revelou: “Cuidado, que ninguém vos seduza. Pois muitos são os que virão em meu nome, proclamando: ‘Eu sou o Cristo!’, e desencaminharão muitas pessoas… Então, numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos.  Mt 24.4,5,11 – KJA

Paulo alertou sobre o tema:

O Espírito Santo afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns se desviarão da fé e darão ouvidos a espíritos enganadores e à doutrina de demônios, sob a influência da hipocrisia de pessoas mentirosas, que têm a consciência cauterizada. São líderes que proíbem o casamento e ordenam a abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos com ações de graças pelos que são fiéis e estão bem firmados na verdade. 1Tm 4.1-3 – KJA

João trata sobre movimentos que pervertem a Verdade:

Entretanto, muitos enganadores têm saído pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Esse é o modo de ser do mentiroso e do anticristo. Acautelai-vos, para não destruirdes a obra que realizamos com zelo, mas para que, pelo contrário, sejais recompensados regiamente. Todo aquele que não permanece no ensino de Cristo, mas acredita estar indo além dele, não tem Deus; porquanto, quem permanece na sã doutrina tem o Pai e também o Filho. 2Jo 7-9 – KJA

Judas nos “convoca” para a defesa da Verdade:

Amados, enquanto me preparava com grande expectativa para vos escrever acerca da salvação que compartilhamos, senti que era necessário, antes de tudo, encorajar-vos a batalhar, dedicadamente, pela fé confiada aos santos de uma vez por todas. Porquanto, certos indivíduos, cuja condenação já estava sentenciada há muito tempo, infiltraram-se em vossa congregação com toda espécie de falsidades. Essas pessoas são ímpias e adulteraram a graça de nosso Deus em libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor. A punição eterna dos ímpios. Jd 3-4 – KJA

É preciso admitir que o modo como a recente apologética foi promovida teve suas falhas. Talvez a pior de todas tenha sido apontar o erro e quase nunca apontar o caminho. Gritar e esbravejar sem apontar para Luz pouco ou nada ajuda quem está em trevas.

Nestes dias, onde pouco se lê e quase nada se medita nas Escrituras, não é de se estranhar que tantos cristãos tomem o texto da Bíblia a seu bel-prazer criando bizarrices icônicas! Por fim, acabam blindando a mente contra a teologia e contra a apologética, ignoram o contexto social e de decadência moral, não enxergam as mudanças no cenário cultural. Esta venda é cômoda ao passo que se sentem satisfeitos com suas vidas, com a prosperidade material (ou a busca desenfreada por tal), com a satisfação do ego, com as cócegas nos ouvidos (2Tm 4.3).

A firmeza em relação aos valores que Deus espera de seu povo é que faz toda a diferença. Olhando assim, ou estamos anunciando e proclamando o Evangelho de Cristo e sendo a sua igreja que o glorifica e adora, ou somos o contingente que está sendo levando “prá lá e prá cá” pelos ventos de doutrina (Ef 4.14).

A Graça é o caminho a ser sempre apontado e relembrado. Firmeza doutrinária, exposição bíblica, proclamar o Evangelho de Jesus e lembrar que o caminho do amor de Deus está escancarado, um caminho que Ele mesmo nos prepara a trilhar. Se apegue a Palavra. Se apegue a doutrina sadia. Confie em Deus e siga adiante, longe da sedução e engano destes falsos mestres.

Concluindo, pense no seguinte: os membros de sua casa, as pessoas a quem você ama: Cônjuge, filhos, netos, parentes. Estas pessoas precisam receber altas doses de esclarecimento bíblico e doutrinário. Deus conduzirá seu povo em caminho seguro, sua igreja não sucumbirá diante do inferno e seus falsos mestres, mas cabe a nós, embaixadores, proclamar, ensinar, viver para glória de Deus e defender a fé. E isso, como já foi dito, não é novidade, é a “velha verdade” ensinada pela Palavra de Deus.

Soli Deo gloria!

ALEGRIA ESPIRITUAL

A alegria a que nos referimos não é aquela que é decorrente de satisfação de desejos e paixões carnais, mas a alegria que é acompanhada pela vida e paz resultantes da ação do Espírito Santo em nós, quanto mortificamos estes desejos e paixões e em consequência temos comunhão com Deus em espírito, Rom 8.6-13, comunhão esta que quando manifestada de modo prático e real nos eleva a esta condição da mais pura alegria e exultação espiritual, que não pode ser explicada com palavras, de tão diferente que é de todo e qualquer outro sentimento ou emoção que possamos experimentar neste mundo, uma vez que isto procede do céu e não da nossa natureza terrena.

É comum experimentar esta alegria espiritual especialmente quando o poder do Espírito Santo se manifesta na comunhão dos santos no culto de adoração pública, e que nos conduz a orar e a louvar a Deus no Espírito.
Assim, o espírito de oração e de adoração é despertado em nós quando ficamos cheios do Espírito Santo. É ele quem gera portanto, a alegria a que nos referimos.
Uma característica desta alegria espiritual, uma vez despertada e manifestada, é que ela permanece aquecendo os nossos corações e nos impulsionando a louvar a Deus, por horas e até mesmo dias depois de a termos experimentado.
Nada pode roubar esta alegria porque não é propriamente nossa, mas produzida pelo poder do Espírito Santo. E esta se traduz em espírito de gratidão e louvor a Jesus Cristo, por estarmos nele, e ele em nós.

Quando somos ordenados na Bíblia a nos alegrarmos sempre no Senhor Jesus Cristo, é isto que se tem em vista, e não propriamente uma alegria natural resultante de nós mesmos.
Sendo espiritual, esta alegria pode ser experimentada até mesmo em meio às nossas provações. Este é o motivo de podermos encontrar servos de Deus se alegrando nele ainda que em meio às enfermidades mais severas. O Senhor lhes fortalece e conforta com esta alegria e paz que são o efeito da manifestação da sua própria presença divina em nós.
Foi isto o que o profeta Habacuque experimentou em meio à sua grande aflição e que ele pôde manifestar num cântico de louvor e exultação no Senhor, no final do seu livro:

“Hab 3:17 Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado,
Hab 3:18 todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.
Hab 3:19 O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente.”

Esta alegria não é mero sentimento. Ela está fundada na certeza do cumprimento de todas as boas promessas que Deus tem feito para nós em sua Palavra, e a maior delas que é a salvação de nossas almas para que tenhamos vida eterna juntamente com Cristo.
O fundamento desta alegria é portanto vitória em meio a toda e qualquer circunstância, inclusive na mais extrema delas que é a morte física, porque em Cristo, até mesmo o nosso corpo será levantado em glória na ressurreição que nos está prometida para o dia do arrebatamento da sua igreja.

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

MEDO DE SE PERDER

Versículo do dia: Como é grande a tua bondade, que reservaste aos que te temem, da qual usas, perante os filhos dos homens, para com os que em ti se refugiam! (Salmo 31.19)

Considere duas verdades importantes no Salmo 31.19.

A bondade do Senhor
Existe uma bondade peculiar de Deus. Ou seja, não há apenas a bondade geral de Deus que ele demonstra a todas as pessoas, fazendo o seu sol nascer sobre maus e bons (Mateus 5.45), mas também uma bondade peculiar para “aqueles que o temem”.

Essa bondade é abundante além da medida. É ilimitada. Dura para sempre. É abrangente. Há somente bondade para aqueles que o temem. Todas as coisas cooperam para o seu bem. Mesmo as suas dores são repletas de benefício (Romanos 5.3-5).

Porém, aqueles que não o temem recebem uma bondade temporária — uma bondade que não leva ao arrependimento, mas à pior destruição (Romanos 2.4).

O temor do Senhor
O temor do Senhor é o medo de se desviar dele. Portanto, esse temor se manifesta em refugiar-se em Deus. É por isso que duas condições são mencionadas no Salmo 31.19 — temer ao Senhor e refugiar-se nele.

Elas parecem ser opostas. O temer parece afastar e o refugiar-se parece atrair. Mas quando consideramos que esse temor é o medo de não ser atraído, então essas duas condições cooperam.

Há um tremor real para os santos. “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Filipenses 2.12). Mas esse é o tremor que alguém sente nos braços de um Pai que acaba de arrancar seu filho da correnteza do mar.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do Dia: “Para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo.” (Hebreus 2.14)

Filho de Deus, a morte perdeu seu aguilhão pois o poder do diabo sobre ela foi destruído. Então, pare de temer a morte. Peça graça a Deus, o Espírito Santo, para que por meio de um conhecimento íntimo da morte do seu Redentor e uma firme crença nela, você seja fortalecido para esta terrível hora. Vivendo bem perto da cruz do Calvário, você deve pensar com prazer a respeito da morte. Dê-lhe boas-vindas, quando ela vier, com intenso deleite. É agradável morrer no Senhor; dormir em Jesus é uma aliança de bênção. A morte não é mais um banimento. É um retorno do exílio, uma ida ao lar – as muitas mansões em que já habitam os amados do Senhor. A distância entre os espíritos glorificados no céu e os santos que militam na terra parece enorme, mas isto não é verdade. Não estamos distantes do lar; um único momento pode nos levar para casa. A vela está aberta; a alma está lançada. Quanto tempo durará esta viagem? Quantos ventos exaustivos devem atingir a vela antes de ser esta amarrada ao porto da paz? Por quanto tempo a alma será lançada de um lado para outro pelas ondas, até que chegue àquele mar onde não existem tempestades? Ouça a resposta: “Estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor” (2 Coríntios 5.8).

O navio acabou de zarpar mas, já chegou ao ancoradouro. Ele içou velas e lá chegou. Quando uma tempestade sacudiu aquele barco, no mar da Galiléia, o Senhor Jesus caminhou sobre as águas e disse: “Sou eu. Não temais!” (João 6.20); e logo o barco chegou à praia. Não pense que existe um grande período de tempo entre a morte e a eternidade de glória. Quando os olhos se fecham, por ocasião da morte, eles se abrem na glória. Os cavalos de fogo não se detêm na estrada nem por um instante. Filho de Deus, o que existe na morte para você temê-la, visto que por intermédio da morte de seu Senhor o aguilhão e o poder dela foram destruídos? Ela é a escada de Jacó; seus pés se encontram no sepulcro sombrio, mas o topo chega até aos céus.

Espiritualidade Líquida (Parte 4) - Pr Antonio Savio


É PROIBIDO JULGAR

Por Jorge Fernandes Isah

A palavra “julgar” significa proferir uma sentença, decidir como juiz ou árbitro, ou seja, condenar ou absolver alguém. Não creio que essa seja uma prerrogativa humana, à exceção dos magistrados, que são constituídos por Deus para tal.

O Senhor Jesus em Mt 7.1-6, combate exatamente a hipocrisia daquele que tem uma trave no olho mas está preocupado em tirar o cisco do olho alheio. Seria o mesmo que eu apontar o dedo para um irmão acusando-o de pecado, enquanto eu vivo no mesmo pecado que ele. Primeiro, tenho de me livrar do meu pecado (a trave), para depois exortá-lo a arrepender-se do seu (o cisco).  De forma alguma Cristo proíbe o julgamento, pois Ele mesmo nos exorta a observar os frutos para se saber a procedência da árvore.

Ao meu ver, o julgamento que ninguém deve fazer é o de se tal irmão é salvo ou não, vai para o céu ou inferno. Isso não nos compete, mas somente a Deus que sonda os corações, e é quem opera a salvação nos eleitos.

Uma pessoa que vive na impiedade pode, pelo poder de Deus, ser resgatada da condenação ainda que tenha cometido pecados hediondos. Posso mesmo me assustar na eternidade com algumas pessoas que julgava condenadas e estarão ao meu lado louvando e glorificando o Senhor.

Temos de entender que o nosso julgamento é falho, exatamente porque somos imperfeitos e pecadores. Contudo, a Escritura nos revela o que é o pecado (pela Lei Moral), e a necessidade de exortar o irmão que está no pecado. Há regras bíblicas claras, inclusive, de como a Igreja deve disciplinar um irmão que está a persistir no pecado, apesar das advertências.

Pedro afirma que o julgamento deve começar pela igreja, e Paulo pergunta aos Coríntios se não havia ninguém sábio entre eles para julgar os problemas entre os irmãos. Portanto Cristo está combatendo verdadeiramente a hipocrisia e não o juízo que o crente deve fazer não somente do mundo, mas também da própria igreja. Devemos zelar pela santidade, pela pureza doutrinária, pela reverência a Deus, ou seja, por todos os princípios bíblicos que nos foram entregues.

Nesse caso, o julgamento não é uma condenação humana, mas a condenação bíblica, pois aos rebeldes ela revelará o seu pecado e a sua punição.

De qualquer forma é um assunto complexo, porém, reafirmo o que disse: Em Mt 7.1-6, Cristo combate a hipocrisia, e o julgamento como uma sentença condenatória acerca da salvação (se fulano é salvo ou não). Quanto ao caminhar na fé dada uma vez aos santos, todos os santos não somente devem mas têm o dever de zelar pela pureza da igreja, conforme o alerta do Senhor: “E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano” (Mt 18.17); e de Paulo: “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai pois dentre vós a esse iníquo” (1Co 5.11-13). [1]

Como se vê, o julgamento é preciso, mas à luz da Escritura e não da nossa mente caída. Por isso a santificação é fundamental, pois, sem ela, agiremos carnalmente, como inquisitores, e não em amor tanto para com Deus, para com a Igreja, como para com o próximo. O objetivo nunca deve ser o de condenar, mas o de ser instrumento de Deus para trazer o pecador à santidade; mas isto não nos exime de aplicar os princípios bíblicos da correção (como consequência do juízo bíblico), a fim de não se contaminar o Corpo de Cristo.

Outro ponto importante é, Cristo, ao dizer que “com o juízo que julgares sereis julgado”, alerta-nos de que, julgando hipocritamente o próximo, além de estarmos em pecado (não pelo julgamento em si, mas pelo julgamento hipócrita, ou seja, por estar em pecado, fazer vistas grossas a ele e apontar o dedo para o irmão), seremos julgados pelo pecado da hipocrisia. Ao meu ver, o alerta do Senhor está evidenciado pela sentença: “com a medida que medires sereis medido”.

A hipocrisia, entre outras coisas, visa tirar o foco de nós e transferi-lo a outro, com o nítido objetivo de esconder nossos pecados através da revelação dos pecados alheios. Logo, além de tudo, há uma evidenciada intenção de não arrependimento e não regeneração no hipócrita. Ele quer que todos os olhares se voltarem para o alvo do seu julgamento, e aos olhos humanos ele se revista de uma santidade que não possui, pelo contrário, sua alma se delicia na vergonhosa pecaminosidade. Por isso, o Senhor Jesus condenou tão peremptoriamente os fariseus, sacerdotes e escribas por suas atitudes hipócritas.

Em Mt 23, Ele proclama em alto e bom som suas atitudes e o seu destino final. Há pessoas que veem na proclamação do Senhor uma atitude de amor. Mas não consigo vê-lo amando aqueles que tão veementemente chama de “raças de víboras”, “sepulcros caiados”, “condutores de cegos”, “hipócritas”, “assassinos” (“a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade”). Senão, qual a razão de proferir: “serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?” (v. 33).

Para mim, Cristo está proferindo um julgamento contra os fariseus e escribas. Não vejo de outra forma.

Notas:

[1] Não é interessante Paulo falar à igreja de Corinto para tirar o iníquo de dentro dela? Por que? Para que seja julgado por Deus, pois é ele quem julga os que estão fora da igreja; mas, na igreja, o Corpo é que tem a prerrogativa e autoridade para fazê-lo, não nos deixando eximir da responsabilidade dada. Ao se retirar um ímpio da igreja, ele perde a proteção eclesiástica e, portanto, será julgado por Deus; pois a igreja não será julgada, posto Cristo ter morrido por ela, e limpado-a de todos os seus pecados.

Pense nisto.

PORQUE TEMOS AFLIÇÕES

Naturalmente, com o poder de nossas próprias faculdades é impossível ter qualquer apreciação pelas aflições.
Mas, no poder do Espírito Santo, e com o fruto da paciência do mesmo Espírito, é possível até mesmo ter prazer interior enquanto debaixo delas, assim como o apóstolo Paulo tivera no passado (II Cor 12).

As aflições nos vêm através de deliberação. Elas são ordenadas por uma deliberação de Deus para serem meios de provimento de bem espiritual aos santos. Por isso Jesus recomendou a termos bom ânimo nelas para que possa ser cumprido o propósito do nosso aperfeiçoamento em paciência e aumento de fé, por mantermos a confiança em Deus enquanto passamos por elas. Especialmente por este meio serão purgadas as nossas iniquidades. Elas são servas de Deus para baixar o nosso orgulho e segurança carnal, de maneira a aprendermos a não confiarmos em nós mesmos, ou na nossa capacidade e poder, bem como nos demais homens, senão somente no Deus que ressuscita os mortos. A graça fará o seu trabalho em meio às nossas fraquezas e ela nos bastará.

Assim, se têm sido muitas as nossas aflições, grande deve ser a nossa alegria, conforme diz Tiago, porque Deus está fazendo um grande trabalho em nós, para grandes propósitos. E isto será um sinal de que Ele tem aceito de fato a nossa consagração ao nos contemplar com estes meios poderosos que visam ao nosso aperfeiçoamento espiritual.
Conhecedores desta verdade deveríamos nos aplicar a remover do nosso vocabulário expressões que são muito comuns de serem ouvidas como estas:
“Apesar de tudo o que tenho sofrido, sei que Deus me ajudará”.
“Mesmo sabendo que terei aflições devo continuar confiando em Deus”.
Este “apesar de tudo” e o “mesmo sabendo…” e expressões equivalentes não honram a fé genuinamente cristã, pois trazem embutidas, ainda que ligeiramente, uma queixa íntima contra as aflições que experimentamos, como se fossem algo estranho à vida cristã ou mesmo contra ela.

Todavia não são coisas estanhas e nem devem ser assim consideradas conforme ensino de Jesus e dos apóstolos, pois acompanham a fé verdadeira.
O fogo ardente da tribulação não era considerado como algo estranho pelos apóstolos de Cristo.
Eles sabiam que todos os crentes verdadeiros estão destinados ao trabalho de refino do ouro da fé pelo fogo do grande Ourives.
Não se tratando de um fogo de destruição do que é bom, senão somente do que é pecaminoso, e visando à nossa purificação, deve ser algo digno da nossa consideração e exultação, e não propriamente algo que devemos repudiar, evitar e do qual devemos nos queixar.

Não pode ser algo ruim para nós porque são deliberações provindas da soberania do próprio Deus que servimos.
Queixarmo-nos destas deliberações corresponde portanto a nos queixarmos da pessoa do próprio Deus que nos submete à provação da nossa fé.
Porque em vez de colaborarmos com o Seu santo e bom propósito para conosco, nos opomos a ele.

Daí importa aprendermos juntamente com Paulo a nos gloriarmos nas tribulações, e com Tiago, a ver nelas um motivo para uma grande alegria, e não para tristeza.
Que o Espírito Santo nos ajude a compreendermos e a lembrarmos desta verdade, especialmente quando nos encontrarmos sob tribulações e aflições.

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

UM FUTURO PARA FALHAS

Versículo do dia: Não temais; tendes cometido todo este mal; no entanto, não vos desvieis de seguir o SENHOR, mas servi ao SENHOR de todo o vosso coração. Não vos desvieis; pois seguiríeis coisas vãs, que nada aproveitam e tampouco vos podem livrar, porque vaidade são. (1 Samuel 12.20-21).

Depois que os israelitas foram levados a temer e a se arrepender de seu pecado de exigir que Samuel lhes desse um rei, veio a boa-nova: “Não temais; tendes cometido todo este mal; no entanto, não vos desvieis de seguir o SENHOR, mas servi ao SENHOR de todo o vosso coração. Não vos desvieis; pois seguiríeis coisas vãs, que nada aproveitam e tampouco vos podem livrar, porque vaidade são” (12.20-21).

Este é o evangelho: Mesmo que você tenha pecado muito e desonrado terrivelmente o Senhor; mesmo que tenha agora um rei, ao qual era pecado ter; mesmo que não haja como desfazer esse pecado ou suas consequências dolorosas que ainda estão por vir; ainda assim, há um futuro e uma esperança.

Não tenha medo! Não tema!

A seguir, vem o grande fundamento do evangelho no versículo 22. “Pois o SENHOR, por causa do seu grande nome, não desamparará o seu povo, porque aprouve ao SENHOR fazer-vos o seu povo”.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do Dia: “Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo.” (Mateus 27.51)

O rasgar-se de um véu tão denso e forte não foi uma simples demonstração de poder. Este acontecimento tinha o propósito de nos ensinar várias lições. A antiga lei de ordenanças estava abolida e como roupas gastas, ela fora rasgada e posta de lado. Quando Jesus morreu todos os sacrifícios foram acabados, porque tudo foi cumprido nEle; portanto, o lugar de apresentação das ordenanças foi marcado com um símbolo óbvio de decadência. Aquele romper-se do véu também revelou as coisas ocultas da velha dispensação: o propiciatório pôde ser visto; e sobre ele a glória de Deus resplandecia. Por meio da morte de nosso Senhor Jesus, temos uma revelação clara de Deus. O Senhor Jesus não era semelhante a Moisés, que colocava um véu sobre a face (ver 2 Coríntios 3.13). A vida e a imortalidade são agora trazidas à luz, e as coisas que estavam escondidas desde a fundação do mundo se manifestam nEle. Por meio da morte de Jesus, a cerimônia anual de expiação foi abolida. O sangue da expiação, que todos os anos era aspergido no interior do véu, foi oferecido, de uma vez por todas, pelo grande Sumo Sacerdote e, assim, o lugar do rito simbólico teve fim.

Nem sangue de touros, nem de cordeiros é agora necessário, pois Jesus entrou além do véu com o seu próprio sangue. Consequentemente, o acesso a Deus é permitido e outorgado como privilégio a todo o crente em Jesus. Não é pequeno o rasgo do véu que mostrou o propiciatório; estende-se de alto a baixo. Podemos vir com ousadia ao trono da graça celestial (ver Hebreus 4.16). Estaríamos errados ao dizer que a abertura do Santo dos Santos, feita desta maneira maravilhosa, por meio do grito de nosso Senhor, no momento de sua morte foi um prenúncio da abertura dos portões do paraíso para todos os santos? Nosso Senhor Jesus é chave para o céu. Ele o abre e nenhum homem fecha. Entremos com Jesus nos lugares celestiais e nos assentemos com Ele até que os inimigos sejam colocados sob o estrado dos pés dele.

domingo, 13 de agosto de 2017

Espiritualidade Líquida (Parte 4) - Pr Leonardo Cavalcanti


O MANDATO ESPIRITUAL, SOCIAL E CULTURAL EM EFÉSIOS

Por Denis Monteiro

Antes da Queda, Deus deu algumas ordenanças a Adão e Eva o qual chamamos de ordenanças da criação. Deus ordenou ao primeiro casal: Que se casassem e procriassem para encher a terra, exercessem domínio sobre as criaturas, o trabalho e o descanso semanal – claro, sabemos que Deus ordenou que o casal não poderia comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, mas essa não é geralmente considerada uma ordenança da criação, pois Deus deu apenas para aquela ocasião e não uma ordenança perpétua. Chamamos estas ordenanças de mandatos. Mandato espiritual, social e cultural.

Mandato Espiritual: Este mandato envolve um relacionamento com o Deus que nos deu a Sua imagem (Gn 1.26). Uma paz entre Ele e suas criaturas, o qual, também, estabeleceu um dia de descanso de nossas obras para dedicarmos inteiramente a Ele em santidade.

Mandato Social: Este mandato que envolve um relacionamento, não só com Deus, envolve com a família que por Deus fora criada. Este mandato envolve a liderança dos pais em saber guiar as suas famílias, segundo a ordem de Deus.

Mandato Cultural: Este terceiro, e ultimo mandato, é um envolvimento com a sociedade. Você, assim como eu, já deve ter ouvido falar de que todos os nossos relacionamentos com aspectos culturais fossem seculares e nosso relacionamento com Deus espiritual. Este mandato envolve questões políticas, educação, artes, lazer, tecnologia, indústria, e quaisquer outras áreas.

As consequências do pecado nas ordenanças da criação.

No mandato espiritual, o pecado fez separação entre Deus e Sua criação. Até os animais e natureza ficou sujeita à servidão (Rm 8.20). O Homem já nasce alienado de Deus proferindo mentiras (Sl 58.3), mortos espiritualmente, pelo pecado, como diz Jean Diodati: “de onde provêm miséria e incapacidade de fazer o bem”.[1]

No mandato social, além do pecado afetar o nosso relacionamento com Deus, ele afetou nosso relacionamento social entre os familiares. Após a entrada do pecado no mundo o relacionamento perdido, com Deus, afeta as bases da família causando até vergonha sexual entre o homem e a mulher. Desde o quarto capitulo do Gênesis o efeito de pecado se mostra claro, com a morte causada pelo irmão – Caim matando Abel. Filhos não respeitando os pais, desobedecendo-os, ou como o próprio Gênesis mostra, Jacó enganando seu pai com a ajuda de sua mãe (Gn 25).

Assim como, o pecado afetou o relacionamento com Deus, ele afetou nosso relacionamento familiar, também, afetou o nosso relacionamento na sociedade –Mandato Cultural. John Frame diz: “indivíduos pecaminosos contaminam as instituições que formam, e estas instituições tornam o efeito do pecado ainda piores. Quando pecadores se juntam, eles alcançam impiedade maior do que conseguiriam individualmente”.[2] Desde o Gênesis já nos é dito que este mandato estava sendo impiamente desenvolvido. Em Genesis 4.17-24 os descendentes de Caim já desenvolviam certo tipo inicial de cultura.[3] Esses desenvolvimentos, em si não são maus, mas o uso dos mesmos voltados para a glória humana são, como podemos ver nas músicas de hoje, as quais faltam beleza, bondade e verdade. Vemos a Torre de Babel sendo erguida para chegar aos céus e a confusão que Deus faz com as línguas para que ninguém entenda ninguém, pois não queriam ser espalhados por toda a terra (Gn 11.4) desobedecendo à ordem de Deus de se espalhar (Gn 1.28).

Então, a pergunta é: Como cumprir estes mandatos para a glória de Deus, conforme Sua vontade? [4]

Novo relacionamento com Deus (Efésios 4.17 – 5.1-21)

Nesta divisão Paulo nos mostra como devemos ser e o porquê viver de forma digna, por exemplo: “Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.” Efésios 4.22-24.

Fomos resgatados para despirmos do velho homem, pois somos a imagem de Deus. Em Cristo este relacionamento foi reconciliado por intermédio de Seu sangue derramado na cruz em favor de Seu povo. O pecado que fazia separação fora pago por Cristo, logo, Deus não está mais irado conosco. Por isso que Paulo admoesta aos crentes que vivamos antiteticamente: “deixe a mentira mas fale a verdade; Irai-vos e não pequeis; se furtava não furte mais mas trabalhe; não saia palavra torpes da boca mas só boas para a edificação.” (4.25-29). E como imagem de Deus, devemos imitar a Deus, como filhos amados (5.1), produzindo frutos que provem de Deus ao contrário das obras das trevas, vivendo cheio do Espirito Santo, como diz Erasmus Sarcerius: “Ser cheio do Espirito Santo é uma forma particular e uma manifestação do andar prudente, pelo qual a salvação, juntamente com as obras da luz, é preservada (…).”[5] Sendo assim, somente após a redenção e reconciliação que Cristo fez, podemos ter paz com Deus e tentar cumprir o Seu mandato, nos separando para servi-lo a cada dia e guardando o Dia do Senhor, como um dia santo dedicado totalmente a Ele.

Novo relacionamento com nossa família (5.22- 6.1-4)

Aquilo que foi perdido na Queda no Éden, Paulo admoesta que deve voltar ativa no casal cristão. A mulher deve ser submissa ao marido porque ele é o cabeça constituído por Deus desde o Éden, oficio este que o homem não exerceu deixando a mulher ser enganada, e assim, pecando (1 Tm 2.14). Assim como Cristo é o cabeça da Igreja o marido deve ser o da esposa. O esposo deve amar sua esposa como Cristo amou a igreja se entregando por ela e amando como se fosse o próprio corpo. Pois, o que as crianças aprenderão ou descobrirão num casamento desestruturado? Um casamento desestruturado é aquele em que há disputas e lutas sobre quem está no poder, e assim, nenhum dos cônjuges cumpre o seu papel. Por isso que Paulo diz: “Portanto, cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito.” Efésios 5.33 (ênfase acrescentada).

Os filhos devem obedecer a seus pais de forma justa, no Senhor, pois isto é obedecer ao quinto mandamento que é o primeiro mandamento como promessa: “honra teu pai e tua mãe” (6.2; cf. Êx 20.12). Os pais devem amar seus filhos, mas não se esquecer da disciplina aplicada com amor e ensinando a temer a Deus e ensinados a rejeitar suas inclinações naturais.

Novo relacionamento cultural (6.5-9)

O fato de Cristo ser o nosso cabeça isso não quer dizer que não devemos obedecer outra autoridade. Paulo nos mostra que o servo cristão deve ser obediente aos seus senhores que são segundo a carne, em sinceridade de coração como se obedecesse diretamente a Cristo. O servo cristão deve servir ao seu senhor não com o fim principal de agradar aos homens, mas como servos de Cristo servindo de boa vontade. A ambição (pecaminosa) que permeava a edificação da torre de babel não deve existir entre o servo cristão e seu senhor, pois o servo deve trabalhar para a glória de Deus. Assim, o senhor deve respeitar ao seu servo não como respeitando à vista, deixando as ameaças de lado. Pois acima deste senhor há um Senhor que tem um nome que é acima de todo nome, o qual não faz acepção de pessoas.

Conclusão

Só em Cristo podemos restabelecer aquilo que Deus ordenou às suas criaturas, podendo ter um relacionamento sincero com Deus. E assim, tendo um relacionamento com Deus, os outros tendem a ser restabelecidos: Uma família que serve a Deus em seus relacionamentos, bem como os servos que glorificam a Deus servindo ao seu senhor como se fosse a Cristo, pois não podemos ter em mente este dualismo: Sagrado e secular. Sagrado é tudo aquilo que é espiritual e secular aquilo que não é espiritual. Mas não é isso que a Bíblia nos diz, pois em tudo que fomos fazer, fazemos para a glória de Deus Pai.

APRENDA NEGAR A SI MESMO

“Não atentando nós nas coisas que se veem, mas sim nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, enquanto as que se não veem são eternas.” (II Cor 4.18).

Por que deveria aprender a me autonegar?
Ainda que não seja do nosso conhecimento tudo o que está implícito no ato da autonegação, basta sabermos que este é o principal e primeiro passo que deve ser dado se quisermos ser genuínos discípulos de Jesus Cristo, conforme Ele próprio nos tem ordenado (Mt 16.24).

Se não nos auto negarmos jamais poderemos alcançar a experiência do apóstolo Paulo citada em nosso texto, porque sem isto, não é possível nos desprendermos das coisas que são terrenas e visíveis, que são temporais, por não termos o nosso coração inteiramente ligado às que são invisíveis, sobrenaturais, espirituais, celestiais e eternas.
Deus é espírito invisível e deve ser conhecido por nós também em espírito.
Mas o espírito não pode se elevar a Deus enquanto estiver preso às coisas que são pertencentes ao mundo natural.

Tudo o que Deus criou é bom e belo. E muito do que existe na natureza e que não foi atingido pela queda do homem no pecado, guarda ainda muito daquela perfeição original que foi dada por Deus a todas as coisas criadas. Mas tudo na criação natural, passa ou passará um dia.
Todavia, o homem possui um espírito imortal que foi criado para coisas superiores, melhores e que jamais passarão. É nesta vida do espírito vivificado por Deus por meio do Espírito Santo, mediante a fé em Jesus Cristo, que se manifesta toda esta imortalidade bendita e tudo o que a ela se refere.

Muitos passam pelo mundo pensando na morte física como sendo o final de tudo. Assim, toda a sua esperança está relacionada apenas ao breve tempo desta existência aqui debaixo, e não entendem que possuem um espírito que é eterno, e que se não for redimido e justificado por meio da fé em Jesus Cristo, ficará para sempre perdido em trevas eternas.

Como então se alcança esta vida superior e eterna por meio da salvação do nosso espírito?
Aqui entra como resposta a autonegação. Sem ela, enquanto estivermos cheios dos nossos próprios conceitos e filosofia de vida, sem abrir espaço para sermos instruídos pela verdade como ela se encontra na pessoa de Jesus Cristo e revelada na Bíblia, jamais poderemos receber essa nova vida do céu que está destinada para o aperfeiçoamento do nosso espírito até conduzi-lo à exata imagem e semelhança da pessoa de Jesus Cristo.
Daí se dizer que os humildes de espírito são bem-aventurados porque são eles que entram na posse do reino dos céus.

Por isso, vigie bem seus afetos irregulares e orgulho e faça duas coisas: mortifique seus desejos e modere suas paixões.
Não fixe seu coração em nenhuma criatura. Não ligue sua alma a nenhum ser da criação visível, pois todos são passageiros, e nada carregam consigo daquela vida eterna que procede do céu.

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

DEUS TOQUE NOSSOS CORAÇÕES

Versículo do dia: Também Saul se foi para sua casa, a Gibeá; e foi com ele uma tropa de homens cujo coração Deus tocara. (1 Samuel 10.26)

Apenas pense no que está sendo dito neste versículo. Deus os tocou. Não uma esposa. Não um filho. Não um pai. Nem um conselheiro. Mas Deus.

Aquele com poder infinito no universo, aquele com infinita autoridade, sabedoria, amor, bondade, pureza e justiça, foi ele quem tocou o coração deles.

Como a circunferência de Júpiter toca a borda de uma molécula? E quanto menos penetra em seu núcleo?

O toque de Deus é impressionante porque é um toque. É uma conexão real. É maravilhoso que isso envolva o coração. É surpreendente que isso envolva Deus. E é espetacular que isso envolva um toque real.

Os homens valentes não foram apenas alertados. Eles não foram apenas movidos por uma influência divina. Eles não foram apenas vistos e conhecidos. Deus, com infinita condescendência, tocou o coração deles. Deus estava próximo assim. E eles não foram consumidos.

Eu amo esse toque. Eu o desejo mais e mais, para mim e para todos vocês. Oro para que Deus me toque novamente para sua glória. Oro para que ele toque a todos nós.

Oh, pelo toque de Deus! Se ele vier com fogo, que assim seja. Se ele vier com água, que assim seja. Se ele vier com o vento, que venha, ó Deus. Se vier com trovões e relâmpagos, que nos prostremos diante dele.

Ó Senhor, vem. Aproxima-te assim. Queima, molha, sopra e troveja. Ou quieto e suave, vem. Vem de todas as formas. Toca os nossos corações.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do Dia: “Ela atou o cordão de escarlata à janela.” (Josué 2.21)

Raabe dependia da promessa dos espias para sua preservação. Ela os viu como representantes do Deus de Israel. A sua fé era simples e firme, mas foi bastante obediente. Amarrar o cordão de escarlata na janela era um ato trivial, em si mesmo. Raabe, porém, não correu o risco de omitir esse ato. Ó minha alma, não existe neste acontecimento uma lição para ti? Tens estado atenta a toda a vontade de teu Senhor, embora alguns de seus mandamentos pareçam não-essenciais? Tu tens obedecido, ao modo dele mesmo, às duas ordenanças do crente – o batismo e a ceia do Senhor? Negligenciar estas ordenanças aponta para desobediência desamorosa, em seu coração. De agora em diante, em todas as coisas, seja irrepreensível, mesmo se for para amarrar um cordão, caso seja esta sua obrigação. Este ato de Raabe demonstra uma lição ainda mais solene. Eu tenho confiado implicitamente no precioso sangue de Jesus? Tenho amarrado o cordão de escarlata em minha janela com um forte nó, de modo que minha confiança sempre permaneça? Posso ver o mar Morto de meus pecados ou a Jerusalém de minhas esperanças, sem contemplar o sangue de Jesus e todas as coisas em conexão com este poder abençoado?

O transeunte pode ver o cordão de cor nítida, se está pendurado na janela. Semelhantemente, estarei em segurança, se minha vida deixa a expiação evidente para todos os espectadores. Do que eu tenho de me envergonhar? Que os homens e os demônios vejam, se quiserem. O sangue é o meu motivo de orgulho e minha canção. Ó minha alma, existe Alguém que verá aquele cordão de escarlata, mesmo quando, por fraqueza na fé, tu não o puderes ver. Jeová, o Vingador, há de vê-lo e passará por ti. As muralhas de Jericó ruíram. A casa de Raabe estava sobre o muro. Apesar disso, ela permaneceu tranquila. Minha natureza está construída sobre o muro de humanidade; mas, quando a destruição afligir a raça, estarei seguro. Ó minha alma, amarra novamente o cordão de escarlata na janela, e descansa em paz.