Semeando o Evangelho

Semear a Verdade e o Amor de Deus
quarta-feira, 26 de julho de 2017
A AUTORIDADE DO REI JESUS
Por Flávio Santos
O Evangelho de Mateus apresenta Jesus como Rei que tem autoridade no céu e na terra. Deus deu todo poder para Jesus reinar no céu, na terra e até debaixo da terra. [Leia Mateus 8]
No Sermão do monte, Jesus demonstra a autoridade de Suas palavras.
“Ouvistes o que foi dito aos antigos […]. Eu, porém, vos digo…” Mt 5.21,22
“Também foi dito […]. Eu, porém, vos digo…” Mt 5.31,32
“Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se maravilhavam de sua doutrina; porque as ensinava como tendo AUTORIDADE, e não como os escribas” Mt 7.28,29
Após demonstrar a autoridade do Seu discurso, Jesus desce do monte para revelar a Sua autoridade em ações milagrosas.
Jesus é o Rei que tem poder e autoridade para operações sobrenaturais.
Jesus demonstrou Sua autoridade sobre doenças ao curar o leproso, o servo do centurião que estava paralítico e a sogra de Pedro que estava com febre (Mt 8.1-15). A Autoridade de Jesus, além destes, alcançou muitos outros enfermos. Mt 8.16
A autoridade da palavra de Jesus sobre as doenças era o cumprimento da profecia que dizia: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças”. Mt 8.17
Jesus demonstrou Sua autoridade sobre a humanidade quando o leproso se prostrou diante Dele, quando o centurião não O quis receber em casa e disse que uma palavra de autoridade Dele já bastava, quando a sogra de Pedro, após curada O servia, quando o escriba O quis seguir e quando os discípulos O seguiram. Mt 8.1-23
Jesus demonstrou Sua autoridade sobre a natureza quando uma tempestade se levantou contra o barco em que estava com os seus discípulos. Jesus levantou-se e com ação de autoridade reprendeu os ventos e o mar. Os discípulos se maravilharam com a ação assim como as multidões se maravilharam com as palavras.
A pergunta que os discípulos fizeram: “Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem” (Mt 8.27), é respondida pela ação de Jesus que diz: Ele é o Rei que tem autoridade na terra.
Jesus demonstrou Sua autoridade sobre os demônios quando chegou a Gadara e foi interpelado por dois endemoninhados. Jesus exorcizou os demônios e deu liberdade aos homens. Jesus, o exorcista, com autoridade disse: “Ide” (Mt 8.32), e os demônios foram expulsos.
Os demônios não mentiram quando perguntaram: “Que temos nós contigo, Filho de Deus” (Mt 8.29). De fato, estavam diante do Filho de Deus que tem autoridade sobre o diabo e seus demônios. Diante da autoridade de Jesus até da boca de um demônio sai verdade.
Assim, sejam em Palavras ou Ações, Jesus exerce autoridade sobre céus e terra!
O Evangelho de Mateus apresenta Jesus como Rei que tem autoridade no céu e na terra. Deus deu todo poder para Jesus reinar no céu, na terra e até debaixo da terra. [Leia Mateus 8]
No Sermão do monte, Jesus demonstra a autoridade de Suas palavras.
“Ouvistes o que foi dito aos antigos […]. Eu, porém, vos digo…” Mt 5.21,22
“Também foi dito […]. Eu, porém, vos digo…” Mt 5.31,32
“Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se maravilhavam de sua doutrina; porque as ensinava como tendo AUTORIDADE, e não como os escribas” Mt 7.28,29
Após demonstrar a autoridade do Seu discurso, Jesus desce do monte para revelar a Sua autoridade em ações milagrosas.
Jesus é o Rei que tem poder e autoridade para operações sobrenaturais.
Jesus demonstrou Sua autoridade sobre doenças ao curar o leproso, o servo do centurião que estava paralítico e a sogra de Pedro que estava com febre (Mt 8.1-15). A Autoridade de Jesus, além destes, alcançou muitos outros enfermos. Mt 8.16
A autoridade da palavra de Jesus sobre as doenças era o cumprimento da profecia que dizia: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças”. Mt 8.17
Jesus demonstrou Sua autoridade sobre a humanidade quando o leproso se prostrou diante Dele, quando o centurião não O quis receber em casa e disse que uma palavra de autoridade Dele já bastava, quando a sogra de Pedro, após curada O servia, quando o escriba O quis seguir e quando os discípulos O seguiram. Mt 8.1-23
Jesus demonstrou Sua autoridade sobre a natureza quando uma tempestade se levantou contra o barco em que estava com os seus discípulos. Jesus levantou-se e com ação de autoridade reprendeu os ventos e o mar. Os discípulos se maravilharam com a ação assim como as multidões se maravilharam com as palavras.
A pergunta que os discípulos fizeram: “Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem” (Mt 8.27), é respondida pela ação de Jesus que diz: Ele é o Rei que tem autoridade na terra.
Jesus demonstrou Sua autoridade sobre os demônios quando chegou a Gadara e foi interpelado por dois endemoninhados. Jesus exorcizou os demônios e deu liberdade aos homens. Jesus, o exorcista, com autoridade disse: “Ide” (Mt 8.32), e os demônios foram expulsos.
Os demônios não mentiram quando perguntaram: “Que temos nós contigo, Filho de Deus” (Mt 8.29). De fato, estavam diante do Filho de Deus que tem autoridade sobre o diabo e seus demônios. Diante da autoridade de Jesus até da boca de um demônio sai verdade.
Assim, sejam em Palavras ou Ações, Jesus exerce autoridade sobre céus e terra!
A HUMILDADE SERÁ EXALTADA POR DEUS
“5 Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6 pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,
8 a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.
9 Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome,
10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra,
11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” (Filipenses 2.5-11)
v. 5 – O apóstolo recomenda agora, a partir do exemplo de Cristo, o exercício de humildade, para o qual ele os exortou em palavras. Há, no entanto, duas partes, na primeira ele nos convida a imitar a Cristo, porque esta é a regra de vida; na segunda, ele nos atrai a ele, porque este é o caminho pelo qual podemos alcançar a verdadeira glória. Por isso, ele exorta cada um a ter a mesma disposição que estava em Cristo. Ele depois mostra que um padrão de humildade foi apresentado diante de nós em Cristo.
v. 6 – “Pois ele, subsistindo em forma de Deus”. Esta não é uma comparação entre coisas similares, mas na forma de maior e menor. A humildade de Cristo consistia no seu rebaixamento do mais alto pináculo da glória para a mais baixa ignomínia: nossa humildade consiste em abster-nos de exaltar a nós mesmos por uma estimativa falsa. Ele renunciou ao seu direito; tudo o que é exigido de nós é que não assumamos para nós mesmos mais do que deveríamos. Daí ele afirma isto – que, na medida em que estava na forma de Deus, ele não achava que não era uma coisa ilegal se mostrar nessa forma; senão que ele se esvaziou. Desde, então, que o Filho de Deus desceu de uma altura tão grande, quão irrazoável que nós, que nada somos, devêssemos nos exaltar com orgulho!
A forma de Deus significa aqui a sua majestade. Porque assim como um homem é conhecido pela aparência de sua forma, de igual modo a majestade, que brilha em Deus, é a sua figura. Ou, se você preferir uma similitude mais adequada, a forma de um rei é a sua equipagem e magnificência, mostrando-o como sendo um rei – o cetro, a coroa, o manto, seus atendentes, seu trono de julgamento, e outros emblemas da realeza; a forma de um cônsul era – sua longa túnica, com bordas em roxo, o seu assento de marfim.
Cristo, portanto, antes da criação do mundo, estava na forma de Deus, porque desde o início ele teve sua glória com o Pai, como ele diz em João 17.5. Pois na sabedoria de Deus, antes de sua assumir a nossa carne, não havia nada desprezível, mas, ao contrário uma magnificência digna de Deus. Sendo como ele era, poderia, sem fazer mal a qualquer um, mostrar-se igual a Deus; mas ele não se manifestou para ser o que ele realmente era, nem ele se apresentou abertamente na visão dos homens que lhe pertenciam por direito.
“Não julgou como usurpação”. Não teria havido nenhum mal se tivesse mostrado ser igual a Deus. Pois, quando ele diz, que ele não pensava por si mesmo, é como se ele tivesse dito: “Ele sabia que, de fato, isso era lícito e correto para ele,” para que possamos saber que sua humilhação foi voluntária, e não por necessidade. Cada um, no entanto, deve perceber que Paulo trata até então da glória de Cristo, que tende a aumentar a sua humilhação. Assim, ele menciona, não o que Cristo fez, mas o que era permitido para ele fazer.
Ainda mais, o homem que não percebe que a sua eterna divindade está claramente estabelecida nestas palavras, é totalmente cego. Reconheço, sem dúvida, que Paulo não faz menção aqui da essência divina de Cristo; mas não se segue disso, que a passagem não é suficiente para repelir a impiedade dos arianos, que diziam que Cristo era um Deus criado, e inferior ao Pai, e negavam que ele fosse da mesma substância do Pai. Porque, onde pode haver igualdade com Deus, sem furto, excetuando-se apenas onde há a essência de Deus; pois Deus permanece sempre o mesmo, que diz por Isaías: “eu vivo; eu não vou dar a minha glória para outro” (Isaías 48.11).
Forma significa figura ou a aparência, como eles geralmente falam. Isto, também, eu prontamente concedo; mas, serão encontradas, além de Deus, tal forma, de modo que não seja nem falsa nem forjada? Como, então, Deus é conhecido por meio de suas excelências, e suas obras são evidências da sua eterna divindade (Romanos 1.20), então a essência divina de Cristo é justamente provada a partir da majestade de Cristo, que ele possuía em igualdade com o Pai, antes que ele tivesse se humilhado. Quanto a mim, pelo menos, nem mesmo todos os demônios iriam arrebatar essa passagem de mim – na medida em que há em Deus um argumento mais sólido, de sua glória e sua essência, que são duas coisas que são inseparáveis.
v. 7 – “Esvaziou-se”. Este esvaziamento é o mesmo que rebaixamento, como veremos mais tarde. A expressão, no entanto, que é utilizada, ευμφατικωτέρως, (com mais ênfase) significa, – ser reduzido a nada. Cristo, de fato, não poderia livrar-se de Deus; mas ele se manteve escondido por um tempo, para que não fosse visto, sob a fraqueza da carne. Por isso, ele pôs de lado a sua glória na visão dos homens, e não por diminuí-la, senão por ocultá-la.
Pergunta-se, se ele fez isto como homem? Erasmo responde afirmativamente. Mas onde estava a forma de Deus, antes que ele se fez homem? Por isso, devemos responder, que Paulo fala de Cristo inteiramente, já que ele era Deus manifestado na carne (1 Timóteo 3.16😉 mas, no entanto, este esvaziamento é aplicável exclusivamente à sua humanidade, como se eu devesse dizer do homem “o homem sendo mortal, é extremamente insensato se ele não pensa em nada, senão no mundo”, refiro-me, na verdade, ao homem integral; mas ao mesmo tempo atribuo mortalidade apenas a uma parte dele, isto é, ao corpo. Assim, então, como Cristo é uma pessoa, que subsiste em duas naturezas, é com propriedade que Paulo diz que aquele que era o Filho de Deus, – na realidade igual a Deus, no entanto, deixou de lado a sua glória, quando se manifestou em carne na aparência de um servo.
Também é indagado, por outros, como pode ser dito que se esvaziou, enquanto ele, no entanto, invariavelmente, se mostrava, por meio de milagres e excelências, ser o Filho de Deus, e em quem, como João testemunha, havia sempre para ser vista uma glória digna do Filho de Deus? (João 1.14). Eu respondo que a humilhação da carne era, não obstante, como um véu, pelo qual a sua majestade divina estava oculta. Por conta disso, ele não queria que sua transfiguração fosse tornada pública até depois de sua ressurreição; e quando ele percebe que a hora de sua morte está se aproximando, então ele diz: Pai, glorifica o teu Filho (João 17.1). Daí, também, Paulo ensina em outro lugar, que ele foi declarado ser o Filho de Deus, por meio de sua ressurreição (Romanos 1.4). Ele também declara em outro lugar (2 Coríntios 13.4), que sofreu com a fraqueza da carne.
Em suma, a imagem de Deus brilhou em Cristo de tal maneira, que ele era, ao mesmo tempo, humilhado em sua aparência externa, e se rebaixou a nada na estimativa dos homens; para que ele carregasse consigo a forma de servo, e assumisse a nossa natureza, expressamente, com a visão de ser um servo do seu Pai, ou melhor, até mesmo dos homens. Paulo também lhe chama de ministro da circuncisão (Romanos 15.8) e ele próprio testemunha de si mesmo, que veio para servir (Mateus 20.28) e que mesmo muito tempo antes havia sido profetizado por Isaías – Eis o meu servo, etc.
Em semelhança de homens Γενόμενος é equivalente aqui a constitutus – (tendo sido nomeado). Pois Paulo afirma que ele tinha sido levado ao nível da humanidade, de modo que não havia nada na aparência que diferia da condição comum da humanidade. Os Marcionitas pervertem essa declaração com a finalidade de estabelecer o fantasma com o qual eles sonhavam. Eles podem, no entanto, ser refutados sem grande dificuldade, na medida em que Paulo está tratando aqui simplesmente da maneira pela qual Cristo se manifestou, e a condição com a qual ele estava familiarizado quando no mundo.
Olhemos para um homem, ele vai, no entanto, ser reconhecido como diferente de outros, se ele se comportar como se fosse isento da condição dos outros. Paulo declara que isto sucedeu com Cristo, porque viveu de tal maneira, que parecia como se ele estivesse em um nível com a humanidade, e ele ainda era muito diferente de um simples homem, embora ele fosse verdadeiramente homem. Por isso, os Marcionitas mostram infantilidade excessiva, na elaboração de um argumento de similaridade de condições para o efeito de negar a realidade da sua natureza.
v. 8 – “Ele se tornou obediente”. Mesmo isto foi grande humildade – que sendo Senhor, ele se tornou um servo; mas ele diz que ele foi mais longe do que isso, porque, embora ele não era apenas imortal, mas o Senhor da vida e da morte, ele, no entanto, tornou-se obediente ao Pai, até o ponto de suportar a morte de cruz. Isto foi extrema humilhação, especialmente quando temos em conta o tipo de morte, que ele sofreu. Porque morrendo dessa maneira ele não estava apenas coberto com ignomínia aos olhos de Deus, mas também foi amaldiçoado aos olhos de Deus. É seguramente um tal modelo de humildade que deveria absorver a atenção de toda a humanidade.
v. 9 – “Pelo que também Deus o exaltou soberanamente”. Ao adicionar o consolo, ele mostra que a humilhação, para a qual a mente humana é avessa, é no mais alto grau desejável. Não há ninguém, é verdade, mas reconhecerá que é isto uma coisa razoável que é exigida de nós, quando somos exortados a imitar a Cristo. Esta consideração, no entanto, desperta-nos a imitá-lo mais alegremente, quando aprendemos que nada é mais vantajoso para nós do que sermos conformes à sua imagem. Agora, para que todos estejam alegres, aqueles que, juntamente com Cristo, voluntariamente se humilharam, ele mostra pelo seu exemplo; para a partir da condição mais abjeta que ele foi exaltado à maior elevação. Portanto, todo aquele que se humilha será de igual modo exaltado. Quem agora não estaria dispostos a exercer a humildade, por meio da qual a glória do reino celestial é atingida?
Esta passagem tem dado ocasião a sofistas, ou melhor, eles tomaram posse dela, para alegar que Cristo mereceu primeiro para si mesmo, e depois para os outros. Agora, em primeiro lugar, mesmo que não houvesse nada falso na alegação, seria, no entanto, adequado evitar tais especulações profanas assim como obscurecer a graça de Cristo – em imaginar que ele veio por qualquer outra razão que, senão ter em vista a nossa salvação. Quem não vê que esta é uma sugestão de Satanás – que Cristo sofreu na cruz, para que pudesse adquirir para si, pelo mérito do seu trabalho, o que ele não possuía? Porque isto é o projeto do Espírito Santo, que deveríamos, na morte de Cristo, ver, e experimentar, e ponderar, e sentir, e reconhecer nada, senão a bondade sem mistura de Deus e do amor de Cristo para conosco, que foi grande e inestimável, que, independentemente de si mesmo, ele se dedicou e sua vida por amor a nós.
Em todos os casos em que as Escrituras falam da morte de Cristo, elas atribuem a nós a sua vantagem e preço; – que por meio dela somos redimidos – reconciliados com Deus – restaurados à justiça – purificados de nossas corrupções – a vida é adquirida por nós, e o portão da vida aberto. Quem, então, poderia negar que é por instigação de Satanás que as pessoas afirmem, por outro lado, que a parte principal da vantagem é para o próprio Cristo – que uma relação a si mesmo teve a precedência do que ele fez por nós – que mereceu a glória para si mesmo antes de ele merecer a salvação para nós?
Ainda mais, eu nego a verdade do que alegam, e eu afirmo que as palavras de Paulo são impiedosamente pervertidas para o estabelecimento de sua falsidade; porque a expressão, “por esta causa”, denota aqui uma consequência e não uma razão, se manifesta a partir desta, que, caso contrário segue-se que um homem pode merecer honras divinas, e adquirir o próprio trono de Deus – o que não é simplesmente um absurdo, mas mesmo terrível para se fazer menção. Porque de qual exaltação de Cristo o apóstolo fala aqui? Isto é, que tudo pode ser feito nele que Deus, através do profeta Isaías, exclusivamente reivindica para si mesmo. Daí a glória de Deus, e a majestade, que são tão peculiares a ele, que não podem ser transferidas para qualquer outro, será a recompensa do trabalho do homem!
Ainda, se eles avaliassem o modo de expressão, sem qualquer relação com o absurdo que se seguirá, a resposta será fácil – que ele nos foi dada pelo Pai, de tal maneira, que toda a sua vida é como um espelho que está diante de nós. Como, então, um espelho, embora tenha esplendor, tem não para si, mas com a visão de ser vantajoso e útil para os outros, assim também Cristo não procurou nem recebeu nada para si, mas tudo para nós. Que necessidade teria, eu pergunto, se ele, que era igual ao Pai, de uma nova exaltação? Vamos, então, leitores piedosos aprender a detestar estas especulações pervertidas.
“Deu-lhe um nome”.
Nome aqui é empregado para significar a dignidade – uma forma de expressão que é abundantemente comum em todas as línguas – “jacet nomine sine truncus; Ele encontra-se numa carcaça sem cabeça sem nome.” O modo de expressão, no entanto, é mais comum, especialmente nas Escrituras. O significado, portanto, é que o poder supremo foi dado a Cristo, e que ele foi colocado no mais alto posto de honra, de modo que não há dignidade encontrada no céu ou na terra, que seja igual à sua. Daí segue-se que isto é um nome Divino. Isto, também, ele explica, citando as palavras de Isaías, onde o profeta, ao tratar da propagação do culto a Deus em todo o mundo, apresenta Deus da seguinte maneira:
” Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua.” (Isaías 45.23)
Agora, é certo que a adoração aqui significa, que pertence exclusivamente a Deus. Estou ciente de que alguns filosofam com sutileza quanto ao nome de Jesus, como se fosse derivado do nome inefável Jeová. Na razão, no entanto, que eles apresentam, não acho solidez. Quanto a mim, eu não sinto prazer em sutilezas vazias; e é perigoso brincar em um assunto de tamanha importância. Além disso, quem não vê que isto é algo forçado, e nada mais do que uma genuína exposição, quando Paulo fala de toda a dignidade de Cristo, para restringir seu significado de duas sílabas, como se alguém tivesse de examinar atentamente as letras da palavra. Sua sutileza, portanto, não é sólida, e o artifício é alheio à intenção de Paulo. Mas pior do que ridículo é a conduta dos sofistas, que inferirem a partir da passagem diante de nós que devemos dobrar os joelhos sempre que o nome de Jesus é pronunciado, como se fosse uma palavra mágica, que tinha todas as virtudes incluídas no seu som. Paulo, por outro lado, fala da honra que deve ser prestado ao Filho de Deus, não a meras sílabas.
v. 10 – “Todo joelho se dobre”. Embora o respeito é mostrado aos homens também por meio desse rito, não pode, no entanto, haver dúvida de que o que está aqui quer dizer que a adoração que pertence exclusivamente a Deus, da qual a flexão do joelho é um símbolo. Quanto a isso, é bom notar, que Deus deve ser adorado, e não apenas com o afeto do coração, mas também por profissão exterior, se rendermos a ele o que lhe é devido. Assim, por outro lado, quando ele descreve seus adoradores verdadeiros, ele diz que eles “não dobraram os joelhos diante de Baal” (1 Reis 19.18).
Mas aqui surge uma questão – se isso se relaciona com a divindade de Cristo ou com a sua humanidade, porque optar por uma ou por outra, não está sem alguma inconsistência, na medida em que nada de novo poderia ser acrescentado à sua divindade; e sua humanidade em si mesma, vista isoladamente, não possui nenhuma denotação para tal exaltação que lhe pertence, para que ele fosse adorado como Deus? Eu respondo; que esta, como muitas outras coisas, são afirmadas em referência à pessoa inteira de Cristo, visto como Deus manifestado na carne (1 Timóteo 3.16). Porque Ele não se rebaixou tanto como em sua humanidade considerada isoladamente, ou assim como em relação à sua divindade vista também isoladamente, mas na medida em que, assim vestido de nossa carne, ele se ocultou sob a sua fraqueza. Assim, Deus exaltou o seu próprio Filho na mesma carne, em que ele viveu no mundo abjeto e desprezado, para a posição mais elevada de honra, para que ele possa se sentar à sua mão direita.
Paulo, no entanto, parece não ser coerente consigo mesmo; porque, em Romanos 14.11, ele cita essa mesma passagem, quando ele tem em vista provar que Cristo um dia será o juiz dos vivos e dos mortos. Agora, isto não seria aplicável a esse assunto, se já tivesse sido cumprido, assim como ele declara aqui. Eu respondo, que o reino de Cristo está em tal fundamento, que a cada dia cresce e faz melhorias, enquanto ao mesmo tempo a perfeição ainda não foi atingida, nem será até o último dia do acerto de contas. Assim, ambas as coisas são verdadeiras – que todas as coisas estão agora sujeitas a Cristo, e que esta sujeição, no entanto, não estará completa até o dia da ressurreição, porque o que está agora apenas começando, então, será completado. Por isso, não é sem razão que esta profecia é aplicada de formas diferentes em momentos diferentes, como também todas as outros profecias, que falam do reinado de Cristo, não o restringem a um determinado momento, mas o descrevem em todo o seu curso. A partir daí, no entanto, podemos inferir que Cristo é o Deus eterno que falou por Isaías.
“As coisas no céu, as coisas na terra, debaixo da terra”. Uma vez que Paulo representa todas as coisas do céu ao inferno como sujeitas a Cristo, no entanto, os demônios estão tão longe de curvarem os joelhos diante de Cristo, que estão em todos os sentidos rebeldes contra ele, e incitam outros à rebelião, está escrito em relação a eles, que tremem à simples menção de Deus (Tiago 2.19). Como será, então, quando eles deverem vir diante do tribunal de Cristo? Confesso, aliás, que não é, e nunca será, objeto de sua própria vontade e por submissão alegre; mas Paulo não está falando aqui de obediência voluntária.
v. 11 – “É o Senhor, para glória de Deus Pai”. Isto também pode ser lido, “na glória”, porque a partícula εἰς (a) é muitas vezes usada no lugar de ἐν (em). Prefiro, no entanto, manter a sua significação própria, no sentido de que, assim como a majestade de Deus tem sido manifesta aos homens através de Cristo, para que ele resplandeça em Cristo, e que o Pai é glorificado no Filho. Veja João 5.17, e você vai encontrar uma exposição desta passagem.
6 pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,
8 a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.
9 Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome,
10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra,
11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” (Filipenses 2.5-11)
v. 5 – O apóstolo recomenda agora, a partir do exemplo de Cristo, o exercício de humildade, para o qual ele os exortou em palavras. Há, no entanto, duas partes, na primeira ele nos convida a imitar a Cristo, porque esta é a regra de vida; na segunda, ele nos atrai a ele, porque este é o caminho pelo qual podemos alcançar a verdadeira glória. Por isso, ele exorta cada um a ter a mesma disposição que estava em Cristo. Ele depois mostra que um padrão de humildade foi apresentado diante de nós em Cristo.
v. 6 – “Pois ele, subsistindo em forma de Deus”. Esta não é uma comparação entre coisas similares, mas na forma de maior e menor. A humildade de Cristo consistia no seu rebaixamento do mais alto pináculo da glória para a mais baixa ignomínia: nossa humildade consiste em abster-nos de exaltar a nós mesmos por uma estimativa falsa. Ele renunciou ao seu direito; tudo o que é exigido de nós é que não assumamos para nós mesmos mais do que deveríamos. Daí ele afirma isto – que, na medida em que estava na forma de Deus, ele não achava que não era uma coisa ilegal se mostrar nessa forma; senão que ele se esvaziou. Desde, então, que o Filho de Deus desceu de uma altura tão grande, quão irrazoável que nós, que nada somos, devêssemos nos exaltar com orgulho!
A forma de Deus significa aqui a sua majestade. Porque assim como um homem é conhecido pela aparência de sua forma, de igual modo a majestade, que brilha em Deus, é a sua figura. Ou, se você preferir uma similitude mais adequada, a forma de um rei é a sua equipagem e magnificência, mostrando-o como sendo um rei – o cetro, a coroa, o manto, seus atendentes, seu trono de julgamento, e outros emblemas da realeza; a forma de um cônsul era – sua longa túnica, com bordas em roxo, o seu assento de marfim.
Cristo, portanto, antes da criação do mundo, estava na forma de Deus, porque desde o início ele teve sua glória com o Pai, como ele diz em João 17.5. Pois na sabedoria de Deus, antes de sua assumir a nossa carne, não havia nada desprezível, mas, ao contrário uma magnificência digna de Deus. Sendo como ele era, poderia, sem fazer mal a qualquer um, mostrar-se igual a Deus; mas ele não se manifestou para ser o que ele realmente era, nem ele se apresentou abertamente na visão dos homens que lhe pertenciam por direito.
“Não julgou como usurpação”. Não teria havido nenhum mal se tivesse mostrado ser igual a Deus. Pois, quando ele diz, que ele não pensava por si mesmo, é como se ele tivesse dito: “Ele sabia que, de fato, isso era lícito e correto para ele,” para que possamos saber que sua humilhação foi voluntária, e não por necessidade. Cada um, no entanto, deve perceber que Paulo trata até então da glória de Cristo, que tende a aumentar a sua humilhação. Assim, ele menciona, não o que Cristo fez, mas o que era permitido para ele fazer.
Ainda mais, o homem que não percebe que a sua eterna divindade está claramente estabelecida nestas palavras, é totalmente cego. Reconheço, sem dúvida, que Paulo não faz menção aqui da essência divina de Cristo; mas não se segue disso, que a passagem não é suficiente para repelir a impiedade dos arianos, que diziam que Cristo era um Deus criado, e inferior ao Pai, e negavam que ele fosse da mesma substância do Pai. Porque, onde pode haver igualdade com Deus, sem furto, excetuando-se apenas onde há a essência de Deus; pois Deus permanece sempre o mesmo, que diz por Isaías: “eu vivo; eu não vou dar a minha glória para outro” (Isaías 48.11).
Forma significa figura ou a aparência, como eles geralmente falam. Isto, também, eu prontamente concedo; mas, serão encontradas, além de Deus, tal forma, de modo que não seja nem falsa nem forjada? Como, então, Deus é conhecido por meio de suas excelências, e suas obras são evidências da sua eterna divindade (Romanos 1.20), então a essência divina de Cristo é justamente provada a partir da majestade de Cristo, que ele possuía em igualdade com o Pai, antes que ele tivesse se humilhado. Quanto a mim, pelo menos, nem mesmo todos os demônios iriam arrebatar essa passagem de mim – na medida em que há em Deus um argumento mais sólido, de sua glória e sua essência, que são duas coisas que são inseparáveis.
v. 7 – “Esvaziou-se”. Este esvaziamento é o mesmo que rebaixamento, como veremos mais tarde. A expressão, no entanto, que é utilizada, ευμφατικωτέρως, (com mais ênfase) significa, – ser reduzido a nada. Cristo, de fato, não poderia livrar-se de Deus; mas ele se manteve escondido por um tempo, para que não fosse visto, sob a fraqueza da carne. Por isso, ele pôs de lado a sua glória na visão dos homens, e não por diminuí-la, senão por ocultá-la.
Pergunta-se, se ele fez isto como homem? Erasmo responde afirmativamente. Mas onde estava a forma de Deus, antes que ele se fez homem? Por isso, devemos responder, que Paulo fala de Cristo inteiramente, já que ele era Deus manifestado na carne (1 Timóteo 3.16😉 mas, no entanto, este esvaziamento é aplicável exclusivamente à sua humanidade, como se eu devesse dizer do homem “o homem sendo mortal, é extremamente insensato se ele não pensa em nada, senão no mundo”, refiro-me, na verdade, ao homem integral; mas ao mesmo tempo atribuo mortalidade apenas a uma parte dele, isto é, ao corpo. Assim, então, como Cristo é uma pessoa, que subsiste em duas naturezas, é com propriedade que Paulo diz que aquele que era o Filho de Deus, – na realidade igual a Deus, no entanto, deixou de lado a sua glória, quando se manifestou em carne na aparência de um servo.
Também é indagado, por outros, como pode ser dito que se esvaziou, enquanto ele, no entanto, invariavelmente, se mostrava, por meio de milagres e excelências, ser o Filho de Deus, e em quem, como João testemunha, havia sempre para ser vista uma glória digna do Filho de Deus? (João 1.14). Eu respondo que a humilhação da carne era, não obstante, como um véu, pelo qual a sua majestade divina estava oculta. Por conta disso, ele não queria que sua transfiguração fosse tornada pública até depois de sua ressurreição; e quando ele percebe que a hora de sua morte está se aproximando, então ele diz: Pai, glorifica o teu Filho (João 17.1). Daí, também, Paulo ensina em outro lugar, que ele foi declarado ser o Filho de Deus, por meio de sua ressurreição (Romanos 1.4). Ele também declara em outro lugar (2 Coríntios 13.4), que sofreu com a fraqueza da carne.
Em suma, a imagem de Deus brilhou em Cristo de tal maneira, que ele era, ao mesmo tempo, humilhado em sua aparência externa, e se rebaixou a nada na estimativa dos homens; para que ele carregasse consigo a forma de servo, e assumisse a nossa natureza, expressamente, com a visão de ser um servo do seu Pai, ou melhor, até mesmo dos homens. Paulo também lhe chama de ministro da circuncisão (Romanos 15.8) e ele próprio testemunha de si mesmo, que veio para servir (Mateus 20.28) e que mesmo muito tempo antes havia sido profetizado por Isaías – Eis o meu servo, etc.
Em semelhança de homens Γενόμενος é equivalente aqui a constitutus – (tendo sido nomeado). Pois Paulo afirma que ele tinha sido levado ao nível da humanidade, de modo que não havia nada na aparência que diferia da condição comum da humanidade. Os Marcionitas pervertem essa declaração com a finalidade de estabelecer o fantasma com o qual eles sonhavam. Eles podem, no entanto, ser refutados sem grande dificuldade, na medida em que Paulo está tratando aqui simplesmente da maneira pela qual Cristo se manifestou, e a condição com a qual ele estava familiarizado quando no mundo.
Olhemos para um homem, ele vai, no entanto, ser reconhecido como diferente de outros, se ele se comportar como se fosse isento da condição dos outros. Paulo declara que isto sucedeu com Cristo, porque viveu de tal maneira, que parecia como se ele estivesse em um nível com a humanidade, e ele ainda era muito diferente de um simples homem, embora ele fosse verdadeiramente homem. Por isso, os Marcionitas mostram infantilidade excessiva, na elaboração de um argumento de similaridade de condições para o efeito de negar a realidade da sua natureza.
v. 8 – “Ele se tornou obediente”. Mesmo isto foi grande humildade – que sendo Senhor, ele se tornou um servo; mas ele diz que ele foi mais longe do que isso, porque, embora ele não era apenas imortal, mas o Senhor da vida e da morte, ele, no entanto, tornou-se obediente ao Pai, até o ponto de suportar a morte de cruz. Isto foi extrema humilhação, especialmente quando temos em conta o tipo de morte, que ele sofreu. Porque morrendo dessa maneira ele não estava apenas coberto com ignomínia aos olhos de Deus, mas também foi amaldiçoado aos olhos de Deus. É seguramente um tal modelo de humildade que deveria absorver a atenção de toda a humanidade.
v. 9 – “Pelo que também Deus o exaltou soberanamente”. Ao adicionar o consolo, ele mostra que a humilhação, para a qual a mente humana é avessa, é no mais alto grau desejável. Não há ninguém, é verdade, mas reconhecerá que é isto uma coisa razoável que é exigida de nós, quando somos exortados a imitar a Cristo. Esta consideração, no entanto, desperta-nos a imitá-lo mais alegremente, quando aprendemos que nada é mais vantajoso para nós do que sermos conformes à sua imagem. Agora, para que todos estejam alegres, aqueles que, juntamente com Cristo, voluntariamente se humilharam, ele mostra pelo seu exemplo; para a partir da condição mais abjeta que ele foi exaltado à maior elevação. Portanto, todo aquele que se humilha será de igual modo exaltado. Quem agora não estaria dispostos a exercer a humildade, por meio da qual a glória do reino celestial é atingida?
Esta passagem tem dado ocasião a sofistas, ou melhor, eles tomaram posse dela, para alegar que Cristo mereceu primeiro para si mesmo, e depois para os outros. Agora, em primeiro lugar, mesmo que não houvesse nada falso na alegação, seria, no entanto, adequado evitar tais especulações profanas assim como obscurecer a graça de Cristo – em imaginar que ele veio por qualquer outra razão que, senão ter em vista a nossa salvação. Quem não vê que esta é uma sugestão de Satanás – que Cristo sofreu na cruz, para que pudesse adquirir para si, pelo mérito do seu trabalho, o que ele não possuía? Porque isto é o projeto do Espírito Santo, que deveríamos, na morte de Cristo, ver, e experimentar, e ponderar, e sentir, e reconhecer nada, senão a bondade sem mistura de Deus e do amor de Cristo para conosco, que foi grande e inestimável, que, independentemente de si mesmo, ele se dedicou e sua vida por amor a nós.
Em todos os casos em que as Escrituras falam da morte de Cristo, elas atribuem a nós a sua vantagem e preço; – que por meio dela somos redimidos – reconciliados com Deus – restaurados à justiça – purificados de nossas corrupções – a vida é adquirida por nós, e o portão da vida aberto. Quem, então, poderia negar que é por instigação de Satanás que as pessoas afirmem, por outro lado, que a parte principal da vantagem é para o próprio Cristo – que uma relação a si mesmo teve a precedência do que ele fez por nós – que mereceu a glória para si mesmo antes de ele merecer a salvação para nós?
Ainda mais, eu nego a verdade do que alegam, e eu afirmo que as palavras de Paulo são impiedosamente pervertidas para o estabelecimento de sua falsidade; porque a expressão, “por esta causa”, denota aqui uma consequência e não uma razão, se manifesta a partir desta, que, caso contrário segue-se que um homem pode merecer honras divinas, e adquirir o próprio trono de Deus – o que não é simplesmente um absurdo, mas mesmo terrível para se fazer menção. Porque de qual exaltação de Cristo o apóstolo fala aqui? Isto é, que tudo pode ser feito nele que Deus, através do profeta Isaías, exclusivamente reivindica para si mesmo. Daí a glória de Deus, e a majestade, que são tão peculiares a ele, que não podem ser transferidas para qualquer outro, será a recompensa do trabalho do homem!
Ainda, se eles avaliassem o modo de expressão, sem qualquer relação com o absurdo que se seguirá, a resposta será fácil – que ele nos foi dada pelo Pai, de tal maneira, que toda a sua vida é como um espelho que está diante de nós. Como, então, um espelho, embora tenha esplendor, tem não para si, mas com a visão de ser vantajoso e útil para os outros, assim também Cristo não procurou nem recebeu nada para si, mas tudo para nós. Que necessidade teria, eu pergunto, se ele, que era igual ao Pai, de uma nova exaltação? Vamos, então, leitores piedosos aprender a detestar estas especulações pervertidas.
“Deu-lhe um nome”.
Nome aqui é empregado para significar a dignidade – uma forma de expressão que é abundantemente comum em todas as línguas – “jacet nomine sine truncus; Ele encontra-se numa carcaça sem cabeça sem nome.” O modo de expressão, no entanto, é mais comum, especialmente nas Escrituras. O significado, portanto, é que o poder supremo foi dado a Cristo, e que ele foi colocado no mais alto posto de honra, de modo que não há dignidade encontrada no céu ou na terra, que seja igual à sua. Daí segue-se que isto é um nome Divino. Isto, também, ele explica, citando as palavras de Isaías, onde o profeta, ao tratar da propagação do culto a Deus em todo o mundo, apresenta Deus da seguinte maneira:
” Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua.” (Isaías 45.23)
Agora, é certo que a adoração aqui significa, que pertence exclusivamente a Deus. Estou ciente de que alguns filosofam com sutileza quanto ao nome de Jesus, como se fosse derivado do nome inefável Jeová. Na razão, no entanto, que eles apresentam, não acho solidez. Quanto a mim, eu não sinto prazer em sutilezas vazias; e é perigoso brincar em um assunto de tamanha importância. Além disso, quem não vê que isto é algo forçado, e nada mais do que uma genuína exposição, quando Paulo fala de toda a dignidade de Cristo, para restringir seu significado de duas sílabas, como se alguém tivesse de examinar atentamente as letras da palavra. Sua sutileza, portanto, não é sólida, e o artifício é alheio à intenção de Paulo. Mas pior do que ridículo é a conduta dos sofistas, que inferirem a partir da passagem diante de nós que devemos dobrar os joelhos sempre que o nome de Jesus é pronunciado, como se fosse uma palavra mágica, que tinha todas as virtudes incluídas no seu som. Paulo, por outro lado, fala da honra que deve ser prestado ao Filho de Deus, não a meras sílabas.
v. 10 – “Todo joelho se dobre”. Embora o respeito é mostrado aos homens também por meio desse rito, não pode, no entanto, haver dúvida de que o que está aqui quer dizer que a adoração que pertence exclusivamente a Deus, da qual a flexão do joelho é um símbolo. Quanto a isso, é bom notar, que Deus deve ser adorado, e não apenas com o afeto do coração, mas também por profissão exterior, se rendermos a ele o que lhe é devido. Assim, por outro lado, quando ele descreve seus adoradores verdadeiros, ele diz que eles “não dobraram os joelhos diante de Baal” (1 Reis 19.18).
Mas aqui surge uma questão – se isso se relaciona com a divindade de Cristo ou com a sua humanidade, porque optar por uma ou por outra, não está sem alguma inconsistência, na medida em que nada de novo poderia ser acrescentado à sua divindade; e sua humanidade em si mesma, vista isoladamente, não possui nenhuma denotação para tal exaltação que lhe pertence, para que ele fosse adorado como Deus? Eu respondo; que esta, como muitas outras coisas, são afirmadas em referência à pessoa inteira de Cristo, visto como Deus manifestado na carne (1 Timóteo 3.16). Porque Ele não se rebaixou tanto como em sua humanidade considerada isoladamente, ou assim como em relação à sua divindade vista também isoladamente, mas na medida em que, assim vestido de nossa carne, ele se ocultou sob a sua fraqueza. Assim, Deus exaltou o seu próprio Filho na mesma carne, em que ele viveu no mundo abjeto e desprezado, para a posição mais elevada de honra, para que ele possa se sentar à sua mão direita.
Paulo, no entanto, parece não ser coerente consigo mesmo; porque, em Romanos 14.11, ele cita essa mesma passagem, quando ele tem em vista provar que Cristo um dia será o juiz dos vivos e dos mortos. Agora, isto não seria aplicável a esse assunto, se já tivesse sido cumprido, assim como ele declara aqui. Eu respondo, que o reino de Cristo está em tal fundamento, que a cada dia cresce e faz melhorias, enquanto ao mesmo tempo a perfeição ainda não foi atingida, nem será até o último dia do acerto de contas. Assim, ambas as coisas são verdadeiras – que todas as coisas estão agora sujeitas a Cristo, e que esta sujeição, no entanto, não estará completa até o dia da ressurreição, porque o que está agora apenas começando, então, será completado. Por isso, não é sem razão que esta profecia é aplicada de formas diferentes em momentos diferentes, como também todas as outros profecias, que falam do reinado de Cristo, não o restringem a um determinado momento, mas o descrevem em todo o seu curso. A partir daí, no entanto, podemos inferir que Cristo é o Deus eterno que falou por Isaías.
“As coisas no céu, as coisas na terra, debaixo da terra”. Uma vez que Paulo representa todas as coisas do céu ao inferno como sujeitas a Cristo, no entanto, os demônios estão tão longe de curvarem os joelhos diante de Cristo, que estão em todos os sentidos rebeldes contra ele, e incitam outros à rebelião, está escrito em relação a eles, que tremem à simples menção de Deus (Tiago 2.19). Como será, então, quando eles deverem vir diante do tribunal de Cristo? Confesso, aliás, que não é, e nunca será, objeto de sua própria vontade e por submissão alegre; mas Paulo não está falando aqui de obediência voluntária.
v. 11 – “É o Senhor, para glória de Deus Pai”. Isto também pode ser lido, “na glória”, porque a partícula εἰς (a) é muitas vezes usada no lugar de ἐν (em). Prefiro, no entanto, manter a sua significação própria, no sentido de que, assim como a majestade de Deus tem sido manifesta aos homens através de Cristo, para que ele resplandeça em Cristo, e que o Pai é glorificado no Filho. Veja João 5.17, e você vai encontrar uma exposição desta passagem.
Devocional Alegria Inabalável - John Piper
ORE PELA FAMA DE DEUS
Versículo do dia: Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. (Mateus 6.9)
Dezenas de vezes a Escritura diz que Deus faz as coisas “por amor de seu nome”. Mas se você perguntar o que está realmente movendo o coração de Deus nessa declaração (e em muitas como ela), a resposta é que Deus se deleita em ter seu nome conhecido.
A primeira e mais importante oração que se pode orar é: “Santificado seja o teu nome”. Este é um pedido a Deus para que ele venha operar de modo a fazer com que as pessoas santifiquem seu nome.
Deus ama ter mais e mais pessoas “santificando” seu nome, e assim seu Filho ensina os cristãos a colocarem suas orações em sintonia com esta grande paixão do Pai.
“Senhor, faze com que mais e mais pessoas santifiquem o teu nome”, isto é, estimem, admirem, respeitem, prezem, honrem e louvem o seu nome. Essa é basicamente uma oração missionária.
Versículo do dia: Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. (Mateus 6.9)
Dezenas de vezes a Escritura diz que Deus faz as coisas “por amor de seu nome”. Mas se você perguntar o que está realmente movendo o coração de Deus nessa declaração (e em muitas como ela), a resposta é que Deus se deleita em ter seu nome conhecido.
A primeira e mais importante oração que se pode orar é: “Santificado seja o teu nome”. Este é um pedido a Deus para que ele venha operar de modo a fazer com que as pessoas santifiquem seu nome.
Deus ama ter mais e mais pessoas “santificando” seu nome, e assim seu Filho ensina os cristãos a colocarem suas orações em sintonia com esta grande paixão do Pai.
“Senhor, faze com que mais e mais pessoas santifiquem o teu nome”, isto é, estimem, admirem, respeitem, prezem, honrem e louvem o seu nome. Essa é basicamente uma oração missionária.
Devocional Do Dia - Charles Spurgeon
Versículo do Dia: “Todos os que me veem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça.” (Salmos 22.7)
A zombaria foi um dos grandes ingredientes na aflição de nosso Senhor. Judas Iscariotes zombou dele no jardim. Os principais sacerdotes e escribas riram do Senhor Jesus, menosprezando-O. Herodes desdenhou do Senhor Jesus. Os servos e os soldados escarneceram do Senhor Jesus e O insultaram brutalmente. Pilatos e seus guardas ridicularizaram a realeza do Senhor Jesus. Na cruz, todo tipo de pilhéria injuriosa e insultos horríveis foram lançados em Jesus. O ridículo é sempre algo difícil de suportar. Entretanto, quando estamos em intensa aflição, o ridículo é tão insensível e cruel, que fere o mais profundo de nosso ser.
Imagine o Salvador crucificado, sofrendo uma agonia muito superior ao que algum mortal poderia imaginar; depois, visualize aquela multidão heterogênea, todos meneando a cabeça ou propelindo os lábios em amargo desprezo daquela vítima sofredora! Com certeza, deveria haver no Crucificado muito mais do que aquelas pessoas imaginavam; pois, se assim não fora, aquela grande e variegada multidão não O teria honrado com tal menosprezo. Não foi realmente perversa a confissão daquela multidão que, no exato momento de seu maior triunfo aparente, apesar de tudo, não pôde fazer nada mais do que zombar da vitoriosa bondade que reinava na cruz? Ó Jesus, rejeitado e desprezado pelos homens (ver Isaías 53.3), como podias morrer por homens que Te trataram de modo tão cruel? Tu tens maravilhoso e divino amor além de qualquer medida. Assim como eles, havemos Te desprezado, nos dias de nossa obstinação; e, mesmo depois do novo nascimento, temos dado ao mundo um lugar elevado em nosso coração. Apesar disso, Tu foste crucificado para curar nossas feridas e morreste para nos dar vida. Oh, se pudéssemos Te colocar num alto e glorioso trono dentro do coração de todos os homens! Espalharíamos os teus louvores pela terra e mar até que universalmente, os homens te adorassem, como uma vez, unanimemente Te rejeitaram.
A zombaria foi um dos grandes ingredientes na aflição de nosso Senhor. Judas Iscariotes zombou dele no jardim. Os principais sacerdotes e escribas riram do Senhor Jesus, menosprezando-O. Herodes desdenhou do Senhor Jesus. Os servos e os soldados escarneceram do Senhor Jesus e O insultaram brutalmente. Pilatos e seus guardas ridicularizaram a realeza do Senhor Jesus. Na cruz, todo tipo de pilhéria injuriosa e insultos horríveis foram lançados em Jesus. O ridículo é sempre algo difícil de suportar. Entretanto, quando estamos em intensa aflição, o ridículo é tão insensível e cruel, que fere o mais profundo de nosso ser.
Imagine o Salvador crucificado, sofrendo uma agonia muito superior ao que algum mortal poderia imaginar; depois, visualize aquela multidão heterogênea, todos meneando a cabeça ou propelindo os lábios em amargo desprezo daquela vítima sofredora! Com certeza, deveria haver no Crucificado muito mais do que aquelas pessoas imaginavam; pois, se assim não fora, aquela grande e variegada multidão não O teria honrado com tal menosprezo. Não foi realmente perversa a confissão daquela multidão que, no exato momento de seu maior triunfo aparente, apesar de tudo, não pôde fazer nada mais do que zombar da vitoriosa bondade que reinava na cruz? Ó Jesus, rejeitado e desprezado pelos homens (ver Isaías 53.3), como podias morrer por homens que Te trataram de modo tão cruel? Tu tens maravilhoso e divino amor além de qualquer medida. Assim como eles, havemos Te desprezado, nos dias de nossa obstinação; e, mesmo depois do novo nascimento, temos dado ao mundo um lugar elevado em nosso coração. Apesar disso, Tu foste crucificado para curar nossas feridas e morreste para nos dar vida. Oh, se pudéssemos Te colocar num alto e glorioso trono dentro do coração de todos os homens! Espalharíamos os teus louvores pela terra e mar até que universalmente, os homens te adorassem, como uma vez, unanimemente Te rejeitaram.
terça-feira, 25 de julho de 2017
CRISTO NÃO SE ENVERGONHA DOS SEUS
Por Denis Monteiro
Texto base: Mateus 1.1-17
Quem de nós já parou para ler com afinco as genealogias que a Bíblia apresenta? O que há de tão importante em saber que alguém gerou tal pessoa e viveram tantos e tantos anos? Será que o autor bíblico colocou esses dados em alguns livros porque não havia outra coisa a ser colocada?
Hoje nós veremos, tomando de exemplo a genealogia de Cristo, o porquê existe genealogia e o que podemos aprender com ela.
Se você fosse escrever a história de alguém muito importante, será que você colocaria algumas informações que poderiam manchar o seu currículo? Acho que seria improvável que isso acontecesse, pois o autor de tal biografia quer que todos se admirem com a história a ser contada e veja a impecabilidade do personagem. Mas, Mateus não está preocupado com isso na genealogia de Cristo, pois há alguns personagens que não foram tão bons assim para que fossem colocados na genealogia de uma pessoa tão importante como Cristo.
Portanto, quando Mateus escreve a genealogia de Cristo, há alguns pontos importantes a serem observados que fazem com que este relato seja não apenas uma simples linhagem familiar.
Criação – De Abraão a Davi (1.1-6)
Nesta primeira parte o autor mostra Cristo sendo Filho de Davi e de Abraão, mas, também, mostra como foi o desenrolar na história em todos os personagens citados. Não foi por acaso que Mateus escreveu sobre Jesus ser Filho de Davi e de Abraão. Isso parece não ser muito comum em textos que lemos por aí, na verdade sempre vemos outros títulos de Jesus do que “Filho de Abraão”. Mas, por que Jesus teria sido chamado “Filho de Abraão”? Jesus também pode ser chamado à descendência de Abraão, aquele que abençoaria a todas as famílias da terra (Gn 12; Gl 3.16), e por intermédio de Cristo, pela fé, tanto judeus quanto os gentios são chamados de verdadeiros filhos de Abraão (Gl 3.29). A aliança com o povo Judeu iniciou-se com Abraão, da mesma forma em Cristo é estabelecida a Nova Aliança. Ou seja, Mateus não quer só mostrar que Cristo é o verdadeiro filho de Abraão, mas que Cristo é maior do que Abraão (Jo 8.58).
Mas, além de ser chamado “Filho de Abraão”, Cristo é chamado de “Filho de Davi”. Esse título que Mateus se refere a Cristo faz parte da promessa de Deus a Davi que estabeleceria para sempre o seu trono (2 Sm 7.12-16; Is 9.6,7). Essa ênfase sobre as ligações davídicas de Jesus diz respeito à afirmação do Evangelho de que Jesus, na verdade, é o Rei de Israel. O verdadeiro Rei de todo o mundo, o herdeiro do trono de Davi.
Segundo alguns comentaristas o fato de Jesus ser chamado “Filho de Abraão” e “Filho de Davi” faz referência as características do Messias, aquele que viria libertar o povo da opressão do inimigo, tinha que ser um verdadeiro judeu da linhagem de Davi, um rei. E, na verdade, Cristo é de fato o Messias prometido, a raiz de Davi, a descendência de Abraão. Ele não veio nos libertar de um poder político, mas do poder das trevas. E essa libertação pode ser vista não somente no povo de Israel, mas em alguns povos gentílicos, assim como mostra a genealogia. Portanto, por que mencionar estas mulheres, Tamar, que se fez de prostituta; Raabe, uma prostituta; Rute, uma moabita; Bate Seba, uma adúltera? Uma das características do Reino de Deus, estabelecido por Cristo, que Mateus vai fazer questão de mostrar é que Ele “se assenta com pecadores para comer” (Mt 9.10), ou seja, o Reino de Cristo é para todas as nações (Ap 5.9).
Queda – De Davi à Babilônia (1.7-11)
Após o reinado de Davi, Salomão, seu filho, assumiu o trono, este reinado começou a crescer, mas a vida de Salomão foi manchada por alguns pecados. No entanto, seu filho, que foi um desobediente, fez com que o reino fosse divido, começando assim o processo de queda do trono. A partir daí, reis bons e maus assentaram ao trono, por exemplo: o perverso Roboão que foi pai do perverso Abias, este, foi pai do bom Rei Asa, pai do bom Josafá, o qual gerou o perverso Jorão, pai do Rei Uzias, o qual começa bem o seu reinado, mas por causa do seu orgulho ele desobedece a Deus e é atacado de lepra, acaba morando sozinho e é expulso da Casa do Senhor (2Cr 26).
Diante de tudo isso, mediante altos e baixos, vemos a graça de Deus operando na vida de cada um. Ou seja, o plano de Deus não pode ser frustrado e a graça de Deus não vai junto com o DNA, passando de pai para filho, mas Deus preserva e faz com que seu plano seja cumprido. Mas não é só isso, diante do declínio desta nação vemos que Deus age graciosamente e salvificamente com alguns, como por exemplo, o caso de Manassés que fez tudo quanto era mau aos olhos do Senhor, chegando ao ponto de queimar seu próprio filho ao deus estranho (1Rs 21.6), mas Deus faz com que este rei sofresse em mãos inimigas fazendo-o, por meio deste sofrimento, buscar ao Senhor e se arrepender de seus pecados, tentando reformar tudo aquilo que ele estragou com suas práticas pecaminosas (2Cr 33.11,12;14-16).
Não obstante, após um reinado ruim de Amom aos olhos do Senhor (2Cr 33.21-25; cf. 2Rs 21.19-26), de um reinado desastroso, o qual por suas práticas conseguiu influenciar o povo em seu favor, fazendo com que o povo ferisse aqueles que se levantaram contra o rei (2Rs 21.24), Deus levanta Josias, um rei que assume o trono aos oito anos de idade (2Cr 34.1,2) e faz reformas em Judá que se deram em três estágios:
1º – no oitavo ano começou a buscar o Senhor, Deus de Davi, seu pai (2 Cr 34.3);
2º – no décimo segundo ano começou a destruir os postes ídolos, imagens de deuses (2 Rs 23.4-20; 2Cr 34.3-7);
3º – no seu décimo oitavo ano ordenou que o Templo fosse reparado (2 Cr 34.8) e durante a reforma no Templo o Livro da Lei é achado por Hilquias e Josias entende, ao ler o Livro da Lei, que Deus amaldiçoara Judá por causa da idolatria.
Diante disso, vemos a graça de Deus atuando do começo ao fim, além de Deus preservar a genealogia do nosso Senhor, também fez com que pecadores fossem regenerados e servissem a Ele com suas forças, além de aplicar Sua lei em todos os aspectos da vida diária do povo.
Redenção – da Babilônia a Jesus (1.12-16)
Diante do declínio desta nação, mesmo com alguns momentos bons, esta é levada cativa como condenação aos pecados da nação. Portanto, nenhum rei da linhagem de Davi havia subido ao trono, mas mesmo assim a linhagem estava sendo preservada.
Mesmo sem um rei da descendência de Davi, e com a linhagem sendo preservada, Deus levantou homens para que a segunda reforma e a reconstrução do Templo fossem feitas por intermédio de Zorobabel.
Diante disso, vemos mais uma vez a graça de Deus nas pessoas, fazendo com que elas fossem fiéis a Ele em meio a uma época de apostasia e esquecimento da Lei do Senhor.
Conclusão (1.17)
Olhando para cada parte desta genealogia, vemos que Deus cuida dos mínimos detalhes para cumprir o que Ele mesmo dissera. Mas não é só isso, em todos os aspectos da genealogia, Mateus quer mostrar que Jesus é o Filho prometido de Davi. Aquele que abençoa todas as famílias da terra, o qual não faz acepção de pessoas, que é o Rei Soberano, que salva e condena o pecador, o único digno de se assentar eternamente no trono de Davi, trono este que é d’Ele por direito, desde a eternidade.
Alegremo-nos em Deus, observando o seu cuidado sobre todos e em tudo, até nos mínimos detalhes e pecados que tais personagens praticaram. Às vezes, não conseguimos entender como Deus controla atos pecaminosos que resultam em Seu louvor, mas sabemos que Deus está controlando e permitindo todas as coisas e nos fazendo lembrar, que o Único que se deve ser buscado mediante acontecimentos bons ou ruins, é o Senhor Deus, o Todo Poderoso.
Por isso que Cristo não se envergonha de nos chamar de irmãos, pois Ele é o Senhor da história e perdoa todos àqueles que se achegam a Ele com um coração arrependido e lavado por Seu sangue.
Texto base: Mateus 1.1-17
Quem de nós já parou para ler com afinco as genealogias que a Bíblia apresenta? O que há de tão importante em saber que alguém gerou tal pessoa e viveram tantos e tantos anos? Será que o autor bíblico colocou esses dados em alguns livros porque não havia outra coisa a ser colocada?
Hoje nós veremos, tomando de exemplo a genealogia de Cristo, o porquê existe genealogia e o que podemos aprender com ela.
Se você fosse escrever a história de alguém muito importante, será que você colocaria algumas informações que poderiam manchar o seu currículo? Acho que seria improvável que isso acontecesse, pois o autor de tal biografia quer que todos se admirem com a história a ser contada e veja a impecabilidade do personagem. Mas, Mateus não está preocupado com isso na genealogia de Cristo, pois há alguns personagens que não foram tão bons assim para que fossem colocados na genealogia de uma pessoa tão importante como Cristo.
Portanto, quando Mateus escreve a genealogia de Cristo, há alguns pontos importantes a serem observados que fazem com que este relato seja não apenas uma simples linhagem familiar.
Criação – De Abraão a Davi (1.1-6)
Nesta primeira parte o autor mostra Cristo sendo Filho de Davi e de Abraão, mas, também, mostra como foi o desenrolar na história em todos os personagens citados. Não foi por acaso que Mateus escreveu sobre Jesus ser Filho de Davi e de Abraão. Isso parece não ser muito comum em textos que lemos por aí, na verdade sempre vemos outros títulos de Jesus do que “Filho de Abraão”. Mas, por que Jesus teria sido chamado “Filho de Abraão”? Jesus também pode ser chamado à descendência de Abraão, aquele que abençoaria a todas as famílias da terra (Gn 12; Gl 3.16), e por intermédio de Cristo, pela fé, tanto judeus quanto os gentios são chamados de verdadeiros filhos de Abraão (Gl 3.29). A aliança com o povo Judeu iniciou-se com Abraão, da mesma forma em Cristo é estabelecida a Nova Aliança. Ou seja, Mateus não quer só mostrar que Cristo é o verdadeiro filho de Abraão, mas que Cristo é maior do que Abraão (Jo 8.58).
Mas, além de ser chamado “Filho de Abraão”, Cristo é chamado de “Filho de Davi”. Esse título que Mateus se refere a Cristo faz parte da promessa de Deus a Davi que estabeleceria para sempre o seu trono (2 Sm 7.12-16; Is 9.6,7). Essa ênfase sobre as ligações davídicas de Jesus diz respeito à afirmação do Evangelho de que Jesus, na verdade, é o Rei de Israel. O verdadeiro Rei de todo o mundo, o herdeiro do trono de Davi.
Segundo alguns comentaristas o fato de Jesus ser chamado “Filho de Abraão” e “Filho de Davi” faz referência as características do Messias, aquele que viria libertar o povo da opressão do inimigo, tinha que ser um verdadeiro judeu da linhagem de Davi, um rei. E, na verdade, Cristo é de fato o Messias prometido, a raiz de Davi, a descendência de Abraão. Ele não veio nos libertar de um poder político, mas do poder das trevas. E essa libertação pode ser vista não somente no povo de Israel, mas em alguns povos gentílicos, assim como mostra a genealogia. Portanto, por que mencionar estas mulheres, Tamar, que se fez de prostituta; Raabe, uma prostituta; Rute, uma moabita; Bate Seba, uma adúltera? Uma das características do Reino de Deus, estabelecido por Cristo, que Mateus vai fazer questão de mostrar é que Ele “se assenta com pecadores para comer” (Mt 9.10), ou seja, o Reino de Cristo é para todas as nações (Ap 5.9).
Queda – De Davi à Babilônia (1.7-11)
Após o reinado de Davi, Salomão, seu filho, assumiu o trono, este reinado começou a crescer, mas a vida de Salomão foi manchada por alguns pecados. No entanto, seu filho, que foi um desobediente, fez com que o reino fosse divido, começando assim o processo de queda do trono. A partir daí, reis bons e maus assentaram ao trono, por exemplo: o perverso Roboão que foi pai do perverso Abias, este, foi pai do bom Rei Asa, pai do bom Josafá, o qual gerou o perverso Jorão, pai do Rei Uzias, o qual começa bem o seu reinado, mas por causa do seu orgulho ele desobedece a Deus e é atacado de lepra, acaba morando sozinho e é expulso da Casa do Senhor (2Cr 26).
Diante de tudo isso, mediante altos e baixos, vemos a graça de Deus operando na vida de cada um. Ou seja, o plano de Deus não pode ser frustrado e a graça de Deus não vai junto com o DNA, passando de pai para filho, mas Deus preserva e faz com que seu plano seja cumprido. Mas não é só isso, diante do declínio desta nação vemos que Deus age graciosamente e salvificamente com alguns, como por exemplo, o caso de Manassés que fez tudo quanto era mau aos olhos do Senhor, chegando ao ponto de queimar seu próprio filho ao deus estranho (1Rs 21.6), mas Deus faz com que este rei sofresse em mãos inimigas fazendo-o, por meio deste sofrimento, buscar ao Senhor e se arrepender de seus pecados, tentando reformar tudo aquilo que ele estragou com suas práticas pecaminosas (2Cr 33.11,12;14-16).
Não obstante, após um reinado ruim de Amom aos olhos do Senhor (2Cr 33.21-25; cf. 2Rs 21.19-26), de um reinado desastroso, o qual por suas práticas conseguiu influenciar o povo em seu favor, fazendo com que o povo ferisse aqueles que se levantaram contra o rei (2Rs 21.24), Deus levanta Josias, um rei que assume o trono aos oito anos de idade (2Cr 34.1,2) e faz reformas em Judá que se deram em três estágios:
1º – no oitavo ano começou a buscar o Senhor, Deus de Davi, seu pai (2 Cr 34.3);
2º – no décimo segundo ano começou a destruir os postes ídolos, imagens de deuses (2 Rs 23.4-20; 2Cr 34.3-7);
3º – no seu décimo oitavo ano ordenou que o Templo fosse reparado (2 Cr 34.8) e durante a reforma no Templo o Livro da Lei é achado por Hilquias e Josias entende, ao ler o Livro da Lei, que Deus amaldiçoara Judá por causa da idolatria.
Diante disso, vemos a graça de Deus atuando do começo ao fim, além de Deus preservar a genealogia do nosso Senhor, também fez com que pecadores fossem regenerados e servissem a Ele com suas forças, além de aplicar Sua lei em todos os aspectos da vida diária do povo.
Redenção – da Babilônia a Jesus (1.12-16)
Diante do declínio desta nação, mesmo com alguns momentos bons, esta é levada cativa como condenação aos pecados da nação. Portanto, nenhum rei da linhagem de Davi havia subido ao trono, mas mesmo assim a linhagem estava sendo preservada.
Mesmo sem um rei da descendência de Davi, e com a linhagem sendo preservada, Deus levantou homens para que a segunda reforma e a reconstrução do Templo fossem feitas por intermédio de Zorobabel.
Diante disso, vemos mais uma vez a graça de Deus nas pessoas, fazendo com que elas fossem fiéis a Ele em meio a uma época de apostasia e esquecimento da Lei do Senhor.
Conclusão (1.17)
Olhando para cada parte desta genealogia, vemos que Deus cuida dos mínimos detalhes para cumprir o que Ele mesmo dissera. Mas não é só isso, em todos os aspectos da genealogia, Mateus quer mostrar que Jesus é o Filho prometido de Davi. Aquele que abençoa todas as famílias da terra, o qual não faz acepção de pessoas, que é o Rei Soberano, que salva e condena o pecador, o único digno de se assentar eternamente no trono de Davi, trono este que é d’Ele por direito, desde a eternidade.
Alegremo-nos em Deus, observando o seu cuidado sobre todos e em tudo, até nos mínimos detalhes e pecados que tais personagens praticaram. Às vezes, não conseguimos entender como Deus controla atos pecaminosos que resultam em Seu louvor, mas sabemos que Deus está controlando e permitindo todas as coisas e nos fazendo lembrar, que o Único que se deve ser buscado mediante acontecimentos bons ou ruins, é o Senhor Deus, o Todo Poderoso.
Por isso que Cristo não se envergonha de nos chamar de irmãos, pois Ele é o Senhor da história e perdoa todos àqueles que se achegam a Ele com um coração arrependido e lavado por Seu sangue.
VIVENDO DE MODO DIGNO DO EVANGELHO
“27 Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica;
28 e que em nada estais intimidados pelos adversários. Pois o que é para eles prova evidente de perdição é, para vós outros, de salvação, e isto da parte de Deus.
29 Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele,
30 pois tendes o mesmo combate que vistes em mim e, ainda agora, ouvis que é o meu.” (Filipenses 1.27-30)
“Por modo digno do evangelho”. Nós fazemos uso desta forma de expressão, quando estamos inclinados a passar para um novo assunto. Assim, é como se Paulo tivesse dito: “Mas, quanto a mim, o Senhor proverá, mas quanto a vocês, etc, seja o que for que possa ocorrer comigo, que seja o seu cuidado, no entanto, avançar no curso correto.” Quando ele fala de um comportamento puro e honrado como sendo digno do evangelho, ele afirma, por outro lado, que aqueles que vivem de outra forma fazem injustiça ao evangelho.
“Ou indo ver-vos”. Como a frase no grego usado por Paulo é elíptica, fiz uso de videam (vejo), em vez de videns (vendo). Se isto parecer não satisfatório, você pode aplicar o verbo principal Intelligam (Eu posso aprender) neste sentido: “se, quando eu for vê-los, ou se estando ausente, em relação à sua condição, que eu possa aprender em ambos os sentidos, tanto por estar presente ou por receber informações, que estão num mesmo espírito.” Nós não precisamos, no entanto, ficar ansiosos quanto às condições particulares, quando o significado é evidente.
“Estar firme em um só espírito”. Esta, certamente, é uma das principais excelências da Igreja e, portanto, esta é uma forma de preservá-la em um estado saudável, na medida em que é feita em pedaços por dissensões. Mas, apesar de que Paulo estivesse desejoso por meio desse antídoto para prevenir doutrinas novas e estranhas, ele exige uma dupla unidade – do espírito e da alma. A primeira é o que temos como pontos de vista; e a segunda, que sejamos de um só coração. Porque, quando esses dois termos estão ligados entre si, spiritus (espírito) denota o entendimento, enquanto anima (alma) denota a vontade. Ainda mais, o acordo de pontos de vista vem em primeiro lugar em ordem; e, em seguida, a partir dele, surge a união proveniente de nossa inclinação, de nossas disposições interiores relativas ao espírito.
“Lutando juntos pela fé”. Este é o laço mais forte de concórdia, quando temos que lutar juntos sob a mesma bandeira, porque isto tem sido muitas vezes ocasião de conciliar até mesmo os maiores inimigos. Assim, a fim de que ele possa confirmar ainda mais a unidade que existia entre os filipenses, ele lhes chama para perceberem que são companheiros de armas, que, tendo um inimigo comum e uma guerra comum, deveriam ter suas mentes unidas em um acordo santo. A expressão que Paulo fez uso no grego (συναθλοῦντες τὣ πίστει) é ambígua. O antigo intérprete a toma como Collaborantes fidei, (trabalhando em conjunto com a fé).
Erasmo o interpreta como Adiuvantes fidem (Ajudando a fé), como significando ajudar a fé para o máximo de seu poder. Como, porém, é feito uso do dativo (objeto indireto) grego em vez do ablativo (instrumental), eu não tenho nenhuma dúvida de que a interpretação autêntica do que diz o Apóstolo é a seguinte: “Deixem que a fé do evangelho lhes una, mais especialmente porque essa é uma armadura comum contra um e o mesmo inimigo.” desta forma, a partícula σύν (junto, comum) que outros usam para se referir à fé, eu tomo como referência aos Filipenses, e com maior propriedade, se não me engano.
Em primeiro lugar, cada um está ciente de quão eficaz incentivo é a concórdia, quando temos que enfrentar um conflito juntos; e ainda mais, sabemos que na guerra espiritual estamos equipados com o escudo da fé (Efésios 6.16), para repelir o inimigo; mais ainda, a fé é tanto a nossa bandeira quanto a nossa vitória. Por isso, ele acrescentou esta frase, para que pudesse mostrar qual é a finalidade de uma união piedosa. Os ímpios, também, conspiram juntos para o mal, mas o seu acordo é amaldiçoado; vamos, portanto, lidar com uma só mente sob a bandeira da fé.
“E em nada estais intimidados”. A segunda coisa que Paulo recomenda aos Filipenses é a fortaleza de ânimo, para que não pudessem ser lançados em confusão pela ira de seus adversários. Naquela época as perseguições mais cruéis assolavam quase todos os lugares, porque Satanás se esforçou com toda sua força para impedir o início do evangelho, e ficava mais enfurecido na proporção em que Cristo estendia poderosamente a graça de seu Espírito. Ele exorta, por isso, os Filipenses a permanecerem destemidos, e não ficarem alarmados.
”O que é para eles uma prova manifesta”. Este é o sentido apropriado da palavra grega, e não havia nenhuma razão para que alguns a interpretassem como “causa”. Porque os ímpios, quando em guerra contra o Senhor, já dão pela mesma uma prova do sinal de sua ruína, e quanto mais ferozmente insultam os piedoso, mais se preparam para a própria ruína. A Escritura, com certeza, não ensina em qualquer lugar que as aflições que os santos sofrem de ímpios são a causa de sua salvação, mas Paulo em outra instância, também, fala delas como uma prova clara ou evidência (2 Tessalonicenses 1.5) e em vez de ἔνδειξιν, usado em 2 Tes 1.5, ele faz uso nessa passagem do termo ἔνδειγμα. Isto, portanto, é uma consolação escolhida, que quando somos atacados e perseguidos por nossos inimigos, temos nisto uma evidência da nossa salvação. Porque perseguições são de uma certa maneira selos de adoção para os filhos de Deus, se eles a suportam com coragem e paciência; os ímpios dão, ao contrário, uma evidência ou prova de sua condenação, porque tropeçam numa Pedra pela qual eles devem ser quebrados em pedaços (Mateus 21.44).
“E isto da parte de Deus”. Isto está restrito à última frase, para que o gosto da graça de Deus possa aliviar a amargura da cruz. Ninguém vai perceber naturalmente a cruz como um sinal ou evidência de salvação, pois são coisas que são contrárias na aparência. Por isso Paulo chama a atenção dos Filipenses para uma outra consideração – que Deus por sua bênção transforma em uma ocasião de bem-estar as coisas que de outra forma parecem tornar-nos infelizes. Ele prova a partir disto, que o suportar a cruz é o dom de Deus. Agora é certo, que todos os dons de Deus são salutares para nós. Para você, diz ele, é dado, não somente crer em Cristo, mas também sofrer por ele. Por isso mesmo os próprios sofrimentos são evidências da graça de Deus; e, já que é assim, você tem a partir desta fonte uma evidência de sua salvação. Oh, se esta persuasão fosse efetivamente inculcada em nossas mentes – de que as perseguições devem ser contados entre os benefícios de Deus, que grande progresso seria feito na doutrina da piedade! E, ainda, mais certo do que isto é a maior honra que é conferida a nós pela graça divina, que soframos por causa do nome de Cristo, reprovação, ou prisão, ou misérias, ou torturas, ou até mesmo a morte, porque assim ele nos adorna com as suas marcas de distinção.
29. “Crerdes nele”. Paulo sabiamente conjuga a fé com a cruz por uma conexão inseparável, para que os Filipenses pudessem saber que eles foram chamados para a fé de Cristo nesta condição – para que suportassem perseguições por sua causa, como se ele tivesse dito que sua adoção não poderia mais ser separada da cruz, do que Cristo possa ser separado de si mesmo. Aqui, Paulo atesta claramente, que a fé, assim como a constância nas perseguições duradouras, é um dom imerecido de Deus. E, certamente, o conhecimento de Deus é uma sabedoria que é muito elevada para que possa ser atingida pelo nosso próprio entendimento, e nossa fraqueza se revela em exemplos diários em nossa própria experiência, quando Deus retira sua mão por um tempo. Para que Paulo pudesse intimar mais distintamente que ambos são imerecidos, ele diz expressamente – pelo amor de Deus, ou pelo menos que nos são dados no fundamento da graça de Cristo; pelo que ele exclui qualquer ideia de mérito.
Esta passagem também está em desacordo com a doutrina dos escolásticos, que sustentam que os dons da graça ultimamente conferidos são frutos de nosso mérito, com o fundamento de termos feito um uso correto dos que tinham sido anteriormente concedidos. Eu não nego, de fato, que Deus recompensa o uso correto de seus dons de graça concedendo-nos ainda mais graça, contanto que não coloquemos mérito, como eles fazem, em oposição à sua liberalidade imerecida e o mérito de Cristo.
30. “tendo o mesmo combate”. Ele confirma, também, pelo seu próprio exemplo o que tinha dito, e isso não acrescenta pouca autoridade à sua doutrina. Pelos mesmos meios, também, ele lhes mostra, que não há nenhuma razão pela qual eles deveriam se sentir atribulados em razão das lutas que eles contemplavam na vida do apóstolo, em prol do evangelho.
28 e que em nada estais intimidados pelos adversários. Pois o que é para eles prova evidente de perdição é, para vós outros, de salvação, e isto da parte de Deus.
29 Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele,
30 pois tendes o mesmo combate que vistes em mim e, ainda agora, ouvis que é o meu.” (Filipenses 1.27-30)
“Por modo digno do evangelho”. Nós fazemos uso desta forma de expressão, quando estamos inclinados a passar para um novo assunto. Assim, é como se Paulo tivesse dito: “Mas, quanto a mim, o Senhor proverá, mas quanto a vocês, etc, seja o que for que possa ocorrer comigo, que seja o seu cuidado, no entanto, avançar no curso correto.” Quando ele fala de um comportamento puro e honrado como sendo digno do evangelho, ele afirma, por outro lado, que aqueles que vivem de outra forma fazem injustiça ao evangelho.
“Ou indo ver-vos”. Como a frase no grego usado por Paulo é elíptica, fiz uso de videam (vejo), em vez de videns (vendo). Se isto parecer não satisfatório, você pode aplicar o verbo principal Intelligam (Eu posso aprender) neste sentido: “se, quando eu for vê-los, ou se estando ausente, em relação à sua condição, que eu possa aprender em ambos os sentidos, tanto por estar presente ou por receber informações, que estão num mesmo espírito.” Nós não precisamos, no entanto, ficar ansiosos quanto às condições particulares, quando o significado é evidente.
“Estar firme em um só espírito”. Esta, certamente, é uma das principais excelências da Igreja e, portanto, esta é uma forma de preservá-la em um estado saudável, na medida em que é feita em pedaços por dissensões. Mas, apesar de que Paulo estivesse desejoso por meio desse antídoto para prevenir doutrinas novas e estranhas, ele exige uma dupla unidade – do espírito e da alma. A primeira é o que temos como pontos de vista; e a segunda, que sejamos de um só coração. Porque, quando esses dois termos estão ligados entre si, spiritus (espírito) denota o entendimento, enquanto anima (alma) denota a vontade. Ainda mais, o acordo de pontos de vista vem em primeiro lugar em ordem; e, em seguida, a partir dele, surge a união proveniente de nossa inclinação, de nossas disposições interiores relativas ao espírito.
“Lutando juntos pela fé”. Este é o laço mais forte de concórdia, quando temos que lutar juntos sob a mesma bandeira, porque isto tem sido muitas vezes ocasião de conciliar até mesmo os maiores inimigos. Assim, a fim de que ele possa confirmar ainda mais a unidade que existia entre os filipenses, ele lhes chama para perceberem que são companheiros de armas, que, tendo um inimigo comum e uma guerra comum, deveriam ter suas mentes unidas em um acordo santo. A expressão que Paulo fez uso no grego (συναθλοῦντες τὣ πίστει) é ambígua. O antigo intérprete a toma como Collaborantes fidei, (trabalhando em conjunto com a fé).
Erasmo o interpreta como Adiuvantes fidem (Ajudando a fé), como significando ajudar a fé para o máximo de seu poder. Como, porém, é feito uso do dativo (objeto indireto) grego em vez do ablativo (instrumental), eu não tenho nenhuma dúvida de que a interpretação autêntica do que diz o Apóstolo é a seguinte: “Deixem que a fé do evangelho lhes una, mais especialmente porque essa é uma armadura comum contra um e o mesmo inimigo.” desta forma, a partícula σύν (junto, comum) que outros usam para se referir à fé, eu tomo como referência aos Filipenses, e com maior propriedade, se não me engano.
Em primeiro lugar, cada um está ciente de quão eficaz incentivo é a concórdia, quando temos que enfrentar um conflito juntos; e ainda mais, sabemos que na guerra espiritual estamos equipados com o escudo da fé (Efésios 6.16), para repelir o inimigo; mais ainda, a fé é tanto a nossa bandeira quanto a nossa vitória. Por isso, ele acrescentou esta frase, para que pudesse mostrar qual é a finalidade de uma união piedosa. Os ímpios, também, conspiram juntos para o mal, mas o seu acordo é amaldiçoado; vamos, portanto, lidar com uma só mente sob a bandeira da fé.
“E em nada estais intimidados”. A segunda coisa que Paulo recomenda aos Filipenses é a fortaleza de ânimo, para que não pudessem ser lançados em confusão pela ira de seus adversários. Naquela época as perseguições mais cruéis assolavam quase todos os lugares, porque Satanás se esforçou com toda sua força para impedir o início do evangelho, e ficava mais enfurecido na proporção em que Cristo estendia poderosamente a graça de seu Espírito. Ele exorta, por isso, os Filipenses a permanecerem destemidos, e não ficarem alarmados.
”O que é para eles uma prova manifesta”. Este é o sentido apropriado da palavra grega, e não havia nenhuma razão para que alguns a interpretassem como “causa”. Porque os ímpios, quando em guerra contra o Senhor, já dão pela mesma uma prova do sinal de sua ruína, e quanto mais ferozmente insultam os piedoso, mais se preparam para a própria ruína. A Escritura, com certeza, não ensina em qualquer lugar que as aflições que os santos sofrem de ímpios são a causa de sua salvação, mas Paulo em outra instância, também, fala delas como uma prova clara ou evidência (2 Tessalonicenses 1.5) e em vez de ἔνδειξιν, usado em 2 Tes 1.5, ele faz uso nessa passagem do termo ἔνδειγμα. Isto, portanto, é uma consolação escolhida, que quando somos atacados e perseguidos por nossos inimigos, temos nisto uma evidência da nossa salvação. Porque perseguições são de uma certa maneira selos de adoção para os filhos de Deus, se eles a suportam com coragem e paciência; os ímpios dão, ao contrário, uma evidência ou prova de sua condenação, porque tropeçam numa Pedra pela qual eles devem ser quebrados em pedaços (Mateus 21.44).
“E isto da parte de Deus”. Isto está restrito à última frase, para que o gosto da graça de Deus possa aliviar a amargura da cruz. Ninguém vai perceber naturalmente a cruz como um sinal ou evidência de salvação, pois são coisas que são contrárias na aparência. Por isso Paulo chama a atenção dos Filipenses para uma outra consideração – que Deus por sua bênção transforma em uma ocasião de bem-estar as coisas que de outra forma parecem tornar-nos infelizes. Ele prova a partir disto, que o suportar a cruz é o dom de Deus. Agora é certo, que todos os dons de Deus são salutares para nós. Para você, diz ele, é dado, não somente crer em Cristo, mas também sofrer por ele. Por isso mesmo os próprios sofrimentos são evidências da graça de Deus; e, já que é assim, você tem a partir desta fonte uma evidência de sua salvação. Oh, se esta persuasão fosse efetivamente inculcada em nossas mentes – de que as perseguições devem ser contados entre os benefícios de Deus, que grande progresso seria feito na doutrina da piedade! E, ainda, mais certo do que isto é a maior honra que é conferida a nós pela graça divina, que soframos por causa do nome de Cristo, reprovação, ou prisão, ou misérias, ou torturas, ou até mesmo a morte, porque assim ele nos adorna com as suas marcas de distinção.
29. “Crerdes nele”. Paulo sabiamente conjuga a fé com a cruz por uma conexão inseparável, para que os Filipenses pudessem saber que eles foram chamados para a fé de Cristo nesta condição – para que suportassem perseguições por sua causa, como se ele tivesse dito que sua adoção não poderia mais ser separada da cruz, do que Cristo possa ser separado de si mesmo. Aqui, Paulo atesta claramente, que a fé, assim como a constância nas perseguições duradouras, é um dom imerecido de Deus. E, certamente, o conhecimento de Deus é uma sabedoria que é muito elevada para que possa ser atingida pelo nosso próprio entendimento, e nossa fraqueza se revela em exemplos diários em nossa própria experiência, quando Deus retira sua mão por um tempo. Para que Paulo pudesse intimar mais distintamente que ambos são imerecidos, ele diz expressamente – pelo amor de Deus, ou pelo menos que nos são dados no fundamento da graça de Cristo; pelo que ele exclui qualquer ideia de mérito.
Esta passagem também está em desacordo com a doutrina dos escolásticos, que sustentam que os dons da graça ultimamente conferidos são frutos de nosso mérito, com o fundamento de termos feito um uso correto dos que tinham sido anteriormente concedidos. Eu não nego, de fato, que Deus recompensa o uso correto de seus dons de graça concedendo-nos ainda mais graça, contanto que não coloquemos mérito, como eles fazem, em oposição à sua liberalidade imerecida e o mérito de Cristo.
30. “tendo o mesmo combate”. Ele confirma, também, pelo seu próprio exemplo o que tinha dito, e isso não acrescenta pouca autoridade à sua doutrina. Pelos mesmos meios, também, ele lhes mostra, que não há nenhuma razão pela qual eles deveriam se sentir atribulados em razão das lutas que eles contemplavam na vida do apóstolo, em prol do evangelho.
Devocional Alegria Inabalável - John Piper
FALE ÀS SUAS LÁGRIMAS
Versículo do dia: Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes. (Salmo 126.5-6)
Não há nada triste sobre semear. Isso não é mais trabalhoso do que colher. Os dias podem ser belos. Pode haver grande esperança de colheita.
Ainda assim, o salmo fala sobre “semear com lágrimas”. Diz que alguém “sai andando e chorando, enquanto semeia”. Então, por que eles estão chorando?
Eu penso que a razão não é porque a semeadura seja triste, ou porque semear seja difícil. Acho que a razão não tem relação com a semeadura. Semear é simplesmente a obra que tem de ser feita mesmo quando há coisas na vida que nos fazem chorar.
As colheitas não esperarão enquanto nossa dor passa ou resolvemos todos os nossos problemas. Se temos que comer no próximo inverno, precisamos sair ao campo e semear a semente, estejamos chorando ou não. Se você fizer isso, a promessa do salmo é que “colherá com júbilo”. Você “voltará com júbilo, trazendo os seus feixes”. Não porque as lágrimas da semeadura produzem a alegria da colheita, mas porque a simples semeadura produz a ceifa, e você precisa se lembrar disso mesmo quando suas lágrimas o tentam a desistir de semear.
Portanto, aqui está a lição: Quando há trabalhos simples e diretos a serem feitos, e você está cheio de tristeza, e as lágrimas fluem facilmente, vá em frente e faça a obra com lágrimas. Seja realista. Diga às suas lágrimas: “Lágrimas, eu sinto vocês. Vocês me fazem querer desistir da vida. Mas há um campo a ser semeado (pratos a serem lavados, carro a ser consertado, sermão a ser escrito)”.
Então diga, com base na Palavra de Deus: “Lágrimas, eu sei que vocês não durarão para sempre. O fato de eu apenas fazer meu trabalho (com lágrimas e tudo) trará, por fim, uma colheita de bênção. Por isso, vão em frente e fluam, se é necessário. Porém, eu creio (ainda não o vejo nem o sinto plenamente) — creio que o simples trabalho da minha semeadura trará feixes de colheita. E minhas lágrimas serão transformadas em alegria”.
Versículo do dia: Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes. (Salmo 126.5-6)
Não há nada triste sobre semear. Isso não é mais trabalhoso do que colher. Os dias podem ser belos. Pode haver grande esperança de colheita.
Ainda assim, o salmo fala sobre “semear com lágrimas”. Diz que alguém “sai andando e chorando, enquanto semeia”. Então, por que eles estão chorando?
Eu penso que a razão não é porque a semeadura seja triste, ou porque semear seja difícil. Acho que a razão não tem relação com a semeadura. Semear é simplesmente a obra que tem de ser feita mesmo quando há coisas na vida que nos fazem chorar.
As colheitas não esperarão enquanto nossa dor passa ou resolvemos todos os nossos problemas. Se temos que comer no próximo inverno, precisamos sair ao campo e semear a semente, estejamos chorando ou não. Se você fizer isso, a promessa do salmo é que “colherá com júbilo”. Você “voltará com júbilo, trazendo os seus feixes”. Não porque as lágrimas da semeadura produzem a alegria da colheita, mas porque a simples semeadura produz a ceifa, e você precisa se lembrar disso mesmo quando suas lágrimas o tentam a desistir de semear.
Portanto, aqui está a lição: Quando há trabalhos simples e diretos a serem feitos, e você está cheio de tristeza, e as lágrimas fluem facilmente, vá em frente e faça a obra com lágrimas. Seja realista. Diga às suas lágrimas: “Lágrimas, eu sinto vocês. Vocês me fazem querer desistir da vida. Mas há um campo a ser semeado (pratos a serem lavados, carro a ser consertado, sermão a ser escrito)”.
Então diga, com base na Palavra de Deus: “Lágrimas, eu sei que vocês não durarão para sempre. O fato de eu apenas fazer meu trabalho (com lágrimas e tudo) trará, por fim, uma colheita de bênção. Por isso, vão em frente e fluam, se é necessário. Porém, eu creio (ainda não o vejo nem o sinto plenamente) — creio que o simples trabalho da minha semeadura trará feixes de colheita. E minhas lágrimas serão transformadas em alegria”.
Devocional Do Dia - Charles Spurgeon
Versículo do Dia: “O meu amado é para mim um saquitel de mirra.” (Cântico dos Cânticos 1.13)
A mirra pode muito bem ter sido escolhida como uma figura do Senhor Jesus por causa de sua preciosidade, seu perfume, sua agradabilidade, suas capacidades de cura, preservação e desinfecção, bem como sua ligação com os sacrifícios. Então, por que o Senhor Jesus é comparado a um “saquitel” de mirra? Primeiramente, por causa da plenitude. O Senhor Jesus não é uma pequena quantidade de mirra; é uma arca repleta desse tesouro. Ele não é um ramo ou uma flor de mirra, e sim todo um feixe de mirra. Em Cristo, existe o suficiente para todas as minhas necessidades; que eu não seja lento para valer-me dele. Nosso amado é comparado a um feixe, também por conta de sua variedade: pois em Cristo há não somente uma coisa necessária, mas “Nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Colossenses 2.9). Tudo o que é necessário se encontra em Jesus. Considere os diferentes aspectos do caráter de Jesus e você perceberá uma diversidade maravilhosa – Profeta, Sacerdote, Rei, Esposo, Amigo, Pastor. Considere a vida dele, sua morte, ressurreição, ascensão e segundo advento. Veja-O em suas virtudes – gentileza, coragem, renúncia, amor, fidelidade, verdade, justiça. Tudo isso é saquitel de mirra.
O Senhor Jesus também é “um saquitel de mirra” por causa da preservação. Ele não é mirra desperdiçada, esparramada pelo chão, para ser pisoteada; é mirra atada em feixes, para ser guardada em uma arca de tesouro. Temos de valorizar o Senhor Jesus como o nosso melhor tesouro. Devemos manter os pensamentos sobre Ele e o conhecimento dele guardados “a sete chaves” para que o diabo não nos roube.
Além disso, o Senhor Jesus é um saquitel de mirra por causa da especialidade. A figura da mirra sugere uma graça que discrimina e distingue. Desde antes da fundação do mundo, o Senhor Jesus foi separado para seu povo. Exala o seu perfume somente para aqueles que sabem como ter comunhão com Ele e desfrutar de um relacionamento íntimo com Ele. Feliz é aquele que pode dizer: “O meu amado é para mim um saquitel de mirra”.
A mirra pode muito bem ter sido escolhida como uma figura do Senhor Jesus por causa de sua preciosidade, seu perfume, sua agradabilidade, suas capacidades de cura, preservação e desinfecção, bem como sua ligação com os sacrifícios. Então, por que o Senhor Jesus é comparado a um “saquitel” de mirra? Primeiramente, por causa da plenitude. O Senhor Jesus não é uma pequena quantidade de mirra; é uma arca repleta desse tesouro. Ele não é um ramo ou uma flor de mirra, e sim todo um feixe de mirra. Em Cristo, existe o suficiente para todas as minhas necessidades; que eu não seja lento para valer-me dele. Nosso amado é comparado a um feixe, também por conta de sua variedade: pois em Cristo há não somente uma coisa necessária, mas “Nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Colossenses 2.9). Tudo o que é necessário se encontra em Jesus. Considere os diferentes aspectos do caráter de Jesus e você perceberá uma diversidade maravilhosa – Profeta, Sacerdote, Rei, Esposo, Amigo, Pastor. Considere a vida dele, sua morte, ressurreição, ascensão e segundo advento. Veja-O em suas virtudes – gentileza, coragem, renúncia, amor, fidelidade, verdade, justiça. Tudo isso é saquitel de mirra.
O Senhor Jesus também é “um saquitel de mirra” por causa da preservação. Ele não é mirra desperdiçada, esparramada pelo chão, para ser pisoteada; é mirra atada em feixes, para ser guardada em uma arca de tesouro. Temos de valorizar o Senhor Jesus como o nosso melhor tesouro. Devemos manter os pensamentos sobre Ele e o conhecimento dele guardados “a sete chaves” para que o diabo não nos roube.
Além disso, o Senhor Jesus é um saquitel de mirra por causa da especialidade. A figura da mirra sugere uma graça que discrimina e distingue. Desde antes da fundação do mundo, o Senhor Jesus foi separado para seu povo. Exala o seu perfume somente para aqueles que sabem como ter comunhão com Ele e desfrutar de um relacionamento íntimo com Ele. Feliz é aquele que pode dizer: “O meu amado é para mim um saquitel de mirra”.
A RESSURREIÇÃO: FUNDAMENTO INSUPERÁVEL DA FÉ CRISTÃ
Por Jorge Fernandes Isah
A) INTRODUÇÃO:
Primeiro, abramos nossas Bíblias [1] em 1 Coríntios 15:16-19, que diz:
“Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”.
Antes de começar a exposição de hoje, gostaria de ler o hino No. 101:
“Cristo já ressuscitou; Aleluia!
Sobre a morte triunfou; Aleluia!
Tudo consumado está; Aleluia!
Salvação de graça dá; Aleluia!
Uma vez na cruz sofreu; Aleluia!
Uma vez por nós morreu; Aleluia!
Mas agora vivo está; Aleluia!
E pra sempre reinará; Aleluia!
Gratos hinos entoai; Aleluia!
A Jesus, o grande Rei, Aleluia!
Pois à morte quis baixar; Aleluia!
Pecadores pra salvar; Aleluia!”
Quantas verdades estão presentes nestes versos, e que nos enchem de alegria, esperança, mas, sobretudo, de certeza, de que um dia também ressuscitaremos.
Mas, o que é a ressurreição para você, meu irmão?
É um corpo morto ganhando vida novamente?
Como se fosse um Frankenstein, com pedaços de vários corpos remendados e unidos escandalosamente, como parecem defender os espíritas?
Seria uma história, um conto de fadas ou mitologia?
Como os liberais, pós-modernos, relacionais e congêneres defendem?
Apenas outro dogma da igreja que você aceita prontamente mas nunca meditou nem refletiu na sua urgência?
Como os crentes nominais parecem entender, não reconhecendo a magnitude da ressurreição?
Ou, será algo que você, mesmo sendo cristão há tanto tempo, nunca deu devida importância, pela falta de zelo com essa grandiosa realidade?
Pois saiba que, em nenhuma outra religião tem-se presente a ideia da ressurreição do corpo. Muitas acreditam na imortalidade da alma, mas nenhuma crê na ressurreição, de que teremos o corpo glorificado semelhante ao do Senhor Jesus. Nem mesmo os muçulmanos que acreditam num tipo de ressurreição, não cogitam a santificação e glorificação, como a Bíblia revela, mas em uma permanência celestial do mesmo corpo sujeito ao pecado, já que as mesmas relações ímpias praticadas aqui se repetiriam lá, e são exatamente elas que garantem, ao ver deles, um lugar no Paraíso.
Hoje, comemoramos o domingo de Páscoa, uma data importante no calendário cristão, pois representa a ressurreição do Cordeiro, Cristo, o homem santo e sem pecados que encarnou, viveu entre nós, foi condenado injustamente e morreu por amor de mim e de você. Muito distante daquilo que o mundo apregoa, de como Satanás usa da realidade bíblica para distorcer, corromper, e atender aos instintos mais carnais e abjetos, transformando um dia santo em algo mundano, onde as pessoas lembram-se apenas de trocar e comer “ovos de chocolate” botados por um coelho fictício.
O espírito da páscoa difundido pelo mundo não tem nada de cristão, pelo contrário, é o espírito do anticristo, diabólico, no qual tentam imitar a realidade gloriosa da ressurreição com uma farsa.
Mas com qual objetivo fazem isso?
Ao criar uma história, sem “pé-nem-cabeça”, querem apenas ridicularizar e desacreditar a história verdadeira, fazendo-a passar por um delírio, por uma loucura. Mas, quem é o louco?
Tudo passa pela incredulidade, pelo ceticismo, e por uma necessidade de se buscar racionalmente uma explicação para tudo, como se a mente humana pudesse desvendar e responder a todas as questões do universo (contudo, a força motriz da incredulidade, assim como de todo o pecado, é a revolta contra Deus; o motim idealizado por Satanás e abraçado por Adão, Eva e todos os homens após eles). Felizmente, não pode; e quando até mesmo alguns ditos cristãos põem em dúvida a ressurreição, temos uma soberba-arrogância na qual o homem se faz superior a Deus e sua palavra. Esse é outro foco do ceticismo, desacreditar e ridicularizar a Escritura como a revelação especial, como palavra do próprio Deus. E, infelizmente, a igreja atual encontra-se cheia desse tipo de “crente”, pessoas que desprezam e consideram irrelevante tanto a Bíblia como a doutrina da ressurreição.
E muitos dos coríntios, provavelmente, colocavam em dúvida a doutrina da ressurreição. Assim como os saduceus criam, havia entre aqueles irmãos muitos que também criam na não-ressurreição. Por isso Paulo escreve quase um capítulo inteiro sobre o tema, alertando-os de que essa ideia era completamente estranha e opunha-se à fé cristã.
Você crê na ressurreição? De que Cristo morreu e ressurgiu dos mortos? E de que você também, um dia, ressuscitará da morte?
Se você é um crente verdadeiro, não duvidará desta verdade.
B) A CERTEZA DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO
Já no verso 1 e 2 do capítulo 15, lemos:
“Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão”.
Paulo confirma e afirma que o evangelho de Cristo já havia sido anunciado aos coríntios, de que eles eram conhecedores da verdade, e nada ficou-lhes encoberto ou oculto, porque eles o receberam e permaneceram na verdade. Paulo não pregava outro evangelho, mas o mesmo, e ele os chama agora por testemunhas de que não houve corrupção em seus ensinos, qualquer um que o ouviu antes e o ouvisse agora confirmaria serem ambas a mesma doutrina. E ele justifica o recebimento do evangelho pela igreja de Corinto com o argumento de que a salvação os alcançou pela pregação do apóstolo; ressaltando que não seriam condenados se retivessem e cressem no que lhes fora proclamado. Logo, o que viria a ser exposto não era algo estranho, algo ainda não ouvido pelos coríntios, mas algo impossível de ser rejeitado, sob pena de perderem o fundamento da fé e negarem a realidade da ressurreição.
Nos versos 3 e 4:
“Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.
Paulo profere, por duas vezes, a expressão “segundo as Escrituras”; mas, se o Cânon ainda não havia sido concluído, a qual Escritura ele nos remete? Acredito que muitos dos escritos do Novo Testamento já circulavam à época em que escreveu a 1ª Epístola aos Coríntios, mas também aludia ao Antigo Testamento, onde a verdade inexorável da ressurreição de Cristo e dos justos era proclamada.
Vários textos apontam para essa realidade, por exemplo:
Jó 19.25-27: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, vê-lo-ei por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros o contemplarão; e por isso os meus rins se consomem no meu interior”.
Sl 17.15: “Quanto a mim, comtemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei da tua semelhança quando acordar”.
Dn 12.2: “E muitos do que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno”.
Vejam bem, o apóstolo não despreza a Escritura, pelo contrário, disse que dela aprendeu e por ela ensinava. Há uma ideia corrente entre os crentes atuais de que o A.T. deve ser relegado a um segundo plano, e de que os textos de real valor encontram-se no N.T. A questão é: qual o critério ou autoridade é invocada para se fazer a distinção do que é ou não é Escritura? Se o próprio Jesus citou-a abundantemente em seus ensinamentos? Estaria o homem investindo-se de uma autoridade maior do que a do próprio Deus, julgando arbitrariamente o que é ou não é parte do Cânon?
Porém, o importante neste ponto é o apóstolo afirmar que entregou o mesmo que recebeu, segundo as Escrituras. E o que elas afirmam, tanto no Antigo como no Novo Testamento?
1) Cristo morreu por nossos pecados – A morte do Senhor não foi um teatro, uma pantomima, coisa de megalomaníaco, um espetáculo para entreter gerações e gerações de ouvintes e leitores. A sua morte teve um propósito, e um propósito claramente expresso, definido, e descrito na Escritura, ele morreu por nossos pecados, pagando uma dívida impagável para nós; fazendo por nós o que nos era impossível; assumindo o nosso lugar, um lugar de vergonha e injustiça para ele, para se fazer justiça para nós. Fomos, por aquele ato do Senhor, justificados, ou seja, tornados justos, imaculados e sem pecados, pelo seu sacrifício na cruz do Calvário.
Ler Is 53:4-7.
2) Cristo foi sepultado. Há relatos esdrúxulos, fantasias diabólicas, de que Cristo não morreu, pelo contrário, ele casou-se, teve uma família ou refugiou-se em esconderijos imaginários, para justificar a fé em sua morte. Ora, a Bíblia não deixa dúvidas da morte do Senhor; e há relatos de historiadores da época, como Josefo e Tácito, por exemplo.
3) Cristo ressuscitou ao terceiro dia, como foi profetizado pelo próprio Senhor, em Mt 12.40. Uma pequena observação: muitos têm dúvidas quanto ao fato do três dia e três noites não poderem transcorrer entre uma sexta-feira e o domingo. Porém, devemos entender que a contagem de tempo dos judeus é diferente da nossa (e também dos romanos à época), pois o dia, para eles, inicia-se às 18 h e não à meia-noite. Para o judeu também um dia não significa necessariamente 24 horas, podendo ser uma fração das 24 h designada como sendo “um dia”. Interessante notar que Paulo não diz que Cristo ressuscitou após três dias, mas ao terceiro dia, corroborando a ideia de que três dias não abrangem os dias completos, como conhecemos.
Verso 5-8:
“E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo”.
Para confirmar que a ressurreição do Senhor não era algo fictício nem uma especulação, Paulo citará as provas incontestáveis da aparição de Jesus, ressurreto, a muitas pessoas, entre elas, aqueles que o conheciam melhor do que qualquer outro homem, pessoas que estiveram com ele durante os três anos de ministério terreno, acompanhando-o vinte e quatro horas por dia, todos os dias; pessoas íntimas e que tinham um relacionamento pessoal e direto com o Mestre, apóstolos e discípulos como Pedro e Tiago, por exemplo.
Então, primeiramente, como evidência, ele afirma que Pedro viu o Senhor (Lc 24.34), e, posteriormente, os demais apóstolos, chamados de doze, menos Judas, porque assim eram também conhecidos (Jo 20.19-20).
Depois foi visto por mais de quinhentas pessoas de uma vez, sendo que a maioria deles ainda estava viva, configurando-se em uma prova irrefutável da ressurreição, posto estar ao alcance do leitor desta carta, à época, a confirmação da veracidade daquele feito, e, Paulo não o faria irresponsavelmente, colocando em xeque o seu ministério, a sua idoneidade e confiabilidade, caso não falasse a verdade. Há passagens como as de Mateus 28.16-17 e Atos 1.1-9, nas quais um grande número de irmãos viu e ouviu o Senhor.
Depois foi visto por Tiago, o bispo de Jerusalém e irmão do Senhor, e depois por todos os apóstolos, no Monte das Oliveiras, como descreve-nos Lucas 24.50-51 e Atos 1.1-9, 17.
E, por fim, Paulo chama a si mesmo por testemunha, como tendo visto a Jesus em Damasco, fato relatado por Lucas em Atos 9.2-6.
Esses são sinais genuínos apresentados pelo apóstolo para estabelecer a verdade inequívoca da ressurreição do Senhor.
Mas, alguém pode questionar: “Olha, entendo a ressurreição de Cristo, mas não aceito a ressurreição de homens comuns”.
Sem entrar em todas as implicações e refutações possíveis à pergunta, importa-nos dizer que há na Escritura vários casos de ressurreição de homens e mulheres comuns.
No Antigo Testamento, Elias ressuscitou o filho de uma viúva (1Rs 17.20-22), e o filho da mulher Sunamita (2Rs 4.32-37).
No Novo Testamento, o próprio Senhor ressuscitou Talita, filha de Jairo, um homem conceituado e respeitado pois era um dos principais da Sinagoga local (Mc 5.41-42), e Lázaro (Jo 11.43-44); Pedro ressuscitou Dorcas ou Tabita (At 9.40-42), e, o próprio Paulo ressuscitou também um homem, Êutico (At 20.9-10).
Com isso, prova-se a ressurreição como um fato a acontecer com todos os homens, quer estejam destinados ao Paraíso ou destinados ao Inferno.
C) OS PROBLEMAS DE SE NEGAR A RESSURREIÇÃO
Pularemos do verso 8 diretamente para o verso 12 ao 20, que diz:
“Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados”.
Paulo, maravilhosamente, argumenta não só quanto à inutilidade da fé, mas também à sua falsidade, se não houver ressurreição dos mortos. Literalmente, o Cristianismo é mentira, e não tem valor algum, se os mortos não ressuscitam. Esta é uma razão poderosa para apontarmos qualquer forma de “cristianismo” onde não há ressurreição como um embuste, uma fraude, mas, onde também não há a ressurreição de Cristo, como afirmam os liberais e racionalistas ao, não acreditando na sobrenaturalidade (o que vale dizer no poder infinito e todo-poderoso de Deus), tornam o relato da ressurreição do Senhor como algo alegórico ou apenas simbólico, na religião das trevas, capitaneada pelo próprio diabo. Esses homens jamais deveriam serem chamados ou considerados cristãos, pois, segundo Paulo, sua fé é vã, inócua, falsa e ineficaz; não havendo qualquer intento em proclamá-la a não ser para garantir que muitas almas descrentes garantam a eternidade no Inferno.
Por que?
Ora, se Cristo não ressuscitou, os que dormiram em Cristo estão perdidos, ou seja, nossos pecados não foram pagos e ainda permanecemos neles (v.17). E se permanecemos neles, teremos de pagá-los, mas, não podemos pagá-los, então, estaríamos irremediavelmente perdidos, condenados ao sofrimento eterno no Lago de Fogo (v.18).
E há uma relação clara e evidente na ressurreição de Cristo, pois se ele ressuscitou, os mortos também ressuscitarão; se os mortos não ressurgirem no fim dos tempos, também Cristo não ressuscitou, logo ele está morto e estamos mortos juntos com ele. Mas, porque temos a certeza e o testemunho do Evangelho, sabemos que, como o Senhor, também ressuscitaremos.
A própria pregação seria sem sentido, e de nada serviria ao homem, se não houvesse a ressurreição; e, sem ela, não haveria a expectativa do céu, de uma vida eterna na presença de Deus, e o Cristianismo serviria talvez para nos dar algum conforto na terra, mas como Paulo disse, se esperássemos Cristo apenas neste mundo, seríamos os mais miseráveis dos homens (v.19).
Novamente, por quê? Ora:
1) Não haveria uma vida eterna;
2) Milhões de homens morreram inutilmente;
3) O trabalho de pregação e evangelização seria desnecessário e infrutuoso;
4) Seríamos piores do que os outros homens (ao defendermos uma realidade impossível diante de pessoas que vivem uma realidade possível e não cogitam algo utópico);
5) Sacrificaríamos este mundo por outro que não existe, ou seja, morreríamos para este em troca de vivermos no outro, quando não o viveríamos; a vida não teria sentido;
6) Por fim, permaneceríamos mortos em nossos pecados (o espírito do homem não reviveria).
D) A REALIDADE DA RESSURREIÇÃO
“Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem” (v. 20)
Paulo, enfaticamente, confirma a ressurreição do Senhor, e de que temos a garantia da nossa ressurreição. Ele, o cabeça, foi o primeiro e único a viver após a morte, assim como nós, o corpo, viveremos também após a morte. Ela aponta, portanto, para a Igreja:
1) A concretização e eficácia do plano divino, e a realização das suas promessas e profecias.
2) Mostra-nos que Cristo está vivo; e com ele viveremos eternamente.
3) De que haverá um reino de paz, justiça e amor, ao contrário do que experimentamos neste mundo.
4) É a vitória definitiva do crente, de que tanto a morte como o inferno foram tragados, derrotados, pela ressurreição de Cristo.
A ressurreição aponta para os ímpios:
1) O plano divino, para eles, também se concretizará, assim como as promessas e profecias a eles pertinentes;
2) De estarem diante no Tribunal de Cristo, onde serão julgados e condenados;
3) Eternamente estarão no lugar onde há apenas dor, angústia e desespero, sem qualquer alívio para os seus corpos e alma;
4) Foram tragados definitivamente pela morte e o inferno, derrotados pela descrença e rebeldia a Deus.
A ressurreição de Cristo é um dos pilares da fé cristã, sem ela, nada do que cremos e esperamos teria sentido. Sem a ressurreição, não seríamos salvos, nem herdaríamos o Reino de Cristo; sem a ressurreição, ainda estaríamos mortos em nossos pecados.
A sua importância está no fato de que Cristo não viu a corrupção, e, como ele, a nossa alma também não verá a corrupção, no sentido de permanecer doente, enferma, por toda a eternidade.
A ressurreição remete-nos a uma vida nova (e este é um dos sentidos do termo), uma vida sem pecados, distante de nossa antiga natureza, na qual estaremos para sempre em plena comunhão com Deus.
A ressurreição lembra-nos de que, antes mortos em nossos delitos, fomos restaurados por Deus e reconciliados com ele, para uma vida santa.
A ressurreição aponta para um corpo incorruptível, uma nova criatura que iniciou-se com a nossa conversão, mas que ainda não está completa, e somente o será quando Cristo voltar em glória a este mundo para buscar a sua noiva, a Igreja, da qual somos parte, assim como somos parte dele, a cabeça, enquanto corpo.
A ressurreição, como bem simboliza o batismo (e por isso cremos no batismo por imersão), não apenas nos renovará, mas nos transformará à semelhança de Cristo.
Por isso, sem a ressurreição, não haveria uma nova vida, posto as promessas de Deus não seriam cumpridas, e o próprio Cristo não passaria de um homem comum.
Por isso, os ataques insidiosos e desonestos dos servos de satanás em desacreditar, em mentir, sobre um dos eventos máximos da história, a ressurreição do Senhor.
E) CONCLUSÃO
A ressurreição é um ponto fundamental na fé cristã, sem a qual ela perde completamente o nexo, tornando-se em algo ineficiente. Ela deve dar segurança ao crente de que Deus, ao ressuscitar Jesus dos mortos, também nos ressuscitará, e a importância desta esperança reside no fato de devermos levar o Evangelho de vida, e vida eterna a todos os homens, orando ao Espírito Santo para convertê-los a Cristo, a verdade.
Qualquer caminho a apelar para uma não ressurreição do corpo é inconsistente com a Bíblia, e mentiroso. Assim como o crente que se utiliza da certeza da ressurreição para negligenciar o evangelismo, deixando de levar a mensagem de salvação e de vida eterna ao pecador, também se faz mentiroso, posto não ansiar, em seu íntimo, ao próximo, aquilo que diz crer, revelando-se um incrédulo.
Pior ainda, é o cristão vestir-se de hipocrisia, ofender a Deus com os seus pecados constantes, sua insubmissão a ele, e ansiar por uma ressurreição e uma vida eterna no paraíso.
Cada um de nós, neste dia, faça uma inspeção sincera em seu íntimo e veja se está realmente no caminho da vida eterna, de ressurgir para a vida, ou se está a um passo de ressurgir para a morte e a separação definitiva de Deus.
Demos pois a Deus glória eterna, porque, pelo seu poder, fez cumprir no tempo todas as promessas antes dadas pelas bocas dos seus profetas, revelando o seu cuidado, amor e fidelidade para conosco, seu povo, que, assim como o seu Filho Amado ressuscitou, também ressuscitará para a glória eterna de viver em comunhão constante e permanente com o Pai.
Que todos nós meditemos diariamente na obra maravilhosa e divina de Jesus Cristo, uma obra completa e acabada, sem a qual estaríamos irremediavelmente perdidos.
Que possamos, pela graça de Deus, não somente ansiar a ressurreição naquele glorioso dia em que Cristo voltará ao mundo para nos buscar e, juntos, julgarmos o mundo, mas possamos viver a verdade do Evangelho, renascidos pela fé, aguardando o nosso novo corpo e, glorificados, jamais vermos a morte (1 Tes. 4:13-18).
A) INTRODUÇÃO:
Primeiro, abramos nossas Bíblias [1] em 1 Coríntios 15:16-19, que diz:
“Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”.
Antes de começar a exposição de hoje, gostaria de ler o hino No. 101:
“Cristo já ressuscitou; Aleluia!
Sobre a morte triunfou; Aleluia!
Tudo consumado está; Aleluia!
Salvação de graça dá; Aleluia!
Uma vez na cruz sofreu; Aleluia!
Uma vez por nós morreu; Aleluia!
Mas agora vivo está; Aleluia!
E pra sempre reinará; Aleluia!
Gratos hinos entoai; Aleluia!
A Jesus, o grande Rei, Aleluia!
Pois à morte quis baixar; Aleluia!
Pecadores pra salvar; Aleluia!”
Quantas verdades estão presentes nestes versos, e que nos enchem de alegria, esperança, mas, sobretudo, de certeza, de que um dia também ressuscitaremos.
Mas, o que é a ressurreição para você, meu irmão?
É um corpo morto ganhando vida novamente?
Como se fosse um Frankenstein, com pedaços de vários corpos remendados e unidos escandalosamente, como parecem defender os espíritas?
Seria uma história, um conto de fadas ou mitologia?
Como os liberais, pós-modernos, relacionais e congêneres defendem?
Apenas outro dogma da igreja que você aceita prontamente mas nunca meditou nem refletiu na sua urgência?
Como os crentes nominais parecem entender, não reconhecendo a magnitude da ressurreição?
Ou, será algo que você, mesmo sendo cristão há tanto tempo, nunca deu devida importância, pela falta de zelo com essa grandiosa realidade?
Pois saiba que, em nenhuma outra religião tem-se presente a ideia da ressurreição do corpo. Muitas acreditam na imortalidade da alma, mas nenhuma crê na ressurreição, de que teremos o corpo glorificado semelhante ao do Senhor Jesus. Nem mesmo os muçulmanos que acreditam num tipo de ressurreição, não cogitam a santificação e glorificação, como a Bíblia revela, mas em uma permanência celestial do mesmo corpo sujeito ao pecado, já que as mesmas relações ímpias praticadas aqui se repetiriam lá, e são exatamente elas que garantem, ao ver deles, um lugar no Paraíso.
Hoje, comemoramos o domingo de Páscoa, uma data importante no calendário cristão, pois representa a ressurreição do Cordeiro, Cristo, o homem santo e sem pecados que encarnou, viveu entre nós, foi condenado injustamente e morreu por amor de mim e de você. Muito distante daquilo que o mundo apregoa, de como Satanás usa da realidade bíblica para distorcer, corromper, e atender aos instintos mais carnais e abjetos, transformando um dia santo em algo mundano, onde as pessoas lembram-se apenas de trocar e comer “ovos de chocolate” botados por um coelho fictício.
O espírito da páscoa difundido pelo mundo não tem nada de cristão, pelo contrário, é o espírito do anticristo, diabólico, no qual tentam imitar a realidade gloriosa da ressurreição com uma farsa.
Mas com qual objetivo fazem isso?
Ao criar uma história, sem “pé-nem-cabeça”, querem apenas ridicularizar e desacreditar a história verdadeira, fazendo-a passar por um delírio, por uma loucura. Mas, quem é o louco?
Tudo passa pela incredulidade, pelo ceticismo, e por uma necessidade de se buscar racionalmente uma explicação para tudo, como se a mente humana pudesse desvendar e responder a todas as questões do universo (contudo, a força motriz da incredulidade, assim como de todo o pecado, é a revolta contra Deus; o motim idealizado por Satanás e abraçado por Adão, Eva e todos os homens após eles). Felizmente, não pode; e quando até mesmo alguns ditos cristãos põem em dúvida a ressurreição, temos uma soberba-arrogância na qual o homem se faz superior a Deus e sua palavra. Esse é outro foco do ceticismo, desacreditar e ridicularizar a Escritura como a revelação especial, como palavra do próprio Deus. E, infelizmente, a igreja atual encontra-se cheia desse tipo de “crente”, pessoas que desprezam e consideram irrelevante tanto a Bíblia como a doutrina da ressurreição.
E muitos dos coríntios, provavelmente, colocavam em dúvida a doutrina da ressurreição. Assim como os saduceus criam, havia entre aqueles irmãos muitos que também criam na não-ressurreição. Por isso Paulo escreve quase um capítulo inteiro sobre o tema, alertando-os de que essa ideia era completamente estranha e opunha-se à fé cristã.
Você crê na ressurreição? De que Cristo morreu e ressurgiu dos mortos? E de que você também, um dia, ressuscitará da morte?
Se você é um crente verdadeiro, não duvidará desta verdade.
B) A CERTEZA DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO
Já no verso 1 e 2 do capítulo 15, lemos:
“Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão”.
Paulo confirma e afirma que o evangelho de Cristo já havia sido anunciado aos coríntios, de que eles eram conhecedores da verdade, e nada ficou-lhes encoberto ou oculto, porque eles o receberam e permaneceram na verdade. Paulo não pregava outro evangelho, mas o mesmo, e ele os chama agora por testemunhas de que não houve corrupção em seus ensinos, qualquer um que o ouviu antes e o ouvisse agora confirmaria serem ambas a mesma doutrina. E ele justifica o recebimento do evangelho pela igreja de Corinto com o argumento de que a salvação os alcançou pela pregação do apóstolo; ressaltando que não seriam condenados se retivessem e cressem no que lhes fora proclamado. Logo, o que viria a ser exposto não era algo estranho, algo ainda não ouvido pelos coríntios, mas algo impossível de ser rejeitado, sob pena de perderem o fundamento da fé e negarem a realidade da ressurreição.
Nos versos 3 e 4:
“Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.
Paulo profere, por duas vezes, a expressão “segundo as Escrituras”; mas, se o Cânon ainda não havia sido concluído, a qual Escritura ele nos remete? Acredito que muitos dos escritos do Novo Testamento já circulavam à época em que escreveu a 1ª Epístola aos Coríntios, mas também aludia ao Antigo Testamento, onde a verdade inexorável da ressurreição de Cristo e dos justos era proclamada.
Vários textos apontam para essa realidade, por exemplo:
Jó 19.25-27: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, vê-lo-ei por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros o contemplarão; e por isso os meus rins se consomem no meu interior”.
Sl 17.15: “Quanto a mim, comtemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei da tua semelhança quando acordar”.
Dn 12.2: “E muitos do que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno”.
Vejam bem, o apóstolo não despreza a Escritura, pelo contrário, disse que dela aprendeu e por ela ensinava. Há uma ideia corrente entre os crentes atuais de que o A.T. deve ser relegado a um segundo plano, e de que os textos de real valor encontram-se no N.T. A questão é: qual o critério ou autoridade é invocada para se fazer a distinção do que é ou não é Escritura? Se o próprio Jesus citou-a abundantemente em seus ensinamentos? Estaria o homem investindo-se de uma autoridade maior do que a do próprio Deus, julgando arbitrariamente o que é ou não é parte do Cânon?
Porém, o importante neste ponto é o apóstolo afirmar que entregou o mesmo que recebeu, segundo as Escrituras. E o que elas afirmam, tanto no Antigo como no Novo Testamento?
1) Cristo morreu por nossos pecados – A morte do Senhor não foi um teatro, uma pantomima, coisa de megalomaníaco, um espetáculo para entreter gerações e gerações de ouvintes e leitores. A sua morte teve um propósito, e um propósito claramente expresso, definido, e descrito na Escritura, ele morreu por nossos pecados, pagando uma dívida impagável para nós; fazendo por nós o que nos era impossível; assumindo o nosso lugar, um lugar de vergonha e injustiça para ele, para se fazer justiça para nós. Fomos, por aquele ato do Senhor, justificados, ou seja, tornados justos, imaculados e sem pecados, pelo seu sacrifício na cruz do Calvário.
Ler Is 53:4-7.
2) Cristo foi sepultado. Há relatos esdrúxulos, fantasias diabólicas, de que Cristo não morreu, pelo contrário, ele casou-se, teve uma família ou refugiou-se em esconderijos imaginários, para justificar a fé em sua morte. Ora, a Bíblia não deixa dúvidas da morte do Senhor; e há relatos de historiadores da época, como Josefo e Tácito, por exemplo.
3) Cristo ressuscitou ao terceiro dia, como foi profetizado pelo próprio Senhor, em Mt 12.40. Uma pequena observação: muitos têm dúvidas quanto ao fato do três dia e três noites não poderem transcorrer entre uma sexta-feira e o domingo. Porém, devemos entender que a contagem de tempo dos judeus é diferente da nossa (e também dos romanos à época), pois o dia, para eles, inicia-se às 18 h e não à meia-noite. Para o judeu também um dia não significa necessariamente 24 horas, podendo ser uma fração das 24 h designada como sendo “um dia”. Interessante notar que Paulo não diz que Cristo ressuscitou após três dias, mas ao terceiro dia, corroborando a ideia de que três dias não abrangem os dias completos, como conhecemos.
Verso 5-8:
“E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo”.
Para confirmar que a ressurreição do Senhor não era algo fictício nem uma especulação, Paulo citará as provas incontestáveis da aparição de Jesus, ressurreto, a muitas pessoas, entre elas, aqueles que o conheciam melhor do que qualquer outro homem, pessoas que estiveram com ele durante os três anos de ministério terreno, acompanhando-o vinte e quatro horas por dia, todos os dias; pessoas íntimas e que tinham um relacionamento pessoal e direto com o Mestre, apóstolos e discípulos como Pedro e Tiago, por exemplo.
Então, primeiramente, como evidência, ele afirma que Pedro viu o Senhor (Lc 24.34), e, posteriormente, os demais apóstolos, chamados de doze, menos Judas, porque assim eram também conhecidos (Jo 20.19-20).
Depois foi visto por mais de quinhentas pessoas de uma vez, sendo que a maioria deles ainda estava viva, configurando-se em uma prova irrefutável da ressurreição, posto estar ao alcance do leitor desta carta, à época, a confirmação da veracidade daquele feito, e, Paulo não o faria irresponsavelmente, colocando em xeque o seu ministério, a sua idoneidade e confiabilidade, caso não falasse a verdade. Há passagens como as de Mateus 28.16-17 e Atos 1.1-9, nas quais um grande número de irmãos viu e ouviu o Senhor.
Depois foi visto por Tiago, o bispo de Jerusalém e irmão do Senhor, e depois por todos os apóstolos, no Monte das Oliveiras, como descreve-nos Lucas 24.50-51 e Atos 1.1-9, 17.
E, por fim, Paulo chama a si mesmo por testemunha, como tendo visto a Jesus em Damasco, fato relatado por Lucas em Atos 9.2-6.
Esses são sinais genuínos apresentados pelo apóstolo para estabelecer a verdade inequívoca da ressurreição do Senhor.
Mas, alguém pode questionar: “Olha, entendo a ressurreição de Cristo, mas não aceito a ressurreição de homens comuns”.
Sem entrar em todas as implicações e refutações possíveis à pergunta, importa-nos dizer que há na Escritura vários casos de ressurreição de homens e mulheres comuns.
No Antigo Testamento, Elias ressuscitou o filho de uma viúva (1Rs 17.20-22), e o filho da mulher Sunamita (2Rs 4.32-37).
No Novo Testamento, o próprio Senhor ressuscitou Talita, filha de Jairo, um homem conceituado e respeitado pois era um dos principais da Sinagoga local (Mc 5.41-42), e Lázaro (Jo 11.43-44); Pedro ressuscitou Dorcas ou Tabita (At 9.40-42), e, o próprio Paulo ressuscitou também um homem, Êutico (At 20.9-10).
Com isso, prova-se a ressurreição como um fato a acontecer com todos os homens, quer estejam destinados ao Paraíso ou destinados ao Inferno.
C) OS PROBLEMAS DE SE NEGAR A RESSURREIÇÃO
Pularemos do verso 8 diretamente para o verso 12 ao 20, que diz:
“Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados”.
Paulo, maravilhosamente, argumenta não só quanto à inutilidade da fé, mas também à sua falsidade, se não houver ressurreição dos mortos. Literalmente, o Cristianismo é mentira, e não tem valor algum, se os mortos não ressuscitam. Esta é uma razão poderosa para apontarmos qualquer forma de “cristianismo” onde não há ressurreição como um embuste, uma fraude, mas, onde também não há a ressurreição de Cristo, como afirmam os liberais e racionalistas ao, não acreditando na sobrenaturalidade (o que vale dizer no poder infinito e todo-poderoso de Deus), tornam o relato da ressurreição do Senhor como algo alegórico ou apenas simbólico, na religião das trevas, capitaneada pelo próprio diabo. Esses homens jamais deveriam serem chamados ou considerados cristãos, pois, segundo Paulo, sua fé é vã, inócua, falsa e ineficaz; não havendo qualquer intento em proclamá-la a não ser para garantir que muitas almas descrentes garantam a eternidade no Inferno.
Por que?
Ora, se Cristo não ressuscitou, os que dormiram em Cristo estão perdidos, ou seja, nossos pecados não foram pagos e ainda permanecemos neles (v.17). E se permanecemos neles, teremos de pagá-los, mas, não podemos pagá-los, então, estaríamos irremediavelmente perdidos, condenados ao sofrimento eterno no Lago de Fogo (v.18).
E há uma relação clara e evidente na ressurreição de Cristo, pois se ele ressuscitou, os mortos também ressuscitarão; se os mortos não ressurgirem no fim dos tempos, também Cristo não ressuscitou, logo ele está morto e estamos mortos juntos com ele. Mas, porque temos a certeza e o testemunho do Evangelho, sabemos que, como o Senhor, também ressuscitaremos.
A própria pregação seria sem sentido, e de nada serviria ao homem, se não houvesse a ressurreição; e, sem ela, não haveria a expectativa do céu, de uma vida eterna na presença de Deus, e o Cristianismo serviria talvez para nos dar algum conforto na terra, mas como Paulo disse, se esperássemos Cristo apenas neste mundo, seríamos os mais miseráveis dos homens (v.19).
Novamente, por quê? Ora:
1) Não haveria uma vida eterna;
2) Milhões de homens morreram inutilmente;
3) O trabalho de pregação e evangelização seria desnecessário e infrutuoso;
4) Seríamos piores do que os outros homens (ao defendermos uma realidade impossível diante de pessoas que vivem uma realidade possível e não cogitam algo utópico);
5) Sacrificaríamos este mundo por outro que não existe, ou seja, morreríamos para este em troca de vivermos no outro, quando não o viveríamos; a vida não teria sentido;
6) Por fim, permaneceríamos mortos em nossos pecados (o espírito do homem não reviveria).
D) A REALIDADE DA RESSURREIÇÃO
“Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem” (v. 20)
Paulo, enfaticamente, confirma a ressurreição do Senhor, e de que temos a garantia da nossa ressurreição. Ele, o cabeça, foi o primeiro e único a viver após a morte, assim como nós, o corpo, viveremos também após a morte. Ela aponta, portanto, para a Igreja:
1) A concretização e eficácia do plano divino, e a realização das suas promessas e profecias.
2) Mostra-nos que Cristo está vivo; e com ele viveremos eternamente.
3) De que haverá um reino de paz, justiça e amor, ao contrário do que experimentamos neste mundo.
4) É a vitória definitiva do crente, de que tanto a morte como o inferno foram tragados, derrotados, pela ressurreição de Cristo.
A ressurreição aponta para os ímpios:
1) O plano divino, para eles, também se concretizará, assim como as promessas e profecias a eles pertinentes;
2) De estarem diante no Tribunal de Cristo, onde serão julgados e condenados;
3) Eternamente estarão no lugar onde há apenas dor, angústia e desespero, sem qualquer alívio para os seus corpos e alma;
4) Foram tragados definitivamente pela morte e o inferno, derrotados pela descrença e rebeldia a Deus.
A ressurreição de Cristo é um dos pilares da fé cristã, sem ela, nada do que cremos e esperamos teria sentido. Sem a ressurreição, não seríamos salvos, nem herdaríamos o Reino de Cristo; sem a ressurreição, ainda estaríamos mortos em nossos pecados.
A sua importância está no fato de que Cristo não viu a corrupção, e, como ele, a nossa alma também não verá a corrupção, no sentido de permanecer doente, enferma, por toda a eternidade.
A ressurreição remete-nos a uma vida nova (e este é um dos sentidos do termo), uma vida sem pecados, distante de nossa antiga natureza, na qual estaremos para sempre em plena comunhão com Deus.
A ressurreição lembra-nos de que, antes mortos em nossos delitos, fomos restaurados por Deus e reconciliados com ele, para uma vida santa.
A ressurreição aponta para um corpo incorruptível, uma nova criatura que iniciou-se com a nossa conversão, mas que ainda não está completa, e somente o será quando Cristo voltar em glória a este mundo para buscar a sua noiva, a Igreja, da qual somos parte, assim como somos parte dele, a cabeça, enquanto corpo.
A ressurreição, como bem simboliza o batismo (e por isso cremos no batismo por imersão), não apenas nos renovará, mas nos transformará à semelhança de Cristo.
Por isso, sem a ressurreição, não haveria uma nova vida, posto as promessas de Deus não seriam cumpridas, e o próprio Cristo não passaria de um homem comum.
Por isso, os ataques insidiosos e desonestos dos servos de satanás em desacreditar, em mentir, sobre um dos eventos máximos da história, a ressurreição do Senhor.
E) CONCLUSÃO
A ressurreição é um ponto fundamental na fé cristã, sem a qual ela perde completamente o nexo, tornando-se em algo ineficiente. Ela deve dar segurança ao crente de que Deus, ao ressuscitar Jesus dos mortos, também nos ressuscitará, e a importância desta esperança reside no fato de devermos levar o Evangelho de vida, e vida eterna a todos os homens, orando ao Espírito Santo para convertê-los a Cristo, a verdade.
Qualquer caminho a apelar para uma não ressurreição do corpo é inconsistente com a Bíblia, e mentiroso. Assim como o crente que se utiliza da certeza da ressurreição para negligenciar o evangelismo, deixando de levar a mensagem de salvação e de vida eterna ao pecador, também se faz mentiroso, posto não ansiar, em seu íntimo, ao próximo, aquilo que diz crer, revelando-se um incrédulo.
Pior ainda, é o cristão vestir-se de hipocrisia, ofender a Deus com os seus pecados constantes, sua insubmissão a ele, e ansiar por uma ressurreição e uma vida eterna no paraíso.
Cada um de nós, neste dia, faça uma inspeção sincera em seu íntimo e veja se está realmente no caminho da vida eterna, de ressurgir para a vida, ou se está a um passo de ressurgir para a morte e a separação definitiva de Deus.
Demos pois a Deus glória eterna, porque, pelo seu poder, fez cumprir no tempo todas as promessas antes dadas pelas bocas dos seus profetas, revelando o seu cuidado, amor e fidelidade para conosco, seu povo, que, assim como o seu Filho Amado ressuscitou, também ressuscitará para a glória eterna de viver em comunhão constante e permanente com o Pai.
Que todos nós meditemos diariamente na obra maravilhosa e divina de Jesus Cristo, uma obra completa e acabada, sem a qual estaríamos irremediavelmente perdidos.
Que possamos, pela graça de Deus, não somente ansiar a ressurreição naquele glorioso dia em que Cristo voltará ao mundo para nos buscar e, juntos, julgarmos o mundo, mas possamos viver a verdade do Evangelho, renascidos pela fé, aguardando o nosso novo corpo e, glorificados, jamais vermos a morte (1 Tes. 4:13-18).
APERFEIÇOANDO A SANTIFICAÇÃO POR CAUSA DAS PROMESSAS
“Tendo, pois, estas promessas, amados, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.” (2 Coríntios 7.1)
“Estas promessas, portanto”. Deus, é verdade, nos contempla em suas promessas por seu puro favor; mas quando ele tem, por sua própria vontade, conferido a nós seu favor, ele logo em seguida exige de nós a gratidão em troca. Assim, o que ele disse a Abraão, “Eu sou teu Deus” (Gênesis 17. 7), foi uma oferta da sua bondade imerecida, mas ele, ao mesmo tempo acrescentou o que ele exigia dele – “Anda na minha presença e sê perfeito”.
Como, no entanto, esta segunda frase nem sempre é expressada, Paulo nos ensina que em todas as promessas, esta condição está implícita, as quais devem ser incitações a nós para promover a glória de Deus. Para que propósito ele apresenta um argumento para nos estimular? É a partir disto, que Deus nos confere uma honra tão ilustre. Essa, então, é a natureza das promessas, para que elas nos chamem para a santificação, como se Deus as tivesse interposto por um acordo implícito. Sabemos, também, que a Escritura ensina isto em várias passagens, em referência ao projeto da redenção, e a mesma coisa deve ser vista como a aplicação de cada prova do seu favor.
“De toda a imundícia da carne e do espírito”. Tendo já mostrado, que somos chamados à pureza, agora ele acrescenta, que esta deveria ser vista no corpo, bem como na alma; porque o termo carne significa aqui corpo, e o termo espírito significa alma, é manifesto disto, que se o termo espírito significa a graça da regeneração, a declaração de Paulo, em referência à poluição do espírito seria absurda. Ele nos queria então, puros de contaminações, não só interiormente, tendo apenas a Deus como testemunha; mas também no exterior, como estando sob a observação dos homens. “Não devemos ser somente de consciência casta aos olhos de Deus. Também devemos consagrar a ele todo o nosso corpo e todos os nossos membros, para que nenhuma impureza possa ser vista em qualquer parte em nós.”
Agora, se considerarmos qual é o ponto que ele tem em vista, facilmente iremos perceber, que são aqueles que agem com imprudência excessiva, que desculpam a sua idolatria, eu não sei sob que pretextos. Porque, assim como a impiedade interior, e superstição, de qualquer tipo, é a contaminação do espírito, o que eles entendem por contaminação da carne, senão uma profissão externa de impiedade, seja isto fingido, ou expressado do coração? Eles se vangloriam de uma consciência pura; que, de fato, está baseada em motivos falsos, mas concedendo-lhes aquilo do que se gabam, eles têm apenas a metade do que Paulo requer dos crentes. Portanto, eles não têm base para pensar, que têm dado satisfação a Deus por aquela metade; porque, deixe uma pessoa mostrar qualquer aparência de uma total idolatria, ou qualquer indicação da mesma, ou tomar parte em rituais maus ou supersticiosos, embora ela fosse – o que ela não pode ser – perfeitamente reta em sua própria mente, ela seria, no entanto, não isenta da culpa de poluir seu corpo.
“Aperfeiçoando a santidade”.
Apesar de que o verbo ἐπιτελεῖν em grego signifique às vezes, “aperfeiçoar”, e às vezes “realizar ritos sagrados”, isto é elegantemente usado aqui por Paulo na antiga significação, que é a mais frequente – de tal forma, porém, como para aludir à santificação, da qual ele está agora tratando. Por enquanto isto denota perfeição, parece ter sido intencionalmente transferido para ofícios sagrados, porque não deve haver nada defeituoso no serviço de Deus, senão que tudo deve ser completo. Assim, a fim de que você possa se santificar a Deus corretamente, você deve se dedicar de corpo e alma inteiramente a ele.
“No temor de Deus”. Porque, se o temor de Deus nos influencia, não estaremos tão dispostos a sermos indulgentes conosco, e nem haverá uma erupção dessa audácia de luxúria que se mostrou entre os Coríntios. Porque como acontece que muitos se deliciam tanto em idolatria exterior, e altivamente defendem tão grosseiro vício, a não ser por eles pensarem que zombam de Deus impunemente? Se o temor de Deus tivesse domínio sobre eles, eles iriam imediatamente, no primeiro momento, deixar todos os sofismas, sem a necessidade de serem constrangidos a isso por qualquer contestação.
“Estas promessas, portanto”. Deus, é verdade, nos contempla em suas promessas por seu puro favor; mas quando ele tem, por sua própria vontade, conferido a nós seu favor, ele logo em seguida exige de nós a gratidão em troca. Assim, o que ele disse a Abraão, “Eu sou teu Deus” (Gênesis 17. 7), foi uma oferta da sua bondade imerecida, mas ele, ao mesmo tempo acrescentou o que ele exigia dele – “Anda na minha presença e sê perfeito”.
Como, no entanto, esta segunda frase nem sempre é expressada, Paulo nos ensina que em todas as promessas, esta condição está implícita, as quais devem ser incitações a nós para promover a glória de Deus. Para que propósito ele apresenta um argumento para nos estimular? É a partir disto, que Deus nos confere uma honra tão ilustre. Essa, então, é a natureza das promessas, para que elas nos chamem para a santificação, como se Deus as tivesse interposto por um acordo implícito. Sabemos, também, que a Escritura ensina isto em várias passagens, em referência ao projeto da redenção, e a mesma coisa deve ser vista como a aplicação de cada prova do seu favor.
“De toda a imundícia da carne e do espírito”. Tendo já mostrado, que somos chamados à pureza, agora ele acrescenta, que esta deveria ser vista no corpo, bem como na alma; porque o termo carne significa aqui corpo, e o termo espírito significa alma, é manifesto disto, que se o termo espírito significa a graça da regeneração, a declaração de Paulo, em referência à poluição do espírito seria absurda. Ele nos queria então, puros de contaminações, não só interiormente, tendo apenas a Deus como testemunha; mas também no exterior, como estando sob a observação dos homens. “Não devemos ser somente de consciência casta aos olhos de Deus. Também devemos consagrar a ele todo o nosso corpo e todos os nossos membros, para que nenhuma impureza possa ser vista em qualquer parte em nós.”
Agora, se considerarmos qual é o ponto que ele tem em vista, facilmente iremos perceber, que são aqueles que agem com imprudência excessiva, que desculpam a sua idolatria, eu não sei sob que pretextos. Porque, assim como a impiedade interior, e superstição, de qualquer tipo, é a contaminação do espírito, o que eles entendem por contaminação da carne, senão uma profissão externa de impiedade, seja isto fingido, ou expressado do coração? Eles se vangloriam de uma consciência pura; que, de fato, está baseada em motivos falsos, mas concedendo-lhes aquilo do que se gabam, eles têm apenas a metade do que Paulo requer dos crentes. Portanto, eles não têm base para pensar, que têm dado satisfação a Deus por aquela metade; porque, deixe uma pessoa mostrar qualquer aparência de uma total idolatria, ou qualquer indicação da mesma, ou tomar parte em rituais maus ou supersticiosos, embora ela fosse – o que ela não pode ser – perfeitamente reta em sua própria mente, ela seria, no entanto, não isenta da culpa de poluir seu corpo.
“Aperfeiçoando a santidade”.
Apesar de que o verbo ἐπιτελεῖν em grego signifique às vezes, “aperfeiçoar”, e às vezes “realizar ritos sagrados”, isto é elegantemente usado aqui por Paulo na antiga significação, que é a mais frequente – de tal forma, porém, como para aludir à santificação, da qual ele está agora tratando. Por enquanto isto denota perfeição, parece ter sido intencionalmente transferido para ofícios sagrados, porque não deve haver nada defeituoso no serviço de Deus, senão que tudo deve ser completo. Assim, a fim de que você possa se santificar a Deus corretamente, você deve se dedicar de corpo e alma inteiramente a ele.
“No temor de Deus”. Porque, se o temor de Deus nos influencia, não estaremos tão dispostos a sermos indulgentes conosco, e nem haverá uma erupção dessa audácia de luxúria que se mostrou entre os Coríntios. Porque como acontece que muitos se deliciam tanto em idolatria exterior, e altivamente defendem tão grosseiro vício, a não ser por eles pensarem que zombam de Deus impunemente? Se o temor de Deus tivesse domínio sobre eles, eles iriam imediatamente, no primeiro momento, deixar todos os sofismas, sem a necessidade de serem constrangidos a isso por qualquer contestação.
Devocional Alegria Inabalável - John Piper
VOCÊ NÃO PODE PERDER NO FINAL
Versículo do dia: Aí tendes uma escolta; ide e guardai o sepulcro como bem vos parecer. (Mateus 27.65).
Quando Jesus estava morto e sepultado, com uma grande pedra fechando o túmulo, os fariseus vieram a Pilatos e pediram permissão para selar a pedra e guardar o túmulo.
Eles fizeram a sua melhor tentativa — em vão.
Isso foi ineficaz naquela ocasião, é ineficaz hoje e será ineficaz sempre. Tentem o quanto puderem, as pessoas não podem restringir Jesus. Elas não podem mantê-lo sepultado.
Não é difícil imaginar por que: Ele pode sair, porque ele não foi forçado a entrar. Ele se deixou ser caluniado, zombado, acusado, desprezado, arrastado e assassinado.
“Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la” (João 10.17-18).
Ninguém pode restringi-lo, porque ninguém nunca o prendeu. Ele se entregou quando chegou sua hora.
Quando parece que ele está felizmente sepultado, Jesus está fazendo algo incrível na escuridão. “O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como” (Marcos 4.26-27).
O mundo pensa que Jesus foi vencido — exterminado — mas Jesus está agindo nos lugares obscuros. “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto” (João 12.24). Ele permitiu ser sepultado — “ninguém a tira [minha vida] de mim” — e ele sairá em poder quando e onde quiser — “Tenho autoridade para reavê-la”.
“Deus [o] ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela” (Atos 2.24). Jesus tem seu sacerdócio hoje “segundo o poder de vida indissolúvel” (Hebreus 7.16).
Por vinte séculos, o mundo tem feito a sua melhor tentativa — em vão. Eles não podem sepultá-lo. Eles não podem detê-lo. Eles não podem silenciá-lo ou limitá-lo. Jesus vive e é completamente livre para ir e vir para onde quiser.
Confie nele e siga com ele, não importa o que aconteça. Você não pode perder no final.
Versículo do dia: Aí tendes uma escolta; ide e guardai o sepulcro como bem vos parecer. (Mateus 27.65).
Quando Jesus estava morto e sepultado, com uma grande pedra fechando o túmulo, os fariseus vieram a Pilatos e pediram permissão para selar a pedra e guardar o túmulo.
Eles fizeram a sua melhor tentativa — em vão.
Isso foi ineficaz naquela ocasião, é ineficaz hoje e será ineficaz sempre. Tentem o quanto puderem, as pessoas não podem restringir Jesus. Elas não podem mantê-lo sepultado.
Não é difícil imaginar por que: Ele pode sair, porque ele não foi forçado a entrar. Ele se deixou ser caluniado, zombado, acusado, desprezado, arrastado e assassinado.
“Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la” (João 10.17-18).
Ninguém pode restringi-lo, porque ninguém nunca o prendeu. Ele se entregou quando chegou sua hora.
Quando parece que ele está felizmente sepultado, Jesus está fazendo algo incrível na escuridão. “O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como” (Marcos 4.26-27).
O mundo pensa que Jesus foi vencido — exterminado — mas Jesus está agindo nos lugares obscuros. “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto” (João 12.24). Ele permitiu ser sepultado — “ninguém a tira [minha vida] de mim” — e ele sairá em poder quando e onde quiser — “Tenho autoridade para reavê-la”.
“Deus [o] ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela” (Atos 2.24). Jesus tem seu sacerdócio hoje “segundo o poder de vida indissolúvel” (Hebreus 7.16).
Por vinte séculos, o mundo tem feito a sua melhor tentativa — em vão. Eles não podem sepultá-lo. Eles não podem detê-lo. Eles não podem silenciá-lo ou limitá-lo. Jesus vive e é completamente livre para ir e vir para onde quiser.
Confie nele e siga com ele, não importa o que aconteça. Você não pode perder no final.
Devocional Do Dia - Charles Spurgeon
Versículo do Dia: “Meu coração fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim.” (Salmos 22.14)
Nosso bendito Senhor experimentou um terrível abatimento de alma. “O espírito firme sustém o homem na sua doença, mas o espírito abatido, quem o pode suportar?” (Provérbios 18.14). Profunda depressão de espírito é a mais grave de todas as provações, todo o resto é como nada. Bem poderia, em seu sofrimento, ter clamado o Salvador a Deus: “Não te ausentes de mim” (Salmos 71.12), pois, mais que em qualquer outra época um homem precisa de seu Deus quando seu coração se derrete por conta do peso que leva.
Crente, adore com humildade o Rei da Glória como Aquele que sofreu mais agonias interiores e aflições em sua mente do que qualquer outra pessoa que já viveu entre nós. Na qualidade de nosso Sumo Sacerdote fiel, o Senhor Jesus pode se comover de nossas fraquezas (ver Hebreus 4.15). Em especial, aqueles que dentre nós passam por tristezas vindas diretamente da falta de senso da presença do Pai, esses devem buscar a comunhão mais íntima e mais achegada a Jesus. Nossa alma pode, às vezes, anelar, sentir fome e sede de contemplar a luz da face de Jesus e, em tais épocas, confortemo-nos com a doce simpatia de nosso Grande Sumo Sacerdote. Nossas gotas de sofrimento podem ser esquecidas no oceano da dor dele, mas quão longe nosso amor deveria ir! Ó profundo e vigoroso amor de Jesus, tal como o oceano nas marés da primavera, vem e remove os meus pecados, repele todas as minhas inquietações, ergue minha alma presa às coisas desta vida, lançando-a imediatamente aos pés de meu Senhor. Devo permanecer ali, uma concha quebrada, sem virtudes e completamente indigno, lavado pelo amor dele; arriscando-me apenas a sussurrar-Lhe que, se colocar seus ouvidos perto de mim, ouvirá do profundo de meu coração ecos frágeis provenientes das imensas ondas do amor dele mesmo, que me comprou; e ali, aos pés dele, me deleito em permanecer, para sempre.
Nosso bendito Senhor experimentou um terrível abatimento de alma. “O espírito firme sustém o homem na sua doença, mas o espírito abatido, quem o pode suportar?” (Provérbios 18.14). Profunda depressão de espírito é a mais grave de todas as provações, todo o resto é como nada. Bem poderia, em seu sofrimento, ter clamado o Salvador a Deus: “Não te ausentes de mim” (Salmos 71.12), pois, mais que em qualquer outra época um homem precisa de seu Deus quando seu coração se derrete por conta do peso que leva.
Crente, adore com humildade o Rei da Glória como Aquele que sofreu mais agonias interiores e aflições em sua mente do que qualquer outra pessoa que já viveu entre nós. Na qualidade de nosso Sumo Sacerdote fiel, o Senhor Jesus pode se comover de nossas fraquezas (ver Hebreus 4.15). Em especial, aqueles que dentre nós passam por tristezas vindas diretamente da falta de senso da presença do Pai, esses devem buscar a comunhão mais íntima e mais achegada a Jesus. Nossa alma pode, às vezes, anelar, sentir fome e sede de contemplar a luz da face de Jesus e, em tais épocas, confortemo-nos com a doce simpatia de nosso Grande Sumo Sacerdote. Nossas gotas de sofrimento podem ser esquecidas no oceano da dor dele, mas quão longe nosso amor deveria ir! Ó profundo e vigoroso amor de Jesus, tal como o oceano nas marés da primavera, vem e remove os meus pecados, repele todas as minhas inquietações, ergue minha alma presa às coisas desta vida, lançando-a imediatamente aos pés de meu Senhor. Devo permanecer ali, uma concha quebrada, sem virtudes e completamente indigno, lavado pelo amor dele; arriscando-me apenas a sussurrar-Lhe que, se colocar seus ouvidos perto de mim, ouvirá do profundo de meu coração ecos frágeis provenientes das imensas ondas do amor dele mesmo, que me comprou; e ali, aos pés dele, me deleito em permanecer, para sempre.
domingo, 23 de julho de 2017
JUSTIFICADOS COMPLETAMENTE
Por Clóvis Gonçalves
Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou. Rm 8:29-30
A justificação somente pela fé é considerada a doutrina mais importante do Novo Testamento, é o coração da igreja. Para Lutero, essa é a doutrina pela qual a igreja cai ou permanece em pé. É triste que poucos tenham uma compreensão clara e um entendimento correto dessa verdade bíblica. Devido a isso, ao mesmo tempo que ressalto o fato de que os que foram previamente conhecidos, predestinados e chamados também foram justificados, aproveito para tentar esclarecer este importante aspecto de nossa salvação.
Justificação é o ato pelo qual Deus declara o crente justo diante dele. Dessa afirmação decorre alguns fatos. Primeiramente, a justificação é um ato e não um processo. Deus não nos torna progressivamente justos e então nos aceita, mas num único ato nos considera justos diante Dele para sempre (não confundir aqui justificação e santificação). O segundo ponto é que a justificação é uma declaração e não uma operação de Deus. A justificação é forense, no sentido de que um culpado é declarado inocente diante de um tribunal. Terceiro, a justificação é pela fé somente, pelo que se diz que Deus declara justo aquele que crê. E o que crê é justificado sem nada além da fé, o que não crê não é justificado não importa o que mais faça. E, finalmente, o crente é declarado justo diante de Deus. Embora pecadores, somos justos perante o Senhor.
Um entendimento incorreto da doutrina é a que pensa que Deus simplesmente releva, põe de lado o pecado humano, deixando de atender os requerimentos de Sua santidade e justiça. De fato, a justificação é pela graça, ou seja, não custa nada para nós, pois somos “justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3:24). O texto mostra que a justificação, ainda que gratuita para nós, custou um alto preço para Deus, pois a Seu Filho “Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente” (Rm 3:25-26a). Dessa forma, punindo o pecado em Jesus, Deus torna-se “justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3:26a).
A justificação é, pois, pela casino pa natet graça mediante a fé em Jesus. A fé não é apenas suficiente, mas também necessária. Não fosse pela fé, teria que ser pelas obras da lei. Em verdade, Paulo declara que “os que praticam a lei hão de ser justificados” (Rm 2:13). Apesar de em tese a justificação pelas obras ser possível, na prática “ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3:20) e “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23), assim, a única justificação possível é “a que decorre da fé” (Rm 9:30).
O apóstolo apresenta Abraão como exemplo da justificação pela fé somente. “Se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus” (Rm 4:2), contudo “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça” (Rm 4:3), a conclusão é que “ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (Rm 4:5). A aceitação de Abraão por Deus se deu antes de sua circuncisão, portanto, esta não lhe serviu de base para justificação, da mesma forma que as obras que os crentes realizam não é a base pela qual Deus os declara justos diante Dele. “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei” (Rm 3:28).
Voltando ao texto, pergunto, quem é justificado? Justificados são os que são chamados de forma eficaz. Nessa chamada está incluso o dom da fé, necessária para a justificação. Ocorre, contudo, que somente são chamados de forma eficaz aqueles que foram anteriormente conhecidos e predestinados. Em resumo, apenas “os eleitos de Deus” (Rm 8:33) chegam a ser justificados.
Sendo a justificação forense, não pensemos que ela não tem implicações práticas ou que existe apenas para teologizarmos sobre. Romanos diz que “veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida” (Rm 5:18). A justificação declara que somos reconciliados com Deus “justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1) e por isso “sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira”(Rm 5:9). Há uma íntima relação entre a doutrina da justificação e a segurança eterna do crente. Não importa se nesta vida ou no juízo, “quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rm 8:33). Tendo sido justificados quando cremos em Jesus “agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1). Todos os nossos pecados passados, os atuais e até mesmos os futuros, foram punidos em Jesus e todos eles foram levados em conta quando Deus nos declarou justos diante Dele. Aleluia!
Soli Deo Gloria
Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou. Rm 8:29-30
A justificação somente pela fé é considerada a doutrina mais importante do Novo Testamento, é o coração da igreja. Para Lutero, essa é a doutrina pela qual a igreja cai ou permanece em pé. É triste que poucos tenham uma compreensão clara e um entendimento correto dessa verdade bíblica. Devido a isso, ao mesmo tempo que ressalto o fato de que os que foram previamente conhecidos, predestinados e chamados também foram justificados, aproveito para tentar esclarecer este importante aspecto de nossa salvação.
Justificação é o ato pelo qual Deus declara o crente justo diante dele. Dessa afirmação decorre alguns fatos. Primeiramente, a justificação é um ato e não um processo. Deus não nos torna progressivamente justos e então nos aceita, mas num único ato nos considera justos diante Dele para sempre (não confundir aqui justificação e santificação). O segundo ponto é que a justificação é uma declaração e não uma operação de Deus. A justificação é forense, no sentido de que um culpado é declarado inocente diante de um tribunal. Terceiro, a justificação é pela fé somente, pelo que se diz que Deus declara justo aquele que crê. E o que crê é justificado sem nada além da fé, o que não crê não é justificado não importa o que mais faça. E, finalmente, o crente é declarado justo diante de Deus. Embora pecadores, somos justos perante o Senhor.
Um entendimento incorreto da doutrina é a que pensa que Deus simplesmente releva, põe de lado o pecado humano, deixando de atender os requerimentos de Sua santidade e justiça. De fato, a justificação é pela graça, ou seja, não custa nada para nós, pois somos “justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3:24). O texto mostra que a justificação, ainda que gratuita para nós, custou um alto preço para Deus, pois a Seu Filho “Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente” (Rm 3:25-26a). Dessa forma, punindo o pecado em Jesus, Deus torna-se “justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3:26a).
A justificação é, pois, pela casino pa natet graça mediante a fé em Jesus. A fé não é apenas suficiente, mas também necessária. Não fosse pela fé, teria que ser pelas obras da lei. Em verdade, Paulo declara que “os que praticam a lei hão de ser justificados” (Rm 2:13). Apesar de em tese a justificação pelas obras ser possível, na prática “ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3:20) e “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23), assim, a única justificação possível é “a que decorre da fé” (Rm 9:30).
O apóstolo apresenta Abraão como exemplo da justificação pela fé somente. “Se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus” (Rm 4:2), contudo “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça” (Rm 4:3), a conclusão é que “ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (Rm 4:5). A aceitação de Abraão por Deus se deu antes de sua circuncisão, portanto, esta não lhe serviu de base para justificação, da mesma forma que as obras que os crentes realizam não é a base pela qual Deus os declara justos diante Dele. “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei” (Rm 3:28).
Voltando ao texto, pergunto, quem é justificado? Justificados são os que são chamados de forma eficaz. Nessa chamada está incluso o dom da fé, necessária para a justificação. Ocorre, contudo, que somente são chamados de forma eficaz aqueles que foram anteriormente conhecidos e predestinados. Em resumo, apenas “os eleitos de Deus” (Rm 8:33) chegam a ser justificados.
Sendo a justificação forense, não pensemos que ela não tem implicações práticas ou que existe apenas para teologizarmos sobre. Romanos diz que “veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida” (Rm 5:18). A justificação declara que somos reconciliados com Deus “justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1) e por isso “sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira”(Rm 5:9). Há uma íntima relação entre a doutrina da justificação e a segurança eterna do crente. Não importa se nesta vida ou no juízo, “quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rm 8:33). Tendo sido justificados quando cremos em Jesus “agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1). Todos os nossos pecados passados, os atuais e até mesmos os futuros, foram punidos em Jesus e todos eles foram levados em conta quando Deus nos declarou justos diante Dele. Aleluia!
Soli Deo Gloria
"CONSOLAI, CONSOLAI O MEU POVO, DIZ O VOSSO DEUS" (IS 40.1)
O profeta Isaías introduz um novo tema; porque, deixando as pessoas sobre as quais nenhuma impressão favorável foi feita por ameaças ou por admoestações, por causa de sua grande impiedade, ele se vira para a posteridade, para declarar que as pessoas que serão humilhadas sob a cruz não sentirão qualquer falta de consolação, mesmo em meio às tribulações mais severas. E é provável que ele escreveu esta profecia quando o tempo do cativeiro estava às portas, para que não deixasse a Igreja de Deus ser abalada por calamidades muito graves, sem a esperança de restauração. Embora ele tivesse misturado no passado suas predições com ameaças e terrores para este propósito, no entanto, ele parece ter contemplado principalmente o benefício daqueles que viveram naquela época. O que se segue se relaciona com a Igreja futura, o renascimento que seria feito muito tempo depois de sua morte; pois ele irá estabelecer uma doutrina perpétua, que não deve ser limitada a um único período, e especialmente quando ele trata do início e do progresso do reino de Cristo. E essa profecia deve ser de muito maior importância para nós, porque se dirige a nós em termos diretos; porque, embora possa ser uma aplicação espiritual do que se passa antes, de modo que é doutrina comum tanto para os judeus quanto para nós, no entanto, como ele deixa os judeus daquela época, e aborda a posteridade até o fim do mundo, parece pertencer mais especialmente a nós.
Por esta exortação, portanto, o Senhor pretendia mover os corações dos santos, para que não se fatiguem, em meio a calamidades pesadas. Em primeiro lugar, ele se dirige aos judeus, que iriam brevemente para o duro cativeiro no qual não teriam nem profetas, nem apresentação de sacrifícios, e seriam destituídos de toda consolação, não tivesse o Senhor aliviado suas misérias por essas previsões. Em seguida, ele se dirige a todos os santos que viveriam depois, para encorajar o seu coração, mesmo quando parecesse que foram reduzidos a uma condição muito baixa e sido totalmente arruinados.
Para que esse discurso pudesse ter um maior peso, e afetar poderosamente suas mentes, ele representa Deus como levantando novos profetas, aos quais ele ordena aliviar os sofrimentos das pessoas por consolação amigável. O significado geral é que, quando parecesse que ele havia abandonado por um tempo os pobres cativos, o testemunho da sua graça novamente irromperia da escuridão, e que, quando profecias de alegria tivessem cessado, a sua consolação viria na hora certa. A fim de expor com mais força o fundamento de alegria, ele faz uso do plural, Consolai; pelo qual ele dá a entender que não enviará um outro, mas uma vasta multidão de profetas; e isso ele realmente tem realizado, pelo que vemos mais claramente sua infinita bondade e misericórdia.
Primeiro, deve ser observado que o verbo está no futuro do pretérito; e aqueles comentadores que o tomam no presente ou no passado tanto mudam a palavra como estragam o seu significado. Indiretamente ele aponta um período intermediário, durante o qual as pessoas estariam muito aflitas, como se Deus tivesse ficado em silêncio. Embora mesmo naquela época Deus não tivesse deixado de manter a esperança de salvação por meio de alguns profetas, contudo, tendo por um longo período os lançado fora, quando estariam miseravelmente angustiados e quase em ruínas, o consolo seria menos abundante, até que fosse apontado, por assim dizer, com o dedo, que estavam em liberdade para voltar.
Por conta disso a palavra consolo (conforto) deve ser vista como relativa a um presente favor; e a repetição da palavra não somente confirma a certeza da previsão, mas aplaude seu poder e sucesso, como se ele tivesse dito, que por esta mensagem haveria motivo abundante, cheio, de incessante alegria.
Acima de tudo, temos que manter o tempo futuro deste verbo, porque há um contraste implícito entre o silêncio melancólico do qual eu tenho falado, e a doutrina de consolação que depois se seguiu. E com esta previsão concorda a queixa da Igreja:
“Já não vemos os nossos símbolos; já não há profeta; nem, entre nós, quem saiba até quando.” (Salmo 74.9)
Vemos como ela lamenta que tenha sido privada do melhor tipo de conforto, porque nenhuma promessa é antecipada para acalmar suas angústias. É como se o Profeta tivesse dito: “O Senhor não lhes deixará serem privados dos profetas, para consolá-los em meio às suas angústias mais severas. Naquela época, ele suscitará homens por quem ele irá lhes enviar a mensagem que haviam desejado por muito tempo, e naquela época ele também vai mostrar que cuida de vocês.”
Eu considero o tempo futuro como relacionado não somente ao cativeiro na Babilônia, mas a todo o período de libertação, que inclui o reino de Cristo. Porque o verbo diz que devemos ser providos de “profetas”, os quais ele iria nomear para este propósito; porque eles teriam falado em vão, se o Senhor não lhes tivesse dito, e até mesmo colocado em suas bocas o que deveriam dar a conhecer aos outros. Assim, há uma relação recíproca entre Deus e os profetas, aos quais ele designará para aquele propósito.
Em uma palavra, o Senhor promete que a esperança da salvação será dada, embora a ingratidão dos homens mereça que essa voz fosse silenciada perpetuamente e completamente extinta.
Estas palavras, como tenho dito, não deveriam ser limitadas ao cativeiro na Babilônia; pois elas têm um significado muito extenso, e incluem a doutrina do evangelho, em que principalmente reside o poder de “consolar”. Ao evangelho pertence consolar os que estão angustiados e abatidos, vivificar os que estavam mortos e, animar os aflitos, e, em suma, trazer toda a alegria e júbilo; e esta é também a razão pela qual ele é chamado de “Evangelho”, isto é, uma boa notícia. Nem isto começou no momento em que Cristo apareceu no mundo, mas muito antes, desde o momento em que o favor de Deus foi claramente revelado, e de Daniel pode ser dito que foi o primeiro que levantou a bandeira, para que os crentes possam se manter em prontidão para retornar (Daniel 9.2). Depois, Ageu, Zacarias, Malaquias, Neemias, Esdras e outros, até a vinda de Cristo, exortaram os crentes a acalentar cada vez mais melhores esperanças. Malaquias, o último deles que escreveu, sabia que haveria profetas enviados às pessoas para a lei de Moisés, para aprenderem com ela a vontade de Deus e as suas ameaças e promessas (Malaquias 4.4).
Desta passagem, aprendemos que devemos principalmente procurar nos profetas, ou seja, para encorajar as esperanças da pessoas piedosas, por lhes mostrar a doçura da graça divina, para que não desmaiem sob o peso das aflições, mas possam perseverar corajosamente em seguir a Deus. Mas como isto era difícil de ser acreditado, ele lembra da aliança; como se ele tivesse dito que era impossível para Deus esquecer o que ele outrora havia prometido a Abraão (Gênesis 17.7).
Embora, portanto, os judeus por seus pecados houvessem caído em desgraça, ele afirma que ele é o seu Deus, e que eles são o seu próprio povo, o qual havia sido eleito; mas, como ainda naquela nação havia muitos réprobos, a declaração implica que é somente para os crentes que a promessa está estritamente direcionada; porque é para os crentes que assegurou um conforto inestimável, que, embora por um tempo, eles sejam oprimidos pela dor e luto, mas porque esperam em Deus, que é o Pai de consolação, saberão por experiência que as promessas de graça, como um tesouro escondido, estão reservadas para eles, para alegrar seus corações no momento adequado. Esta é também uma muito alta recomendação do ofício profético, que sustenta os crentes na adversidade, para que não desmaiem ou desanimem; e, por outro lado, esta passagem mostra que é uma exposição muito terrível da vingança de Deus quando não há mestres fiéis, de cuja boca possa ser ouvido na Igreja de Deus o consolo que é adequado para elevar aqueles que são lançados para baixo, e para fortalecer os fracos.
Por esta exortação, portanto, o Senhor pretendia mover os corações dos santos, para que não se fatiguem, em meio a calamidades pesadas. Em primeiro lugar, ele se dirige aos judeus, que iriam brevemente para o duro cativeiro no qual não teriam nem profetas, nem apresentação de sacrifícios, e seriam destituídos de toda consolação, não tivesse o Senhor aliviado suas misérias por essas previsões. Em seguida, ele se dirige a todos os santos que viveriam depois, para encorajar o seu coração, mesmo quando parecesse que foram reduzidos a uma condição muito baixa e sido totalmente arruinados.
Para que esse discurso pudesse ter um maior peso, e afetar poderosamente suas mentes, ele representa Deus como levantando novos profetas, aos quais ele ordena aliviar os sofrimentos das pessoas por consolação amigável. O significado geral é que, quando parecesse que ele havia abandonado por um tempo os pobres cativos, o testemunho da sua graça novamente irromperia da escuridão, e que, quando profecias de alegria tivessem cessado, a sua consolação viria na hora certa. A fim de expor com mais força o fundamento de alegria, ele faz uso do plural, Consolai; pelo qual ele dá a entender que não enviará um outro, mas uma vasta multidão de profetas; e isso ele realmente tem realizado, pelo que vemos mais claramente sua infinita bondade e misericórdia.
Primeiro, deve ser observado que o verbo está no futuro do pretérito; e aqueles comentadores que o tomam no presente ou no passado tanto mudam a palavra como estragam o seu significado. Indiretamente ele aponta um período intermediário, durante o qual as pessoas estariam muito aflitas, como se Deus tivesse ficado em silêncio. Embora mesmo naquela época Deus não tivesse deixado de manter a esperança de salvação por meio de alguns profetas, contudo, tendo por um longo período os lançado fora, quando estariam miseravelmente angustiados e quase em ruínas, o consolo seria menos abundante, até que fosse apontado, por assim dizer, com o dedo, que estavam em liberdade para voltar.
Por conta disso a palavra consolo (conforto) deve ser vista como relativa a um presente favor; e a repetição da palavra não somente confirma a certeza da previsão, mas aplaude seu poder e sucesso, como se ele tivesse dito, que por esta mensagem haveria motivo abundante, cheio, de incessante alegria.
Acima de tudo, temos que manter o tempo futuro deste verbo, porque há um contraste implícito entre o silêncio melancólico do qual eu tenho falado, e a doutrina de consolação que depois se seguiu. E com esta previsão concorda a queixa da Igreja:
“Já não vemos os nossos símbolos; já não há profeta; nem, entre nós, quem saiba até quando.” (Salmo 74.9)
Vemos como ela lamenta que tenha sido privada do melhor tipo de conforto, porque nenhuma promessa é antecipada para acalmar suas angústias. É como se o Profeta tivesse dito: “O Senhor não lhes deixará serem privados dos profetas, para consolá-los em meio às suas angústias mais severas. Naquela época, ele suscitará homens por quem ele irá lhes enviar a mensagem que haviam desejado por muito tempo, e naquela época ele também vai mostrar que cuida de vocês.”
Eu considero o tempo futuro como relacionado não somente ao cativeiro na Babilônia, mas a todo o período de libertação, que inclui o reino de Cristo. Porque o verbo diz que devemos ser providos de “profetas”, os quais ele iria nomear para este propósito; porque eles teriam falado em vão, se o Senhor não lhes tivesse dito, e até mesmo colocado em suas bocas o que deveriam dar a conhecer aos outros. Assim, há uma relação recíproca entre Deus e os profetas, aos quais ele designará para aquele propósito.
Em uma palavra, o Senhor promete que a esperança da salvação será dada, embora a ingratidão dos homens mereça que essa voz fosse silenciada perpetuamente e completamente extinta.
Estas palavras, como tenho dito, não deveriam ser limitadas ao cativeiro na Babilônia; pois elas têm um significado muito extenso, e incluem a doutrina do evangelho, em que principalmente reside o poder de “consolar”. Ao evangelho pertence consolar os que estão angustiados e abatidos, vivificar os que estavam mortos e, animar os aflitos, e, em suma, trazer toda a alegria e júbilo; e esta é também a razão pela qual ele é chamado de “Evangelho”, isto é, uma boa notícia. Nem isto começou no momento em que Cristo apareceu no mundo, mas muito antes, desde o momento em que o favor de Deus foi claramente revelado, e de Daniel pode ser dito que foi o primeiro que levantou a bandeira, para que os crentes possam se manter em prontidão para retornar (Daniel 9.2). Depois, Ageu, Zacarias, Malaquias, Neemias, Esdras e outros, até a vinda de Cristo, exortaram os crentes a acalentar cada vez mais melhores esperanças. Malaquias, o último deles que escreveu, sabia que haveria profetas enviados às pessoas para a lei de Moisés, para aprenderem com ela a vontade de Deus e as suas ameaças e promessas (Malaquias 4.4).
Desta passagem, aprendemos que devemos principalmente procurar nos profetas, ou seja, para encorajar as esperanças da pessoas piedosas, por lhes mostrar a doçura da graça divina, para que não desmaiem sob o peso das aflições, mas possam perseverar corajosamente em seguir a Deus. Mas como isto era difícil de ser acreditado, ele lembra da aliança; como se ele tivesse dito que era impossível para Deus esquecer o que ele outrora havia prometido a Abraão (Gênesis 17.7).
Embora, portanto, os judeus por seus pecados houvessem caído em desgraça, ele afirma que ele é o seu Deus, e que eles são o seu próprio povo, o qual havia sido eleito; mas, como ainda naquela nação havia muitos réprobos, a declaração implica que é somente para os crentes que a promessa está estritamente direcionada; porque é para os crentes que assegurou um conforto inestimável, que, embora por um tempo, eles sejam oprimidos pela dor e luto, mas porque esperam em Deus, que é o Pai de consolação, saberão por experiência que as promessas de graça, como um tesouro escondido, estão reservadas para eles, para alegrar seus corações no momento adequado. Esta é também uma muito alta recomendação do ofício profético, que sustenta os crentes na adversidade, para que não desmaiem ou desanimem; e, por outro lado, esta passagem mostra que é uma exposição muito terrível da vingança de Deus quando não há mestres fiéis, de cuja boca possa ser ouvido na Igreja de Deus o consolo que é adequado para elevar aqueles que são lançados para baixo, e para fortalecer os fracos.
Devocional Do Dia - Charles Spurgeon
Versículo do Dia: “Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram.” (Salmos 22.14)
A terra e o céu já contemplaram um espetáculo mais deplorável do que este? Tanto na alma como no corpo, nosso Senhor se sentiu tão fraco como a água derramada no solo. O ato de colocar a cruz no buraco sacudiu a Jesus com grande violência, retesou-Lhe todos os ligamentos, causou-Lhe dores em cada nervo e deslocou parte de seus ossos. Sobrecarregado com o seu próprio peso, o Sofredor sentiu o esgotamento crescendo a cada momento daquelas seis longas horas. O sentimento de debilidade e fraqueza geral se mostrou excessivamente poderoso, enquanto aos seus próprios olhos Ele se tornava nada mais do que um corpo de miséria e de enfermidade crescente. Quando Daniel teve a grande visão, assim ele descreveu sua sensação: “Não restou força em mim; o meu rosto mudou de cor e se desfigurou, e não retive força alguma” (Daniel 10.8). Quão desanimado Ele deve ter ficado quando contemplou a terrível visão da ira de Deus, sentindo-a em sua própria alma!
Sensações como as que nosso Senhor suportou teriam sido insuportáveis para nós; e a perda de consciência nos teria sobrevindo para nos livrar de tais sensações. Mas, no caso de nosso Senhor, Ele foi ferido e sentiu a espada. Ele esvaziou todo o cálice, sorvendo cada gota. Quando nos prostramos diante do trono de nosso Senhor exaltado, devemos recordar bem o caminho por intermédio do qual Ele preparou-nos um trono de graça. Em espírito, devemos beber do cálice de nosso Senhor, para sermos fortalecidos na hora de nossa aflição, sempre que ela nos encontra. Em seu corpo cada membro sofreu e assim deve ser no espírito. Entretanto, assim como seu corpo ressurgiu sem dor e aflição, ileso em glória e poder, assim seu corpo espiritual ressurgirá da fornalha com nada mais que cheiro de fogo.
A terra e o céu já contemplaram um espetáculo mais deplorável do que este? Tanto na alma como no corpo, nosso Senhor se sentiu tão fraco como a água derramada no solo. O ato de colocar a cruz no buraco sacudiu a Jesus com grande violência, retesou-Lhe todos os ligamentos, causou-Lhe dores em cada nervo e deslocou parte de seus ossos. Sobrecarregado com o seu próprio peso, o Sofredor sentiu o esgotamento crescendo a cada momento daquelas seis longas horas. O sentimento de debilidade e fraqueza geral se mostrou excessivamente poderoso, enquanto aos seus próprios olhos Ele se tornava nada mais do que um corpo de miséria e de enfermidade crescente. Quando Daniel teve a grande visão, assim ele descreveu sua sensação: “Não restou força em mim; o meu rosto mudou de cor e se desfigurou, e não retive força alguma” (Daniel 10.8). Quão desanimado Ele deve ter ficado quando contemplou a terrível visão da ira de Deus, sentindo-a em sua própria alma!
Sensações como as que nosso Senhor suportou teriam sido insuportáveis para nós; e a perda de consciência nos teria sobrevindo para nos livrar de tais sensações. Mas, no caso de nosso Senhor, Ele foi ferido e sentiu a espada. Ele esvaziou todo o cálice, sorvendo cada gota. Quando nos prostramos diante do trono de nosso Senhor exaltado, devemos recordar bem o caminho por intermédio do qual Ele preparou-nos um trono de graça. Em espírito, devemos beber do cálice de nosso Senhor, para sermos fortalecidos na hora de nossa aflição, sempre que ela nos encontra. Em seu corpo cada membro sofreu e assim deve ser no espírito. Entretanto, assim como seu corpo ressurgiu sem dor e aflição, ileso em glória e poder, assim seu corpo espiritual ressurgirá da fornalha com nada mais que cheiro de fogo.
NUVENS ESCURAS NA VIDA CRISTÃ
Por João Rodrigo Weronka
A caminhada cristã não é fácil. É interessante que na medida em que os anos passam, vamos descobrindo que nem todas as coisas na vida são tão simples e divertidas como pensávamos quando erámos crianças. Na jornada cristã este movimento não é muito diferente. Nem tudo é doce e brilhante como aparenta e nem só de dias ensolarados se faz a vida. Mas nas adversidades (e diante das nuvens) podemos enxergar a graça de Deus e seu zelo, aprender muito com aquilo que se opõem e descobrir o que realmente tem – ou deveria ser reconhecido como tendo – valor para nossas vidas.
O livro de Atos dos Apóstolos apresenta diversos episódios cuja fé dos cristãos em geral e dos apóstolos em específico eram moldadas pelas adversidades. Neste estudo vamos nos ater ao relato de At 16.12-40. Paulo e Silas estavam em Missão conforme textos anteriores (junto com Lucas e Timóteo) e alguns fatos anteriores mostram conversões acontecendo, através da pregação do Evangelho e pela obra do Santo Espírito (At 16.13-15). Deus estava com seus servos assim como permanece com os Seus nos dias de hoje. Talvez para muitos a sequencia de fatos que foram se desenrolando podem soar como injustas para quem estava tão somente fazendo a obra de Deus. Vejamos.
A falsa religião como fonte de lucro
Passando pela maravilhosa experiência de compartilhar o Evangelho e ver corações – como o de Lídia, v.14 – se prostrando ao Senhor, encontramos mais uma vez a forma impressionante como a religiosidade pode engordar os bolsos de líderes nefastos. Tal prática não nasceu ontem, ela está enraizada na humanidade como um culto paralelo cujo fim é a riqueza e o bem-estar momentâneo. Enquanto Paulo e Silas avançavam na pregação do Evangelho e na comunhão com os novos crentes, uma jovem possessa “que tinha um espírito adivinhador” os seguia gritando uma suposta glorificação ao nome de Deus (v.17), porém tal glória era falsa e tal jovem servia tão somente como fonte de lucro aos seus senhores. A jovem estava possessa por um espírito mau e era explorada por seus senhores.
Outras passagens nos mostram – ainda em Atos – a luta da Igreja contra estas investidas. Veja por exemplo Pedro contra Simão em At 8.14 e Paulo com Bar-Jesus em At 13.4. No caso de Simão, seu ato pecaminoso passou a nomear a prática de aferir lucro no comércio das coisas sagradas: “Simonia”. Pela narrativa da história da igreja encontra-se na obra “Apologia” de Justino Mártir – datada de 150 a.D. que posteriormente Simão passou a ser seguido por muitos e se autodenominava como “Manifestação do Deus Supremo”.
Segundo os versículos de At 16.16-19 diante de uma perturbação diária gerada pela jovem possessa, pois poderia com sua “glorificação” levar as pessoas a desacreditar o Evangelho, associando-o ao ocultismo [1], Paulo se aborreceu e ordenou que o espírito saísse da jovem, ao que pela ordem e sujeito ao nome de Jesus tal espírito foi expulso. Deus foi verdadeiramente glorificado, enquanto a fonte de lucro de homens perversos secou. Não houve júbilo a estes homens, mas tal decepção que denunciaram Paulo e Silas às autoridades, e em praça pública foram acusados e espancados sem chances de defesa.
Muitos de nós se indignariam diante de Deus com perguntas do tipo “Por que? Qual o motivo, oh Deus!”. Paulo e Silas estavam fazendo a obra de Deus e ainda assim foram injustamente condenados.
A Verdade não trouxe alegria aos ímpios. Muito tem a ensinar o texto de At 16.20-24. Por mais que a jovem estivesse livre, o que realmente interessava era o lucro perdido. Além disso, aprendemos que todo aquele que defende a fé cristã e está comprometido com o Evangelho deve estar atento, em alerta constante em relação às amizades falsas e interesseiras, pois para muitos a glorificação da jovem poderia inflar o ego do pregador quando na verdade visava desviar o culto. E ainda: estar preparado para ferrenha oposição e “revolta dos magistrados” que declaram guerra contra Paulo e Silas.
Paulo cura a menina; no entanto, o bem, em vez de trazer-lhe glória e gratidão, trouxe-lhe açoitamento e prisão. Há um dito popular que diz: ‘Não há mal que não traga algum bem’. Talvez também devêssemos dizer o oposto: ‘Não há bem que não traga algum mal’. Talvez isso seja um tanto exagerado, mas, com frequência, é verdade. Vivemos em um mundo caído que, por essa razão, é dominado pelas estruturas do pecado. Por isso, quando nos opomos ao pecado, estamos nos opondo aos interesses de alguém. Paulo cura a menina; mas ao fazer isso, ele prejudica os interesses econômicos dos donos dela, que, portanto, acusam-no e conseguem que seja açoitado e preso. [2]
Um costume maligno foi destronado e a fé dos servos de Deus estava posta a prova.
Um exemplo de como se portar diante da adversidade e o milagre da salvação
Não vamos nos ater a pensar no que a maioria faria diante de tudo que estava sobrevindo naquele momento de humilhação. Vamos focar nosso olhar para o exemplo de Paulo e Silas. Trancafiados injustamente, acoitados, pés presos ao tronco, entoavam louvor a Deus orando e cantando hinos. Deus respondeu rompendo as cadeias e colocando o injustiçado em liberdade.
Interessante que a resposta de Deus não era um fim em si própria, mas um meio de fazer um obra ainda maior e trazer glória ao nome dEle!
A liberdade que Deus proporcionou aos Seus servos foi o bálsamo em relação ao injusto castigo que lhes foi afligido sem a menor possibilidade de defesa.
Diante de tantos feitos maravilhosos e miraculosos, o maior dos milagres chega à casa do carcereiro. Aquele que estava outrora separado e apartado pode se achegar à graça salvadora de Jesus: “Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?” pergunta este homem no verso 30. Perceba que somente àquele cujo Espírito de Deus colocou a consciência de perda e condenação pode clamar para ser salvo. Somente o perdido pode clamar pela salvação.
Naquela mesma noite não somente o carcereiro como todos os seus foram alcançados. Era Deus – ao Seu tempo – produzindo o bem das circunstâncias que apenas registravam o mal e a injustiça.
Não há nada de mágico neste contexto e neste versículo em específico (“Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.” Atos 16:31) uma vez que a salvação de um indivíduo não depende da crença de outrem. Foi pela ação de Deus e pelo poder de Sua palavra que o Evangelho pregado alcançou morada e a contemplação da misericórdia divina.
Concluindo
Depois de toda a luta enfrentada, mesmo fazendo aquilo que estava certo e que era para Deus e Seu Reino, ainda que diante da injustiça dos homens, Paulo e Silas não esmoreceram na fé. Pelo contrário, houve ainda tempo de retornarem aos irmãos recém-convertidos e os encorajarem. Deus deu a estes homens a oportunidade de ver o fruto de seu trabalho:
Esta é nossa luta constante. Ainda que sob o céu nublado das adversidades é possível ver a graça de Deus presente, e ainda que tudo possa parecer desfavorável, o Senhor pode fazer daquilo que é mal, o bem. Confiança é algo que se constrói na certeza de estarmos com Deus em nosso dia-a-dia, e mesmo que tudo pareça difícil, sempre haverá oportunidade para consolar e encorajar o próximo, ainda que muitas adversidades nos possam parecer injustas.
Vamos prosseguir, sempre olhando para o Alvo!
A caminhada cristã não é fácil. É interessante que na medida em que os anos passam, vamos descobrindo que nem todas as coisas na vida são tão simples e divertidas como pensávamos quando erámos crianças. Na jornada cristã este movimento não é muito diferente. Nem tudo é doce e brilhante como aparenta e nem só de dias ensolarados se faz a vida. Mas nas adversidades (e diante das nuvens) podemos enxergar a graça de Deus e seu zelo, aprender muito com aquilo que se opõem e descobrir o que realmente tem – ou deveria ser reconhecido como tendo – valor para nossas vidas.
O livro de Atos dos Apóstolos apresenta diversos episódios cuja fé dos cristãos em geral e dos apóstolos em específico eram moldadas pelas adversidades. Neste estudo vamos nos ater ao relato de At 16.12-40. Paulo e Silas estavam em Missão conforme textos anteriores (junto com Lucas e Timóteo) e alguns fatos anteriores mostram conversões acontecendo, através da pregação do Evangelho e pela obra do Santo Espírito (At 16.13-15). Deus estava com seus servos assim como permanece com os Seus nos dias de hoje. Talvez para muitos a sequencia de fatos que foram se desenrolando podem soar como injustas para quem estava tão somente fazendo a obra de Deus. Vejamos.
A falsa religião como fonte de lucro
Passando pela maravilhosa experiência de compartilhar o Evangelho e ver corações – como o de Lídia, v.14 – se prostrando ao Senhor, encontramos mais uma vez a forma impressionante como a religiosidade pode engordar os bolsos de líderes nefastos. Tal prática não nasceu ontem, ela está enraizada na humanidade como um culto paralelo cujo fim é a riqueza e o bem-estar momentâneo. Enquanto Paulo e Silas avançavam na pregação do Evangelho e na comunhão com os novos crentes, uma jovem possessa “que tinha um espírito adivinhador” os seguia gritando uma suposta glorificação ao nome de Deus (v.17), porém tal glória era falsa e tal jovem servia tão somente como fonte de lucro aos seus senhores. A jovem estava possessa por um espírito mau e era explorada por seus senhores.
Outras passagens nos mostram – ainda em Atos – a luta da Igreja contra estas investidas. Veja por exemplo Pedro contra Simão em At 8.14 e Paulo com Bar-Jesus em At 13.4. No caso de Simão, seu ato pecaminoso passou a nomear a prática de aferir lucro no comércio das coisas sagradas: “Simonia”. Pela narrativa da história da igreja encontra-se na obra “Apologia” de Justino Mártir – datada de 150 a.D. que posteriormente Simão passou a ser seguido por muitos e se autodenominava como “Manifestação do Deus Supremo”.
Segundo os versículos de At 16.16-19 diante de uma perturbação diária gerada pela jovem possessa, pois poderia com sua “glorificação” levar as pessoas a desacreditar o Evangelho, associando-o ao ocultismo [1], Paulo se aborreceu e ordenou que o espírito saísse da jovem, ao que pela ordem e sujeito ao nome de Jesus tal espírito foi expulso. Deus foi verdadeiramente glorificado, enquanto a fonte de lucro de homens perversos secou. Não houve júbilo a estes homens, mas tal decepção que denunciaram Paulo e Silas às autoridades, e em praça pública foram acusados e espancados sem chances de defesa.
Muitos de nós se indignariam diante de Deus com perguntas do tipo “Por que? Qual o motivo, oh Deus!”. Paulo e Silas estavam fazendo a obra de Deus e ainda assim foram injustamente condenados.
A Verdade não trouxe alegria aos ímpios. Muito tem a ensinar o texto de At 16.20-24. Por mais que a jovem estivesse livre, o que realmente interessava era o lucro perdido. Além disso, aprendemos que todo aquele que defende a fé cristã e está comprometido com o Evangelho deve estar atento, em alerta constante em relação às amizades falsas e interesseiras, pois para muitos a glorificação da jovem poderia inflar o ego do pregador quando na verdade visava desviar o culto. E ainda: estar preparado para ferrenha oposição e “revolta dos magistrados” que declaram guerra contra Paulo e Silas.
Paulo cura a menina; no entanto, o bem, em vez de trazer-lhe glória e gratidão, trouxe-lhe açoitamento e prisão. Há um dito popular que diz: ‘Não há mal que não traga algum bem’. Talvez também devêssemos dizer o oposto: ‘Não há bem que não traga algum mal’. Talvez isso seja um tanto exagerado, mas, com frequência, é verdade. Vivemos em um mundo caído que, por essa razão, é dominado pelas estruturas do pecado. Por isso, quando nos opomos ao pecado, estamos nos opondo aos interesses de alguém. Paulo cura a menina; mas ao fazer isso, ele prejudica os interesses econômicos dos donos dela, que, portanto, acusam-no e conseguem que seja açoitado e preso. [2]
Um costume maligno foi destronado e a fé dos servos de Deus estava posta a prova.
Um exemplo de como se portar diante da adversidade e o milagre da salvação
Não vamos nos ater a pensar no que a maioria faria diante de tudo que estava sobrevindo naquele momento de humilhação. Vamos focar nosso olhar para o exemplo de Paulo e Silas. Trancafiados injustamente, acoitados, pés presos ao tronco, entoavam louvor a Deus orando e cantando hinos. Deus respondeu rompendo as cadeias e colocando o injustiçado em liberdade.
Interessante que a resposta de Deus não era um fim em si própria, mas um meio de fazer um obra ainda maior e trazer glória ao nome dEle!
A liberdade que Deus proporcionou aos Seus servos foi o bálsamo em relação ao injusto castigo que lhes foi afligido sem a menor possibilidade de defesa.
Diante de tantos feitos maravilhosos e miraculosos, o maior dos milagres chega à casa do carcereiro. Aquele que estava outrora separado e apartado pode se achegar à graça salvadora de Jesus: “Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?” pergunta este homem no verso 30. Perceba que somente àquele cujo Espírito de Deus colocou a consciência de perda e condenação pode clamar para ser salvo. Somente o perdido pode clamar pela salvação.
Naquela mesma noite não somente o carcereiro como todos os seus foram alcançados. Era Deus – ao Seu tempo – produzindo o bem das circunstâncias que apenas registravam o mal e a injustiça.
Não há nada de mágico neste contexto e neste versículo em específico (“Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.” Atos 16:31) uma vez que a salvação de um indivíduo não depende da crença de outrem. Foi pela ação de Deus e pelo poder de Sua palavra que o Evangelho pregado alcançou morada e a contemplação da misericórdia divina.
Concluindo
Depois de toda a luta enfrentada, mesmo fazendo aquilo que estava certo e que era para Deus e Seu Reino, ainda que diante da injustiça dos homens, Paulo e Silas não esmoreceram na fé. Pelo contrário, houve ainda tempo de retornarem aos irmãos recém-convertidos e os encorajarem. Deus deu a estes homens a oportunidade de ver o fruto de seu trabalho:
Esta é nossa luta constante. Ainda que sob o céu nublado das adversidades é possível ver a graça de Deus presente, e ainda que tudo possa parecer desfavorável, o Senhor pode fazer daquilo que é mal, o bem. Confiança é algo que se constrói na certeza de estarmos com Deus em nosso dia-a-dia, e mesmo que tudo pareça difícil, sempre haverá oportunidade para consolar e encorajar o próximo, ainda que muitas adversidades nos possam parecer injustas.
Vamos prosseguir, sempre olhando para o Alvo!
Assinar:
Postagens (Atom)