Semeando o Evangelho

Semear a Verdade e o Amor de Deus
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
DOUTRINA BÍBLICA DA REDENÇÃO
Por Marcelo Berti
A palavra Redenção em si tem diversas definições, devido a sua origem. O Dicionário de Teologia de Grenz, Guretzki e Fee Nordling traz a seguinte definição:
“Redenção é o processo pelo qual o homem pecador é resgatado da prisão do pecado e entra num relacionamento com Deus por meio de sua Graça e do pagamento feito na morte de Jesus. A redenção é uma das figuras metafóricas que o Novo Testamento usa para explicar a obra salvadora e misericordiosa de Deus em Jesus“.
Alguns pontos são notáveis em tal definição:
Reconhecimento da Redenção como um Processo: Embora o reconhecimento seja ainda primário e pouco explorado, o conceito em si é bem colocado. O que tal definição expressa até aqui, é que existe uma progressão na vida do homem para que compreenda a verdade sobre Cristo e se aproprie dela.
Reconhecimento do Pecado no homem como prisão: A ideia do pecado como prisão expõe em simples palavras a realidade da vida do homem. Como Jesus mesmo já afirmou, “todo que vive pecando é escravo do pecado” (Jo.8.34)
Exaltação da Graça de Deus: A Graça de Deus não poderia ter sido deixada de lado quando falamos da Eterna Redenção que nos oferece em Cristo Jesus.
Reconhecimento da Morte de Cristo como pagamento: Esse ponto é essencial para conceituação de Redenção. Sem tal premissa, toda definição estaria errada.
Contudo, não podemos considerar tal definição como suficiente. O autor dessa definição, por certo, não considerou as declarações que o Velho Testamento tem a dizer sobre o assunto. Sem contar que crê que o termo em pauta seja um figura metafórica utilizada no Novo Testamento. Tal colocação tende a minimizar o sentido original e básico do termo, e por certo sua aplicação pode ser assim, igualmente, minimizada.
Portanto, para uma compreensão e definição plausível e adequada, é necessário compreender os vocábulos envolvidos na literatura bíblica.
DEFINIÇÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA
A redenção é objeto de estudo de cristãos há muito tempo. Muito teólogos já se dedicaram a pesquisar e levantar questões bíblicas sobre o assunto. H.A. Ironside, foi um desses, e escreveu o excelente livro “Os grandes vocábulos do Evangelho, e em sua abordagem, Ironside faz a seguinte colocação sobre o termo em pauta: “A palavra ‘Redenção’ atravessa a Bíblia de capa a capa; de fato, podemos dizer sem qualquer sugestão de hipérbole que este é o grande e notável temo das escrituras Sagradas (…) Por toda parte, do Gênesis ao Apocalipse, encontramos Deus, de um modo ou de outro, a apresentar-nos a verdade da redenção – redenção em promessa e em tipo, no Antigo Testamento; redenção em gloriosos cumprimento no Novo Testamento[3]“.
Segundo Ironside, redenção refere-se ao ato da compra de algo que fora seu, readquirir algo que foi retirado temporariamente de seu poder. Pode ser empregado também como Liberdade, libertar, livrar, no sentido de redimir alguém que corria grave perigo.
Tal referência feita por Ironside, está em consonância com a maioria dos comentaristas e teólogos bíblicos. M.G. Easton, autor do Easton’s Bible Dictionary, concorda com Ironside e complementa que tal recuperação exige pagamento adequado[4]. Ray Summers, que participa da elaboração do Holman Bible Dictionary, nos lembra que “no uso antigo da ideia e das palavras apontam para uso de atividades legais e comerciais. Elas proporcionam aos escritores bíblicos uma das mais básicas e dinâmicas imagens para descrever a atividade de Deus em salvar a humanidade[5]“.
Seguindo essas colocações sobre o assunto, vamos observar com mais atenção, o que a Bíblia tem a nos informar sobre o assunto. A ideia é buscar o conceito sendo exposto no Velho e no Novo Testamento.
1. VELHO TESTAMENTO
O livro International Standard Bible Encyclopedia, organizado por Jamer Orr, diz que “a idéia de redenção no Antigo Testamento tem início a partir do conceito de propriedade (Lv.25.26; Rt.4.4ss)[6]“. Um preço era pago em dinheiro, em conformidade com a Lei, para comprar novamente uma propriedade que necessitasse ser libertada ou resgatada (Nm.3.51; Ne.5.8). E a partir deste uso, o termo no Antigo Testamento é usada normalmente com um senso de libertação, embora o idéia de pagamento esteja presente.
Nesse mesmo sentido levantado, Deus é visto como o Redentor de Israel, pois é aquele que provê Libertação para seu povo. Em Dt.9.26 temos uma bela demonstração desse fato: “Ó Soberano Senhor, não destruas o teu povo, tua própria herança! Tu o redimiste com a tua grandeza e o tiraste da terra do Egito com mão poderosa“. Como podemos observar, Deus é visto pelo escritor sagrado como “Aquele que Liberta“. Redenção aqui é vista exatamente neste sentido, e a história da saída do povo do Egito é a prova definitiva desse sentido. Observe:
E quem é como Israel, o teu povo, a única nação da terra que tú, ó Deus,resgataste para dela fazerdes um povo para ti mesmo, e assim tornaste o teu nome famoso, realizaste grandes maravilhas ao expulsar nações e seus deuses de diante desta mesma nação que libertaste do Egito? (2Sm.7.23)
Observe que os termos em destaque reportam-se ao termo hebraico “padâ“, que ainda será conceituado no presente estudo. Portanto, não podemos negar que o conceito de Redenção no Velho Testamento denota o sentido de libertar, e normalmente é vista em benefício do povo de Deus (1Cr,17.21 Is.52.3). A ideia de “Redenção” inclui a libertação de todas as formas de mal (Is.52.9; 63.9cf. Lc.2.38), ou pragas (Sl.78.35, 52) ou qualquer tipo de calamidade (Gn.48.16; Nm.25.4, 9).
O Velho Testamento também apresenta a figura do homem endividado que poderia hipotecar seus bens para conseguir pagar o que estava devendo. Se porventura, ainda não fosse suficiente ele poderia hipotecar sua força, suas habilidades como um escravo até que sua dívida fosse paga: “Depois de haver-se vendido, haverá ainda resgate para ele” (Lv.25.48). Um irmão poderia, se tivesse condições, redimi-lo, mas não era o que normalmente aconteceria. Outra maneira de redimir esse homem seria se ele herdasse subitamente uma propriedade para, então, pagar sua dívida. Contudo, existe ainda outra possibilidade, e essa merece nossa atenção: É a figura do Redentor Parente. O redentor parente seria alguém com capacidade para remi-lo, e que se “preocupasse suficientemente por ele, a ponto de responsabilizar-se pelas dívidas e as solvesse, então poderia ser libertado[7]“.
Como podemos ver, a ideia de redenção do Velho Testamento é bem sólida, baseada em fatos concreto. Contudo, para uma compreensão mais abrangente e coesa, é necessário conhecer os termos hebraicos envolvidos nesse contexto.
O Velho Testamento Hebraico utiliza os seguintes vocábulos para conceituar o que o Latim, língua materna do Português, chamou de “redemptio”, o Inglês de “redemption” e o português de “redenção“:
ga’al[8]
Gn. 48:16; Ex. 6:6; 15:13; Lv. 25:25f, 30, 33, 48, 54; 27:13, 15, 19, 27, 31, 33; Nm. 5:8; 35:12, 19, 21, 24, 27; Dt. 19:6, 12; Js.20:3, 5, 9; Rh 2:20; 3:9, 12; 4:1, 3, 6, 8, 14; 2 Sm. 14:11; 1 Re. 16:11; Ed. 2:62; Ne. 7:64; Jò 3:5; 19:25; Sl. 19:15; 69:19; 72:14; 74:2; 77:16; 78:35; 103:4; 106:10; 107:2; 119:154; Pv. 23:11; Is. 35:9; 41:14; 43:1, 14; 44:6, 22; 47:4; 48:17, 20; 49:7, 26; 51:10; 52:3, 9; 54:5, 8; 59:3, 20; 60:16; 62:12; 63:3, 9, 16; Jr. 31:11; 50:34; Lm. 3:58; 4:14; Dn. 1:8; Os. 13:14; Mc. 4:10; Zc. 3:1; Ml. 1:7, 12
Segundo o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, de Harris, Archer Jr., e Waltke, o termo significa basicamente “Redimir, vingar, resgatar, livrar, cumprir o papel de resgatador[9]“. Este verbete é o verbo denominativo, que dá origem a outros termos, tal como “geûllay” (que aparece uma única vez em Is.63.4 – redenção), “geûllâ” (direito de redenção, preço de redenção) e “go’el” (redentor).
O Velho Testamento utiliza o termo em quatro situações distintas: (1) É usada na legislação do Pentateuco para se referir ao resgate de um campo que for a vendido em tempos de necessidade (Lv.25.25), ou ao escravo que se vendera em termos de miséria (Lv.25.48); (2) Diz respeito a propriedades e animais, que não eram dedicados ao sacrifício ao Senhor ou eram primogênitos de animais imundos (Lv.27.11ss) que poderiam ser resgatadas por um homem que pudesse dar algo equivalente em troca, embora o preço do resgate fosse maior, para evitar trocas desonestas; (3) Refere-se, também, ao “vingador de sangue“, que era o parente mais próximo de um homem assassinado (Nm.35.12ss). Como nas relações comerciais, era necessário um valor equivalente para que uma propriedade ou escravo fossem resgatados, neste caso, de vida retirada, com a vida do assassino seria paga, visto que o parente mais próximo é o “vingador de sangue“. Neste caso, o “redentor” é um executor da pena capital, mas sem culpa para receber mesma punição; (4) Um outro uso muito comum nos Salmos e nos profetas, é a identificação de Deus como Redentor de Israel. Neste caso, o preço da redenção não é citado, embora a idéia de julgamento sobre os inimigos de Israel seja citado em Is.43.1-3.
Um uso interessante do termo está lançado em Prv.23.10-11: “Não removas os marcos antigos, nem entres nos campos dos órfãos, porque o seu Vingador é forte e lhes pleiteará a causa contra ti“. Como é evidente pelo uso de letra maiúscula na tradução da ARA, o Vingador referido é Deus. A NVI traz a ideia de “aquele que defende” de maneira um pouco superficial, embora a colocação seja aceitável do ponto de vista léxico. A versão inglesa New International Version, traz a ideia de “Defensor”, enquanto a King James Version traz “Redentor”. Segundo Girdlestone “Deus assume o lugar de redentor-parente e também de vingador do pobre e necessitado“. Todas as traduções expostas levantam um aspecto do termo “goel“, sendo que é possível, diante de fartas opções, compreender o seu significado. Portanto, o que vemos neste texto é que existe uma combinação de sentidos de “goel“, que expõe de maneira clara o seu significado[10].
O texto clássico sobre redenção está em Jó.19.25: “Por que eu sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra“. Alguns cristãos do passado o assinalaram como uma referência à vinda de Cristo em sua obra messiânica, o que seria uma grande colocação. Contudo, considerando o argumento do próprio livro, e a situação de Jó, seria mais correto crer que faça referência a Deus, que, como amigo e parente resgatador, por meio da fé, por fim redimiria Jó do pó da terra. Por outro lado, não podemos negar que existe uma relação profética deste texto, com a Obra Messiânica realizada por Cristo.
padâ[11]:
Ex. 13:13, 15; 21:8; 34:20; Lv. 19:20; 27:27, 29; Nm. 3:49; 18:15ss; Dt. 7:8; 9:26; 13:6; 15:15; 21:8; 24:18; 1 Sm. 14:45; 2 Sm. 4:9; 7:23; 1 Re. 1:29; 1 Cr. 17:21; Ne. 1:10; Jo 5:20; 6:23; 33:28; Sl. 25:22; 26:11; 31:6; 34:23; 44:27; 49:8, 16; 55:19; 69:19; 71:23; 78:42; 119:134; 130:8; Is. 1:27; 29:22; 35:10; 51:11; Jr. 15:21; 31:11; Os. 7:13; 13:14; Mc. 6:4; Zc. 10:8
O Dicionário Internacional de Teologia traz a seguinte colocação sobre o termo “padâ“: “O sentido básico é o de conseguir a transferência de propriedade de uma pessoa para outra mediante pagamento apropriado de uma quantia ou de um substituto equivalente. A raiz ocorre em assírio com o sentido de ‘poupar’, e em ugartico é mais usada com o significado de ‘resgatar’. A raiz e seus derivados aparecem 69 vezes no AT[12]“.
O termo em pauta é um dos termos mais significativos para a ideia de “Redenção” do ponto de vista cristão, porque recebe influências históricas. No Êxodo o termo é usado em relação a redenção dos primogênitos de Israel, que são popado por substituição, enquanto os primogênitos do Egito são mortos (Ex.12.13, 15). Naquela ocasião, Deus livrou Israel da servidão pelo preço da morte de todos os primogênitos do Egito, sejam eles humanos ou animais (Ex.4.23; 12.29). O termo também é utilizado em relação ao levitas e seus animais, que deveriam ser separados para Deus, em lugar do povo e de seus animais (Nm.3.44ss), que não eram dedicados aos Senhor (Ex.13.11-16; 34.19-20; Nm.18.8-32). “Aquilo que era santo para o Senhor, i.e., o primogênito de vaca, ovelha e cabra, não seria resgatado[13]“.
Um texto que merece nossa atenção aqui é Dt.15.15: “Lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito e de que o SENHOR, teu Deus, te remiu; pelo que, hoje, isso te ordeno“. Israel também é visto como receptor da libertação proposta por Deus. Portanto, o termo não trata exclusivamente da questão legal ou religiosa do povo de Israel, mas é aplicado à Obra de Deus em relação a seu povo. Tal idéia, ainda será exposta em outras épocas.
Em 2Sm.7.23 vemos uma colocação importantíssima: “Quem há como o teu povo, como Israel, gente única na terra, a quem tu, ó Deus, foste resgatar para ser teu povo? E para fazer a ti mesmo um nome e fazer a teu povo estas grandes e tremendas coisas, para a tua terra, diante do teu povo, que tu resgataste do Egito, desterrando as nações e seus deuses“. O reconhecimento sobre o privilégio da nação de Israel é vista historicamente como consequência da Redenção de Deus, ou seja, da libertação do povo.
Inclusive, Isaías parece interpretar o chamado de Abraão como um ato remidor da parte de Deus: “Portanto, acerca da casa de Jacó, assim diz o SENHOR, que remiu a Abraão: Jacó já não será envergonhado, nem mais se empalidecerá o seu rosto“. Com mesma visão, anteviu aquil que Deus lhe revelara sobre o futuro de Sião: “Os resgatados do SENHOR voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo; alegria eterna coroará a sua cabeça; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido” (Is.35.10; cf. 50.2;51.11; Zc.10.8).
Como “ga’al”, “padâ” é aplciado a diversasa situações, principalmente nos Salmos. Deus é apresentado como aquele que “liberta, redimi” os homens de algum perigo (Sl.26.11; 31.5; 34.22-23; 44.26; 71.23) ou das mãos de opressores (Sl.55.18-19; 69.18-19). Nesse contexto vemos que os Salmos ensinam a insuficiência do homem diante da morte, visto não poder fazer nada perante ela (Sl.49.8-9), mas demonstra que o poder redentor de Deus não está limitado a ela (v.15-16).
O mais interessante no uso deste termo é que uma única vez é utilizado em referência ao pecado: “Espere Israel no SENHOR, pois no SENHOR há misericórdia; nele, copiosa redenção. É ele quem redime a Israel de todas as suas iniqüidades” (Sl.130.8-9).
kapar:
Gn.32:21; Ex. 29:33, 36; 30:10, 15; 32:30; Lv. 1:4; 4:20, 26, 31, 35; 5:6, 10, 13, 16, 18, 26; 6:23; 7:7; 8:15, 34; 9:7; 10:17; 12:7f; 14:18ss, 29, 31, 53; 15:15, 30; 16:6, 10, 16, 20, 24, 27, 30, 32; 17:11; 19:22; 23:28; Nm. 5:8; 6:11; 8:12, 19, 21; 15:25, 28; 17:11f; 25:13; 28:22, 30; 29:5; 31:50; 35:33; Deut. 21:8; 32:43; 1 Sm. 3:14; 2 Sm. 21:3; 1 Cr. 6:34; 2 Cr. 29:24; 30:18; Ne. 10:34; Sl. 65:4; 78:38; 79:9; Pv. 16:6, 14; Is. 6:7; 22:14; 27:9; 28:18; 47:11; Jr. 18:23; Ez. 16:63; 43:20, 26; 45:15, 17, 20; Dn. 9:24 Is. 43:3; Am 5:12
Esse termo é o verbo denominativo dá origem a termos como “koper” (resgate, dádiva para obter favor), “kippur” (expiação) e “kapporet” (propiciatório, local da expiação). Embora exista muita discução sobre a raiz desse termo, alguns comentários devem ser elaborados. R. Laird Harris, no Dicionário Internacional de Teologia, diz que “a raiz kapar é usada cerca de 150 vezes. Tem sido objeto de intensos debates. Existe uma raíz árabe equivalente que significa ‘cobrir’ ou ‘ocultar[14]‘“. Girdlestone nos informa que o termo árabe mencionado pelo DITAT é “Kephr“[15], e que o sentido original é de se coberto ou protegido. Nos diz também que o termo tem 3 usos distintos do sentido original em hebraico mencionado acima: (1) Pode significar um vila, povoado, aldeia (Kaper-naum = Cafarnaum = vila de Naum;cf. 1Cr.27.25; Ct.7.12); (2) Pode referir-se a um planta (Ct.1.14; 4.13); e (3) pode significar calafetar com betume (Gn.6.14).
O conceito de “pecado coberto” é normalmente abordado por estudiosos da teologia sistemática, tal como Chafer, que diz que “a economia divina com respeito à disposição de tais pecados, representados nos sacrifícios de animais durante o extenso período entre Abel e Cristo, foi a de cobrir, como mostra a raiz hebraica kaphar, traduzida como expiação[16]“. Continuando seu raciocínio diz que o termo em pauta expressa com exatidão divina o conceito de cobrir. O International Standard Encyclopedia complementa, ainda, afirmando que o termo significa não apenas cobrir, mas também “cancelar, aplacar, oferecer ou receber uma oferta pelo pecado[17]“. OHolman Bible Dictionary contribui ao afirmar que “kapar” “é usado em conceitos e práticas estritamente religiosas. É da palavra “Kippur” que se origina “Yom Kippur”, dia da expiação, ou ‘dia de cobrir’, talvez o mais sagrado dos dias santos no Judaísmo. A forma verbal no Velho Testamento sempre é usada com um senso religioso de cobrir o pecado ou efetuar pagamento pelo pecado. Porém, a forma substantiva às vezes é usada no sentido secular de um suborno (Am. 5:12) ou resgate (Ex. 21:30). Com ‘padâ’, é usado no senso de resgate[18]“.
De fato, não podemos negar o que a escritura nos ensina sobre a morte expiatória de Cristo (sobre a morte de Cristo ser eficiente aos pecados cometidos antes de sua vinda ver At.17.30; Rm.3.26; Hb.9.15). Segue-se que o termo pode auxiliar na compreensão do conceito de “expiação“, como é visto por todo Velho Testamento. Portanto, concluímos que, apesar da dificuldade de identificação da aplicação do termo para a teologia do Velho Testamento, o termo é utilizado teologicamente com o conceito de “cobrir” os pecados (sobre essa conclusão, ver ISBE no tópico “The English Word”). Enfim, após algumas considerações etimológicas de aplicação teológica, vamos considerar o que o termo “Kapar” e suas variante podem nos auxiliar na compreensão de Redenção no Antigo Testamento.
Em Gn.32.20 vemo um uso interessante do termo “kapar”, pois a ARA traduziu o termo como “aplacar”, a NVI como “apaziguar” e a versão da Alfalit Brasil, como “perdoar”. O contexto é a reconciliação entre Jacó e Esaú, e um presente foi envidado adiante de Jacó, pois pensava que fazendo o presente chegar antes dele, seu irmão o perdoaria. O termo é usado neste contexto, e sua aplicação em português é bem vista com qualquer uma das possibilidades destacadas.
As sete ocorrências do termo em Exodo, seis são utilizadas na ARA com sentido de “expiação” e uma como “propiciação” (Ex.32.30). Em Levítico a maioria dos casos é traduzido como “expiação“. Em Nm.5.8 vemos outro uso que merece nossa atenção. A ARA traz a seguinte tradução: “Mas, se esse homem não tiver parente chegado, a quem possa fazer restituição pela culpa, então, o que se restitui ao SENHOR pela culpa será do sacerdote, além do carneiro expiatório com que se fizer expiação pelo culpado“. O termo “kapar” é traduzido pelo termo sublinhado no texto, mas o seu conceito é expresso pela colocação em negrito no texto. Ou seja, o bode expiatório, que era oferecido para morrer, tinha a função de “fazer restituição pela culpa“. Portanto, podemos notar que o sentido mais clássico do termo em relação a Teologia do Velho Testamento diz respeito a preço pago em favor de um débito. Deve-se lembrar que tal conceito aplica-se, não a dívida financeira, mas religiosa. Note os versos anteriores: “Dize aos filhos de Israel: Quandohomem ou mulher cometer algum dos pecados em que caem os homens, ofendendo ao SENHOR, tal pessoa é culpada. Confessará opecado que cometer; e, pela culpa, fará plena restituição, e lhe acrescentará a sua quinta parte, e dará tudo àquele contra quem se fez culpado” (v.6, 7).
Dos termos do Velho Testamento, o mais significativo em termos religiosos é “Kapar”. Sem sombra de dúvidas, o conceito de “expiação” é inexoravelmente ligado ao pecado. Uma simples abordagem de Levíticos deixará isso mais que evidente. A idéia de débito acompanhado pelo perdão é claramente observada na literatura vétero-testamentária. Observe a chamada de Isaías: “Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado” (Is.6.7; cf. Nm.15.28; Sl.653; 78.38; 2Cr.30.18-19).
Como pudemos ver, a idéia de Redenção exposta no Velho Testamento é concentrada em conceitos concretos e aplicada a práticas civis e religiosas. Entretanto, a idéia de preço adequado pago em função de um débito sempre está presente, bem como a idéia de substituição para essa reconstituição. Sobre o assunto, o Holman Bible Dictionary diz que “a doutrina de redenção no Velho Testamento não é derivada de pensamento filosófico abstrato, mas do pensamento concreto hebreu“. E isto foi bem observado em nossa exposição.
2. NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento, ao contrário do Antigo, tráz conceitos mais claros para os cristãos mas, não perde de vista seu significado original. Como sabemos, o Novo Testamento aplica eficazmente o conceito vétero-testamentário à Jesus Cristo, como o Redentor do homem. Sobre isso, Ray Summers diz que “o Novo Testamento centra a redenção em Jesus Cristo. Ele comprou a Igreja com seu póprio sangue (At.20.28), deu-se pela vida do mundo (Jo.6.51), como Bom Pastor deu sua Vida por suas ovelhas (Jo.10.11) e demonstrou seu grande amor dando sua vida por seus amigos (Jo.15.13). O propósito de Jesus na terra foi realizar um sacrificío de Si mesmo para libertação do homem do pecado[19]“. Isso parece estar em concordancia com Merril C. Tenney, quando diz que “o coração da mensagem bíblica da redenção é a libertação do povo de Deus do domínio do pecado por meio do sacrifício substitutivo de Jesus Cristo e a sua consequente reconciliação com Deus e Seu Reino Celeste[20]“.
Diante das colocações neo-testamentárias, não podemos nos esquecer que tal sacrifício de Cristo em favor do homem é a maior prova da incapacidade do homem de libertar-se, por seu mérito ou capacidade, do pecado. Ironside, concorda com essa colocação, e diz que “não é possível para qualquer homem, por seus próprios meios, redimir-se das tristes condições em que se encontra devido ao pecado; eis por que necessitamos de um parente remidor que seja mais que homem, que seja ao mesmo tempo divino e humano[21]“. Ao tratarmos o assunto de Redenção no Novo Testamento temos que resgatar o sentido de deficiência humana perante Deus, em função do seu pecado. Não existem méritos no homem que o façam merecer o Sacrifício de Cristo. Não podemos retirar os perfeitos méritos de Cristo da questão. Sobre isso o Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, organizado por Colin Brown, nos informa que:
“Sempre que os homens, por sua própria culpa ou através de algum poder superior ficam submetidos ao controle de outra pessoa, e perdem sua liberdade para implementar a vontade e as suas decisões, e quando seus próprios recursos são inadequados para enfrentar aquele outro poder, podem obter de novo sua liberdade somente mediante intervenção de um terceiro. No NT, conforme o aspecto encarado, o grupo de palavras gregas associado com lyo, sozo, rhyomai, é empregado para expressar semehante intervenção (…) No NT, estes termos se empregam de modo preeminente para a obra redentora de Cristo[22]” (grifo do autor).
J.D. Douglas acrescenta muito ao nosso estudo ao nos demonstrar uma outra perspectiva sobre a Redenção, ao dizer que “a redenção não somente lança os olhos de volta para o calvário, mas também comptempla a liberdade na qual se encontram os redimidos. [23]“. A idéia de liberdade após pagamento não deve ser deixada aqui. Aliás, tal conceito é necessário ser compreendido de maneira correta para que a Salvação oferecida por Jesus Cristo não seja mal interpretada. Lembre-se: quando Jesus disse, “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo.8.32), os que o ouviram ficaram indignados por não conhecerem sua real situação diante de Deus, por isso Jesus acrescentou: “em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo.8.34). Apenas a verdade pode libertar o homem das amarras do pecado, e Jesus Cristo é a Verdade (Jo.14.6).
Para um compreensão maisq adequada da Redenção, vamos observar os termo envonvidos com esse conceito na Literatura do Novo Testamento:
lyo:
NT: Matt. 5:19; 16:19; 18:18; 21:2; Mk. 1:7; 7:35; 11:2, 4; Lk. 3:16; 13:15f; 19:30f, 33; Jn. 1:27; 2:19; 5:18; 7:23; 10:35; 11:44; Acts 2:24; 7:33; 13:25, 43; 22:30; 27:41; 1 Co. 7:27; Eph. 2:14; 2 Pet. 3:10ff; 1 Jn. 3:8; Rev. 1:5; 5:2; 9:14f; 20:3, 7; LXX: Gen. 42:27; Exod. 3:5; Jos. 5:15; Ps. 101:21; 104:20; 145:7; Job 5:20; 39:2, 5; 42:9; Isa. 5:27; 14:17; 40:2; 58:6; Jer. 47:4; Dan. 3:92;Apócrifos: 1 Es. 1:52; 9:13, 46; Jdt. 6:14; 9:2; Tbs. 3:17; 3 Ma. 1:4; 6:27, 29; 4 ma. 3:11; 7:13; 12:8f; Sir. 28:2; Dat. 3:92; 5:12
To termo Iyo significa basicamente “soltar, desligar, livrar, libertar, anular, abolir”, e como verbo denominativo dá origem a Iysis (soltura, divórcio), katalyo (quarto de visitas), akatalytos (indestrutível), eklyo (ficar solto, ficar cansado, ficar fraco), apolyo (livrar, libertar, soltar, perdoar, deixar ir, mandar embora, demitir, divorciar). Cada um dos termos derivados de Iyo é encontrado na LXX, o que atribui grande valor etimológico-conceitual ao termo em pauta no que tange ao conceito de Redenção.
Antes de observar como esse termo foi utilizado na LXX, é válido observar seu uso anterior à tradução da Torá para o grego, ou seja, é preciso ressaltar os usos do Grego Clássico. Na Odisséia, Homero utiliza o vocábulo com sentido da salvação oferecida pelos deuses aos homens, contudo sem nenhuma ligação com o conceito de pecado, demérito, ou inabilidade do homem em alcançá-la (Od.5, 397; 13, 321). Em outros autores, o conceito mais encontrado é “soltar” ou “libertar”. Portanto, a conclusão que pode-se auferir aqui é que a Etimologia de Iyo é vista fora da literatura bíblica está em harmonia com os usos bíblicos.
Na tradução da LXX o termo é visto algumas, mas em tradução a 7 diferentes termos hebraicos carregando sempre alguma idéia de “soltar” (cf. Ex.3 5; Js.5. 15 – referente a sandálias; Dn.3.9; 5.12 – resolver dificuldades; entre várias outras ocorrências). Entretanto, um texto deve ser vislumbrado aqui: Is.40.2: “Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniquidade está perdoada e que já recebeu em dobro das mãos do SENHOR por todos os seus pesados”. Aqui vemo o uso mais claro no VT referente a redenção. A idéia de perdão do termo Iyo é percebida pela tradução de rasah (heb), que significa ser favorável, perdoar, favorecer. A LXX faz a aplicação conceito do termo no sentido de libertar ou deixar ir a culpa pela iniquidade. Ou seja, o conceito do termo carrega a idéia de iniquidade como dívida ou débito, e que para que ela seja quitada é necessário ser liberto ou perdoado, como vemos no texto acima.
Outro texto que merece nossa atenção aqui é Jó. 19.25: “Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra”[24]. A idéia primária do texto está posta sobre Deus como Vindicador, visto não apresentar claramente a idéia de libertação do Sheol, mas da ajuda durante sua vida e resgate da justiça perdida. Neste ponto é clara a utilização de Iyo para traduzir go’el, com a intenção de apresentar o Resgate efetuado por Deus. Isso efetivamente acontece conforma exposto pelo cap.41 do livro de Jó.
Em Salmos vemos um texto que deve ser também analisado aqui: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, SENHOR, rocha minha e redentor meu” (Sl.19.14). Aqui vemos a clara identificação de Deus como Redentor, ou seja, aquele que liberta. Novamente a idéia de Remidor parente está conceituada por Iyo na LXX.
No NT vemos o termo sendo aplicado em diversas ocasiões, tais como desatar a sandália (Mc.1.7; Lc.3.16; Jo.1.27; At.13.25; At.7.33 em relação a Ex.3.5), soltar o filhote da jumenta (Mt.21.2; Mc.11.2, 4-5; Lc.19.30-31, 33), soltar as cadeias de Paulo (At.22.30), desatar as ataduras de Lázaro (Jo. 1 1 .44), entre outros. Na verdade, o termo em paute é utilizado com quatro sentidos básico: (1) Libertar, Desligar, e é aplicado a Anjos (Ap.9. 14-15) e a Satanás (Ap.20.3, 7); (2) Em Lc.13 15-16 Jesus apresenta o conceito de libertar alguém de um problema espiritual (doença), que neste caso trata-se de um espírito de enfermidade. Sentido semelhante é visto em Mc.7 35; (3) Quebrar, desfazer (At.13.43), destruir (At.27.41); (4) Soltar, livrar da morte e do pecado (At.2.24; Ap.1.5) Em At.2.24 vemos que a ressurreição de Jesus rompeu os grilhões da morte, e em Ap.1.5 que o seus sangue nos libertou dos nossos pecados (cf.Ap.5.9; 7.14).
lytron:
NT: Mt. 20:28; Mc. 10:45; Lc. 24:21; Tt. 2:14; 1 Pe.1:18; LXX: Aparições como Verbo: Ex. 6:6; 13:13, 15; 15:13; 34:20; Lv. 19:20; 25:25, 30, 33, 48, 54; 27:13, 15, 19, 27, 31, 33; Nm. 18:15, 17; Dt. 7:8; 9:26; 13:6; 15:15; 21:8; 24:18; 2 Sm. 4:9; 7:23; 1 Re. 1:29; 1 Cr. 17:21; Ne. 1:10; Et. 4:17; Sl. 7:3; 24:22; 25:11; 30:6; 31:7; 33:23; 43:27; 48:8, 16; 54:19; 58:2; 68:19; 70:23; 71:14; 73:2; 76:16; 77:42; 102:4; 105:10; 106:2; 118:134, 154; 129:8; 135:24; 143:10; Pv. 23:11; Os. 7:13; 13:14; Mq. 4:10; 6:4; Sf. 3:15; Zc. 10:8; Is. 35:9; 41:14; 43:1, 14; 44:22ss; 51:11; 52:3; 62:12; 63:9; Jr. 15:21; 27:34; 38:11; Lm. 3:58; 5:8; Dn. 3:88; 4:27; 6:28; Apraições como substantivo: Ex. 21:30; 30:12; Lv. 19:20; 25:24, 26, 51; 27:31; Nm. 3:12, 46, 48, 51; 18:15; 35:31s; Pv. 6:35; 13:8; Is. 45:13; Apócrifos: 1 Macabeus. 4:11; As Odes de Salomão 1:13; Siraque. 48:20; 49:10; 50:24; 51:2; Salmos de Salomão 8:11, 30; 9:1; Adições a História de Daniel. 4:27
O termo tem grande significação na sua conceituação por sua imensa aparição na Versão Grega do Antigo Testamento, a Septuaginta (LXX). De fato, no Novo Testamento não faz mais que 5 manifestações sobre o termo[25], tanto na forma substantiva como verbal. A grande maioria das aparições de “lutron” são efetuadas na LXX, conforme podemos constatar acima. Nos livros apócrifos, que fazem parte da LXX, podemos notar o uso na forma verbal, o que evidencia que tipo de significado o termo carregava na época do seu uso. Um detalhe interessante é que apenas três vezes aparece no singular (Lv.27.31; Pv.6.35; 13.8), o resto está sempre no plural. Segundo o DITNT o sufixo tron traz a idéia de “instrumento ou meio mediante o qual se leva a efeito a ação do verbo, isto é, por meio da soltura, ou o pagamento[26].
Na Literatura Grega fora do NT, chamado Grego Clássico, encontramos comum uso de lytron em Platão, Xenofontes, Pindar e outros, com o sentido de “liberar alguém da miséria e da penalidade dos seus erros[27]“. Segundo Brown, o termo em pauta é utilizado fora da literatura bíblica desde o século V, as sua variante antilytron é apenas pós-bíblico. Os termos lytrosis e apolytrosis são raros e achados pela primeira vez no século primeiro. Contudo, a idéia de lytotes, redentor, não é encontrado fora da literatura bíblica. Portanto, notamos o valor do termo dentro da perspectiva teológica dos escritores neotestamentários e dos tradutores da LXX. Por certo tal termo tem significado importantíssimo para o conceito de redenção dentro da expectativa messiânica.
Na LXX[28] lytron traduz o termo hebraico kopper (cobir) em Ex.21.30; 30.12; Nm.31, 32; Pv.6.35; 13.8, com o sentido de oferta em troca por uma vida que está condenada ou está sujeita a castido divino. Traduz também alguns termos variantes de padâ (resgatar, redimir) como podemos observar em Nm.3.46-51. Em Lv.19.20 e Nm.18.35, onde vemos claramente o sentido da ação da redenção, bem como seu preço que deve ser pago aos primogênitos dos homens e dos animais que pertencem a Deus (sacrifício de um animal: Ex.13.13, 15; 34.20; pagamento em dinheiro: Ex.30. 13-16; Nm.18.15-16). Também traduz ga’al no caso do parente que tinha o direito e a obrigação de agir como redentor-parente (Lv.25.24, 26, 51-52). O sentido mais comum do termo pode ser percebido em Jr 32.7: “Eis que Hananel, filho de teu tio Salum, virá a ti, dizendo: Compra o meu campo que está em Anatote, pois a ti, a quem pertence o direito de resgate, compete comprá-lo” A princípio, o termo não tem aplicação religiosa, mas legal e civil.
No NT as declarações são mais claras e diretas, observe: “tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos[29]” (Mt.20.28; Mc.10.45; cf 1Tm.2.6[30]). A declaração de Jesus é feita em um contexto de liderança, quando Jesus apresenta o conceito de que veio para servir (cf. Lc.22.27). Aliás o foco é o serviço, mas Ele complemento com a expressão “dar sua vida em resgate de muitos”. Ao que tudo indica, parte de serviço de Cristo foi oferecer-se a Deus como pagamento efetivo da divida do homem perante Deus.
Neste texto vemos que o papel de Cristo em grego é desempenhado pelo vocábulo lytron, que seria um correspondente direto do grupo hebraico kipper. Assim concluímos que a morte de Cristo como resgate tem um aspecto propiciatório, bem como libertador. “Os muitos são livrados não somente da culpa, como também, ao mesmo tempo, das suas conseqüências, a morte e o julgamentos[31]“. Tal aspecto libertador acha paralelo na ocasião da Páscoa, em que o Povo de Deus foi liberto pelo sacrifício de um Cordeiro sem mácula. Assim, a conclusão levantada na Páscoa sobre o sacrifício ser anterior a liberdade, acha aqui seu ápice.
A pergunta feita por Cristo em Mc.8.37 (“Que daria um homem em troca de sua alma?”)parece ser satisfatoriamente respondida em Mc.10.45. Alias, é um contraste marcante com o texto apócrifo de Enoque 98.10: “E agora, sabei que fostes preparados para o dia da destruiição: portanto, ó pecadores, não tende esperança de viverdes, pois partireis e morrereis; pois não conheceis resgate algum; pois fostes preparados para o dia do grande julgamento, para a grande tribulação e grande vergonha para os vossos espíritos”.
A expectativa judaica para os pecadores, tal como ressaltado pelo texto de Enoque, é que sem resgate eles não tem outra alternativa. Por certo o argumento do texto apócrifo não expressa o reconhecimento de um Messias que redimiria o homem do seu débito com Deus, do seu pecado. É muito mais provável que esperassem no Messias um libertador, tal como Moiséis o fora. Observe que Estevão em seu discurso perante as autoridades judaicas apresenta a Moiséis como “chefe e libertador”(At.7.35). O termo que define Moisés como “libertador” é lytrotes, uma variante de lytron utilizada uma única vez em todo NT. Essa expectativa é vista em Simão, que segundo Lucas nos informa “esperava a consolação de Israel” (Lc.2.25) que em outras palavras significa esperava o Messias. A ele havia sido profetizado que morreria sem antes ter visto o Messias, e ao pegá-lo no colo, com oito dias de vida, ele declarou: “Agora Senhor, despede em paz o teu servo, segundo a tua palavra; por que meus olhos já viram a tua salvação[32]“(Lc.2.29-30). Fato semelhante acontece com Ana, uma profetiza vivua a oitenta e quatro anos que “falava a respeito do menino a todos que esperavam a redenção de Israel”(Lc.2.38). Há clara conexão entre as duas idéias aqui: Salvação e Redenção. O termo para salvação ainda será estudado (sotérios), mas redenção é exatamente lytrosis, outra variante de lytron. Ou seja, a expectativa judaica do Messias é que Ele seria o libertador, aquele que liberta (no sentido clássico de salvador), ou aquele que redimi seu povo. isso acompanhou o ministério terreno de Cristo, pois até mesmo após a sua morte tal expectativa ainda é encontrada. Isto é visto com os discípulos de Emaús, que em conversa com o próprio Cristo não o reconheceram e disseram: “O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo, e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam” (Lc.24.19-21). A idéia do texto é que o Messias fosse aquele que libertaria Israel. O termo utilizado para “redimir” é a forma verbal de lytron, lytroö. Portanto conclue-se que a Liberdade oferecida por Cristo está além das expectativas dos primários discípulos (At. 1 6) e de todo Israel, como vimos nos textos mencionados.
Assim, Cristo é aquele que resgata o homem perdido (Mt 20 28; cf. Lc. 19. 10), por meio de sua Morte em favor deles, obtendo assim nossa “eterna redenção” (Hb.9.12). A colocação de “eterna” junto a “lytrosis” atribui infalibilidade e infinitude a esse resgate. Dessa forma conclui-se que aquele que é resgatado por Cristo, para Eternidade é resgatado.
Entrementes, ainda temos que observar dois textos que são importantíssimos para a conceituação de lytron da perspectiva da conduta cristã. 1 Pe. 1 .18 diz: “sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” Pedro tem a clara visão de que o sangue de Cristo é o preço oferecido pela liberdade desfrutada pelos cristãos. Mas, segundo a perspectiva de Pedro, tal resgate diz respeito ao fútil procedimento do homem. Assim, Cristo se propõe não apenas a conceder a Redenção eterna para eternidade, mas para a presente vida do cristão, a ponto de que ele não precisa mais viver;como antes, pois foi resgatado de lá. Sentido semelhante é demonstrado por Paulo em Tt.2. 14: “o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras”. Portanto, conclui-se que Cristo não apenas efetuou pleno resgate no que diz respeito à nossa culpa perante Deus, mas Ele mesmo nos libertou do pecado e da Iniquidade, afim de nos purificar a ponto de sermos feitos um povo exclusivo Seu.
Com apolytrosis, podemos ver mais algumas colocações importantes para o conceito de redenção. Em Hb.9.12 vemos o conceito do sangue de Cristo como pagamento para redenção eterna. Em Ef 1.7 a idéia de Resgate, Libertação, Redenção é colocada lado a lado com a idéia de Remissão: “no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” O Conceito de “no qual” é visto no verso anterior como “o Amado”, que é uma referência direta a Cristo. Assim, em Cristo temos a redenção, ou melhor, por meio do seu sangue temos a remissão dos pecados. Nesse texto temos a clara visão do pagamento efetivo da nossa divida a ponto de que nossos pecados são apagados, ou cancelados (cf. Rm.3.24; Cl.1.14; Hb.9.15).
Mas, ainda podemos encontrar um outro uso do termo apolytrosis, que é apenas visto em dois texto no NT. Em Rm.8.23 e Ef 1.14. Oserve: “E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso intimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo” (Rm 8 23). O uso aqui dessa variante de lytron é claramente escatológica. Paulo em seu argumento no capítulo oito de Romanos deixa evidente sua expectativa sobre o futuro. Segundo Champlin, a redenção do corpo da perspectiva de Paulo, exige necessariamente a idéia, ainda que ausente neste trecho, a redenção, que é o cumprimento da adoção “Assim, pois, sob o titulo de ‘redenção do corpo: Paulo aponta, mais uma vez, para aquele exaltadíssimo conceito da glorificação em Cristo[33]“. Em contraste com as filosofias e ideologias não cristãs, que pregam a imortalidade da alma, até mesmo como o judaísmo pregou, o cristianismo apresenta com conceito além: A redenção do Corpo, ou, a Glorificação. Essa expectativa pode ser norteada pela experiência do próprio Senhor. Semelhantemente, Ef. 1 .14 nos diz: “qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (cf. Ef.4.30). O selo do ES no cristão é a garantia do resgate da propriedade de Deus. Ou seja, o cristão como propriedade particular de Deus, será aproximado junto a Ele no futuro, sendo que isso é garantido pelo selo do ES. Portanto, em linguagem claramente judaica, Paulo nos informa sobre o valor futuro da Redenção.
Em Sentido e Linguagem similar Lucas apresenta um discurso apocalíptico de Jesus, onde ele apresenta o conceito futuro da redenção: “exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima”. A idéia da proximidade da Redenção é introduzida pela expressão: “Então virá o Filho do Homem” em uma auto-referência. Assim, o estágio final dessa redenção levado a efeito em um futuro próximo, tal é nossa esperança e expectativa.
rýomai:
NT: Mt. 6:13; 27:43; Lc. 1:74; Rm. 7:24; 11:26; 15:31; 2 Co. 1:10; Cl. 1:13; 1Ts. 1:10; 2Ts. 3:2; 2Tm. 3:11; 4:17f; 2 Pt. 2:7, 9; LXX:Gn. 48:16; Ex. 2:17, 19; 5:23; 6:6; 12:27; 14:30; Js. 22:22, 31; Jz. 6:9; 8:34; 9:17; 11:26; 18:28; 2Sm. 12:7; 14:16; 19:10; 22:18, 44, 49; 2Re. 18:32f; 19:11; 23:18; Ed. 8:31; Ne. 9:28; Es. 4:8, 17; 10:3; Sl. 6:5; 7:2; 16:13; 17:1, 18, 20, 30, 44, 49; 21:5, 9, 21; 24:20; 30:2, 16; 32:19; 33:5, 8, 18, 20; 34:10; 36:40; 38:9; 39:14; 40:2; 42:1; 49:22; 50:16; 53:9; 55:14; 56:5; 58:3; 59:7; 68:15, 19; 70:2, 4, 11; 71:12; 78:9; 80:8; 81:4; 85:13; 88:49; 90:3, 14; 96:10; 105:43; 106:6, 20; 107:7; 108:22; 114:4; 118:170; 119:2; 123:7; 139:2; 141:7; 143:7, 11; Prov. 2:12; 6:31; 10:2; 11:6; 12:6; 13:17; 14:25; 22:23; 23:14; 24:11; Jo 5:20; 6:23; 22:30; 33:17, 30; Os. 13:14; Me. 4:10; 5:5; is. 1:17; 5:29; 25:4; 36:14f, 18; 37:12; 44:6; 47:4; 48:17, 20; 49:7, 25; 50:2; 51:10; 52:9; 54:5, 8; 59:20; 63:5, 16; Ez. 3:19, 21; 13:21, 23; 14:18, 20; 37:23; Dan. 3:88; 8:4, 7, 11;Apócrifos: Apócrifo de Julzes 8:34; 11:26; 1 Esdras. 8:60; Judite. 6:2; Tobias. 4:10; 12:9; 14:11; Tobias. 12:9; 1 Macabeus. 2:60; 5:17; 12:15; 16:2; 2 Macabeus. 8:14; 3 Macabeus. 2:12, 32; 5:8; 6:6, 10, 39; Odes 9:74; Sabedoria de Salomão. 2:18; 10:6, 9, 13, 15; 16:8; 19:9; Sir. 29:16; 40:24; Salmos de Salomão. 4:23; 12:1; 13:4; 17:45; Epistola de Jeremias. 1:35, 53; Adições a história de Daniel. 3:17, 88, 96; 6:28; 8:11; 11:45;
O verbete ryomai é um verbo defectivo médio, por isso a terminação mai, e apesar de sua grande aparição nos escritos bíblicos, especialmente na LXX, o termo ryomai não tem termos cognatos. O termo significa basicamente “socorrer”, “livrar”, “preservar”, “salvar”. Nesse sentido é um sinônimo de sozo, termo não estudo que significa basicamente “salvar” e dá origem aos termos soteria (Salvação) e soter (Salvador).
No Grego Clássico aparece apenas a partir de Homero com sentido básico de “livramento” ou Preservação”, executado normalmente pelos deuses. Na oração de Ajax ao “Pai Zeus”, ele pede que os livre dos acáios da noite escura (Ilíada, 17,645). Semelhante colocação foi feita por Aquiles a Enéias: “Somente Zeus e os demais deuses te salvaram’ (Ilíada, 20,194). Tal livremente não era efetuado apenas em situações de guerra, mas a qualquer perigo ou aflição, bem como a proteção de bens (Ilíada. 15., 257,290; Heródoto 1, 87 [livrar do mal]; 5,49; 9,76, 184; 6, 7; 7, 217). Fato interessante é que da perspectiva do pensamento politeomítico, alguns casos não poderiam ser salvos ou libertos (Ilíada, 15.141; Odisséia 12,107). Em outra forma encontrada na literatura grega secular, pode ser aplicada à ação humana, principalmente às autoridades. Os príncipes libertavam cidades e países (Ilíada 9, 396), mulheres e crianças (Ilíada 17,224), os póscritos (Sóf. OC 285). Também é aplicado a objetos inanimados, tais como muro, capacete, armadura.
Na LXX o termo em pauta traduz nasal no sentido de “libertar”, “livrar, e “salvar-se” (cerca de 90x). De forma interessante, também traduz ga’al em passagens de Isaías, e em especial o texto de Gn,48.16, com a idéia de redimir, comprar de volta, libertar. A correlação entre esses vocábulos nos levam a crer que a gama original de significados aplicados a ryomai é de fundamental importância para a Teologia da Redenção, emoldurar pelo estudo etimológico. Segundo o DITNT, W. Kash percebeu que o uso que a LXX faz do termo pode ser equiparado ao uso do Grego Clássico, principalmente no que refere-se a YHWH como libertador. Por outro lado, é impossível deixar de reconhecer o lada plenamente particular em que a LXX aplica o termo para conceitos explicitamente hebraicos. Assim, temos dois grandes grupos de uso de ryomai.
Em Salmos a ação de YHWH como libertador do aflito é facilmente observável. Os salmistas cantam sobre o livramento dos perseguidores (Sl.7.1), de vizinhos ímpios (Sl.33.4), de homens falsos e maldosos (Sl.42.1), da morte e da fome (Sl32. 19; 55. 13). do Sheol (Sl.85. 13) entre várias outras colocações. Contudo, um outro uso que deve ser observado é que em alguns momentos em especial o termo é aplicado a grandes atos salvíficos de Deus, tal como o Êxodo (Ex.6.6 14.30) e a povoação de Canaã (Jz.ó.9; 8.34) entre outros exemplos (2Re.18.32; Is.36.15; Mq.4.10 5.5; 2Sm.12.7; 22.18- 3Ma.ó.10). Neste ponto o uso equipara-se ao uso do grego clássico, o que ressalta o bom uso feito do termo dentro do seu campo semântico ma LXX.
Como vimos, além de plausível tal tradução em conformidade com o sentido exposto pelo grego clássico, temos que ressaltar o sentido mais judaico aplicado ao termo na tradução da LXX. O que significa retirar o sentido mais antropocêntrico do conceito secular para abordar um sentido mais teocêntrico, como expressa todo o VT ao referir-se à Obra de Deus. W. Kash observa que a libertação não é determinada pelo acaso, ou pelas leis vigoradas pelos deuses ou homens, mas “mediante a palavra criadora e sustentadora de Javé, para Quem a salvação do povo e do individuo faz parte da Sua ação criadora da história da salvação começada por Ele[34]“.
Nesse aspecto um texto merece nossa atenção: Acaso, os deuses das nações puderam livrar, cada um a sua terra, das mãos do rei da Assíria?” (2Re.18.33). A declaração feita por Rabsaqué em afronta a YHWH é a clara demonstração da perspectiva antropocêntrica do povo assírio. Ele equipara YHWH com outros deuses de outros povos, mostrando a supremacia da Assíria (v.34; cf. 19.11-13). Certamente era verdadeira a afirmação de que a Assíria tinha subjugado outras nações, mas um fato estava equivocado na perspectiva dos assírios: YHWH não é como os deuses dos outros povos, feitos por mão humanas, Ele é O SENHOR. Observe a oração de Ezequias: “Ó SENHOR, Deus de Israel, que estás entronizado acima dos querubins, tu somente és o Deus de todos os reinas da terra; tu fizeste os céus e a terra” (19.15). A realidade de YHWH como Soberano Deus está além da compreensão ordinária dos gentios, por isso não podem entender Seu Caráter “Libertador”: Agora, pois, Ó SENHOR, nosso Deus, livra-nos das suas mãos, para que todos os reinas da terra saibam que só tu és o SENHOR Deus” (v.19). A verdade sobre YHWH é exposta por Isaías da seguinte maneira: Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó SENHOR, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade” (Is.63.16). Deus é o Libertador, o Redentor, Resgatador (cf.4:ó; 47:4; 48:17, 20; 49:7, 25; 50:2; 51:10; 52:9; 54:5, 8; 59:20; 63:5).
Em alguns textos vemos que a ação redentora de Deus é aplicada àquele que crêem positivamente na capacidade de YHWH de salvar. Observe Sl.21.4: Nossos pais confiaram em ti; confiaram, e os livraste”; Confiou no SENHOR! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer” (v.8; cf. Sl.32.18-19; 33.7). YHWH é o que providência a salvação, a libertação do seu povo, e Ele ouve o clamor do justo e o livra de suas aflições (Sl.34.17); Ele livra os que o temem e confiam em sua misericórdia (Sl.33.18-19; Ez.14.20).
Portanto, diante das evidências acima lançadas, podemos notar que a consideração teocêntrica do judaísmo atribuiu uma nova perspectiva ao campo semântico do termo ryomai a ponto de ser aplicado condicionalmente ao homem, ao mesmo tempo que representa a ação do Soberano Senhor, que é poderoso para livrar seu povo (Dn.3.96 LXX- 3.29).
O termo ryomai aparece 15x em todo o NT, sendo que 7x refere-se a citações do VT, mas ele todos os casos Deus é o Libertador. Algumas vezes o termo é utilizado em situações de escárnio, tal como na crucifixão de Cristo, pois os zombadores entendiam os sofrimentos de Jesus e o não salvamento de Deus como prova absoluta da sua falsidade. Observe: Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus” (Mt.27.43; cf. Sl.21.9). De fato, Deus não o livrou da morte, como esperavam seus zombadores, mas de modo especial o livrou na ressurreição.
Um fato interessante é que o uso neotestamentário do termo em pauta não traz a idéia de Salvação, tal como entendida pelo conceito cristão. O termo que desempenha esse papel é “sozo”. ryomai ocupa-se com a verdade da libertação oferecida por Deus ao Seu povo. Observe a declaração de Jesus, na famosa oração do Pai nosso: te não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre” (Mt.6. 13). Nesse sentido apresentado pro Cristo, é impossível que seja aplicado a incrédulos. O que é apresentado é a idéia da ação continua de Deus em livrar os eleitos do mal moral. Ao homem não foi dada a plena capacidade, em sua própria condição natural, para resistir ou escapar do mal que o assedia. Dessa forma, em sua oração deve reconhecer sua insuficiência diante da tentação e pedir que Ele nos livre do mal. Nesse mesmo sentido, a obra de Deus em livrar é apresentada por Paulo aos corintos da seguinte forma: “Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos, o qual nos livrou e livrará de tão grande morte; em quem temos esperado que ainda continuará a livrar-nos”.
Uma única vez o termo faz referência a Obra de Deus na Salvação, conforme apresentada por Paulo em sua Epístola aos Colossensses: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl.1.13). De qualquer forma, a ênfase é sobre a libertação moral do homem, por que “Império das Trevas” ilustra a situação de pecado que o homem vivia antes da libertação efetuada por Deus, por meio de Jesus Cristo. Contudo, podemos nos lembrar de Rm.11.26 e 1Ts.1.10 como textos que expressão a expectativa escatológica do cristão.
agorázo:
NT: Mt.13:44, 46; 14:15; 21:12; 25:9f; 27:7; Mc. 6:36f; 11:15; 15:46; 16:1; Lc. 9:13; 14:18f; 17:28; 22:36; Jo. 4:8; 6:5; 13:29; 1Co. 6:20; 7:23, 30; 2Pt. 2:1; Ap. 3:18; ~:9; 13:17; 14:3f; 18:11; LXX: Gn. 41:57; 42:5, 7; 43:4, 22; 44:25; 47:14; Dt. 2:6; 1Cr. 21:24; 2Cr. 1:16; 34:11; Ne. 10:32; is. 24:2; 55:1; Je. 44:12; Apócrifos: Tobias. 1:13f; 1 Macabeus. 12:36; 13:49; Siraque. 20:12; 37:11; Baruque. 1:10; Eplstola de Jeremias.1 :24;
O termo agorazo tem significação estrita, sendo normalmente encontrado com o sentido de compra. José foi comprado (Gn.41.57), os filhos de Israel foram para o egito comprar mantimentos (Gn.42.5, 7; 43.4; 43.42). Normalmente essa é a idéia exposta pelo termo, conforme expresso na LXX (cf. Gn. 41 :57; 42:5, 7; 43:4, 22; 44:25; 47:14; Dt. 2:6; 1Cr. 21:24; 2Cr. 1:16; 34:11; Ne. 10:32; Is. 24:2; 55:1; Je. 44:12).
No NT esse uso parece majoritário (cf. Mt. 13:44, 46; 14:15; 21:12; 25:9f; 27:7; Mc. 6:36f; 11:15; 15:46; 16:1; Lc. 9:13; 14:18f; 17:28; 22:36; Jo. 4:8; 6:5; 13:29; Ap. 3:18). Entretanto, alguns texto merecem nossa atenção: “Por preço fostes comprados; não vos torneis escravos de homens” (1Co 7.23; cf. 6.20). A idéia é que estávamos vendidos a escravidão, mas Deus nos comprou para si. A idéia presente neste texto aponta para uma compra de alto valor. Assim, podemos concluir que essa compra implicou no pagamento de um preço alto (2Pe.2 1), que é o sangue do próprio Messias (Ap.5.9, 10) e deságua diretamente no serviço daquele que foi comprado em benefício do comprador (1 Co.6. 19, 20; 7.22, 23). Neste ponto ainda, é importante ressaltar um uso distinto do vocábulo em questão. Por vezes, encontra-se tal vocábulo precedido pela preposição “ex”, formando o vocábulo “exagorazo”. Em Gl 3.13 nota-se claramente a idéia de resgatar. Ou seja, o termo preposicionado por “ex” traz um sentido de ser comprado para nunca mais retornar à condição anterior a compra (Gl.3.13).
CONCLUSÃO
Diante das informações coletadas no estudo léxico dos termos envolvidos na conceituação de redenção, podemos concluir que:
(1) A doutrina da redenção mostrada pelo NT é um cumprimento completo da verdade mostrada em sombras no AT.
(2) Há um sentido em que o preço é pago, mas o escravo não é necessariamente liberto (que é o estado de todos por quem Cristo morreu que ainda não são salvos) e que, por uma realização mais profunda e abundante da redenção, o escravo pode ser solto e liberto (que é o estado de todos que são salvos).
(3) A relação dos não salvos com a verdade de que, pela sua morte, Cristo pagou o preço do resgate, é crer no que está declarado como verdadeiro.
(4) A relação dos salvos com a verdade de que, por sua morte, Cristo liberta, é reconhecer essa liberdade maravilhosa e, então, pela rendição de si mesmo, tornarem-se escravos voluntários do redentor, enquanto abandonam sua velha vida de pecado.
Em resumo, redenção refere-se ao ato da compra de algo que fora seu, readquirir algo que foi retirado temporariamente de seu poder. Pode ser empregado também como Liberdade, libertar, livrar, no sentido de redimir alguém que corria grave perigo. De certo, quanto a ação é aplicada a Deus, temos que admitir que trata-se de uma compra de algo que já for a completamente seu, o homem, pois sabemos que o homem é um pecador vendido e condenado. O texto de Isaías 52.3 nos diz: “Por nada fostes vendidos, e sem dinheiro sereis resgatados”. “Não é possível para qualquer homem, por seus próprios meios, redimir-se das tristes condições em que se encontra devido ao pecado; eis por que necessitamos de um parente remidor que seja mais que homem, que seja ao mesmo tempo divino e humanos[35]” (pp.14). Assim, podemos definir OBRA REDENTORA nas seguintes palavras:
Obra Redentora é um Plano estabelecido e executado historicamente por Deus em benefício do homem cujo ápice é Cristo e sua Aplicação é Eterna
Charles Hodge é que faz a seguinte observação: “As Escrituras falam de uma Economia de Redenção[36]“. A palavra Economia, utilizada em referência a Redenção, deriva da palavra grega “oikonomia” que significa administração, mordomia. A identificação dos dois conceitos nos leva a conclusão de que Deus administra historicamente a Redenção dos homens. Por esta razão é correto afirmar que existe um Plano da Salvação que deve ser anunciado. Doutra sorte, deve-se reconhecer que Deus é o Autor e Executor deste Plano. A redenção é iniciada e perfeita por Ele, pois a Ele pertence o poder para tal tarefa. Logo, Deus estabeleceu um Plano para a salvação do homem dentro da história do homem e vai levá-lo a cabo (Jo.42.2).
É das palavras de Jonas que devemos ter em mente ao levantarmos essa assunto: “Ao Senhor pertença a Salvação”. O termo salvação visto na oração feita por Jonas é yasha (heb) que tem sotérios (grego) que traz a clara idéia de libertação. A situação em que Jonas se encontrava não tinha o que podia fazer, senão reconhecer que a Salvação pertence ao senhor. Assim Ele não simplesmente inicia e termina como mantém.
Em todas as Obras de Deus nós podemos notar um plano pré-estabelecido, o que não poderia ser diferente para Obra Redentora. Ou seja, não se deve presumir que, no que diz respeito ao destino do homem tudo seja deixado ao acaso. E sobre isso a Escritura é clara, pois afirma que Deus não somente vê o fim desde o principio, mas que ele opera todas as coisas segundo o conselho de sua vontade, ou com base nesse propósito (Ef.1.11). Assim, se o que acima foi dito é verdade é possível encontrar na história marcas desse plano e evidências reais que apontam para a consumação de um plano iniciado e perfeito por Deus. Dessa forma, vamos buscar essas evidências na história.
“Há luz suficiente para quem quer ver, e trevas suficientes para quem não quer ver[37]“
Dentro da progressão histórica do significado da salvação e da consecução da soberania de Deus em relação ao seu plano preestabelecido para salvação, o ponto mais alto, mais sublime e necessário é a Obra de Cristo. Por alguns teólogos a Obra de Cristo é considerada como um acidente na história, como se Deus fosse pego de surpresa por esse evento. Contudo, a história demonstra a progressão desse significado, de modo que, fica evidente que a Obra de Cristo a nosso favor é parte integral do Plano de Deus para a Salvação daqueles que fazem parte da Soberana e Amorosa Eleição Incondicional.
“Se ignorarmos o grande fim a que se dirige o plano da redenção, ou as relações das diferentes partes do plano, ou tivermos uma falsa concepção do fim e daquela relação, todas as nossas idéias serão confusas e errôneas. Seremos incapazes ou de exibi-lo a outros ou de aplicá-lo a nós mesmos[38]“.
A palavra Redenção em si tem diversas definições, devido a sua origem. O Dicionário de Teologia de Grenz, Guretzki e Fee Nordling traz a seguinte definição:
“Redenção é o processo pelo qual o homem pecador é resgatado da prisão do pecado e entra num relacionamento com Deus por meio de sua Graça e do pagamento feito na morte de Jesus. A redenção é uma das figuras metafóricas que o Novo Testamento usa para explicar a obra salvadora e misericordiosa de Deus em Jesus“.
Alguns pontos são notáveis em tal definição:
Reconhecimento da Redenção como um Processo: Embora o reconhecimento seja ainda primário e pouco explorado, o conceito em si é bem colocado. O que tal definição expressa até aqui, é que existe uma progressão na vida do homem para que compreenda a verdade sobre Cristo e se aproprie dela.
Reconhecimento do Pecado no homem como prisão: A ideia do pecado como prisão expõe em simples palavras a realidade da vida do homem. Como Jesus mesmo já afirmou, “todo que vive pecando é escravo do pecado” (Jo.8.34)
Exaltação da Graça de Deus: A Graça de Deus não poderia ter sido deixada de lado quando falamos da Eterna Redenção que nos oferece em Cristo Jesus.
Reconhecimento da Morte de Cristo como pagamento: Esse ponto é essencial para conceituação de Redenção. Sem tal premissa, toda definição estaria errada.
Contudo, não podemos considerar tal definição como suficiente. O autor dessa definição, por certo, não considerou as declarações que o Velho Testamento tem a dizer sobre o assunto. Sem contar que crê que o termo em pauta seja um figura metafórica utilizada no Novo Testamento. Tal colocação tende a minimizar o sentido original e básico do termo, e por certo sua aplicação pode ser assim, igualmente, minimizada.
Portanto, para uma compreensão e definição plausível e adequada, é necessário compreender os vocábulos envolvidos na literatura bíblica.
DEFINIÇÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA
A redenção é objeto de estudo de cristãos há muito tempo. Muito teólogos já se dedicaram a pesquisar e levantar questões bíblicas sobre o assunto. H.A. Ironside, foi um desses, e escreveu o excelente livro “Os grandes vocábulos do Evangelho, e em sua abordagem, Ironside faz a seguinte colocação sobre o termo em pauta: “A palavra ‘Redenção’ atravessa a Bíblia de capa a capa; de fato, podemos dizer sem qualquer sugestão de hipérbole que este é o grande e notável temo das escrituras Sagradas (…) Por toda parte, do Gênesis ao Apocalipse, encontramos Deus, de um modo ou de outro, a apresentar-nos a verdade da redenção – redenção em promessa e em tipo, no Antigo Testamento; redenção em gloriosos cumprimento no Novo Testamento[3]“.
Segundo Ironside, redenção refere-se ao ato da compra de algo que fora seu, readquirir algo que foi retirado temporariamente de seu poder. Pode ser empregado também como Liberdade, libertar, livrar, no sentido de redimir alguém que corria grave perigo.
Tal referência feita por Ironside, está em consonância com a maioria dos comentaristas e teólogos bíblicos. M.G. Easton, autor do Easton’s Bible Dictionary, concorda com Ironside e complementa que tal recuperação exige pagamento adequado[4]. Ray Summers, que participa da elaboração do Holman Bible Dictionary, nos lembra que “no uso antigo da ideia e das palavras apontam para uso de atividades legais e comerciais. Elas proporcionam aos escritores bíblicos uma das mais básicas e dinâmicas imagens para descrever a atividade de Deus em salvar a humanidade[5]“.
Seguindo essas colocações sobre o assunto, vamos observar com mais atenção, o que a Bíblia tem a nos informar sobre o assunto. A ideia é buscar o conceito sendo exposto no Velho e no Novo Testamento.
1. VELHO TESTAMENTO
O livro International Standard Bible Encyclopedia, organizado por Jamer Orr, diz que “a idéia de redenção no Antigo Testamento tem início a partir do conceito de propriedade (Lv.25.26; Rt.4.4ss)[6]“. Um preço era pago em dinheiro, em conformidade com a Lei, para comprar novamente uma propriedade que necessitasse ser libertada ou resgatada (Nm.3.51; Ne.5.8). E a partir deste uso, o termo no Antigo Testamento é usada normalmente com um senso de libertação, embora o idéia de pagamento esteja presente.
Nesse mesmo sentido levantado, Deus é visto como o Redentor de Israel, pois é aquele que provê Libertação para seu povo. Em Dt.9.26 temos uma bela demonstração desse fato: “Ó Soberano Senhor, não destruas o teu povo, tua própria herança! Tu o redimiste com a tua grandeza e o tiraste da terra do Egito com mão poderosa“. Como podemos observar, Deus é visto pelo escritor sagrado como “Aquele que Liberta“. Redenção aqui é vista exatamente neste sentido, e a história da saída do povo do Egito é a prova definitiva desse sentido. Observe:
E quem é como Israel, o teu povo, a única nação da terra que tú, ó Deus,resgataste para dela fazerdes um povo para ti mesmo, e assim tornaste o teu nome famoso, realizaste grandes maravilhas ao expulsar nações e seus deuses de diante desta mesma nação que libertaste do Egito? (2Sm.7.23)
Observe que os termos em destaque reportam-se ao termo hebraico “padâ“, que ainda será conceituado no presente estudo. Portanto, não podemos negar que o conceito de Redenção no Velho Testamento denota o sentido de libertar, e normalmente é vista em benefício do povo de Deus (1Cr,17.21 Is.52.3). A ideia de “Redenção” inclui a libertação de todas as formas de mal (Is.52.9; 63.9cf. Lc.2.38), ou pragas (Sl.78.35, 52) ou qualquer tipo de calamidade (Gn.48.16; Nm.25.4, 9).
O Velho Testamento também apresenta a figura do homem endividado que poderia hipotecar seus bens para conseguir pagar o que estava devendo. Se porventura, ainda não fosse suficiente ele poderia hipotecar sua força, suas habilidades como um escravo até que sua dívida fosse paga: “Depois de haver-se vendido, haverá ainda resgate para ele” (Lv.25.48). Um irmão poderia, se tivesse condições, redimi-lo, mas não era o que normalmente aconteceria. Outra maneira de redimir esse homem seria se ele herdasse subitamente uma propriedade para, então, pagar sua dívida. Contudo, existe ainda outra possibilidade, e essa merece nossa atenção: É a figura do Redentor Parente. O redentor parente seria alguém com capacidade para remi-lo, e que se “preocupasse suficientemente por ele, a ponto de responsabilizar-se pelas dívidas e as solvesse, então poderia ser libertado[7]“.
Como podemos ver, a ideia de redenção do Velho Testamento é bem sólida, baseada em fatos concreto. Contudo, para uma compreensão mais abrangente e coesa, é necessário conhecer os termos hebraicos envolvidos nesse contexto.
O Velho Testamento Hebraico utiliza os seguintes vocábulos para conceituar o que o Latim, língua materna do Português, chamou de “redemptio”, o Inglês de “redemption” e o português de “redenção“:
ga’al[8]
Gn. 48:16; Ex. 6:6; 15:13; Lv. 25:25f, 30, 33, 48, 54; 27:13, 15, 19, 27, 31, 33; Nm. 5:8; 35:12, 19, 21, 24, 27; Dt. 19:6, 12; Js.20:3, 5, 9; Rh 2:20; 3:9, 12; 4:1, 3, 6, 8, 14; 2 Sm. 14:11; 1 Re. 16:11; Ed. 2:62; Ne. 7:64; Jò 3:5; 19:25; Sl. 19:15; 69:19; 72:14; 74:2; 77:16; 78:35; 103:4; 106:10; 107:2; 119:154; Pv. 23:11; Is. 35:9; 41:14; 43:1, 14; 44:6, 22; 47:4; 48:17, 20; 49:7, 26; 51:10; 52:3, 9; 54:5, 8; 59:3, 20; 60:16; 62:12; 63:3, 9, 16; Jr. 31:11; 50:34; Lm. 3:58; 4:14; Dn. 1:8; Os. 13:14; Mc. 4:10; Zc. 3:1; Ml. 1:7, 12
Segundo o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, de Harris, Archer Jr., e Waltke, o termo significa basicamente “Redimir, vingar, resgatar, livrar, cumprir o papel de resgatador[9]“. Este verbete é o verbo denominativo, que dá origem a outros termos, tal como “geûllay” (que aparece uma única vez em Is.63.4 – redenção), “geûllâ” (direito de redenção, preço de redenção) e “go’el” (redentor).
O Velho Testamento utiliza o termo em quatro situações distintas: (1) É usada na legislação do Pentateuco para se referir ao resgate de um campo que for a vendido em tempos de necessidade (Lv.25.25), ou ao escravo que se vendera em termos de miséria (Lv.25.48); (2) Diz respeito a propriedades e animais, que não eram dedicados ao sacrifício ao Senhor ou eram primogênitos de animais imundos (Lv.27.11ss) que poderiam ser resgatadas por um homem que pudesse dar algo equivalente em troca, embora o preço do resgate fosse maior, para evitar trocas desonestas; (3) Refere-se, também, ao “vingador de sangue“, que era o parente mais próximo de um homem assassinado (Nm.35.12ss). Como nas relações comerciais, era necessário um valor equivalente para que uma propriedade ou escravo fossem resgatados, neste caso, de vida retirada, com a vida do assassino seria paga, visto que o parente mais próximo é o “vingador de sangue“. Neste caso, o “redentor” é um executor da pena capital, mas sem culpa para receber mesma punição; (4) Um outro uso muito comum nos Salmos e nos profetas, é a identificação de Deus como Redentor de Israel. Neste caso, o preço da redenção não é citado, embora a idéia de julgamento sobre os inimigos de Israel seja citado em Is.43.1-3.
Um uso interessante do termo está lançado em Prv.23.10-11: “Não removas os marcos antigos, nem entres nos campos dos órfãos, porque o seu Vingador é forte e lhes pleiteará a causa contra ti“. Como é evidente pelo uso de letra maiúscula na tradução da ARA, o Vingador referido é Deus. A NVI traz a ideia de “aquele que defende” de maneira um pouco superficial, embora a colocação seja aceitável do ponto de vista léxico. A versão inglesa New International Version, traz a ideia de “Defensor”, enquanto a King James Version traz “Redentor”. Segundo Girdlestone “Deus assume o lugar de redentor-parente e também de vingador do pobre e necessitado“. Todas as traduções expostas levantam um aspecto do termo “goel“, sendo que é possível, diante de fartas opções, compreender o seu significado. Portanto, o que vemos neste texto é que existe uma combinação de sentidos de “goel“, que expõe de maneira clara o seu significado[10].
O texto clássico sobre redenção está em Jó.19.25: “Por que eu sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra“. Alguns cristãos do passado o assinalaram como uma referência à vinda de Cristo em sua obra messiânica, o que seria uma grande colocação. Contudo, considerando o argumento do próprio livro, e a situação de Jó, seria mais correto crer que faça referência a Deus, que, como amigo e parente resgatador, por meio da fé, por fim redimiria Jó do pó da terra. Por outro lado, não podemos negar que existe uma relação profética deste texto, com a Obra Messiânica realizada por Cristo.
padâ[11]:
Ex. 13:13, 15; 21:8; 34:20; Lv. 19:20; 27:27, 29; Nm. 3:49; 18:15ss; Dt. 7:8; 9:26; 13:6; 15:15; 21:8; 24:18; 1 Sm. 14:45; 2 Sm. 4:9; 7:23; 1 Re. 1:29; 1 Cr. 17:21; Ne. 1:10; Jo 5:20; 6:23; 33:28; Sl. 25:22; 26:11; 31:6; 34:23; 44:27; 49:8, 16; 55:19; 69:19; 71:23; 78:42; 119:134; 130:8; Is. 1:27; 29:22; 35:10; 51:11; Jr. 15:21; 31:11; Os. 7:13; 13:14; Mc. 6:4; Zc. 10:8
O Dicionário Internacional de Teologia traz a seguinte colocação sobre o termo “padâ“: “O sentido básico é o de conseguir a transferência de propriedade de uma pessoa para outra mediante pagamento apropriado de uma quantia ou de um substituto equivalente. A raiz ocorre em assírio com o sentido de ‘poupar’, e em ugartico é mais usada com o significado de ‘resgatar’. A raiz e seus derivados aparecem 69 vezes no AT[12]“.
O termo em pauta é um dos termos mais significativos para a ideia de “Redenção” do ponto de vista cristão, porque recebe influências históricas. No Êxodo o termo é usado em relação a redenção dos primogênitos de Israel, que são popado por substituição, enquanto os primogênitos do Egito são mortos (Ex.12.13, 15). Naquela ocasião, Deus livrou Israel da servidão pelo preço da morte de todos os primogênitos do Egito, sejam eles humanos ou animais (Ex.4.23; 12.29). O termo também é utilizado em relação ao levitas e seus animais, que deveriam ser separados para Deus, em lugar do povo e de seus animais (Nm.3.44ss), que não eram dedicados aos Senhor (Ex.13.11-16; 34.19-20; Nm.18.8-32). “Aquilo que era santo para o Senhor, i.e., o primogênito de vaca, ovelha e cabra, não seria resgatado[13]“.
Um texto que merece nossa atenção aqui é Dt.15.15: “Lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito e de que o SENHOR, teu Deus, te remiu; pelo que, hoje, isso te ordeno“. Israel também é visto como receptor da libertação proposta por Deus. Portanto, o termo não trata exclusivamente da questão legal ou religiosa do povo de Israel, mas é aplicado à Obra de Deus em relação a seu povo. Tal idéia, ainda será exposta em outras épocas.
Em 2Sm.7.23 vemos uma colocação importantíssima: “Quem há como o teu povo, como Israel, gente única na terra, a quem tu, ó Deus, foste resgatar para ser teu povo? E para fazer a ti mesmo um nome e fazer a teu povo estas grandes e tremendas coisas, para a tua terra, diante do teu povo, que tu resgataste do Egito, desterrando as nações e seus deuses“. O reconhecimento sobre o privilégio da nação de Israel é vista historicamente como consequência da Redenção de Deus, ou seja, da libertação do povo.
Inclusive, Isaías parece interpretar o chamado de Abraão como um ato remidor da parte de Deus: “Portanto, acerca da casa de Jacó, assim diz o SENHOR, que remiu a Abraão: Jacó já não será envergonhado, nem mais se empalidecerá o seu rosto“. Com mesma visão, anteviu aquil que Deus lhe revelara sobre o futuro de Sião: “Os resgatados do SENHOR voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo; alegria eterna coroará a sua cabeça; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido” (Is.35.10; cf. 50.2;51.11; Zc.10.8).
Como “ga’al”, “padâ” é aplciado a diversasa situações, principalmente nos Salmos. Deus é apresentado como aquele que “liberta, redimi” os homens de algum perigo (Sl.26.11; 31.5; 34.22-23; 44.26; 71.23) ou das mãos de opressores (Sl.55.18-19; 69.18-19). Nesse contexto vemos que os Salmos ensinam a insuficiência do homem diante da morte, visto não poder fazer nada perante ela (Sl.49.8-9), mas demonstra que o poder redentor de Deus não está limitado a ela (v.15-16).
O mais interessante no uso deste termo é que uma única vez é utilizado em referência ao pecado: “Espere Israel no SENHOR, pois no SENHOR há misericórdia; nele, copiosa redenção. É ele quem redime a Israel de todas as suas iniqüidades” (Sl.130.8-9).
kapar:
Gn.32:21; Ex. 29:33, 36; 30:10, 15; 32:30; Lv. 1:4; 4:20, 26, 31, 35; 5:6, 10, 13, 16, 18, 26; 6:23; 7:7; 8:15, 34; 9:7; 10:17; 12:7f; 14:18ss, 29, 31, 53; 15:15, 30; 16:6, 10, 16, 20, 24, 27, 30, 32; 17:11; 19:22; 23:28; Nm. 5:8; 6:11; 8:12, 19, 21; 15:25, 28; 17:11f; 25:13; 28:22, 30; 29:5; 31:50; 35:33; Deut. 21:8; 32:43; 1 Sm. 3:14; 2 Sm. 21:3; 1 Cr. 6:34; 2 Cr. 29:24; 30:18; Ne. 10:34; Sl. 65:4; 78:38; 79:9; Pv. 16:6, 14; Is. 6:7; 22:14; 27:9; 28:18; 47:11; Jr. 18:23; Ez. 16:63; 43:20, 26; 45:15, 17, 20; Dn. 9:24 Is. 43:3; Am 5:12
Esse termo é o verbo denominativo dá origem a termos como “koper” (resgate, dádiva para obter favor), “kippur” (expiação) e “kapporet” (propiciatório, local da expiação). Embora exista muita discução sobre a raiz desse termo, alguns comentários devem ser elaborados. R. Laird Harris, no Dicionário Internacional de Teologia, diz que “a raiz kapar é usada cerca de 150 vezes. Tem sido objeto de intensos debates. Existe uma raíz árabe equivalente que significa ‘cobrir’ ou ‘ocultar[14]‘“. Girdlestone nos informa que o termo árabe mencionado pelo DITAT é “Kephr“[15], e que o sentido original é de se coberto ou protegido. Nos diz também que o termo tem 3 usos distintos do sentido original em hebraico mencionado acima: (1) Pode significar um vila, povoado, aldeia (Kaper-naum = Cafarnaum = vila de Naum;cf. 1Cr.27.25; Ct.7.12); (2) Pode referir-se a um planta (Ct.1.14; 4.13); e (3) pode significar calafetar com betume (Gn.6.14).
O conceito de “pecado coberto” é normalmente abordado por estudiosos da teologia sistemática, tal como Chafer, que diz que “a economia divina com respeito à disposição de tais pecados, representados nos sacrifícios de animais durante o extenso período entre Abel e Cristo, foi a de cobrir, como mostra a raiz hebraica kaphar, traduzida como expiação[16]“. Continuando seu raciocínio diz que o termo em pauta expressa com exatidão divina o conceito de cobrir. O International Standard Encyclopedia complementa, ainda, afirmando que o termo significa não apenas cobrir, mas também “cancelar, aplacar, oferecer ou receber uma oferta pelo pecado[17]“. OHolman Bible Dictionary contribui ao afirmar que “kapar” “é usado em conceitos e práticas estritamente religiosas. É da palavra “Kippur” que se origina “Yom Kippur”, dia da expiação, ou ‘dia de cobrir’, talvez o mais sagrado dos dias santos no Judaísmo. A forma verbal no Velho Testamento sempre é usada com um senso religioso de cobrir o pecado ou efetuar pagamento pelo pecado. Porém, a forma substantiva às vezes é usada no sentido secular de um suborno (Am. 5:12) ou resgate (Ex. 21:30). Com ‘padâ’, é usado no senso de resgate[18]“.
De fato, não podemos negar o que a escritura nos ensina sobre a morte expiatória de Cristo (sobre a morte de Cristo ser eficiente aos pecados cometidos antes de sua vinda ver At.17.30; Rm.3.26; Hb.9.15). Segue-se que o termo pode auxiliar na compreensão do conceito de “expiação“, como é visto por todo Velho Testamento. Portanto, concluímos que, apesar da dificuldade de identificação da aplicação do termo para a teologia do Velho Testamento, o termo é utilizado teologicamente com o conceito de “cobrir” os pecados (sobre essa conclusão, ver ISBE no tópico “The English Word”). Enfim, após algumas considerações etimológicas de aplicação teológica, vamos considerar o que o termo “Kapar” e suas variante podem nos auxiliar na compreensão de Redenção no Antigo Testamento.
Em Gn.32.20 vemo um uso interessante do termo “kapar”, pois a ARA traduziu o termo como “aplacar”, a NVI como “apaziguar” e a versão da Alfalit Brasil, como “perdoar”. O contexto é a reconciliação entre Jacó e Esaú, e um presente foi envidado adiante de Jacó, pois pensava que fazendo o presente chegar antes dele, seu irmão o perdoaria. O termo é usado neste contexto, e sua aplicação em português é bem vista com qualquer uma das possibilidades destacadas.
As sete ocorrências do termo em Exodo, seis são utilizadas na ARA com sentido de “expiação” e uma como “propiciação” (Ex.32.30). Em Levítico a maioria dos casos é traduzido como “expiação“. Em Nm.5.8 vemos outro uso que merece nossa atenção. A ARA traz a seguinte tradução: “Mas, se esse homem não tiver parente chegado, a quem possa fazer restituição pela culpa, então, o que se restitui ao SENHOR pela culpa será do sacerdote, além do carneiro expiatório com que se fizer expiação pelo culpado“. O termo “kapar” é traduzido pelo termo sublinhado no texto, mas o seu conceito é expresso pela colocação em negrito no texto. Ou seja, o bode expiatório, que era oferecido para morrer, tinha a função de “fazer restituição pela culpa“. Portanto, podemos notar que o sentido mais clássico do termo em relação a Teologia do Velho Testamento diz respeito a preço pago em favor de um débito. Deve-se lembrar que tal conceito aplica-se, não a dívida financeira, mas religiosa. Note os versos anteriores: “Dize aos filhos de Israel: Quandohomem ou mulher cometer algum dos pecados em que caem os homens, ofendendo ao SENHOR, tal pessoa é culpada. Confessará opecado que cometer; e, pela culpa, fará plena restituição, e lhe acrescentará a sua quinta parte, e dará tudo àquele contra quem se fez culpado” (v.6, 7).
Dos termos do Velho Testamento, o mais significativo em termos religiosos é “Kapar”. Sem sombra de dúvidas, o conceito de “expiação” é inexoravelmente ligado ao pecado. Uma simples abordagem de Levíticos deixará isso mais que evidente. A idéia de débito acompanhado pelo perdão é claramente observada na literatura vétero-testamentária. Observe a chamada de Isaías: “Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado” (Is.6.7; cf. Nm.15.28; Sl.653; 78.38; 2Cr.30.18-19).
Como pudemos ver, a idéia de Redenção exposta no Velho Testamento é concentrada em conceitos concretos e aplicada a práticas civis e religiosas. Entretanto, a idéia de preço adequado pago em função de um débito sempre está presente, bem como a idéia de substituição para essa reconstituição. Sobre o assunto, o Holman Bible Dictionary diz que “a doutrina de redenção no Velho Testamento não é derivada de pensamento filosófico abstrato, mas do pensamento concreto hebreu“. E isto foi bem observado em nossa exposição.
2. NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento, ao contrário do Antigo, tráz conceitos mais claros para os cristãos mas, não perde de vista seu significado original. Como sabemos, o Novo Testamento aplica eficazmente o conceito vétero-testamentário à Jesus Cristo, como o Redentor do homem. Sobre isso, Ray Summers diz que “o Novo Testamento centra a redenção em Jesus Cristo. Ele comprou a Igreja com seu póprio sangue (At.20.28), deu-se pela vida do mundo (Jo.6.51), como Bom Pastor deu sua Vida por suas ovelhas (Jo.10.11) e demonstrou seu grande amor dando sua vida por seus amigos (Jo.15.13). O propósito de Jesus na terra foi realizar um sacrificío de Si mesmo para libertação do homem do pecado[19]“. Isso parece estar em concordancia com Merril C. Tenney, quando diz que “o coração da mensagem bíblica da redenção é a libertação do povo de Deus do domínio do pecado por meio do sacrifício substitutivo de Jesus Cristo e a sua consequente reconciliação com Deus e Seu Reino Celeste[20]“.
Diante das colocações neo-testamentárias, não podemos nos esquecer que tal sacrifício de Cristo em favor do homem é a maior prova da incapacidade do homem de libertar-se, por seu mérito ou capacidade, do pecado. Ironside, concorda com essa colocação, e diz que “não é possível para qualquer homem, por seus próprios meios, redimir-se das tristes condições em que se encontra devido ao pecado; eis por que necessitamos de um parente remidor que seja mais que homem, que seja ao mesmo tempo divino e humano[21]“. Ao tratarmos o assunto de Redenção no Novo Testamento temos que resgatar o sentido de deficiência humana perante Deus, em função do seu pecado. Não existem méritos no homem que o façam merecer o Sacrifício de Cristo. Não podemos retirar os perfeitos méritos de Cristo da questão. Sobre isso o Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, organizado por Colin Brown, nos informa que:
“Sempre que os homens, por sua própria culpa ou através de algum poder superior ficam submetidos ao controle de outra pessoa, e perdem sua liberdade para implementar a vontade e as suas decisões, e quando seus próprios recursos são inadequados para enfrentar aquele outro poder, podem obter de novo sua liberdade somente mediante intervenção de um terceiro. No NT, conforme o aspecto encarado, o grupo de palavras gregas associado com lyo, sozo, rhyomai, é empregado para expressar semehante intervenção (…) No NT, estes termos se empregam de modo preeminente para a obra redentora de Cristo[22]” (grifo do autor).
J.D. Douglas acrescenta muito ao nosso estudo ao nos demonstrar uma outra perspectiva sobre a Redenção, ao dizer que “a redenção não somente lança os olhos de volta para o calvário, mas também comptempla a liberdade na qual se encontram os redimidos. [23]“. A idéia de liberdade após pagamento não deve ser deixada aqui. Aliás, tal conceito é necessário ser compreendido de maneira correta para que a Salvação oferecida por Jesus Cristo não seja mal interpretada. Lembre-se: quando Jesus disse, “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo.8.32), os que o ouviram ficaram indignados por não conhecerem sua real situação diante de Deus, por isso Jesus acrescentou: “em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo.8.34). Apenas a verdade pode libertar o homem das amarras do pecado, e Jesus Cristo é a Verdade (Jo.14.6).
Para um compreensão maisq adequada da Redenção, vamos observar os termo envonvidos com esse conceito na Literatura do Novo Testamento:
lyo:
NT: Matt. 5:19; 16:19; 18:18; 21:2; Mk. 1:7; 7:35; 11:2, 4; Lk. 3:16; 13:15f; 19:30f, 33; Jn. 1:27; 2:19; 5:18; 7:23; 10:35; 11:44; Acts 2:24; 7:33; 13:25, 43; 22:30; 27:41; 1 Co. 7:27; Eph. 2:14; 2 Pet. 3:10ff; 1 Jn. 3:8; Rev. 1:5; 5:2; 9:14f; 20:3, 7; LXX: Gen. 42:27; Exod. 3:5; Jos. 5:15; Ps. 101:21; 104:20; 145:7; Job 5:20; 39:2, 5; 42:9; Isa. 5:27; 14:17; 40:2; 58:6; Jer. 47:4; Dan. 3:92;Apócrifos: 1 Es. 1:52; 9:13, 46; Jdt. 6:14; 9:2; Tbs. 3:17; 3 Ma. 1:4; 6:27, 29; 4 ma. 3:11; 7:13; 12:8f; Sir. 28:2; Dat. 3:92; 5:12
To termo Iyo significa basicamente “soltar, desligar, livrar, libertar, anular, abolir”, e como verbo denominativo dá origem a Iysis (soltura, divórcio), katalyo (quarto de visitas), akatalytos (indestrutível), eklyo (ficar solto, ficar cansado, ficar fraco), apolyo (livrar, libertar, soltar, perdoar, deixar ir, mandar embora, demitir, divorciar). Cada um dos termos derivados de Iyo é encontrado na LXX, o que atribui grande valor etimológico-conceitual ao termo em pauta no que tange ao conceito de Redenção.
Antes de observar como esse termo foi utilizado na LXX, é válido observar seu uso anterior à tradução da Torá para o grego, ou seja, é preciso ressaltar os usos do Grego Clássico. Na Odisséia, Homero utiliza o vocábulo com sentido da salvação oferecida pelos deuses aos homens, contudo sem nenhuma ligação com o conceito de pecado, demérito, ou inabilidade do homem em alcançá-la (Od.5, 397; 13, 321). Em outros autores, o conceito mais encontrado é “soltar” ou “libertar”. Portanto, a conclusão que pode-se auferir aqui é que a Etimologia de Iyo é vista fora da literatura bíblica está em harmonia com os usos bíblicos.
Na tradução da LXX o termo é visto algumas, mas em tradução a 7 diferentes termos hebraicos carregando sempre alguma idéia de “soltar” (cf. Ex.3 5; Js.5. 15 – referente a sandálias; Dn.3.9; 5.12 – resolver dificuldades; entre várias outras ocorrências). Entretanto, um texto deve ser vislumbrado aqui: Is.40.2: “Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniquidade está perdoada e que já recebeu em dobro das mãos do SENHOR por todos os seus pesados”. Aqui vemo o uso mais claro no VT referente a redenção. A idéia de perdão do termo Iyo é percebida pela tradução de rasah (heb), que significa ser favorável, perdoar, favorecer. A LXX faz a aplicação conceito do termo no sentido de libertar ou deixar ir a culpa pela iniquidade. Ou seja, o conceito do termo carrega a idéia de iniquidade como dívida ou débito, e que para que ela seja quitada é necessário ser liberto ou perdoado, como vemos no texto acima.
Outro texto que merece nossa atenção aqui é Jó. 19.25: “Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra”[24]. A idéia primária do texto está posta sobre Deus como Vindicador, visto não apresentar claramente a idéia de libertação do Sheol, mas da ajuda durante sua vida e resgate da justiça perdida. Neste ponto é clara a utilização de Iyo para traduzir go’el, com a intenção de apresentar o Resgate efetuado por Deus. Isso efetivamente acontece conforma exposto pelo cap.41 do livro de Jó.
Em Salmos vemos um texto que deve ser também analisado aqui: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, SENHOR, rocha minha e redentor meu” (Sl.19.14). Aqui vemos a clara identificação de Deus como Redentor, ou seja, aquele que liberta. Novamente a idéia de Remidor parente está conceituada por Iyo na LXX.
No NT vemos o termo sendo aplicado em diversas ocasiões, tais como desatar a sandália (Mc.1.7; Lc.3.16; Jo.1.27; At.13.25; At.7.33 em relação a Ex.3.5), soltar o filhote da jumenta (Mt.21.2; Mc.11.2, 4-5; Lc.19.30-31, 33), soltar as cadeias de Paulo (At.22.30), desatar as ataduras de Lázaro (Jo. 1 1 .44), entre outros. Na verdade, o termo em paute é utilizado com quatro sentidos básico: (1) Libertar, Desligar, e é aplicado a Anjos (Ap.9. 14-15) e a Satanás (Ap.20.3, 7); (2) Em Lc.13 15-16 Jesus apresenta o conceito de libertar alguém de um problema espiritual (doença), que neste caso trata-se de um espírito de enfermidade. Sentido semelhante é visto em Mc.7 35; (3) Quebrar, desfazer (At.13.43), destruir (At.27.41); (4) Soltar, livrar da morte e do pecado (At.2.24; Ap.1.5) Em At.2.24 vemos que a ressurreição de Jesus rompeu os grilhões da morte, e em Ap.1.5 que o seus sangue nos libertou dos nossos pecados (cf.Ap.5.9; 7.14).
lytron:
NT: Mt. 20:28; Mc. 10:45; Lc. 24:21; Tt. 2:14; 1 Pe.1:18; LXX: Aparições como Verbo: Ex. 6:6; 13:13, 15; 15:13; 34:20; Lv. 19:20; 25:25, 30, 33, 48, 54; 27:13, 15, 19, 27, 31, 33; Nm. 18:15, 17; Dt. 7:8; 9:26; 13:6; 15:15; 21:8; 24:18; 2 Sm. 4:9; 7:23; 1 Re. 1:29; 1 Cr. 17:21; Ne. 1:10; Et. 4:17; Sl. 7:3; 24:22; 25:11; 30:6; 31:7; 33:23; 43:27; 48:8, 16; 54:19; 58:2; 68:19; 70:23; 71:14; 73:2; 76:16; 77:42; 102:4; 105:10; 106:2; 118:134, 154; 129:8; 135:24; 143:10; Pv. 23:11; Os. 7:13; 13:14; Mq. 4:10; 6:4; Sf. 3:15; Zc. 10:8; Is. 35:9; 41:14; 43:1, 14; 44:22ss; 51:11; 52:3; 62:12; 63:9; Jr. 15:21; 27:34; 38:11; Lm. 3:58; 5:8; Dn. 3:88; 4:27; 6:28; Apraições como substantivo: Ex. 21:30; 30:12; Lv. 19:20; 25:24, 26, 51; 27:31; Nm. 3:12, 46, 48, 51; 18:15; 35:31s; Pv. 6:35; 13:8; Is. 45:13; Apócrifos: 1 Macabeus. 4:11; As Odes de Salomão 1:13; Siraque. 48:20; 49:10; 50:24; 51:2; Salmos de Salomão 8:11, 30; 9:1; Adições a História de Daniel. 4:27
O termo tem grande significação na sua conceituação por sua imensa aparição na Versão Grega do Antigo Testamento, a Septuaginta (LXX). De fato, no Novo Testamento não faz mais que 5 manifestações sobre o termo[25], tanto na forma substantiva como verbal. A grande maioria das aparições de “lutron” são efetuadas na LXX, conforme podemos constatar acima. Nos livros apócrifos, que fazem parte da LXX, podemos notar o uso na forma verbal, o que evidencia que tipo de significado o termo carregava na época do seu uso. Um detalhe interessante é que apenas três vezes aparece no singular (Lv.27.31; Pv.6.35; 13.8), o resto está sempre no plural. Segundo o DITNT o sufixo tron traz a idéia de “instrumento ou meio mediante o qual se leva a efeito a ação do verbo, isto é, por meio da soltura, ou o pagamento[26].
Na Literatura Grega fora do NT, chamado Grego Clássico, encontramos comum uso de lytron em Platão, Xenofontes, Pindar e outros, com o sentido de “liberar alguém da miséria e da penalidade dos seus erros[27]“. Segundo Brown, o termo em pauta é utilizado fora da literatura bíblica desde o século V, as sua variante antilytron é apenas pós-bíblico. Os termos lytrosis e apolytrosis são raros e achados pela primeira vez no século primeiro. Contudo, a idéia de lytotes, redentor, não é encontrado fora da literatura bíblica. Portanto, notamos o valor do termo dentro da perspectiva teológica dos escritores neotestamentários e dos tradutores da LXX. Por certo tal termo tem significado importantíssimo para o conceito de redenção dentro da expectativa messiânica.
Na LXX[28] lytron traduz o termo hebraico kopper (cobir) em Ex.21.30; 30.12; Nm.31, 32; Pv.6.35; 13.8, com o sentido de oferta em troca por uma vida que está condenada ou está sujeita a castido divino. Traduz também alguns termos variantes de padâ (resgatar, redimir) como podemos observar em Nm.3.46-51. Em Lv.19.20 e Nm.18.35, onde vemos claramente o sentido da ação da redenção, bem como seu preço que deve ser pago aos primogênitos dos homens e dos animais que pertencem a Deus (sacrifício de um animal: Ex.13.13, 15; 34.20; pagamento em dinheiro: Ex.30. 13-16; Nm.18.15-16). Também traduz ga’al no caso do parente que tinha o direito e a obrigação de agir como redentor-parente (Lv.25.24, 26, 51-52). O sentido mais comum do termo pode ser percebido em Jr 32.7: “Eis que Hananel, filho de teu tio Salum, virá a ti, dizendo: Compra o meu campo que está em Anatote, pois a ti, a quem pertence o direito de resgate, compete comprá-lo” A princípio, o termo não tem aplicação religiosa, mas legal e civil.
No NT as declarações são mais claras e diretas, observe: “tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos[29]” (Mt.20.28; Mc.10.45; cf 1Tm.2.6[30]). A declaração de Jesus é feita em um contexto de liderança, quando Jesus apresenta o conceito de que veio para servir (cf. Lc.22.27). Aliás o foco é o serviço, mas Ele complemento com a expressão “dar sua vida em resgate de muitos”. Ao que tudo indica, parte de serviço de Cristo foi oferecer-se a Deus como pagamento efetivo da divida do homem perante Deus.
Neste texto vemos que o papel de Cristo em grego é desempenhado pelo vocábulo lytron, que seria um correspondente direto do grupo hebraico kipper. Assim concluímos que a morte de Cristo como resgate tem um aspecto propiciatório, bem como libertador. “Os muitos são livrados não somente da culpa, como também, ao mesmo tempo, das suas conseqüências, a morte e o julgamentos[31]“. Tal aspecto libertador acha paralelo na ocasião da Páscoa, em que o Povo de Deus foi liberto pelo sacrifício de um Cordeiro sem mácula. Assim, a conclusão levantada na Páscoa sobre o sacrifício ser anterior a liberdade, acha aqui seu ápice.
A pergunta feita por Cristo em Mc.8.37 (“Que daria um homem em troca de sua alma?”)parece ser satisfatoriamente respondida em Mc.10.45. Alias, é um contraste marcante com o texto apócrifo de Enoque 98.10: “E agora, sabei que fostes preparados para o dia da destruiição: portanto, ó pecadores, não tende esperança de viverdes, pois partireis e morrereis; pois não conheceis resgate algum; pois fostes preparados para o dia do grande julgamento, para a grande tribulação e grande vergonha para os vossos espíritos”.
A expectativa judaica para os pecadores, tal como ressaltado pelo texto de Enoque, é que sem resgate eles não tem outra alternativa. Por certo o argumento do texto apócrifo não expressa o reconhecimento de um Messias que redimiria o homem do seu débito com Deus, do seu pecado. É muito mais provável que esperassem no Messias um libertador, tal como Moiséis o fora. Observe que Estevão em seu discurso perante as autoridades judaicas apresenta a Moiséis como “chefe e libertador”(At.7.35). O termo que define Moisés como “libertador” é lytrotes, uma variante de lytron utilizada uma única vez em todo NT. Essa expectativa é vista em Simão, que segundo Lucas nos informa “esperava a consolação de Israel” (Lc.2.25) que em outras palavras significa esperava o Messias. A ele havia sido profetizado que morreria sem antes ter visto o Messias, e ao pegá-lo no colo, com oito dias de vida, ele declarou: “Agora Senhor, despede em paz o teu servo, segundo a tua palavra; por que meus olhos já viram a tua salvação[32]“(Lc.2.29-30). Fato semelhante acontece com Ana, uma profetiza vivua a oitenta e quatro anos que “falava a respeito do menino a todos que esperavam a redenção de Israel”(Lc.2.38). Há clara conexão entre as duas idéias aqui: Salvação e Redenção. O termo para salvação ainda será estudado (sotérios), mas redenção é exatamente lytrosis, outra variante de lytron. Ou seja, a expectativa judaica do Messias é que Ele seria o libertador, aquele que liberta (no sentido clássico de salvador), ou aquele que redimi seu povo. isso acompanhou o ministério terreno de Cristo, pois até mesmo após a sua morte tal expectativa ainda é encontrada. Isto é visto com os discípulos de Emaús, que em conversa com o próprio Cristo não o reconheceram e disseram: “O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo, e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam” (Lc.24.19-21). A idéia do texto é que o Messias fosse aquele que libertaria Israel. O termo utilizado para “redimir” é a forma verbal de lytron, lytroö. Portanto conclue-se que a Liberdade oferecida por Cristo está além das expectativas dos primários discípulos (At. 1 6) e de todo Israel, como vimos nos textos mencionados.
Assim, Cristo é aquele que resgata o homem perdido (Mt 20 28; cf. Lc. 19. 10), por meio de sua Morte em favor deles, obtendo assim nossa “eterna redenção” (Hb.9.12). A colocação de “eterna” junto a “lytrosis” atribui infalibilidade e infinitude a esse resgate. Dessa forma conclui-se que aquele que é resgatado por Cristo, para Eternidade é resgatado.
Entrementes, ainda temos que observar dois textos que são importantíssimos para a conceituação de lytron da perspectiva da conduta cristã. 1 Pe. 1 .18 diz: “sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” Pedro tem a clara visão de que o sangue de Cristo é o preço oferecido pela liberdade desfrutada pelos cristãos. Mas, segundo a perspectiva de Pedro, tal resgate diz respeito ao fútil procedimento do homem. Assim, Cristo se propõe não apenas a conceder a Redenção eterna para eternidade, mas para a presente vida do cristão, a ponto de que ele não precisa mais viver;como antes, pois foi resgatado de lá. Sentido semelhante é demonstrado por Paulo em Tt.2. 14: “o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras”. Portanto, conclui-se que Cristo não apenas efetuou pleno resgate no que diz respeito à nossa culpa perante Deus, mas Ele mesmo nos libertou do pecado e da Iniquidade, afim de nos purificar a ponto de sermos feitos um povo exclusivo Seu.
Com apolytrosis, podemos ver mais algumas colocações importantes para o conceito de redenção. Em Hb.9.12 vemos o conceito do sangue de Cristo como pagamento para redenção eterna. Em Ef 1.7 a idéia de Resgate, Libertação, Redenção é colocada lado a lado com a idéia de Remissão: “no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” O Conceito de “no qual” é visto no verso anterior como “o Amado”, que é uma referência direta a Cristo. Assim, em Cristo temos a redenção, ou melhor, por meio do seu sangue temos a remissão dos pecados. Nesse texto temos a clara visão do pagamento efetivo da nossa divida a ponto de que nossos pecados são apagados, ou cancelados (cf. Rm.3.24; Cl.1.14; Hb.9.15).
Mas, ainda podemos encontrar um outro uso do termo apolytrosis, que é apenas visto em dois texto no NT. Em Rm.8.23 e Ef 1.14. Oserve: “E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso intimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo” (Rm 8 23). O uso aqui dessa variante de lytron é claramente escatológica. Paulo em seu argumento no capítulo oito de Romanos deixa evidente sua expectativa sobre o futuro. Segundo Champlin, a redenção do corpo da perspectiva de Paulo, exige necessariamente a idéia, ainda que ausente neste trecho, a redenção, que é o cumprimento da adoção “Assim, pois, sob o titulo de ‘redenção do corpo: Paulo aponta, mais uma vez, para aquele exaltadíssimo conceito da glorificação em Cristo[33]“. Em contraste com as filosofias e ideologias não cristãs, que pregam a imortalidade da alma, até mesmo como o judaísmo pregou, o cristianismo apresenta com conceito além: A redenção do Corpo, ou, a Glorificação. Essa expectativa pode ser norteada pela experiência do próprio Senhor. Semelhantemente, Ef. 1 .14 nos diz: “qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (cf. Ef.4.30). O selo do ES no cristão é a garantia do resgate da propriedade de Deus. Ou seja, o cristão como propriedade particular de Deus, será aproximado junto a Ele no futuro, sendo que isso é garantido pelo selo do ES. Portanto, em linguagem claramente judaica, Paulo nos informa sobre o valor futuro da Redenção.
Em Sentido e Linguagem similar Lucas apresenta um discurso apocalíptico de Jesus, onde ele apresenta o conceito futuro da redenção: “exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima”. A idéia da proximidade da Redenção é introduzida pela expressão: “Então virá o Filho do Homem” em uma auto-referência. Assim, o estágio final dessa redenção levado a efeito em um futuro próximo, tal é nossa esperança e expectativa.
rýomai:
NT: Mt. 6:13; 27:43; Lc. 1:74; Rm. 7:24; 11:26; 15:31; 2 Co. 1:10; Cl. 1:13; 1Ts. 1:10; 2Ts. 3:2; 2Tm. 3:11; 4:17f; 2 Pt. 2:7, 9; LXX:Gn. 48:16; Ex. 2:17, 19; 5:23; 6:6; 12:27; 14:30; Js. 22:22, 31; Jz. 6:9; 8:34; 9:17; 11:26; 18:28; 2Sm. 12:7; 14:16; 19:10; 22:18, 44, 49; 2Re. 18:32f; 19:11; 23:18; Ed. 8:31; Ne. 9:28; Es. 4:8, 17; 10:3; Sl. 6:5; 7:2; 16:13; 17:1, 18, 20, 30, 44, 49; 21:5, 9, 21; 24:20; 30:2, 16; 32:19; 33:5, 8, 18, 20; 34:10; 36:40; 38:9; 39:14; 40:2; 42:1; 49:22; 50:16; 53:9; 55:14; 56:5; 58:3; 59:7; 68:15, 19; 70:2, 4, 11; 71:12; 78:9; 80:8; 81:4; 85:13; 88:49; 90:3, 14; 96:10; 105:43; 106:6, 20; 107:7; 108:22; 114:4; 118:170; 119:2; 123:7; 139:2; 141:7; 143:7, 11; Prov. 2:12; 6:31; 10:2; 11:6; 12:6; 13:17; 14:25; 22:23; 23:14; 24:11; Jo 5:20; 6:23; 22:30; 33:17, 30; Os. 13:14; Me. 4:10; 5:5; is. 1:17; 5:29; 25:4; 36:14f, 18; 37:12; 44:6; 47:4; 48:17, 20; 49:7, 25; 50:2; 51:10; 52:9; 54:5, 8; 59:20; 63:5, 16; Ez. 3:19, 21; 13:21, 23; 14:18, 20; 37:23; Dan. 3:88; 8:4, 7, 11;Apócrifos: Apócrifo de Julzes 8:34; 11:26; 1 Esdras. 8:60; Judite. 6:2; Tobias. 4:10; 12:9; 14:11; Tobias. 12:9; 1 Macabeus. 2:60; 5:17; 12:15; 16:2; 2 Macabeus. 8:14; 3 Macabeus. 2:12, 32; 5:8; 6:6, 10, 39; Odes 9:74; Sabedoria de Salomão. 2:18; 10:6, 9, 13, 15; 16:8; 19:9; Sir. 29:16; 40:24; Salmos de Salomão. 4:23; 12:1; 13:4; 17:45; Epistola de Jeremias. 1:35, 53; Adições a história de Daniel. 3:17, 88, 96; 6:28; 8:11; 11:45;
O verbete ryomai é um verbo defectivo médio, por isso a terminação mai, e apesar de sua grande aparição nos escritos bíblicos, especialmente na LXX, o termo ryomai não tem termos cognatos. O termo significa basicamente “socorrer”, “livrar”, “preservar”, “salvar”. Nesse sentido é um sinônimo de sozo, termo não estudo que significa basicamente “salvar” e dá origem aos termos soteria (Salvação) e soter (Salvador).
No Grego Clássico aparece apenas a partir de Homero com sentido básico de “livramento” ou Preservação”, executado normalmente pelos deuses. Na oração de Ajax ao “Pai Zeus”, ele pede que os livre dos acáios da noite escura (Ilíada, 17,645). Semelhante colocação foi feita por Aquiles a Enéias: “Somente Zeus e os demais deuses te salvaram’ (Ilíada, 20,194). Tal livremente não era efetuado apenas em situações de guerra, mas a qualquer perigo ou aflição, bem como a proteção de bens (Ilíada. 15., 257,290; Heródoto 1, 87 [livrar do mal]; 5,49; 9,76, 184; 6, 7; 7, 217). Fato interessante é que da perspectiva do pensamento politeomítico, alguns casos não poderiam ser salvos ou libertos (Ilíada, 15.141; Odisséia 12,107). Em outra forma encontrada na literatura grega secular, pode ser aplicada à ação humana, principalmente às autoridades. Os príncipes libertavam cidades e países (Ilíada 9, 396), mulheres e crianças (Ilíada 17,224), os póscritos (Sóf. OC 285). Também é aplicado a objetos inanimados, tais como muro, capacete, armadura.
Na LXX o termo em pauta traduz nasal no sentido de “libertar”, “livrar, e “salvar-se” (cerca de 90x). De forma interessante, também traduz ga’al em passagens de Isaías, e em especial o texto de Gn,48.16, com a idéia de redimir, comprar de volta, libertar. A correlação entre esses vocábulos nos levam a crer que a gama original de significados aplicados a ryomai é de fundamental importância para a Teologia da Redenção, emoldurar pelo estudo etimológico. Segundo o DITNT, W. Kash percebeu que o uso que a LXX faz do termo pode ser equiparado ao uso do Grego Clássico, principalmente no que refere-se a YHWH como libertador. Por outro lado, é impossível deixar de reconhecer o lada plenamente particular em que a LXX aplica o termo para conceitos explicitamente hebraicos. Assim, temos dois grandes grupos de uso de ryomai.
Em Salmos a ação de YHWH como libertador do aflito é facilmente observável. Os salmistas cantam sobre o livramento dos perseguidores (Sl.7.1), de vizinhos ímpios (Sl.33.4), de homens falsos e maldosos (Sl.42.1), da morte e da fome (Sl32. 19; 55. 13). do Sheol (Sl.85. 13) entre várias outras colocações. Contudo, um outro uso que deve ser observado é que em alguns momentos em especial o termo é aplicado a grandes atos salvíficos de Deus, tal como o Êxodo (Ex.6.6 14.30) e a povoação de Canaã (Jz.ó.9; 8.34) entre outros exemplos (2Re.18.32; Is.36.15; Mq.4.10 5.5; 2Sm.12.7; 22.18- 3Ma.ó.10). Neste ponto o uso equipara-se ao uso do grego clássico, o que ressalta o bom uso feito do termo dentro do seu campo semântico ma LXX.
Como vimos, além de plausível tal tradução em conformidade com o sentido exposto pelo grego clássico, temos que ressaltar o sentido mais judaico aplicado ao termo na tradução da LXX. O que significa retirar o sentido mais antropocêntrico do conceito secular para abordar um sentido mais teocêntrico, como expressa todo o VT ao referir-se à Obra de Deus. W. Kash observa que a libertação não é determinada pelo acaso, ou pelas leis vigoradas pelos deuses ou homens, mas “mediante a palavra criadora e sustentadora de Javé, para Quem a salvação do povo e do individuo faz parte da Sua ação criadora da história da salvação começada por Ele[34]“.
Nesse aspecto um texto merece nossa atenção: Acaso, os deuses das nações puderam livrar, cada um a sua terra, das mãos do rei da Assíria?” (2Re.18.33). A declaração feita por Rabsaqué em afronta a YHWH é a clara demonstração da perspectiva antropocêntrica do povo assírio. Ele equipara YHWH com outros deuses de outros povos, mostrando a supremacia da Assíria (v.34; cf. 19.11-13). Certamente era verdadeira a afirmação de que a Assíria tinha subjugado outras nações, mas um fato estava equivocado na perspectiva dos assírios: YHWH não é como os deuses dos outros povos, feitos por mão humanas, Ele é O SENHOR. Observe a oração de Ezequias: “Ó SENHOR, Deus de Israel, que estás entronizado acima dos querubins, tu somente és o Deus de todos os reinas da terra; tu fizeste os céus e a terra” (19.15). A realidade de YHWH como Soberano Deus está além da compreensão ordinária dos gentios, por isso não podem entender Seu Caráter “Libertador”: Agora, pois, Ó SENHOR, nosso Deus, livra-nos das suas mãos, para que todos os reinas da terra saibam que só tu és o SENHOR Deus” (v.19). A verdade sobre YHWH é exposta por Isaías da seguinte maneira: Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó SENHOR, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade” (Is.63.16). Deus é o Libertador, o Redentor, Resgatador (cf.4:ó; 47:4; 48:17, 20; 49:7, 25; 50:2; 51:10; 52:9; 54:5, 8; 59:20; 63:5).
Em alguns textos vemos que a ação redentora de Deus é aplicada àquele que crêem positivamente na capacidade de YHWH de salvar. Observe Sl.21.4: Nossos pais confiaram em ti; confiaram, e os livraste”; Confiou no SENHOR! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer” (v.8; cf. Sl.32.18-19; 33.7). YHWH é o que providência a salvação, a libertação do seu povo, e Ele ouve o clamor do justo e o livra de suas aflições (Sl.34.17); Ele livra os que o temem e confiam em sua misericórdia (Sl.33.18-19; Ez.14.20).
Portanto, diante das evidências acima lançadas, podemos notar que a consideração teocêntrica do judaísmo atribuiu uma nova perspectiva ao campo semântico do termo ryomai a ponto de ser aplicado condicionalmente ao homem, ao mesmo tempo que representa a ação do Soberano Senhor, que é poderoso para livrar seu povo (Dn.3.96 LXX- 3.29).
O termo ryomai aparece 15x em todo o NT, sendo que 7x refere-se a citações do VT, mas ele todos os casos Deus é o Libertador. Algumas vezes o termo é utilizado em situações de escárnio, tal como na crucifixão de Cristo, pois os zombadores entendiam os sofrimentos de Jesus e o não salvamento de Deus como prova absoluta da sua falsidade. Observe: Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus” (Mt.27.43; cf. Sl.21.9). De fato, Deus não o livrou da morte, como esperavam seus zombadores, mas de modo especial o livrou na ressurreição.
Um fato interessante é que o uso neotestamentário do termo em pauta não traz a idéia de Salvação, tal como entendida pelo conceito cristão. O termo que desempenha esse papel é “sozo”. ryomai ocupa-se com a verdade da libertação oferecida por Deus ao Seu povo. Observe a declaração de Jesus, na famosa oração do Pai nosso: te não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre” (Mt.6. 13). Nesse sentido apresentado pro Cristo, é impossível que seja aplicado a incrédulos. O que é apresentado é a idéia da ação continua de Deus em livrar os eleitos do mal moral. Ao homem não foi dada a plena capacidade, em sua própria condição natural, para resistir ou escapar do mal que o assedia. Dessa forma, em sua oração deve reconhecer sua insuficiência diante da tentação e pedir que Ele nos livre do mal. Nesse mesmo sentido, a obra de Deus em livrar é apresentada por Paulo aos corintos da seguinte forma: “Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos, o qual nos livrou e livrará de tão grande morte; em quem temos esperado que ainda continuará a livrar-nos”.
Uma única vez o termo faz referência a Obra de Deus na Salvação, conforme apresentada por Paulo em sua Epístola aos Colossensses: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl.1.13). De qualquer forma, a ênfase é sobre a libertação moral do homem, por que “Império das Trevas” ilustra a situação de pecado que o homem vivia antes da libertação efetuada por Deus, por meio de Jesus Cristo. Contudo, podemos nos lembrar de Rm.11.26 e 1Ts.1.10 como textos que expressão a expectativa escatológica do cristão.
agorázo:
NT: Mt.13:44, 46; 14:15; 21:12; 25:9f; 27:7; Mc. 6:36f; 11:15; 15:46; 16:1; Lc. 9:13; 14:18f; 17:28; 22:36; Jo. 4:8; 6:5; 13:29; 1Co. 6:20; 7:23, 30; 2Pt. 2:1; Ap. 3:18; ~:9; 13:17; 14:3f; 18:11; LXX: Gn. 41:57; 42:5, 7; 43:4, 22; 44:25; 47:14; Dt. 2:6; 1Cr. 21:24; 2Cr. 1:16; 34:11; Ne. 10:32; is. 24:2; 55:1; Je. 44:12; Apócrifos: Tobias. 1:13f; 1 Macabeus. 12:36; 13:49; Siraque. 20:12; 37:11; Baruque. 1:10; Eplstola de Jeremias.1 :24;
O termo agorazo tem significação estrita, sendo normalmente encontrado com o sentido de compra. José foi comprado (Gn.41.57), os filhos de Israel foram para o egito comprar mantimentos (Gn.42.5, 7; 43.4; 43.42). Normalmente essa é a idéia exposta pelo termo, conforme expresso na LXX (cf. Gn. 41 :57; 42:5, 7; 43:4, 22; 44:25; 47:14; Dt. 2:6; 1Cr. 21:24; 2Cr. 1:16; 34:11; Ne. 10:32; Is. 24:2; 55:1; Je. 44:12).
No NT esse uso parece majoritário (cf. Mt. 13:44, 46; 14:15; 21:12; 25:9f; 27:7; Mc. 6:36f; 11:15; 15:46; 16:1; Lc. 9:13; 14:18f; 17:28; 22:36; Jo. 4:8; 6:5; 13:29; Ap. 3:18). Entretanto, alguns texto merecem nossa atenção: “Por preço fostes comprados; não vos torneis escravos de homens” (1Co 7.23; cf. 6.20). A idéia é que estávamos vendidos a escravidão, mas Deus nos comprou para si. A idéia presente neste texto aponta para uma compra de alto valor. Assim, podemos concluir que essa compra implicou no pagamento de um preço alto (2Pe.2 1), que é o sangue do próprio Messias (Ap.5.9, 10) e deságua diretamente no serviço daquele que foi comprado em benefício do comprador (1 Co.6. 19, 20; 7.22, 23). Neste ponto ainda, é importante ressaltar um uso distinto do vocábulo em questão. Por vezes, encontra-se tal vocábulo precedido pela preposição “ex”, formando o vocábulo “exagorazo”. Em Gl 3.13 nota-se claramente a idéia de resgatar. Ou seja, o termo preposicionado por “ex” traz um sentido de ser comprado para nunca mais retornar à condição anterior a compra (Gl.3.13).
CONCLUSÃO
Diante das informações coletadas no estudo léxico dos termos envolvidos na conceituação de redenção, podemos concluir que:
(1) A doutrina da redenção mostrada pelo NT é um cumprimento completo da verdade mostrada em sombras no AT.
(2) Há um sentido em que o preço é pago, mas o escravo não é necessariamente liberto (que é o estado de todos por quem Cristo morreu que ainda não são salvos) e que, por uma realização mais profunda e abundante da redenção, o escravo pode ser solto e liberto (que é o estado de todos que são salvos).
(3) A relação dos não salvos com a verdade de que, pela sua morte, Cristo pagou o preço do resgate, é crer no que está declarado como verdadeiro.
(4) A relação dos salvos com a verdade de que, por sua morte, Cristo liberta, é reconhecer essa liberdade maravilhosa e, então, pela rendição de si mesmo, tornarem-se escravos voluntários do redentor, enquanto abandonam sua velha vida de pecado.
Em resumo, redenção refere-se ao ato da compra de algo que fora seu, readquirir algo que foi retirado temporariamente de seu poder. Pode ser empregado também como Liberdade, libertar, livrar, no sentido de redimir alguém que corria grave perigo. De certo, quanto a ação é aplicada a Deus, temos que admitir que trata-se de uma compra de algo que já for a completamente seu, o homem, pois sabemos que o homem é um pecador vendido e condenado. O texto de Isaías 52.3 nos diz: “Por nada fostes vendidos, e sem dinheiro sereis resgatados”. “Não é possível para qualquer homem, por seus próprios meios, redimir-se das tristes condições em que se encontra devido ao pecado; eis por que necessitamos de um parente remidor que seja mais que homem, que seja ao mesmo tempo divino e humanos[35]” (pp.14). Assim, podemos definir OBRA REDENTORA nas seguintes palavras:
Obra Redentora é um Plano estabelecido e executado historicamente por Deus em benefício do homem cujo ápice é Cristo e sua Aplicação é Eterna
Charles Hodge é que faz a seguinte observação: “As Escrituras falam de uma Economia de Redenção[36]“. A palavra Economia, utilizada em referência a Redenção, deriva da palavra grega “oikonomia” que significa administração, mordomia. A identificação dos dois conceitos nos leva a conclusão de que Deus administra historicamente a Redenção dos homens. Por esta razão é correto afirmar que existe um Plano da Salvação que deve ser anunciado. Doutra sorte, deve-se reconhecer que Deus é o Autor e Executor deste Plano. A redenção é iniciada e perfeita por Ele, pois a Ele pertence o poder para tal tarefa. Logo, Deus estabeleceu um Plano para a salvação do homem dentro da história do homem e vai levá-lo a cabo (Jo.42.2).
É das palavras de Jonas que devemos ter em mente ao levantarmos essa assunto: “Ao Senhor pertença a Salvação”. O termo salvação visto na oração feita por Jonas é yasha (heb) que tem sotérios (grego) que traz a clara idéia de libertação. A situação em que Jonas se encontrava não tinha o que podia fazer, senão reconhecer que a Salvação pertence ao senhor. Assim Ele não simplesmente inicia e termina como mantém.
Em todas as Obras de Deus nós podemos notar um plano pré-estabelecido, o que não poderia ser diferente para Obra Redentora. Ou seja, não se deve presumir que, no que diz respeito ao destino do homem tudo seja deixado ao acaso. E sobre isso a Escritura é clara, pois afirma que Deus não somente vê o fim desde o principio, mas que ele opera todas as coisas segundo o conselho de sua vontade, ou com base nesse propósito (Ef.1.11). Assim, se o que acima foi dito é verdade é possível encontrar na história marcas desse plano e evidências reais que apontam para a consumação de um plano iniciado e perfeito por Deus. Dessa forma, vamos buscar essas evidências na história.
“Há luz suficiente para quem quer ver, e trevas suficientes para quem não quer ver[37]“
Dentro da progressão histórica do significado da salvação e da consecução da soberania de Deus em relação ao seu plano preestabelecido para salvação, o ponto mais alto, mais sublime e necessário é a Obra de Cristo. Por alguns teólogos a Obra de Cristo é considerada como um acidente na história, como se Deus fosse pego de surpresa por esse evento. Contudo, a história demonstra a progressão desse significado, de modo que, fica evidente que a Obra de Cristo a nosso favor é parte integral do Plano de Deus para a Salvação daqueles que fazem parte da Soberana e Amorosa Eleição Incondicional.
“Se ignorarmos o grande fim a que se dirige o plano da redenção, ou as relações das diferentes partes do plano, ou tivermos uma falsa concepção do fim e daquela relação, todas as nossas idéias serão confusas e errôneas. Seremos incapazes ou de exibi-lo a outros ou de aplicá-lo a nós mesmos[38]“.
A GRAÇA ESTÁ SUJEITA A DECADÊNCIAS
“Apo 2:25 – tão-somente conservai o que tendes, até que eu venha.”
“Apo 3:11 – Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.”
“Gál 5:4 – De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes.”
Estas passagens bíblicas, entre outras de igual teor, apontam para o fato de que a graça está sujeita a decadências.
Se não nos exercitarmos espiritualmente todos os dias, e se nos tornamos negligentes no uso dos meios destinados a fortalecer a graça (oração, vigilância, meditação e prática da Palavra, comunhão dos santos etc), podemos ter como certo de que seremos achados enfraquecidos na fé, sofremos perdas em nossa santificação e comunhão com Deus.
Daí a advertência apostólica:
“Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” (I Cor 10.12)
Ele diz: o “que pensa”, porque é possível pensarmos que estamos fortificados na graça do Senhor, quando na verdade podemos estar enfraquecidos.
Todavia, caso estejamos fortificados nesta graça em que estamos firmes por causa da obra de Jesus em nosso favor, é importante prestarmos a devida consideração à referida advertência, porque é possível a qualquer santo que venha a ficar enfraquecido na graça, por falta de diligência espiritual, e cair da comunhão com o Senhor, ainda que não para uma queda final, que signifique a perda da sua salvação.
A coroa que podemos perder citada por nosso Senhor em Apo 3.11 refere-se ao galardão futuro, e para que tal não suceda devemos guardá-la por não permitir que o fascínio do mundo, as tentações de Satanás, um viver segundo a carne, a furtem de nós.
Decadências na graça são comuns na vida da maioria dos crentes, em uns são mais graves e constantes do que em outros, todavia, importa que sempre nos levantemos no caminho estreito em que nos encontramos pela fé, toda vez que nele cairmos, de modo que retomemos a nossa caminhada e nos fortifiquemos na graça que está em Jesus Cristo, de modo a permanecermos e perseverarmos na nossa jornada neste caminho estreito que nos conduz a uma mais íntima comunhão e conhecimento do Senhor, e por fim ao céu.
“Apo 3:11 – Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.”
“Gál 5:4 – De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes.”
Estas passagens bíblicas, entre outras de igual teor, apontam para o fato de que a graça está sujeita a decadências.
Se não nos exercitarmos espiritualmente todos os dias, e se nos tornamos negligentes no uso dos meios destinados a fortalecer a graça (oração, vigilância, meditação e prática da Palavra, comunhão dos santos etc), podemos ter como certo de que seremos achados enfraquecidos na fé, sofremos perdas em nossa santificação e comunhão com Deus.
Daí a advertência apostólica:
“Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” (I Cor 10.12)
Ele diz: o “que pensa”, porque é possível pensarmos que estamos fortificados na graça do Senhor, quando na verdade podemos estar enfraquecidos.
Todavia, caso estejamos fortificados nesta graça em que estamos firmes por causa da obra de Jesus em nosso favor, é importante prestarmos a devida consideração à referida advertência, porque é possível a qualquer santo que venha a ficar enfraquecido na graça, por falta de diligência espiritual, e cair da comunhão com o Senhor, ainda que não para uma queda final, que signifique a perda da sua salvação.
A coroa que podemos perder citada por nosso Senhor em Apo 3.11 refere-se ao galardão futuro, e para que tal não suceda devemos guardá-la por não permitir que o fascínio do mundo, as tentações de Satanás, um viver segundo a carne, a furtem de nós.
Decadências na graça são comuns na vida da maioria dos crentes, em uns são mais graves e constantes do que em outros, todavia, importa que sempre nos levantemos no caminho estreito em que nos encontramos pela fé, toda vez que nele cairmos, de modo que retomemos a nossa caminhada e nos fortifiquemos na graça que está em Jesus Cristo, de modo a permanecermos e perseverarmos na nossa jornada neste caminho estreito que nos conduz a uma mais íntima comunhão e conhecimento do Senhor, e por fim ao céu.
Devocional Diário - Paulo Junior
NÃO HÁ MAIS TEMPO A PERDER!
“Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, Olhando para Jesus, autor e consumador da fé.” (Hebreus 12.1-2)
Caro irmão em Cristo, os sinais à nossa volta são escandalosos e incontestáveis. Tudo converge para o fim; para a gloriosa volta de Jesus, a redenção do corpo humano e da completude da Terra. A contagem regressiva começou e não tem mais volta. Chega de perder tempo! Chega de dar voltas em círculos, investir seu tempo e recursos em coisas vãs. Deixe os embaraços que tanto atrasam o avanço do Reino de Deus e que tanto perturbam a igreja de Cristo. Desista desses malditos pecados. Pecados esses, que alguns crentes parecem tê-los como de estimação.
É tempo da maturidade cristã se manifestar. As “picuinhas” devem ser deixadas de lado. Os caprichos egoístas, os debates tolos, estúpidos e sem propósito devem acabar! Cumpra seu chamado agora! Corra essa belíssima carreira, a qual Cristo, seu capitão, te comissionou. Contemple a grande nuvem de testemunhas a te rodear. São os santos do Antigo e do Novo Testamento; os profetas, os reis, os sacerdotes! São os santos mártires, os apóstolos e tantos outros nesses mais de dois mil anos de história da Igreja.
Eles já se foram, contudo deixaram o bastão com você. Eles se encontram sentados “nas arquibancadas”, observando você correr a corrida da fé. Imite-os! Tome eles como exemplo e honre o brasão que você carrega em seu peito; o selo que em ti foi posto. Quando fadigar-se, tropeçar e pensar em desistir, olhe para o alto, para o Autor da Fé, Jesus Cristo. Assim recupere o fôlego e os ânimos, e então corra! Avante atleta de Cristo. O tempo está cumprido, o Reino está próximo. Não há mais tempo a perder!
Paulo Junior
“Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, Olhando para Jesus, autor e consumador da fé.” (Hebreus 12.1-2)
Caro irmão em Cristo, os sinais à nossa volta são escandalosos e incontestáveis. Tudo converge para o fim; para a gloriosa volta de Jesus, a redenção do corpo humano e da completude da Terra. A contagem regressiva começou e não tem mais volta. Chega de perder tempo! Chega de dar voltas em círculos, investir seu tempo e recursos em coisas vãs. Deixe os embaraços que tanto atrasam o avanço do Reino de Deus e que tanto perturbam a igreja de Cristo. Desista desses malditos pecados. Pecados esses, que alguns crentes parecem tê-los como de estimação.
É tempo da maturidade cristã se manifestar. As “picuinhas” devem ser deixadas de lado. Os caprichos egoístas, os debates tolos, estúpidos e sem propósito devem acabar! Cumpra seu chamado agora! Corra essa belíssima carreira, a qual Cristo, seu capitão, te comissionou. Contemple a grande nuvem de testemunhas a te rodear. São os santos do Antigo e do Novo Testamento; os profetas, os reis, os sacerdotes! São os santos mártires, os apóstolos e tantos outros nesses mais de dois mil anos de história da Igreja.
Eles já se foram, contudo deixaram o bastão com você. Eles se encontram sentados “nas arquibancadas”, observando você correr a corrida da fé. Imite-os! Tome eles como exemplo e honre o brasão que você carrega em seu peito; o selo que em ti foi posto. Quando fadigar-se, tropeçar e pensar em desistir, olhe para o alto, para o Autor da Fé, Jesus Cristo. Assim recupere o fôlego e os ânimos, e então corra! Avante atleta de Cristo. O tempo está cumprido, o Reino está próximo. Não há mais tempo a perder!
Paulo Junior
Devocional Alegria Inabalável - John Piper
PREPARE O CAMINHO
Versículo do dia: E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado. (Lucas 1.16-17)
O que João Batista fez por Israel, o Advento pode fazer por nós. Não deixe que o Natal o encontre despreparado. Digo, espiritualmente despreparado. A alegria e o impacto do Natal serão muito maiores se você estiver pronto!
Para que você se prepare…
Primeiramente, medite sobre o fato de que precisamos de um Salvador. O Natal é uma acusação antes de se tornar uma alegria. Ele não cumprirá o seu propósito até que sintamos desesperadamente a necessidade de um Salvador. Que essas breves meditações sobre o Advento ajudem a despertar em você um senso amargo e doce de necessidade do Salvador.
Em segundo lugar, faça um autoexame sério. O Advento é para o Natal o que a Quaresma é para a Páscoa. “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Salmo 139.23-24). Que todo coração prepare pousada para Cristo… pela limpeza da casa.
Em terceiro lugar, desenvolva uma antecipação, expectativa e entusiasmo centrados em Deus em sua casa — especialmente para as crianças. Se você estiver exultante por Cristo, elas também estarão. Se você só consegue tornar o Natal emocionante pelas coisas materiais, como as crianças terão sede de Deus? Dobre os esforços da sua imaginação para tornar visível para as crianças a maravilha da chegada do Rei.
Em quarto lugar, tenha muito contato com as Escrituras e memorize as grandes passagens! “Não é a minha palavra fogo, diz o SENHOR?” (Jeremias 23.29)! Esteja ao redor do fogo nessa época do Advento. É aconchegante. É brilhante em cores da graça. É cura para mil dores. É luz para as noites escuras.
Versículo do dia: E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado. (Lucas 1.16-17)
O que João Batista fez por Israel, o Advento pode fazer por nós. Não deixe que o Natal o encontre despreparado. Digo, espiritualmente despreparado. A alegria e o impacto do Natal serão muito maiores se você estiver pronto!
Para que você se prepare…
Primeiramente, medite sobre o fato de que precisamos de um Salvador. O Natal é uma acusação antes de se tornar uma alegria. Ele não cumprirá o seu propósito até que sintamos desesperadamente a necessidade de um Salvador. Que essas breves meditações sobre o Advento ajudem a despertar em você um senso amargo e doce de necessidade do Salvador.
Em segundo lugar, faça um autoexame sério. O Advento é para o Natal o que a Quaresma é para a Páscoa. “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Salmo 139.23-24). Que todo coração prepare pousada para Cristo… pela limpeza da casa.
Em terceiro lugar, desenvolva uma antecipação, expectativa e entusiasmo centrados em Deus em sua casa — especialmente para as crianças. Se você estiver exultante por Cristo, elas também estarão. Se você só consegue tornar o Natal emocionante pelas coisas materiais, como as crianças terão sede de Deus? Dobre os esforços da sua imaginação para tornar visível para as crianças a maravilha da chegada do Rei.
Em quarto lugar, tenha muito contato com as Escrituras e memorize as grandes passagens! “Não é a minha palavra fogo, diz o SENHOR?” (Jeremias 23.29)! Esteja ao redor do fogo nessa época do Advento. É aconchegante. É brilhante em cores da graça. É cura para mil dores. É luz para as noites escuras.
Devocional Do Dia - Charles Spurgeon
Versículo do Dia: “Eu … me manifestarei a ele.” (João 14.21)
O Senhor Jesus faz revelações especiais de Si mesmo para seu povo. Ainda que as Escrituras não declarassem isso, existiriam muitos filhos de Deus que poderiam testificar, a partir de sua própria experiência, a veracidade desta afirmativa. O seu Senhor e Salvador Jesus Cristo tem se manifestado para eles de forma incomum como o simples ato de ler e ouvir a Palavra não podem propiciar. Na biografia de santos eminentes, você encontrará muitos relatos de ocasiões em que o Senhor Jesus se agradou em falar, de modo bastante especial à alma deles e manifestar-lhes as maravilhas de sua pessoa. A alma desses santos foram tão infundidas de felicidade, que eles pensaram estar no céu. Embora não estivessem lá, eles estavam no limiar do céu.
Quando o Senhor Jesus se manifesta ao seu povo, a terra vem a ser céu; é um paraíso em formação; a alegria começa. Isto causa uma influência santa no coração dos crentes. Um dos efeitos é a humildade. Se alguém diz: “Recebi tais e tais revelações espirituais; sou um grande homem”, tal pessoa nunca teve qualquer comunhão com o Senhor Jesus. “O SENHOR… atenta para os humildes; os soberbos, ele os conhece de longe” (Salmos 138.6). Deus não precisa chegar perto deles para conhecê-los e nunca os visitará em amor. Outro efeito de uma manifestação verdadeira de Cristo é a felicidade, visto que na presença de Deus existem deleites para todo o sempre (ver Salmos 16.11). A santidade certamente virá em seguida. Aquele que não demonstra qualquer santidade jamais teve esta manifestação. Algumas pessoas falam muitas coisas, não devemos, porém, acreditar nelas, se não percebemos que suas obras correspondem ao que afirmam. “Não vos enganeis: de Deus não se zomba” (Gálatas 6.7). O Senhor Jesus não concederá seus favores ao ímpio, pois enquanto não lançará fora um homem perfeito não respeitará um malfeitor. Assim, haverá três efeitos decorrentes da proximidade de Jesus: humildade, alegria e santidade. Crente, que Deus lhes dê os mesmos!
O Senhor Jesus faz revelações especiais de Si mesmo para seu povo. Ainda que as Escrituras não declarassem isso, existiriam muitos filhos de Deus que poderiam testificar, a partir de sua própria experiência, a veracidade desta afirmativa. O seu Senhor e Salvador Jesus Cristo tem se manifestado para eles de forma incomum como o simples ato de ler e ouvir a Palavra não podem propiciar. Na biografia de santos eminentes, você encontrará muitos relatos de ocasiões em que o Senhor Jesus se agradou em falar, de modo bastante especial à alma deles e manifestar-lhes as maravilhas de sua pessoa. A alma desses santos foram tão infundidas de felicidade, que eles pensaram estar no céu. Embora não estivessem lá, eles estavam no limiar do céu.
Quando o Senhor Jesus se manifesta ao seu povo, a terra vem a ser céu; é um paraíso em formação; a alegria começa. Isto causa uma influência santa no coração dos crentes. Um dos efeitos é a humildade. Se alguém diz: “Recebi tais e tais revelações espirituais; sou um grande homem”, tal pessoa nunca teve qualquer comunhão com o Senhor Jesus. “O SENHOR… atenta para os humildes; os soberbos, ele os conhece de longe” (Salmos 138.6). Deus não precisa chegar perto deles para conhecê-los e nunca os visitará em amor. Outro efeito de uma manifestação verdadeira de Cristo é a felicidade, visto que na presença de Deus existem deleites para todo o sempre (ver Salmos 16.11). A santidade certamente virá em seguida. Aquele que não demonstra qualquer santidade jamais teve esta manifestação. Algumas pessoas falam muitas coisas, não devemos, porém, acreditar nelas, se não percebemos que suas obras correspondem ao que afirmam. “Não vos enganeis: de Deus não se zomba” (Gálatas 6.7). O Senhor Jesus não concederá seus favores ao ímpio, pois enquanto não lançará fora um homem perfeito não respeitará um malfeitor. Assim, haverá três efeitos decorrentes da proximidade de Jesus: humildade, alegria e santidade. Crente, que Deus lhes dê os mesmos!
O PERIGO DA FRIEZA ESPIRITUAL
Por Antônio Pereira Jr.
INTRODUÇÃO
Sempre ocorre em nossas vidas períodos muito difíceis, afinal somos humanos. Todos os cristãos passam por “dias maus”. Ninguém desperta numa manhã em sua vida e se vê frio espiritualmente. Há sempre uma progressão – ou melhor, acontece na realidade uma regressão, visto que esfriamento, no caso, é algo negativo. A alma fica abatida por diversos motivos. Faz parte da vida. Há períodos que estamos prontos a derrotar “450 profetas de Baal” e no outro dia estamos escondidos na “caverna existencial” com medo de viver. A vida cristã tem seus altos e baixos. Um dia pode ser de flores e outro de espinhos. Afinal, já disse o Mestre: “No mundo tereis aflições”. Percebe? É uma promessa de Deus para seus santos. NÃO É OPCIONAL. Um dia, cedo ou tarde, passamos por aflições e elas são, muitas vezes, a razão de abatimento espiritual. Não estou falando aqui de apostasia, e sim, de “esfriamento espiritual”, a perda do“primeiro amor” que acomete com qualquer servo de Deus. Evidentemente que falo de verdadeiros cristãos que não estão isentos de passar por vários problemas –diferentemente do prega a Teologia da Prosperidade.
No Salmo 42, que serve de base para este estudo, pode-se perceber um homem sedento e enfraquecido por algum motivo, possivelmente por está longe de Jerusalém, e naquela perspectiva, o salmista se vê longe de Deus. Graças a Deus que muitos servos do Senhor passaram por períodos de certo esfriamento e desânimo. Muitos passam por desertos terríveis. Basta mencionar alguns, como: Jó; Davi; Elías; Jonas; Paulo, dentre tantos. Este e o Salmo 43 são, na realidade, um único Salmo. Por três vezes o salmista lamenta: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que se perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”. (42.5, 11; 43.5)
I. POR QUE FICAMOS ABATIDOS?
Existem vários sintomas de uma pessoa que pode estar passando por um esfriamento espiritual. Podemos identificar alguns:
Perda do interesse pelos exercícios espirituais como a oração; leitura da Palavra etc;
Falta de vontade de participar das atividades eclesiásticas;
Abandono da comunhão fraternal;
Interesse pelas coisas “mundanas” e por satisfação pessoal acima de tudo;
Interesse maior pelo pecado e certa convivência pacífica com ele.
O salmista abre a sua alma nos Salmos 42 e 43. A alma angustiada suspira por Deus. A palavra hebraica traduzida por “suspira” não se refere tanto à abertura de boca, é um grito de suspiro de um animal numa necessidade desesperada de água. Estava sedenta num deserto de incertezas. Não é assim que ficamos muitas vezes? “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (v. 2a). Você tem esse tipo de sede de Deus? O salmista confessa: “As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite” (v. 3a). Muitas dúvidas surgem no coração do salmista. Quando Deus vai me ouvir? Quando essa situação vai acabar? Por que Deus não ouve minha oração? “Por quê?”; “Por que Deus deixava aquela situação insuportável continuar? Por quê? Por quê?”
O resultado é só angustia e sofrimento. “Por que estás abatida, ó minha alma?” significa literalmente: “Por que estás prostrado ao chão?” O quadro aqui é de um homem esmagado por um fardo pesado, quase insuportável.
Em tempos de crise e frieza é sempre bom lembrar-se de coisas positivas do passado. “Lembro-me destas coisas – e dentro de mim se me derrama a alma – de como passava eu com a multidão de povo e os guiava em procissão à Casa de Deus, entre gritos de alegria e louvor, multidão em festa” (v. 4). Lembrar dos momentos de superação que você viveu. Tantas vitórias que você alcançou.
Em tempos de crise e frieza é sempre bom lembrar-se da fidelidade de Deus e ver o futuro na perspectiva de Deus. O salmista diz pra si mesmo: “Pare de ser depressivo e comece a esperar em Deus!” Só Deus pode nos ajudar a vivermos na perspectiva dEle. Lembrando e crendo que em qualquer momento Deus é fiel, ai a esperança se renova em nossa alma. O que Deus fará pelo salmista?
1) Deus vai satisfazer os desejos de sua alma – e da sua também (42:1, 2);
2) Deus estará com ele – e está com você (42:5);
3) Deus fará tudo acabar bem no final – e na tua vida também (42:5, 11; 43:5);
4) Deus continuará amando o salmista – e te ama de forma incondicional (42:8) e
5) Deus fará justiça e castigará seus inimigos – e os teus também (43:1).
“E esta é razão porque nunca desfalecemos ainda que por todos os lados rodeados de obstáculos, mas nunca embaraçados; confundidos, mas nunca desanimados; perseguidos, mas nunca desamparados; derrubados, mas nunca vencidos…, pois se na realidade exteriormente nosso corpo físico vai se desgastando, interiormente nota-se dia a dia uma renovação de vigor e de vida” (2 Co 4.7-9,16).
II. QUAL O PERIGO DA FRIEZA ESPIRITUAL?
Muitas vezes pensamos que se alguém trabalha na obra de Deus, isso por si só é sinal que alguém é fervoroso. Não ter vontade de fazer a obra de Deus pode ser um sinal de esfriamento, no entanto o contrário pode não ser verdadeiro. Podemos estar muito ocupados na obra de Deus e, todavia, não ter o gozo de nosso primeiro amor. A igreja de Éfeso havia perdido seu primeiro amor e, no entanto, havia “trabalhado arduamente” por amor do nome do Senhor. Muitas vezes o ativismo é apenas um disfarce do que está acontecendo no interior.
Ou achamos também que se alguém conhece e ler muito a Bíblia este também está isento de passar algum esfriamento. No entanto, podemos conhecer a Bíblia e, todavia, perder nosso primeiro amor. Os fariseus conheciam bem às Escrituras. Também a igreja de Éfeso. Usaram a Palavra para provar os Apóstolos. É por causa de não orar? Não. Podemos orar e, todavia, estar frios espiritualmente.
Como também, podemos pensar que se um cristão é perseguido ou sofre, isto é um sinal de que está fervoroso diante de Deus. A igreja de Éfeso sofreu muito. É possível sofrer e testificar para os outros e, todavia, perder nosso primeiro amor.
Ou então, dizemos que alguém está frio na fé por causa de heresias ou falta de consistência teológica. Contudo, a igreja de Éfeso era doutrinariamente sadia. Odiavam os nicolaítas (Seguidores de uma seita que perturbavam as igrejas de Éfeso e de Pérgamo – esta abraçava a doutrina – diziam que os prazeres carnais não afetavam a alma, alimentavam-se de coisas sacrificadas aos ídolos e praticavam orgias. Irineu identifica os nicolaítas como uma seita gnóstica).
Diante do exposto podemos citar resumidamente três perigos: (1) Torna-se cínico – a pessoa se acomoda com a situação e procura disfarces, máscaras evangélicas, vivendo uma mentira; torna-se um fariseu gospel; (2) Torna-se libertino – acontece assim uma queda espiritual. A pessoa não aguenta viver uma vida dupla e entrega-se ao pecado. (3) Torna-se deprimido espiritualmente – Destruindo sua vida e daqueles que estão próximos dele. Muitas vezes, se for um líder, por exemplo, se não tiver coragem de buscar ajuda, vai definhar a sua alma até viver num abismo sem fim.
III. COMO IDENTIFICAR E TRATAR A FRIEZA ESPIRITUAL?
Examine seu coração. Quando o meu deleite no Senhor já não é tão grande como meu deleite por outras pessoas ou por coisas do mundo, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? Marcos 12.30 – “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força”.
Examine a sua alma. Quando minha alma não anela a comunhão intima com o Senhor através da oração ou leitura da Palavra, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? Salmo 84.2 – “A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo”. Peça ao Espírito Santo pra colocar mais sede de Deus em você.
Examine o seu tempo livre. Quando meus pensamentos e meus momentos de ócio não se dirigem ao Senhor, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? Fp 4.8 – “Tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, de boa fama… seja o que ocupe o vosso pensamento”.
Examine os seus desejos íntimos. Quando me escuso facilmente dizendo: “é que sou humano, a carne é fraca”. E quando caio facilmente em coisas que eu sei que não agrada ao Senhor, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer?João 14.15 – “Se me amais, guardareis os meus mandamentos”.
Examine o seu amor, bondade e generosidade. Quando me custa dar com alegria para a obra do Senhor ou para as necessidades dos outros, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? 1João 3:17 – “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus”?
Examine sua comunhão com os irmãos. Quando deixo de tratar a meus irmãos cristãos como trataria ao Senhor, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? Mateus 25.40 – “O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. 1João 4.20-21 “Se alguém afirmar: ‘Eu amo a Deus’, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame também seu irmão”. Poderíamos até perguntar: “em seus passos que faria Jesus?”. Ou em outras palavras: “Jesus aprovaria a minha conduta com meus irmãos?”
Examine sua natureza humana. Quando me preocupo em “ficar bem” com as pessoas do mundo em vez de buscar a aprovação do Senhor, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? 1João 2.15 – “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele“. Você tem certeza absoluta que já nasceu de novo?
Examine sua conduta. Quando acho a vida cristã um fardo maior que o fardo do pecado, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? João 15.20 –“Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa”.
Examine a sua liberdade em Cristo. Quando me nego a deixar de fazer algo que está ofendendo a um irmão mais fraco, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? Romanos 14.15 – “Se, por causa de comida, o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu”. Lembre-se: liberdade não é a mesma coisa que libertinagem.
Examine o seu perdão. Quando não posso perdoar a alguém que me tem ofendido, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? Lucas 17.4 – “Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe”. Lc 6.37 – “Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados”.
CONCLUSÃO
O que devemos fazer? Leia finalmente Apocalipse 2.5 “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres”. Arrepender, nesse texto, sugere uma atitude contínua. Confie em Deus sempre e em qualquer circunstancia na sua vida: “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares” (Sl 46.1).
INTRODUÇÃO
Sempre ocorre em nossas vidas períodos muito difíceis, afinal somos humanos. Todos os cristãos passam por “dias maus”. Ninguém desperta numa manhã em sua vida e se vê frio espiritualmente. Há sempre uma progressão – ou melhor, acontece na realidade uma regressão, visto que esfriamento, no caso, é algo negativo. A alma fica abatida por diversos motivos. Faz parte da vida. Há períodos que estamos prontos a derrotar “450 profetas de Baal” e no outro dia estamos escondidos na “caverna existencial” com medo de viver. A vida cristã tem seus altos e baixos. Um dia pode ser de flores e outro de espinhos. Afinal, já disse o Mestre: “No mundo tereis aflições”. Percebe? É uma promessa de Deus para seus santos. NÃO É OPCIONAL. Um dia, cedo ou tarde, passamos por aflições e elas são, muitas vezes, a razão de abatimento espiritual. Não estou falando aqui de apostasia, e sim, de “esfriamento espiritual”, a perda do“primeiro amor” que acomete com qualquer servo de Deus. Evidentemente que falo de verdadeiros cristãos que não estão isentos de passar por vários problemas –diferentemente do prega a Teologia da Prosperidade.
No Salmo 42, que serve de base para este estudo, pode-se perceber um homem sedento e enfraquecido por algum motivo, possivelmente por está longe de Jerusalém, e naquela perspectiva, o salmista se vê longe de Deus. Graças a Deus que muitos servos do Senhor passaram por períodos de certo esfriamento e desânimo. Muitos passam por desertos terríveis. Basta mencionar alguns, como: Jó; Davi; Elías; Jonas; Paulo, dentre tantos. Este e o Salmo 43 são, na realidade, um único Salmo. Por três vezes o salmista lamenta: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que se perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”. (42.5, 11; 43.5)
I. POR QUE FICAMOS ABATIDOS?
Existem vários sintomas de uma pessoa que pode estar passando por um esfriamento espiritual. Podemos identificar alguns:
Perda do interesse pelos exercícios espirituais como a oração; leitura da Palavra etc;
Falta de vontade de participar das atividades eclesiásticas;
Abandono da comunhão fraternal;
Interesse pelas coisas “mundanas” e por satisfação pessoal acima de tudo;
Interesse maior pelo pecado e certa convivência pacífica com ele.
O salmista abre a sua alma nos Salmos 42 e 43. A alma angustiada suspira por Deus. A palavra hebraica traduzida por “suspira” não se refere tanto à abertura de boca, é um grito de suspiro de um animal numa necessidade desesperada de água. Estava sedenta num deserto de incertezas. Não é assim que ficamos muitas vezes? “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (v. 2a). Você tem esse tipo de sede de Deus? O salmista confessa: “As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite” (v. 3a). Muitas dúvidas surgem no coração do salmista. Quando Deus vai me ouvir? Quando essa situação vai acabar? Por que Deus não ouve minha oração? “Por quê?”; “Por que Deus deixava aquela situação insuportável continuar? Por quê? Por quê?”
O resultado é só angustia e sofrimento. “Por que estás abatida, ó minha alma?” significa literalmente: “Por que estás prostrado ao chão?” O quadro aqui é de um homem esmagado por um fardo pesado, quase insuportável.
Em tempos de crise e frieza é sempre bom lembrar-se de coisas positivas do passado. “Lembro-me destas coisas – e dentro de mim se me derrama a alma – de como passava eu com a multidão de povo e os guiava em procissão à Casa de Deus, entre gritos de alegria e louvor, multidão em festa” (v. 4). Lembrar dos momentos de superação que você viveu. Tantas vitórias que você alcançou.
Em tempos de crise e frieza é sempre bom lembrar-se da fidelidade de Deus e ver o futuro na perspectiva de Deus. O salmista diz pra si mesmo: “Pare de ser depressivo e comece a esperar em Deus!” Só Deus pode nos ajudar a vivermos na perspectiva dEle. Lembrando e crendo que em qualquer momento Deus é fiel, ai a esperança se renova em nossa alma. O que Deus fará pelo salmista?
1) Deus vai satisfazer os desejos de sua alma – e da sua também (42:1, 2);
2) Deus estará com ele – e está com você (42:5);
3) Deus fará tudo acabar bem no final – e na tua vida também (42:5, 11; 43:5);
4) Deus continuará amando o salmista – e te ama de forma incondicional (42:8) e
5) Deus fará justiça e castigará seus inimigos – e os teus também (43:1).
“E esta é razão porque nunca desfalecemos ainda que por todos os lados rodeados de obstáculos, mas nunca embaraçados; confundidos, mas nunca desanimados; perseguidos, mas nunca desamparados; derrubados, mas nunca vencidos…, pois se na realidade exteriormente nosso corpo físico vai se desgastando, interiormente nota-se dia a dia uma renovação de vigor e de vida” (2 Co 4.7-9,16).
II. QUAL O PERIGO DA FRIEZA ESPIRITUAL?
Muitas vezes pensamos que se alguém trabalha na obra de Deus, isso por si só é sinal que alguém é fervoroso. Não ter vontade de fazer a obra de Deus pode ser um sinal de esfriamento, no entanto o contrário pode não ser verdadeiro. Podemos estar muito ocupados na obra de Deus e, todavia, não ter o gozo de nosso primeiro amor. A igreja de Éfeso havia perdido seu primeiro amor e, no entanto, havia “trabalhado arduamente” por amor do nome do Senhor. Muitas vezes o ativismo é apenas um disfarce do que está acontecendo no interior.
Ou achamos também que se alguém conhece e ler muito a Bíblia este também está isento de passar algum esfriamento. No entanto, podemos conhecer a Bíblia e, todavia, perder nosso primeiro amor. Os fariseus conheciam bem às Escrituras. Também a igreja de Éfeso. Usaram a Palavra para provar os Apóstolos. É por causa de não orar? Não. Podemos orar e, todavia, estar frios espiritualmente.
Como também, podemos pensar que se um cristão é perseguido ou sofre, isto é um sinal de que está fervoroso diante de Deus. A igreja de Éfeso sofreu muito. É possível sofrer e testificar para os outros e, todavia, perder nosso primeiro amor.
Ou então, dizemos que alguém está frio na fé por causa de heresias ou falta de consistência teológica. Contudo, a igreja de Éfeso era doutrinariamente sadia. Odiavam os nicolaítas (Seguidores de uma seita que perturbavam as igrejas de Éfeso e de Pérgamo – esta abraçava a doutrina – diziam que os prazeres carnais não afetavam a alma, alimentavam-se de coisas sacrificadas aos ídolos e praticavam orgias. Irineu identifica os nicolaítas como uma seita gnóstica).
Diante do exposto podemos citar resumidamente três perigos: (1) Torna-se cínico – a pessoa se acomoda com a situação e procura disfarces, máscaras evangélicas, vivendo uma mentira; torna-se um fariseu gospel; (2) Torna-se libertino – acontece assim uma queda espiritual. A pessoa não aguenta viver uma vida dupla e entrega-se ao pecado. (3) Torna-se deprimido espiritualmente – Destruindo sua vida e daqueles que estão próximos dele. Muitas vezes, se for um líder, por exemplo, se não tiver coragem de buscar ajuda, vai definhar a sua alma até viver num abismo sem fim.
III. COMO IDENTIFICAR E TRATAR A FRIEZA ESPIRITUAL?
Examine seu coração. Quando o meu deleite no Senhor já não é tão grande como meu deleite por outras pessoas ou por coisas do mundo, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? Marcos 12.30 – “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força”.
Examine a sua alma. Quando minha alma não anela a comunhão intima com o Senhor através da oração ou leitura da Palavra, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? Salmo 84.2 – “A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo”. Peça ao Espírito Santo pra colocar mais sede de Deus em você.
Examine o seu tempo livre. Quando meus pensamentos e meus momentos de ócio não se dirigem ao Senhor, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? Fp 4.8 – “Tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, de boa fama… seja o que ocupe o vosso pensamento”.
Examine os seus desejos íntimos. Quando me escuso facilmente dizendo: “é que sou humano, a carne é fraca”. E quando caio facilmente em coisas que eu sei que não agrada ao Senhor, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer?João 14.15 – “Se me amais, guardareis os meus mandamentos”.
Examine o seu amor, bondade e generosidade. Quando me custa dar com alegria para a obra do Senhor ou para as necessidades dos outros, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? 1João 3:17 – “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus”?
Examine sua comunhão com os irmãos. Quando deixo de tratar a meus irmãos cristãos como trataria ao Senhor, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? Mateus 25.40 – “O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. 1João 4.20-21 “Se alguém afirmar: ‘Eu amo a Deus’, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame também seu irmão”. Poderíamos até perguntar: “em seus passos que faria Jesus?”. Ou em outras palavras: “Jesus aprovaria a minha conduta com meus irmãos?”
Examine sua natureza humana. Quando me preocupo em “ficar bem” com as pessoas do mundo em vez de buscar a aprovação do Senhor, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? 1João 2.15 – “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele“. Você tem certeza absoluta que já nasceu de novo?
Examine sua conduta. Quando acho a vida cristã um fardo maior que o fardo do pecado, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? João 15.20 –“Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa”.
Examine a sua liberdade em Cristo. Quando me nego a deixar de fazer algo que está ofendendo a um irmão mais fraco, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? Romanos 14.15 – “Se, por causa de comida, o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu”. Lembre-se: liberdade não é a mesma coisa que libertinagem.
Examine o seu perdão. Quando não posso perdoar a alguém que me tem ofendido, isso é sinal de frieza espiritual. O que fazer? Lucas 17.4 – “Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe”. Lc 6.37 – “Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados”.
CONCLUSÃO
O que devemos fazer? Leia finalmente Apocalipse 2.5 “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres”. Arrepender, nesse texto, sugere uma atitude contínua. Confie em Deus sempre e em qualquer circunstancia na sua vida: “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares” (Sl 46.1).
A NECESSIDADE SEMPRE PRESENTE DE PURIFICAR O CORAÇÃO
Certamente era muito mais fácil para Timóteo fugir das paixões da mocidade (II Tim 2.22) do que os nossos jovens fugirem delas em nossos dias, em que são acostumados a pensarem que uma vida impura, imoral e dissoluta é um padrão normal de vida como qualquer outro, sem saberem que a ira de Deus se acende contra tais coisas.
Mais do que nunca é necessário clamar a Deus como fez Davi:
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.” (Sl 51.10).
E não há outro caminho para o jovem manter o seu caminho limpo senão aplicar a Palavra de Deus ao seu coração:
“Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra.” (Sl 119.9).
É melhor pois estar num deserto com o coração puro tendo ao Senhor por companhia, do que estar no meio de todas as atrações, confortos e alegrias mundanos, pagando o terrível preço de estarmos afastados de Deus, por nos deixarmos vencer por muitas tentações.
Por isso não devemos rejeitar as aflições que Deus nos envia em Sua misericórdia para nos desarraigar do nosso amor ao mundo. E aquilo que em princípio parece derrota e frustração e motivo de tristeza para nós, pelo desencanto com coisas e pessoas que dantes tanto prezávamos, pela sabedoria que nos virá do alto, tudo isto será visto depois como um grande e eterno ganho, porque foram renúncias que nos foram impostas pelas circunstâncias desagradáveis para que pudéssemos ter mais de Deus e da sua doce e santa companhia.
Portanto, em vez de nos deixar abater pelo descontentamento a que ficamos tentados pelos espinhos na carne, devemos aprender a ser gratos a Deus pela graça que receberemos por suportá-los com paciência, conforme nos ordena a Palavra:
“Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;” (Rom 12.12).
Mais do que nunca é necessário clamar a Deus como fez Davi:
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.” (Sl 51.10).
E não há outro caminho para o jovem manter o seu caminho limpo senão aplicar a Palavra de Deus ao seu coração:
“Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra.” (Sl 119.9).
É melhor pois estar num deserto com o coração puro tendo ao Senhor por companhia, do que estar no meio de todas as atrações, confortos e alegrias mundanos, pagando o terrível preço de estarmos afastados de Deus, por nos deixarmos vencer por muitas tentações.
Por isso não devemos rejeitar as aflições que Deus nos envia em Sua misericórdia para nos desarraigar do nosso amor ao mundo. E aquilo que em princípio parece derrota e frustração e motivo de tristeza para nós, pelo desencanto com coisas e pessoas que dantes tanto prezávamos, pela sabedoria que nos virá do alto, tudo isto será visto depois como um grande e eterno ganho, porque foram renúncias que nos foram impostas pelas circunstâncias desagradáveis para que pudéssemos ter mais de Deus e da sua doce e santa companhia.
Portanto, em vez de nos deixar abater pelo descontentamento a que ficamos tentados pelos espinhos na carne, devemos aprender a ser gratos a Deus pela graça que receberemos por suportá-los com paciência, conforme nos ordena a Palavra:
“Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;” (Rom 12.12).
Devocional Diário - Paulo Junior
AJUDA-ME ÓH DEUS
“Tem misericórdia de mim, ó Senhor, porque estou angustiado. Consumidos estão de tristeza os meus olhos, a minha alma e o meu ventre. ” (Salmos 31.9)
A caminhada cristã continua… Repleta de desafios, obstáculos e intempéries. Deus nos chamou para sofrer, padecer pelo seu nome. Ainda que muitos pregadores modernos ensinem o contrário, essa é uma evidente realidade bíblica. Mas confesso a você, querido irmão, que chegam dias que as provações são tão intensas, tão descomunais, que pensamos ser o fim. Paulo passou por algo assim. Ele sofreu tamanha tribulação na Ásia que disse: “Quase nos desesperamos da vida”. Esse é o chamado “dia mal”. Parece que todos os canhões do inferno estão apontados para nós. Satanás com seu poder opressor nos envolve em seu reino sombrio. Os céus parecem estar cerrados como chapas de bronze! As orações são lançadas ao vento, sem qualquer sinal de resposta. Temos a impressão que estamos sozinhos. Parece que até o Senhor nos abandonou. Teríamos feito algo errado? Seriam pecados que não estamos percebendo, e que nos acarretaram tudo isso? Culpa, medo, pavor e ansiedade nos envolvem. Não temos mais forças para lutar. Prostrados ao chão e abatidos dizemos, como Davi: “Consumidos estão de tristeza os meus olhos, a minha alma e o meu ventre.”
Querido irmão em Cristo. Essa é a verdadeira vida cristã. Se você está passando por tudo isso, não há nada de errado acontecendo com você. O Senhor nos advertiu de tais dias: “No mundo tereis aflições.” O Salmo 34 diz que: “Muitas são as aflições do justo”. Pedro fala para “não estranhamos a ARDENTE prova, que vem sobre nós”.
Entretanto, nem tudo é tristeza e perdição. No final do salmo usado como tema para esse devocional, Davi nos traz uma palavra de encorajamento. Ele ensina como venceu o dia mal e se ergueu desse estado quase “terminal”. “Esforçai-vos, e ele fortalecerá o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor”.
Deus promete enviar dos céus a graça revigoradora! O bálsamo curador! As palavras de ânimo e esperança. Ele virá julgar sua causa e te defender de todos os seus opressores. Tão somente espere Nele, como diz o texto: “Vós todos que esperais no Senhor”. Ele promete nos fortalecer se nos esforçássemos. A ideia que Davi passa aqui é a seguinte: “Confiem em Deus e continuem confiando, esperando com paciência nas suas promessas e, então, Ele recompensara tal fé fortalecendo, livrando e restaurando vocês!
Esforcem-se, meus irmãos! Não se mostrem frouxos no dia da angústia, pois sua força precisa ser grande nesse momento. Vós todos que esperais no Senhor, verão ainda, grandes livramentos! Demonstrações gloriosas do amor de Deus e a abundante graça será derramada sobre vocês. Acalme seu coração, pois a hora da provação está prestes a passar!
Paulo Junior
“Tem misericórdia de mim, ó Senhor, porque estou angustiado. Consumidos estão de tristeza os meus olhos, a minha alma e o meu ventre. ” (Salmos 31.9)
A caminhada cristã continua… Repleta de desafios, obstáculos e intempéries. Deus nos chamou para sofrer, padecer pelo seu nome. Ainda que muitos pregadores modernos ensinem o contrário, essa é uma evidente realidade bíblica. Mas confesso a você, querido irmão, que chegam dias que as provações são tão intensas, tão descomunais, que pensamos ser o fim. Paulo passou por algo assim. Ele sofreu tamanha tribulação na Ásia que disse: “Quase nos desesperamos da vida”. Esse é o chamado “dia mal”. Parece que todos os canhões do inferno estão apontados para nós. Satanás com seu poder opressor nos envolve em seu reino sombrio. Os céus parecem estar cerrados como chapas de bronze! As orações são lançadas ao vento, sem qualquer sinal de resposta. Temos a impressão que estamos sozinhos. Parece que até o Senhor nos abandonou. Teríamos feito algo errado? Seriam pecados que não estamos percebendo, e que nos acarretaram tudo isso? Culpa, medo, pavor e ansiedade nos envolvem. Não temos mais forças para lutar. Prostrados ao chão e abatidos dizemos, como Davi: “Consumidos estão de tristeza os meus olhos, a minha alma e o meu ventre.”
Querido irmão em Cristo. Essa é a verdadeira vida cristã. Se você está passando por tudo isso, não há nada de errado acontecendo com você. O Senhor nos advertiu de tais dias: “No mundo tereis aflições.” O Salmo 34 diz que: “Muitas são as aflições do justo”. Pedro fala para “não estranhamos a ARDENTE prova, que vem sobre nós”.
Entretanto, nem tudo é tristeza e perdição. No final do salmo usado como tema para esse devocional, Davi nos traz uma palavra de encorajamento. Ele ensina como venceu o dia mal e se ergueu desse estado quase “terminal”. “Esforçai-vos, e ele fortalecerá o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor”.
Deus promete enviar dos céus a graça revigoradora! O bálsamo curador! As palavras de ânimo e esperança. Ele virá julgar sua causa e te defender de todos os seus opressores. Tão somente espere Nele, como diz o texto: “Vós todos que esperais no Senhor”. Ele promete nos fortalecer se nos esforçássemos. A ideia que Davi passa aqui é a seguinte: “Confiem em Deus e continuem confiando, esperando com paciência nas suas promessas e, então, Ele recompensara tal fé fortalecendo, livrando e restaurando vocês!
Esforcem-se, meus irmãos! Não se mostrem frouxos no dia da angústia, pois sua força precisa ser grande nesse momento. Vós todos que esperais no Senhor, verão ainda, grandes livramentos! Demonstrações gloriosas do amor de Deus e a abundante graça será derramada sobre vocês. Acalme seu coração, pois a hora da provação está prestes a passar!
Paulo Junior
Devocional Alegria Inabalável - John Piper
VÁ PARA A REFEIÇÃO
Versículo do dia: Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom! (Salmo 34.8)
A você que diz nunca ter experimentado a glória de Deus, eu digo: você já provou muitos dos seus aperitivos.
Você já olhou para o alto? Você já foi abraçado? Você já se sentou diante de um fogo ardente? Você já andou em florestas, sentou-se perto de um lago, deitou-se em uma rede no verão? Alguma vez já tomou sua bebida favorita em um dia quente ou comeu alguma coisa boa?
Todo desejo é uma devoção ou uma sedução distorcida em relação à glória do céu.
Você diz que não provou a glória de Deus. Eu digo que você tem experimentado aperitivos. Vá para a refeição.
Você viu as sombras; olhe para a substância. Você andou sob os raios quentes do dia; vire-se e olhe para o próprio sol. Você tem escutado ecos da glória de Deus em toda parte; sintonize o seu coração com a música original.
O melhor lugar para ajustar o seu coração é na cruz de Jesus Cristo. “Vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1.14).
Se você quiser a demonstração mais concentrada da glória de Deus, olhe para Jesus nos evangelhos, e olhe especialmente para a cruz. Isso atrairá os seus olhos, ajustará o seu coração e despertará o seu paladar para que você possa ver, ouvir e provar a glória do verdadeiro Deus em toda parte.
Foi para isso que você foi criado. Eu imploro a você: não desperdice sua vida. Deus o criou para conhecer a sua glória. Busque isso com todo o seu coração e acima de tudo.
Versículo do dia: Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom! (Salmo 34.8)
A você que diz nunca ter experimentado a glória de Deus, eu digo: você já provou muitos dos seus aperitivos.
Você já olhou para o alto? Você já foi abraçado? Você já se sentou diante de um fogo ardente? Você já andou em florestas, sentou-se perto de um lago, deitou-se em uma rede no verão? Alguma vez já tomou sua bebida favorita em um dia quente ou comeu alguma coisa boa?
Todo desejo é uma devoção ou uma sedução distorcida em relação à glória do céu.
Você diz que não provou a glória de Deus. Eu digo que você tem experimentado aperitivos. Vá para a refeição.
Você viu as sombras; olhe para a substância. Você andou sob os raios quentes do dia; vire-se e olhe para o próprio sol. Você tem escutado ecos da glória de Deus em toda parte; sintonize o seu coração com a música original.
O melhor lugar para ajustar o seu coração é na cruz de Jesus Cristo. “Vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1.14).
Se você quiser a demonstração mais concentrada da glória de Deus, olhe para Jesus nos evangelhos, e olhe especialmente para a cruz. Isso atrairá os seus olhos, ajustará o seu coração e despertará o seu paladar para que você possa ver, ouvir e provar a glória do verdadeiro Deus em toda parte.
Foi para isso que você foi criado. Eu imploro a você: não desperdice sua vida. Deus o criou para conhecer a sua glória. Busque isso com todo o seu coração e acima de tudo.
Devocional Do Dia - Charles Spurgeon
Versículo do Dia: “Eu … me manifestarei a ele.” (João 14.21)
O Senhor Jesus faz revelações especiais de Si mesmo para seu povo. Ainda que as Escrituras não declarassem isso, existiriam muitos filhos de Deus que poderiam testificar, a partir de sua própria experiência, a veracidade desta afirmativa. O seu Senhor e Salvador Jesus Cristo tem se manifestado para eles de forma incomum como o simples ato de ler e ouvir a Palavra não podem propiciar. Na biografia de santos eminentes, você encontrará muitos relatos de ocasiões em que o Senhor Jesus se agradou em falar, de modo bastante especial à alma deles e manifestar-lhes as maravilhas de sua pessoa. A alma desses santos foram tão infundidas de felicidade, que eles pensaram estar no céu. Embora não estivessem lá, eles estavam no limiar do céu.
Quando o Senhor Jesus se manifesta ao seu povo, a terra vem a ser céu; é um paraíso em formação; a alegria começa. Isto causa uma influência santa no coração dos crentes. Um dos efeitos é a humildade. Se alguém diz: “Recebi tais e tais revelações espirituais; sou um grande homem”, tal pessoa nunca teve qualquer comunhão com o Senhor Jesus. “O SENHOR… atenta para os humildes; os soberbos, ele os conhece de longe” (Salmos 138.6). Deus não precisa chegar perto deles para conhecê-los e nunca os visitará em amor. Outro efeito de uma manifestação verdadeira de Cristo é a felicidade, visto que na presença de Deus existem deleites para todo o sempre (ver Salmos 16.11). A santidade certamente virá em seguida. Aquele que não demonstra qualquer santidade jamais teve esta manifestação. Algumas pessoas falam muitas coisas, não devemos, porém, acreditar nelas, se não percebemos que suas obras correspondem ao que afirmam. “Não vos enganeis: de Deus não se zomba” (Gálatas 6.7). O Senhor Jesus não concederá seus favores ao ímpio, pois enquanto não lançará fora um homem perfeito não respeitará um malfeitor. Assim, haverá três efeitos decorrentes da proximidade de Jesus: humildade, alegria e santidade. Crente, que Deus lhes dê os mesmos!
O Senhor Jesus faz revelações especiais de Si mesmo para seu povo. Ainda que as Escrituras não declarassem isso, existiriam muitos filhos de Deus que poderiam testificar, a partir de sua própria experiência, a veracidade desta afirmativa. O seu Senhor e Salvador Jesus Cristo tem se manifestado para eles de forma incomum como o simples ato de ler e ouvir a Palavra não podem propiciar. Na biografia de santos eminentes, você encontrará muitos relatos de ocasiões em que o Senhor Jesus se agradou em falar, de modo bastante especial à alma deles e manifestar-lhes as maravilhas de sua pessoa. A alma desses santos foram tão infundidas de felicidade, que eles pensaram estar no céu. Embora não estivessem lá, eles estavam no limiar do céu.
Quando o Senhor Jesus se manifesta ao seu povo, a terra vem a ser céu; é um paraíso em formação; a alegria começa. Isto causa uma influência santa no coração dos crentes. Um dos efeitos é a humildade. Se alguém diz: “Recebi tais e tais revelações espirituais; sou um grande homem”, tal pessoa nunca teve qualquer comunhão com o Senhor Jesus. “O SENHOR… atenta para os humildes; os soberbos, ele os conhece de longe” (Salmos 138.6). Deus não precisa chegar perto deles para conhecê-los e nunca os visitará em amor. Outro efeito de uma manifestação verdadeira de Cristo é a felicidade, visto que na presença de Deus existem deleites para todo o sempre (ver Salmos 16.11). A santidade certamente virá em seguida. Aquele que não demonstra qualquer santidade jamais teve esta manifestação. Algumas pessoas falam muitas coisas, não devemos, porém, acreditar nelas, se não percebemos que suas obras correspondem ao que afirmam. “Não vos enganeis: de Deus não se zomba” (Gálatas 6.7). O Senhor Jesus não concederá seus favores ao ímpio, pois enquanto não lançará fora um homem perfeito não respeitará um malfeitor. Assim, haverá três efeitos decorrentes da proximidade de Jesus: humildade, alegria e santidade. Crente, que Deus lhes dê os mesmos!
terça-feira, 5 de dezembro de 2017
JUSTIFICAÇÃO ENTENDA O QUE É
Por Magno Paganelli
Tenho insistido, nos textos e palestras que faço, na indispensável necessidade de todo cristão conhecer e entender o que é a justificação, ou a doutrina da justificação. Ela é tão importante, tão necessária, que o apóstolo Paulo dedica mais de dois capítulos da carta aos romanos para falar do tema. A Reforma Protestante, capitulo fundamental na história da Igreja, gira em torno dessa mesma questão: a justificação – e justificação pela fé, e não por outro meio.
No entanto, quando pergunto às pessoas para as quais tenho falado em palestras e seminários, ninguém sabe do que trata a justificação. E irmãos e irmãs que são oficiais em suas igrejas, nem mesmo eles sabem o que é a doutrina da justificação!
Então, está configurada a necessidade de falar sobre o tema!
O que é a Justificação?
“Justificação significa absolvição da culpa, cuja pena foi satisfeita. Significa ser declarado livre de toda culpa, tendo cumprido os requisitos da lei. Ou ainda, justificação é o ato pelo qual nos tornamos “justos” perante Deus, mediante a aceitação do sacrifício de Cristo. Há uma verdade fantástica acerca da justificação, que é a substituição. Sem a substituição não seria possível a justificação. Jesus se tornou substituto do pecador para cumprir a exigência da lei que é a pena do pecado.” (Elienai Cabral, Carta aos Romanos, CPAD)
Como e por que ela ocorre?
Quando transgredimos o mandamento (que não admite pecado contra a sua Lei), a justiça de Deus exige a morte do pecador (“Aquele que pecar é que morrerá.” Ez 18.4). Essa é uma exigência feita pela justiça de Deus, uma vez que a santidade e a divindade do Todo-poderoso são afrontadas pelo pecado, pecado que nada mais é do que rebeliãocontra ou rompimento da relação Criador x criatura.
Como todos pecamos (“Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”. Rm 3.23 e 5.12), seria necessária a extinção da raça. Inviável, isso foge a vontade de Deus sobre o aumento a população, povoamento do planeta e criação de um povo que o adore e o sirva.
A alternativa foi a implantação do sacrifício, como vemos no Antigo Testamento. Um animal morre em lugar do transgressor da Lei. Mas o problema maior permanecia lá, já que o sacrifício pelo pecado era uma ação externa ao pecador, que raríssimas vezes atingia o âmago da questão: o seu coração.
O sacrifício de Cristo é o que a Bíblia chama de sacrifício perfeito. Os atos realizados no Antigo Testamento eram provisórios (“pois é impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados”. Hb 10.4), e apontavam (ou aguardavam) o sacrifício perfeito. O sangue derramado do cordeiro no Antigo Testamento apenas “cobria” o pecado e “amenizava” a exigência pela justiça. Mas a vinda do “Cordeiro de Deus” traz consigo não uma cobertura para o pecado, mas a remoção definitiva. É por isso que João Batista diz: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29). João não diz que Jesus “cobre”, mas que “tira” os pecados do mundo. O sangue de Jesus tem o poder de atender às exigências feitas pela justiça santa de Deus.
Assim, Jesus conquista o crédito (ou mérito), por assim dizer, de satisfazer a justiça da Lei de Deus e pode compartilhar esse crédito com aqueles que depositam fé no seu sacrifício e em seu sangue.
Em Romanos 3.21 lemos: “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas.” Essa “justiça de Deus” é Jesus Cristo, o justo, e quanto a nós, somos justificados se tivermos fé em seu sangue. Com duas palavrinhas iniciais do versículo 21 “mas agora”, abriu-se um novo caminho para o pecador andar. É o caminho da fé na pessoa de Jesus, o qual está aberto para todo aquele que crê em Cristo. Não há distinção de pessoa, raça, língua, cor ou condição social. Todos os homens têm esse direito desde que creiam. Esse caminho é provisão divina para o mundo pecador. O pecado afastou o homem de Deus e cortou a comunhão entre ambos. Mas essa provisão tornou possível uma nova comunhão com Deus, através de Jesus Cristo. Ele obteve para o pecador a justificação fazendo-se expiação de nossa culpa pelo seu sangue. Podemos comparecer diante de Deus através de seus méritos.” (Ibidem)
Os três elementos da Justificação
Os três elementos da justificação são: a graça, o sangue e a fé. Vejamos os versículos que casino online dizem respeito.
1. “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça…” (Rm 3.24a). A graça de Deus é o seu favor para com o pecador, independente de merecimento. Por isso, o pecador é justificado “gratuitamente”. O versículo ainda diz: “mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.24b). O ato justificador pela graça de Deus baseia-se na redenção efetuada por Jesus no Calvário.
A palavra redenção na Bíblia tem dois significados no grego: agorazõ que significa “retirar do mercado”, isto é, comprar e não deixar mais exposto a outras vendas (Gl 3.13; 4.5; Ef 5.16; Cl 4.5), uma vez que o escravo era considerado uma mercadoria para compra e venda e o pecador é um escravo do Diabo e do pecado. A outra palavra grega que élustroõ que significa “desamarrar” ou “soltar” (Lc 24.21; Tt 2.14; 1Pe 1.18); portanto a obra redentora foi efetuada por Jesus, que “libertou” os pecadores.
2. “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue…” (Rm 3.25a). No sangue está a base e a causa da justificação. Duas palavras se destacam no versículo de Romanos: sangue e propiciação. O sangue derramado faz com que sejam removidos os pecados anteriormente cometidos, ou seja, ele faz a propiciação, isto é, torna “favorável”, torna “propício” o relacionamento do homem com Deus (relacionamento que tinha sido rompido pelo pecado). O escritor aos Hebreus observa que “sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados” (Hb 9.22).
O sangue de Cristo faz a propiciação, mediante a fé. O sangue de Cristo satisfaz as exigências divinas de justiça, cumprindo as exigências da Lei. Jesus cumpriu toda a Lei derramando o seu próprio sangue. Deus enviou seu Filho Jesus para morrer como sacrifício propiciatório.
3. “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da Lei” (Rm 3.28). Com esse versículo fica claro que por recursos, méritos ou esforços próprios (o que algumas versões chamam “jactância”) o homem não alcança a justificação, mas somente por meio da fé. Fé significa aceitar com plena confiança o sacrifício justificador de Cristo.
Que significa, então, ser justificado pela fé? (Rm 3.28)
Significa receber o reconhecimento divino de justiça a partir do que Cristo fez em nosso favor. A palavra justificar, no grego da época, é dikaioo, e quer dizer “declarar justo”.
Como o pecador é declarado justo diante de Deus?
Visto que o pecador não tem condição nem méritos para ser justificado diante de Deus, então Cristo, “que não conheceu pecado”, tomou os pecados sobre si e os cravou na sua cruz, fazendo-se “pecador por nós”. Feito isto, Ele propiciou para nós a justificação. Nossa justificação baseia-se (por meio da fé) na obra que Cristo fez por nós (2Co 5.21; Tt 3.4,5).
No versículo 31 o apóstolo levanta uma questão: “Anulamos, pois, a Lei, pela fé? Você pode ter feito a mesma pergunta alguma vez, e a reposta é NÃO. “De maneira nenhuma, antes confirmamos a Lei”. O fato da justificação efetuar-se mediante a fé não anula a Lei, nem a desmerece. Pelo contrário, a fé se baseia no fato de Cristo ter cumprido toda a Lei por todos os homens. A Lei não perde sua importância mediante a fé, ela não se torna sem efeito; ao contrário, a Lei é confirmada no sentido de que ela foi cumprida integralmente pelo autor da fé, Jesus Cristo. Ele mesmo falou certa feita: “Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas; não vim destruir, mas cumprir” (Mt 5.17).
Vimos, então, os princípios do pecado e a necessidade da salvação, Deus se revelando ao homem e preparando a salvação, o processo expiatório (ou redentivo) no Antigo Testamento e sua transição para o Novo Testamento; o que é a graça, a propiciação e por último a justificação.
Espero ter esclarecido o importante tema, tão prezado a inúmeros cristãos na história da Igreja, especialmente a Lutero, que como um dos promotores da Reforma teve a doutrina da justificação pela fé como o eixo em torno do qual sua compreensão teológica girou. Esse, aliás, um dos lemas da Reforma: Justificação pela fé somente, em contraste que mecanismos inúteis praticados no romanismo.
Tenho insistido, nos textos e palestras que faço, na indispensável necessidade de todo cristão conhecer e entender o que é a justificação, ou a doutrina da justificação. Ela é tão importante, tão necessária, que o apóstolo Paulo dedica mais de dois capítulos da carta aos romanos para falar do tema. A Reforma Protestante, capitulo fundamental na história da Igreja, gira em torno dessa mesma questão: a justificação – e justificação pela fé, e não por outro meio.
No entanto, quando pergunto às pessoas para as quais tenho falado em palestras e seminários, ninguém sabe do que trata a justificação. E irmãos e irmãs que são oficiais em suas igrejas, nem mesmo eles sabem o que é a doutrina da justificação!
Então, está configurada a necessidade de falar sobre o tema!
O que é a Justificação?
“Justificação significa absolvição da culpa, cuja pena foi satisfeita. Significa ser declarado livre de toda culpa, tendo cumprido os requisitos da lei. Ou ainda, justificação é o ato pelo qual nos tornamos “justos” perante Deus, mediante a aceitação do sacrifício de Cristo. Há uma verdade fantástica acerca da justificação, que é a substituição. Sem a substituição não seria possível a justificação. Jesus se tornou substituto do pecador para cumprir a exigência da lei que é a pena do pecado.” (Elienai Cabral, Carta aos Romanos, CPAD)
Como e por que ela ocorre?
Quando transgredimos o mandamento (que não admite pecado contra a sua Lei), a justiça de Deus exige a morte do pecador (“Aquele que pecar é que morrerá.” Ez 18.4). Essa é uma exigência feita pela justiça de Deus, uma vez que a santidade e a divindade do Todo-poderoso são afrontadas pelo pecado, pecado que nada mais é do que rebeliãocontra ou rompimento da relação Criador x criatura.
Como todos pecamos (“Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”. Rm 3.23 e 5.12), seria necessária a extinção da raça. Inviável, isso foge a vontade de Deus sobre o aumento a população, povoamento do planeta e criação de um povo que o adore e o sirva.
A alternativa foi a implantação do sacrifício, como vemos no Antigo Testamento. Um animal morre em lugar do transgressor da Lei. Mas o problema maior permanecia lá, já que o sacrifício pelo pecado era uma ação externa ao pecador, que raríssimas vezes atingia o âmago da questão: o seu coração.
O sacrifício de Cristo é o que a Bíblia chama de sacrifício perfeito. Os atos realizados no Antigo Testamento eram provisórios (“pois é impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados”. Hb 10.4), e apontavam (ou aguardavam) o sacrifício perfeito. O sangue derramado do cordeiro no Antigo Testamento apenas “cobria” o pecado e “amenizava” a exigência pela justiça. Mas a vinda do “Cordeiro de Deus” traz consigo não uma cobertura para o pecado, mas a remoção definitiva. É por isso que João Batista diz: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29). João não diz que Jesus “cobre”, mas que “tira” os pecados do mundo. O sangue de Jesus tem o poder de atender às exigências feitas pela justiça santa de Deus.
Assim, Jesus conquista o crédito (ou mérito), por assim dizer, de satisfazer a justiça da Lei de Deus e pode compartilhar esse crédito com aqueles que depositam fé no seu sacrifício e em seu sangue.
Em Romanos 3.21 lemos: “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas.” Essa “justiça de Deus” é Jesus Cristo, o justo, e quanto a nós, somos justificados se tivermos fé em seu sangue. Com duas palavrinhas iniciais do versículo 21 “mas agora”, abriu-se um novo caminho para o pecador andar. É o caminho da fé na pessoa de Jesus, o qual está aberto para todo aquele que crê em Cristo. Não há distinção de pessoa, raça, língua, cor ou condição social. Todos os homens têm esse direito desde que creiam. Esse caminho é provisão divina para o mundo pecador. O pecado afastou o homem de Deus e cortou a comunhão entre ambos. Mas essa provisão tornou possível uma nova comunhão com Deus, através de Jesus Cristo. Ele obteve para o pecador a justificação fazendo-se expiação de nossa culpa pelo seu sangue. Podemos comparecer diante de Deus através de seus méritos.” (Ibidem)
Os três elementos da Justificação
Os três elementos da justificação são: a graça, o sangue e a fé. Vejamos os versículos que casino online dizem respeito.
1. “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça…” (Rm 3.24a). A graça de Deus é o seu favor para com o pecador, independente de merecimento. Por isso, o pecador é justificado “gratuitamente”. O versículo ainda diz: “mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.24b). O ato justificador pela graça de Deus baseia-se na redenção efetuada por Jesus no Calvário.
A palavra redenção na Bíblia tem dois significados no grego: agorazõ que significa “retirar do mercado”, isto é, comprar e não deixar mais exposto a outras vendas (Gl 3.13; 4.5; Ef 5.16; Cl 4.5), uma vez que o escravo era considerado uma mercadoria para compra e venda e o pecador é um escravo do Diabo e do pecado. A outra palavra grega que élustroõ que significa “desamarrar” ou “soltar” (Lc 24.21; Tt 2.14; 1Pe 1.18); portanto a obra redentora foi efetuada por Jesus, que “libertou” os pecadores.
2. “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue…” (Rm 3.25a). No sangue está a base e a causa da justificação. Duas palavras se destacam no versículo de Romanos: sangue e propiciação. O sangue derramado faz com que sejam removidos os pecados anteriormente cometidos, ou seja, ele faz a propiciação, isto é, torna “favorável”, torna “propício” o relacionamento do homem com Deus (relacionamento que tinha sido rompido pelo pecado). O escritor aos Hebreus observa que “sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados” (Hb 9.22).
O sangue de Cristo faz a propiciação, mediante a fé. O sangue de Cristo satisfaz as exigências divinas de justiça, cumprindo as exigências da Lei. Jesus cumpriu toda a Lei derramando o seu próprio sangue. Deus enviou seu Filho Jesus para morrer como sacrifício propiciatório.
3. “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da Lei” (Rm 3.28). Com esse versículo fica claro que por recursos, méritos ou esforços próprios (o que algumas versões chamam “jactância”) o homem não alcança a justificação, mas somente por meio da fé. Fé significa aceitar com plena confiança o sacrifício justificador de Cristo.
Que significa, então, ser justificado pela fé? (Rm 3.28)
Significa receber o reconhecimento divino de justiça a partir do que Cristo fez em nosso favor. A palavra justificar, no grego da época, é dikaioo, e quer dizer “declarar justo”.
Como o pecador é declarado justo diante de Deus?
Visto que o pecador não tem condição nem méritos para ser justificado diante de Deus, então Cristo, “que não conheceu pecado”, tomou os pecados sobre si e os cravou na sua cruz, fazendo-se “pecador por nós”. Feito isto, Ele propiciou para nós a justificação. Nossa justificação baseia-se (por meio da fé) na obra que Cristo fez por nós (2Co 5.21; Tt 3.4,5).
No versículo 31 o apóstolo levanta uma questão: “Anulamos, pois, a Lei, pela fé? Você pode ter feito a mesma pergunta alguma vez, e a reposta é NÃO. “De maneira nenhuma, antes confirmamos a Lei”. O fato da justificação efetuar-se mediante a fé não anula a Lei, nem a desmerece. Pelo contrário, a fé se baseia no fato de Cristo ter cumprido toda a Lei por todos os homens. A Lei não perde sua importância mediante a fé, ela não se torna sem efeito; ao contrário, a Lei é confirmada no sentido de que ela foi cumprida integralmente pelo autor da fé, Jesus Cristo. Ele mesmo falou certa feita: “Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas; não vim destruir, mas cumprir” (Mt 5.17).
Vimos, então, os princípios do pecado e a necessidade da salvação, Deus se revelando ao homem e preparando a salvação, o processo expiatório (ou redentivo) no Antigo Testamento e sua transição para o Novo Testamento; o que é a graça, a propiciação e por último a justificação.
Espero ter esclarecido o importante tema, tão prezado a inúmeros cristãos na história da Igreja, especialmente a Lutero, que como um dos promotores da Reforma teve a doutrina da justificação pela fé como o eixo em torno do qual sua compreensão teológica girou. Esse, aliás, um dos lemas da Reforma: Justificação pela fé somente, em contraste que mecanismos inúteis praticados no romanismo.
A NECESSIDADE DE DISCIPLINA E EXORTAÇÃO PARA A SANTIFICAÇÃO
Na parte final do sexto capítulo de 2 Coríntios Paulo citou a promessa de Deus de receber como filhos e filhas a todos que se apartassem dos ídolos e não tocassem em nada imundo, porque habitaria neles para que fossem o seu povo e Ele o Seu Deus. E ele começou o sétimo capítulo afirmando qual deve o ser o dever de todos os cristãos em face da referida promessa:
“Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.” (2 Cor 7.1).
Então todo cristão deve se empenhar para se purificar de toda a imundícia da carne e do espírito, no temor de Deus, progressivamente, com vistas ao aperfeiçoamento da sua santificação, isto é, até que atinja a maturidade espiritual que deve alcançar em Cristo, ainda aqui neste mundo, à qual é chamada na Bíblia de perfeição evangélica, porque sempre haverá alguma escória misturada ao nosso ouro; mas teremos aprendido em Deus, pela capacitação do Espírito, a nos livrar dela, para o inteiro agrado do Senhor, e a estarmos no lugar em que devemos estar permanentemente, a saber, em santificação na Sua presença.
É na comunhão dos santos, no compartilhar a fé com outros cristãos que se sente o peso da necessidade da santificação, e por isso se lhes ordena que não deixem de congregar para o culto de adoração pública ao Senhor, porque nisto há tanto exortação, disciplina e encorajamento mútuos sobretudo nos esforços voltados para a evangelização da qual o Senhor encarregou a sua igreja neste mundo até que Ele volte.
E é neste zelo por Cristo e pelo evangelho que somos santificados pelo Espírito.
Agora, quando em nosso zelo por Cristo, exercemos exortação e disciplina em Seu nome, mas se o fazemos por motivos pessoais, de vingança, rancor ou qualquer outro sentimento oposto ao amor, e não com longanimidade e segundo a sã doutrina, como se requer, não se pode esperar que haja um bom resultado porque o Senhor há de honrar toda disciplina que for feita no Espírito, não somente por zelo, mas também por amor, mas não agirá nas coisas operadas meramente pelo coração do homem.
De modo que se for Deus quem opere a tristeza que é para arrependimento – nos que andam de modo desordenado – pela nossa instrumentalidade, então Ele próprio honrará a disciplina realizada por nosso intermédio, mas se formos impelidos pelo espírito do mundo, o resultado não poderá ser vida e salvação, senão morte espiritual, de quem já estava a ponto de morrer, por causa do endurecimento no pecado.
Todas estas coisas devem ser refletidas e pesadas pelos ministros do evangelho, que têm o encargo da parte de Deus para exercerem disciplina na Igreja. Eles não serão justificados se agirem por motivos carnais, por maiores que sejam os pecados existentes na congregação que tenham que liderar.
É com a mesma direção do Espírito, e amor pelo rebanho que devem cumprir a exortação do Senhor, como a que vemos por exemplo em Apo 3.2:
“Sê vigilante, e confirma o restante, que estava para morrer; porque não tenho achado as tuas obras perfeitas diante do meu Deus.” (Apo 3.2).
Andar na verdade e no Espírito faz com que os laços da confiança que nos unem uns aos outros e ao Senhor fiquem cada vez mais fortes. Esta confiança é a base de todo relacionamento verdadeiro, e deve ser bem cuidada por um andar na verdade e humildade; de modo que haja a mesma sinceridade em nossos corações, quer nas coisas que geram alegria, quer nas que produzem tristezas, e que demandam um sincero arrependimento, para que vivamos do modo que é aprovado por Deus e agradável a Ele.
“Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.” (2 Cor 7.1).
Então todo cristão deve se empenhar para se purificar de toda a imundícia da carne e do espírito, no temor de Deus, progressivamente, com vistas ao aperfeiçoamento da sua santificação, isto é, até que atinja a maturidade espiritual que deve alcançar em Cristo, ainda aqui neste mundo, à qual é chamada na Bíblia de perfeição evangélica, porque sempre haverá alguma escória misturada ao nosso ouro; mas teremos aprendido em Deus, pela capacitação do Espírito, a nos livrar dela, para o inteiro agrado do Senhor, e a estarmos no lugar em que devemos estar permanentemente, a saber, em santificação na Sua presença.
É na comunhão dos santos, no compartilhar a fé com outros cristãos que se sente o peso da necessidade da santificação, e por isso se lhes ordena que não deixem de congregar para o culto de adoração pública ao Senhor, porque nisto há tanto exortação, disciplina e encorajamento mútuos sobretudo nos esforços voltados para a evangelização da qual o Senhor encarregou a sua igreja neste mundo até que Ele volte.
E é neste zelo por Cristo e pelo evangelho que somos santificados pelo Espírito.
Agora, quando em nosso zelo por Cristo, exercemos exortação e disciplina em Seu nome, mas se o fazemos por motivos pessoais, de vingança, rancor ou qualquer outro sentimento oposto ao amor, e não com longanimidade e segundo a sã doutrina, como se requer, não se pode esperar que haja um bom resultado porque o Senhor há de honrar toda disciplina que for feita no Espírito, não somente por zelo, mas também por amor, mas não agirá nas coisas operadas meramente pelo coração do homem.
De modo que se for Deus quem opere a tristeza que é para arrependimento – nos que andam de modo desordenado – pela nossa instrumentalidade, então Ele próprio honrará a disciplina realizada por nosso intermédio, mas se formos impelidos pelo espírito do mundo, o resultado não poderá ser vida e salvação, senão morte espiritual, de quem já estava a ponto de morrer, por causa do endurecimento no pecado.
Todas estas coisas devem ser refletidas e pesadas pelos ministros do evangelho, que têm o encargo da parte de Deus para exercerem disciplina na Igreja. Eles não serão justificados se agirem por motivos carnais, por maiores que sejam os pecados existentes na congregação que tenham que liderar.
É com a mesma direção do Espírito, e amor pelo rebanho que devem cumprir a exortação do Senhor, como a que vemos por exemplo em Apo 3.2:
“Sê vigilante, e confirma o restante, que estava para morrer; porque não tenho achado as tuas obras perfeitas diante do meu Deus.” (Apo 3.2).
Andar na verdade e no Espírito faz com que os laços da confiança que nos unem uns aos outros e ao Senhor fiquem cada vez mais fortes. Esta confiança é a base de todo relacionamento verdadeiro, e deve ser bem cuidada por um andar na verdade e humildade; de modo que haja a mesma sinceridade em nossos corações, quer nas coisas que geram alegria, quer nas que produzem tristezas, e que demandam um sincero arrependimento, para que vivamos do modo que é aprovado por Deus e agradável a Ele.
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