Semeando o Evangelho

Semear a Verdade e o Amor de Deus
sexta-feira, 13 de outubro de 2017
PRINCIPIOS DA DOUTRINA DA IGREJA (PARTE 2)
A QUALIDADE DE VIDA COMUNITÁRIA
Fomentar o desenvolvimento, o crescimento, a expansão da igreja como ajuntamento de pessoas sem focar que se tratando do Reino de Deus na terra pode nos levar a erros que talvez não tenham cura ou, na melhor das hipóteses, gerar profundas cicatrizes.
Mas antes mesmo de avançar no mérito da vida comunitária pensar melhor no que significa ser e estar em comunidade. Quando a igreja traça uma linha divisória entre o sacro e o profano, entre o santo e secular e entre “nós” e “eles”, facilmente o viver em comunidade torna-se um desafio pela natureza exteriorizada da instituição.
Esta visão dicotomizada nos prejudica a entender a vivência com a comunidade externa e pior, com a própria comunidade da igreja, com a vida em comunhão na igreja, a comunhão dos santos. KELLER (2014, p.369) ajuda a entender o que é comunidade:
É natural pensar em “comunidade” como uma categoria separada do evangelismo e das ações externas da igreja, ou do treinamento e do discipulado, ou da oração e da adoração. E, claro, fizemos isso ao categorizá-la como uma frente distinta de ministério. Mas isso pode ser enganoso. A comunidade em si é uma das principais maneiras de fazermos evangelismo e discipulado, e até mesmo de termos comunhão com Deus.
Conforme comentado anteriormente, a igreja contemporânea comete erros de desvio do foco evangélico por não cumprir eficazmente o mandamento de ser ensinadora e discipuladora. A importância da vivência comunitária na igreja é uma espécie de vetor que auxilia todo o corpo num crescimento coeso de relações pessoais e das relações das pessoas com o Evangelho e com Deus. O ensino está facilmente atrelado ao ambiente de classe e de culto, porém no viver comunitário as pessoas podem facilmente compartilhar sobre o que Deus tem feito em suas vidas, trocar boas e más experiências, compartilhar, dar e receber – em todo e qualquer sentido – e crescer como cidadãos do Reino. Na vivência comunitária como crentes deve haver um direcionamento para aquilo que SNYDER (2004, p.87) considera fundamental:
A responsabilidade de cada crente é, em primeiro lugar, para com a comunidade cristã e sua cabeça, Jesus Cristo. As primeiras tarefas de todo cristão são a adoração e a edificação da comunidade dos crentes. Se dissermos que a evangelização ou a salvação das almas é a primeira tarefa do crente, vamos violentar o Novo Testamento e colocar nas costas de alguns crentes um peso que não conseguirão carregar.
Não é difícil ouvir reclamações de membros que não conseguem se envolver com o corpo local, com os membros da igreja. Esta tarefa não é fácil e não deve ser forçada. Se um programa eclesiástico é “inventado” pelo pastor para que os membros se envolvam, isso certamente não trará frutos. É preciso que pastores, mestres, evangelistas, obreiros, estejam engajados em incentivar o relacionamento natural. Microcomunidades virão a existir não como panelas ou guetos, mas como pessoas crescendo e agregando valores uns aos outros.
DICOTOMIA ENTRE CLERO E LEIGOS
Certamente este é um calcanhar de Aquiles para a igreja deste tempo. Ainda que a Reforma Protestante tenha como um de seus pressupostos bíblicos básicos o “sacerdócio universal dos santos”, há muito que ser feito às margens dos 500 anos que se passaram desde que Martinho Lutero afixou as 95 Teses à porta da Catedral do Castelo de Wittenberg.
Ainda que o sacerdócio universal não implique na “eliminação” da liderança da igreja local, ele tem sido afogado por muitas vezes pela ganância de homens que pensam ser donos de igrejas, até porque muitos de fato são, e pela falta de incentivo ao exercício do servir. A herança católico-romana ainda é muito forte no meio cristão evangélico, ao ponto de muitas crendices ainda persistirem ao ponto de levar o membro comum a enxergar na figura do pastor um “padre evangélico”, um intermediário, benzedor, mágico-carismático.
Para que se possa avançar neste sentido deve-se trabalhar de maneira consciente e contínua para transcender a dicotomia clero-laicato em pensamento e discurso. Hoje os termos ministro e ministério (ministros profissionais ou ordenados) que não são bíblicos levam a 95% da igreja a se sentirem leigos, ou seja, sem ministérios a executar.
A Bíblia se refere à igreja como um corpo (1Co 12.12-27), cujo cabeça é Cristo e que possui vários membros (Ef 4.15-16) cada qual tendo sua função para que haja vitalidade no corpo, para que a vida de Deus flua na comunidade de crentes levando este corpo a um movimento empolgantemente vívido. Desta maneira é inconcebível pensar num corpo inerte, cuja mão não sabe para que sirva e o pé não deseja andar por não ter se “identificado” ministerialmente. Falha-se miseravelmente ao não ajudar o membro a entender sua vocação, mas falha-se duas vezes mais ao criar distinções tão agudas ao ponto de muitos pensarem em ministério como o alto clero e a membresia como os leigos ou a plebe.
Bom é perceber que enquanto muitos “donos” de igreja procuram por ávida ganância títulos impensáveis na recente história da igreja (apóstolos, patriarcas, pai), alguns teólogos de influência traçam o caminho reverso da submissão à palavra para que todo o corpo sirva com lucidez, tal qual STOTT (2013, p.71) esclarece e derruba esta dicotomia clero-leigo:
Prestamos grande desserviço à igreja sempre que nos referimos ao pastorado como “o” ministério, pois se usamos o artigo definido, damos a impressão de que pensamos que o pastorado é o único ministério que existe. Arrependi-me disso algumas décadas atrás e convido meus leitores a se unirem a mim na penitência hoje. Se alguém diz na minha presença hoje em dia que isso ou aquilo “está acontecendo no ministério”, tento parecer inocente e respondo: “É mesmo? De que ministério você está falando?”. A que meu interlocutor em geral responde “o ministério pastoral” – a que replico “Por que você não disse isso?”.
O embasamento todo da questão está na confusão de entender o pastoreio (clero) como o supraministério da igreja e que as demais funções do serviço estão no subministério, porém biblicamente o servir (não a responsabilidade administrativa e de liderança) está ligado à palavra grega diakonia, palavra genérica que significa ministério ou serviço e que sem a especificação de um adjetivo fica vazio de significado. Pode ser a diakonia pastoral, social, missionário, médico, administrativo, socorro e muito mais. Baseado na passagem de Romanos 14.4, STOTT (2013,p.71), continua:
Vamos agora resumir o princípio que é ilustrado nessa passagem. É o de que todos os cristãos são chamados para o ministério (diakonia). Porque somos seguidores daquele que disse ter vindo não para ser servido, mas para servir (Mc 10.45), é inconcebível que gastemos nossa vida de outra maneira que não seja no ministério ou serviço. Mas há uma vasta diversidade de dons, chamados e ministérios, e precisamos descobrir nossos dons e ajudar os outros a descobrir os deles.
Neste sentido fica muito claro que a vocação de um indivíduo, regenerado, levado ao convívio coletivo e de comunidade cristã servirá em sua diakonia seja qual for com o prazer e entusiasmo de fazê-lo para glória de Deus.
NOVAS CONGREGAÇÕES GERADAS
O surgimento de igrejas sadias pela cidade é algo que devemos enxergar com um olhar especial. Considerar a geração de uma ou duas novas congregações a partir da igreja local existente à medida que esta cresce em número de membros facilita não apenas o quesito de deslocamento de pessoas, uma vez que os efeitos do mundo moderno produz o caos do deslocamento urbano, mas também ajusta a comunhão dos cristãos em igrejas novas.
Para SNYDER (2004, p.134) é preciso estar atento quanto ao tamanho de uma igreja, muito embora não exista um padrão número de membros:
O melhor tamanho de uma igreja local varia, é claro, de acordo com fatores culturais e não se pode estabelecer nenhum limite arbitrário. Pesquisas sobre crescimento de igrejas indicam, porém, que depois que a congregação cresce e atinge alguma centenas de membros, o índice de crescimento diminuí, a menos que se formem novas congregações filiais, por meio do crescimento por divisão.
Entendendo a plantação de igrejas em meio urbano (ou não, necessariamente), KELLER (2014, p. 426-427) defende que a plantação continua de igrejas atua como um vetor de contínuo ajuste cultural, ou seja, a presença ostensiva de plantadores de novas congregações firma a cultura cristã:
A tarefa de plantar igrejas não se aplica apenas a regiões distantes ou a sociedades pagãs que estamos tentando a se transformar em cristãs. As sociedades que já contam com igrejas têm de manter uma plantação de igrejas vigorosa e abrangente, simplesmente para continuar cristãs. Uma igreja sozinha, não importa o tamanho, jamais conseguirá atender às necessidades de uma cidade tão diversificada. Somente um movimento de centenas de igrejas, pequenas e grandes, consegue penetrar literalmente em cada vizinhança e em cada grupo de uma cidade.
Algumas igrejas nunca irão crescer se não multiplicarem[1] em novas comunidades. A multiplicação não deve ser enxergada negativamente como perda de membros, receitas ou volumes. Igrejas bem estruturadas e com algumas centenas de membros devem pensar em juntar algumas famílias que vivem na mesma área, e usa-las como núcleo de uma nova congregação. Uma igreja mãe precisa pensar que além de uma boa estrutura local ela deve ser uma plantadora de igrejas. Segundo as palavras de STETZER (2015, p.392):
O plantador é a pessoa que desenvolve e instila a visão para iniciar novas igrejas. Desde o primeiro dia de uma nova igreja plantada, o plantador deve agir de maneira estratégica para reproduzir aquela igreja e fazer avançar o reino de Deus produzindo igrejas-filha. A sabedoria comum mostra que se você não plantar uma igreja-filha dentro de três anos, jamais o fará.
Isso poderia acontecer em qualquer lugar, salão, sala, garagem alugados, por exemplo. Com o crescimento destas congregações, elas poderiam se dividir novamente no mesmo processo indefinidamente.
Este processo de crescimento pode surgir em momentos específicos da igreja de origem, seja através de uma congregação ou igreja filha iniciada num bairro distante, noutra cidade ou mesmo país, ou pela saída de membros e líderes para o início de uma nova comunidade de fé. Ainda que esta nova comunidade tenha surgido como um “cisma”, é preciso entender com maturidade cristã que o rebanho pertence a Deus e que se esta nova comunidade estiver fiel aos princípios da Bíblia, que o próprio Senhor cuide e dê crescimento saudável. Que haja comunhão genuína e expansão do reino de Deus.
Estas novas congregações se tornam um vetor muito especial para que o reino avance e mais pessoas conheçam o evangelho, vem a tornar-se membros da comunidade do Rei, O adorem e sirvam ao propósito dEle. Como? À medida que novas igrejas filhas surgem, a tarefa de evangelização de não alcançados pela igreja mãe avança. Com isso novos líderes e pastores serão levantados ao longo da existência da nova igreja.
Relevante é quando a igreja está unida no propósito do reino na cidade onde está fixada. Conselhos de pastores são úteis para que as estratégias estejam focadas no reino e em sua expansão. Desta forma podemos olhar para além de nossos próprios muros organizacionais. Como? Focando esforços e recursos para que as novas igrejas filhas sejam suficientemente fortificadas, e neste sentido abdicando do investimento de recursos num mesmo local que já está suficientemente estruturado. Isso faz toda a diferença!
Existe um paradigma a ser vencido na eclesiologia contemporânea. Infelizmente o contexto geral da igreja brasileira é mercado de consumo, com igrejas servindo interesses que muitas vezes se distanciam do propósito de reino. No contexto norte americano, por exemplo, DEVER & ALEXANDER (2015, p.251-252) propõem um modelo de “trégua” para o benefício do reino de Deus:
As igrejas mostram maturidade corporativa quando demonstram interesse amoroso por outras igrejas locais em sua região. Sempre pensamos no foco voltado para fora, em termos individuais ou globais. Mas uma igreja local madura compreende que há outras igrejas evangélicas firmes em seus arredores, que podem ou não ter obtido tanto progresso como nós. Se não for este o caso, ofereça-lhes recursos que contribuirão para o desenvolvimento prático e teológico – livros, livretos, pregações em CD, bolsas para participação em conferências ou apenas uma oferta coletiva em dinheiro, a fim de que comecem um ministério digno.
A transmissão de um legado para as gerações futuras começa agora. Uma mudança de paradigma pode ser crucial para que os crentes da próxima geração entendam que acima de bandeiras denominacionais, a união e aliança de cristãos comprometidos com a causa do reino fazem a diferença para o efeito multiplicador das comunidades de crentes na cidade.
Fomentar o desenvolvimento, o crescimento, a expansão da igreja como ajuntamento de pessoas sem focar que se tratando do Reino de Deus na terra pode nos levar a erros que talvez não tenham cura ou, na melhor das hipóteses, gerar profundas cicatrizes.
Mas antes mesmo de avançar no mérito da vida comunitária pensar melhor no que significa ser e estar em comunidade. Quando a igreja traça uma linha divisória entre o sacro e o profano, entre o santo e secular e entre “nós” e “eles”, facilmente o viver em comunidade torna-se um desafio pela natureza exteriorizada da instituição.
Esta visão dicotomizada nos prejudica a entender a vivência com a comunidade externa e pior, com a própria comunidade da igreja, com a vida em comunhão na igreja, a comunhão dos santos. KELLER (2014, p.369) ajuda a entender o que é comunidade:
É natural pensar em “comunidade” como uma categoria separada do evangelismo e das ações externas da igreja, ou do treinamento e do discipulado, ou da oração e da adoração. E, claro, fizemos isso ao categorizá-la como uma frente distinta de ministério. Mas isso pode ser enganoso. A comunidade em si é uma das principais maneiras de fazermos evangelismo e discipulado, e até mesmo de termos comunhão com Deus.
Conforme comentado anteriormente, a igreja contemporânea comete erros de desvio do foco evangélico por não cumprir eficazmente o mandamento de ser ensinadora e discipuladora. A importância da vivência comunitária na igreja é uma espécie de vetor que auxilia todo o corpo num crescimento coeso de relações pessoais e das relações das pessoas com o Evangelho e com Deus. O ensino está facilmente atrelado ao ambiente de classe e de culto, porém no viver comunitário as pessoas podem facilmente compartilhar sobre o que Deus tem feito em suas vidas, trocar boas e más experiências, compartilhar, dar e receber – em todo e qualquer sentido – e crescer como cidadãos do Reino. Na vivência comunitária como crentes deve haver um direcionamento para aquilo que SNYDER (2004, p.87) considera fundamental:
A responsabilidade de cada crente é, em primeiro lugar, para com a comunidade cristã e sua cabeça, Jesus Cristo. As primeiras tarefas de todo cristão são a adoração e a edificação da comunidade dos crentes. Se dissermos que a evangelização ou a salvação das almas é a primeira tarefa do crente, vamos violentar o Novo Testamento e colocar nas costas de alguns crentes um peso que não conseguirão carregar.
Não é difícil ouvir reclamações de membros que não conseguem se envolver com o corpo local, com os membros da igreja. Esta tarefa não é fácil e não deve ser forçada. Se um programa eclesiástico é “inventado” pelo pastor para que os membros se envolvam, isso certamente não trará frutos. É preciso que pastores, mestres, evangelistas, obreiros, estejam engajados em incentivar o relacionamento natural. Microcomunidades virão a existir não como panelas ou guetos, mas como pessoas crescendo e agregando valores uns aos outros.
DICOTOMIA ENTRE CLERO E LEIGOS
Certamente este é um calcanhar de Aquiles para a igreja deste tempo. Ainda que a Reforma Protestante tenha como um de seus pressupostos bíblicos básicos o “sacerdócio universal dos santos”, há muito que ser feito às margens dos 500 anos que se passaram desde que Martinho Lutero afixou as 95 Teses à porta da Catedral do Castelo de Wittenberg.
Ainda que o sacerdócio universal não implique na “eliminação” da liderança da igreja local, ele tem sido afogado por muitas vezes pela ganância de homens que pensam ser donos de igrejas, até porque muitos de fato são, e pela falta de incentivo ao exercício do servir. A herança católico-romana ainda é muito forte no meio cristão evangélico, ao ponto de muitas crendices ainda persistirem ao ponto de levar o membro comum a enxergar na figura do pastor um “padre evangélico”, um intermediário, benzedor, mágico-carismático.
Para que se possa avançar neste sentido deve-se trabalhar de maneira consciente e contínua para transcender a dicotomia clero-laicato em pensamento e discurso. Hoje os termos ministro e ministério (ministros profissionais ou ordenados) que não são bíblicos levam a 95% da igreja a se sentirem leigos, ou seja, sem ministérios a executar.
A Bíblia se refere à igreja como um corpo (1Co 12.12-27), cujo cabeça é Cristo e que possui vários membros (Ef 4.15-16) cada qual tendo sua função para que haja vitalidade no corpo, para que a vida de Deus flua na comunidade de crentes levando este corpo a um movimento empolgantemente vívido. Desta maneira é inconcebível pensar num corpo inerte, cuja mão não sabe para que sirva e o pé não deseja andar por não ter se “identificado” ministerialmente. Falha-se miseravelmente ao não ajudar o membro a entender sua vocação, mas falha-se duas vezes mais ao criar distinções tão agudas ao ponto de muitos pensarem em ministério como o alto clero e a membresia como os leigos ou a plebe.
Bom é perceber que enquanto muitos “donos” de igreja procuram por ávida ganância títulos impensáveis na recente história da igreja (apóstolos, patriarcas, pai), alguns teólogos de influência traçam o caminho reverso da submissão à palavra para que todo o corpo sirva com lucidez, tal qual STOTT (2013, p.71) esclarece e derruba esta dicotomia clero-leigo:
Prestamos grande desserviço à igreja sempre que nos referimos ao pastorado como “o” ministério, pois se usamos o artigo definido, damos a impressão de que pensamos que o pastorado é o único ministério que existe. Arrependi-me disso algumas décadas atrás e convido meus leitores a se unirem a mim na penitência hoje. Se alguém diz na minha presença hoje em dia que isso ou aquilo “está acontecendo no ministério”, tento parecer inocente e respondo: “É mesmo? De que ministério você está falando?”. A que meu interlocutor em geral responde “o ministério pastoral” – a que replico “Por que você não disse isso?”.
O embasamento todo da questão está na confusão de entender o pastoreio (clero) como o supraministério da igreja e que as demais funções do serviço estão no subministério, porém biblicamente o servir (não a responsabilidade administrativa e de liderança) está ligado à palavra grega diakonia, palavra genérica que significa ministério ou serviço e que sem a especificação de um adjetivo fica vazio de significado. Pode ser a diakonia pastoral, social, missionário, médico, administrativo, socorro e muito mais. Baseado na passagem de Romanos 14.4, STOTT (2013,p.71), continua:
Vamos agora resumir o princípio que é ilustrado nessa passagem. É o de que todos os cristãos são chamados para o ministério (diakonia). Porque somos seguidores daquele que disse ter vindo não para ser servido, mas para servir (Mc 10.45), é inconcebível que gastemos nossa vida de outra maneira que não seja no ministério ou serviço. Mas há uma vasta diversidade de dons, chamados e ministérios, e precisamos descobrir nossos dons e ajudar os outros a descobrir os deles.
Neste sentido fica muito claro que a vocação de um indivíduo, regenerado, levado ao convívio coletivo e de comunidade cristã servirá em sua diakonia seja qual for com o prazer e entusiasmo de fazê-lo para glória de Deus.
NOVAS CONGREGAÇÕES GERADAS
O surgimento de igrejas sadias pela cidade é algo que devemos enxergar com um olhar especial. Considerar a geração de uma ou duas novas congregações a partir da igreja local existente à medida que esta cresce em número de membros facilita não apenas o quesito de deslocamento de pessoas, uma vez que os efeitos do mundo moderno produz o caos do deslocamento urbano, mas também ajusta a comunhão dos cristãos em igrejas novas.
Para SNYDER (2004, p.134) é preciso estar atento quanto ao tamanho de uma igreja, muito embora não exista um padrão número de membros:
O melhor tamanho de uma igreja local varia, é claro, de acordo com fatores culturais e não se pode estabelecer nenhum limite arbitrário. Pesquisas sobre crescimento de igrejas indicam, porém, que depois que a congregação cresce e atinge alguma centenas de membros, o índice de crescimento diminuí, a menos que se formem novas congregações filiais, por meio do crescimento por divisão.
Entendendo a plantação de igrejas em meio urbano (ou não, necessariamente), KELLER (2014, p. 426-427) defende que a plantação continua de igrejas atua como um vetor de contínuo ajuste cultural, ou seja, a presença ostensiva de plantadores de novas congregações firma a cultura cristã:
A tarefa de plantar igrejas não se aplica apenas a regiões distantes ou a sociedades pagãs que estamos tentando a se transformar em cristãs. As sociedades que já contam com igrejas têm de manter uma plantação de igrejas vigorosa e abrangente, simplesmente para continuar cristãs. Uma igreja sozinha, não importa o tamanho, jamais conseguirá atender às necessidades de uma cidade tão diversificada. Somente um movimento de centenas de igrejas, pequenas e grandes, consegue penetrar literalmente em cada vizinhança e em cada grupo de uma cidade.
Algumas igrejas nunca irão crescer se não multiplicarem[1] em novas comunidades. A multiplicação não deve ser enxergada negativamente como perda de membros, receitas ou volumes. Igrejas bem estruturadas e com algumas centenas de membros devem pensar em juntar algumas famílias que vivem na mesma área, e usa-las como núcleo de uma nova congregação. Uma igreja mãe precisa pensar que além de uma boa estrutura local ela deve ser uma plantadora de igrejas. Segundo as palavras de STETZER (2015, p.392):
O plantador é a pessoa que desenvolve e instila a visão para iniciar novas igrejas. Desde o primeiro dia de uma nova igreja plantada, o plantador deve agir de maneira estratégica para reproduzir aquela igreja e fazer avançar o reino de Deus produzindo igrejas-filha. A sabedoria comum mostra que se você não plantar uma igreja-filha dentro de três anos, jamais o fará.
Isso poderia acontecer em qualquer lugar, salão, sala, garagem alugados, por exemplo. Com o crescimento destas congregações, elas poderiam se dividir novamente no mesmo processo indefinidamente.
Este processo de crescimento pode surgir em momentos específicos da igreja de origem, seja através de uma congregação ou igreja filha iniciada num bairro distante, noutra cidade ou mesmo país, ou pela saída de membros e líderes para o início de uma nova comunidade de fé. Ainda que esta nova comunidade tenha surgido como um “cisma”, é preciso entender com maturidade cristã que o rebanho pertence a Deus e que se esta nova comunidade estiver fiel aos princípios da Bíblia, que o próprio Senhor cuide e dê crescimento saudável. Que haja comunhão genuína e expansão do reino de Deus.
Estas novas congregações se tornam um vetor muito especial para que o reino avance e mais pessoas conheçam o evangelho, vem a tornar-se membros da comunidade do Rei, O adorem e sirvam ao propósito dEle. Como? À medida que novas igrejas filhas surgem, a tarefa de evangelização de não alcançados pela igreja mãe avança. Com isso novos líderes e pastores serão levantados ao longo da existência da nova igreja.
Relevante é quando a igreja está unida no propósito do reino na cidade onde está fixada. Conselhos de pastores são úteis para que as estratégias estejam focadas no reino e em sua expansão. Desta forma podemos olhar para além de nossos próprios muros organizacionais. Como? Focando esforços e recursos para que as novas igrejas filhas sejam suficientemente fortificadas, e neste sentido abdicando do investimento de recursos num mesmo local que já está suficientemente estruturado. Isso faz toda a diferença!
Existe um paradigma a ser vencido na eclesiologia contemporânea. Infelizmente o contexto geral da igreja brasileira é mercado de consumo, com igrejas servindo interesses que muitas vezes se distanciam do propósito de reino. No contexto norte americano, por exemplo, DEVER & ALEXANDER (2015, p.251-252) propõem um modelo de “trégua” para o benefício do reino de Deus:
As igrejas mostram maturidade corporativa quando demonstram interesse amoroso por outras igrejas locais em sua região. Sempre pensamos no foco voltado para fora, em termos individuais ou globais. Mas uma igreja local madura compreende que há outras igrejas evangélicas firmes em seus arredores, que podem ou não ter obtido tanto progresso como nós. Se não for este o caso, ofereça-lhes recursos que contribuirão para o desenvolvimento prático e teológico – livros, livretos, pregações em CD, bolsas para participação em conferências ou apenas uma oferta coletiva em dinheiro, a fim de que comecem um ministério digno.
A transmissão de um legado para as gerações futuras começa agora. Uma mudança de paradigma pode ser crucial para que os crentes da próxima geração entendam que acima de bandeiras denominacionais, a união e aliança de cristãos comprometidos com a causa do reino fazem a diferença para o efeito multiplicador das comunidades de crentes na cidade.
SOBRE A GLÓRIA DE CRISTO
“Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo.” (João 17.24)
O sumo sacerdote sob a lei, quando estava para entrar no lugar santo no dia solene da expiação, deveria encher ambas as mãos com o incenso aromático do incensário de ouro, para levar junto consigo na entrada. Ele deveria carregar também um incensário cheio do fogo, que foi retirado do altar dos holocaustos, onde a expiação foi feita para o pecado com sangue. Após a sua entrada através do véu, ele deveria colocar o incenso sobre o fogo no incensário que carregava, até que a nuvem de sua fumaça cobrisse a arca e o propiciatório. Veja Lev 16. 12,13. E afinal quando estava para se apresentar a Deus, no nome do povo de Israel, um cheiro suave e doce recendia do sacrifício de propiciação .
Em resposta a esta tipologia mística, o grande Sumo Sacerdote da Igreja, nosso Senhor Jesus Cristo, estando para entrar no lugar santo, não feito por mãos, com a gloriosa oração registrada neste 17º capítulo de João, influenciada pelo sangue do seu sacrifício, encheu os céus acima, o lugar glorioso da habitação de Deus, com uma nuvem de incenso, com o doce perfume de sua abençoada intercessão, tipificada pelo incenso oferecido pelo sumo sacerdote do Velho Testamento.
É evidente, que nesta oração o Senhor Jesus Cristo se refere à sua própria glória, e sobre a sua manifestação, que ele tinha citado na introdução da oração que dirigiu ao Pai, versos 4 e 5.
Mas nesta passagem ele não se referiu apenas à sua glória, como sua possessão, como também para a vantagem, benefício e satisfação dos seus discípulos, na contemplação da mesma. Porque estas coisas eram o fim de toda essa glória que lhe deveria ser dada. Assim como José pediu a seus irmãos, quando ele se revelou a eles, para contarem a seu pai a respeito de toda a sua glória no Egito, Gên 45.13. Ele fez isso, não para uma ostentação de sua própria glória, mas para a satisfação que ele sabia que seu pai teria em conhecê-la. E tal manifestação de sua glória para os seus discípulos conforme o Senhor Jesus Cristo aqui deseja, também poderia enchê-los com uma satisfação abençoada para todo o sempre.
Somente isto, pelo que ele orou aqui, dar-lhes-ia tal satisfação, e nada mais. Os corações dos crentes são como a agulha tocada pela magnetita, que não pode repousar até chegar ao ponto secreto para o qual ela deve apontar. Tendo uma vez sido tocados pelo amor de Cristo, recebendo nele uma impressão de inefável virtude secreta, eles vão sempre estar em movimento, e sem repouso, até que eles venham a ele, e contemplem a sua glória. A alma que não pode ficar satisfeita sem isto, não pode portanto, ficar eternamente satisfeita sem participar da eficácia de sua intercessão.
Vou lançar as bases das meditações que se seguirem nesta única afirmação, ou seja, que um dos maiores privilégios dos crentes, tanto neste mundo, e na eternidade, consiste na sua contemplação da glória de Cristo.
É isto, portanto, que ele deseja para eles nesta intercessão solene, como o complemento de todos os seus outros pedidos para eles; “Para que vejam a minha glória.”, que eles possam contemplar a minha glória. Apresentarei as razões pelas quais eu não atribuo este glorioso privilégio apenas ao estado celestial, que é principalmente referido neste lugar, mas o aplico até mesmo ao estado dos crentes neste mundo também.
Há duas formas ou graus de contemplação da glória de Cristo, que são constantemente distinguidos nas Escrituras. A primeira é pela fé neste mundo, a qual é a evidência das coisas que se não veem, a outra é pela visão, ou visão imediata na eternidade, 2 Coríntios 5.7. “Andamos por fé e não por vista.” Fazemo-lo enquanto estamos neste mundo, “enquanto que estando presentes no corpo, e ausentes do Senhor”, verso 8. Mas devemos viver e andar por vista aqui. E é Cristo, o Senhor e a sua glória, que são o objeto imediato tanto desta fé e visão. Porque nós aqui “vemos como por espelho” (isto é, pela fé), mas nós o veremos face a face (pela visão imediata). “Agora nós conhecemos em parte, mas então vamos conhecê-lo como nós somos conhecidos”, 1 Coríntios 12.12. O que é a diferença entre essas duas formas de contemplar a glória de Cristo, deve ser declarado.
Esta é a primeira forma, ou seja, pela visão à luz da glória que é principalmente citada na oração de nosso bendito Salvador, que seus discípulos possam estar onde ele estiver, para contemplarem a sua glória. Mas, não vou confinar meu comentário nisto; nem nosso Senhor Jesus o exclui do seu desejo, que é a visão de sua glória que temos pela fé neste mundo, senão ele ora para a perfeição da mesma no céu. É, por conseguinte, na primeira forma, que, em princípio eu vou insistir, e isto, pelas razões que se seguem.
1. Nenhum homem jamais contemplou aqui neste mundo a glória de Cristo pela visão, que não tenha sido, em alguma medida, senão pela fé; a graça é uma preparação necessária para a glória, e a fé para a visão. Quando o objeto, a alma, não está previamente preparada com graça e fé, ele não é capaz de glória, ou visão.
O apóstolo nos diz a respeito de si mesmo, e também outros crentes, que quando o Senhor Jesus Cristo estava presente, e conversava com eles, nos dias de sua carne, que eles “viram a sua glória como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e verdade”, Jo 1.14. E podemos perguntar: o que foi esta glória de Cristo, que foi assim vista? Porque não era a glória de sua condição externa, como contemplamos a glória e grandeza dos reis e potentados da terra; porque ele esvaziou a si mesmo e foi achado na forma de servo, vivendo na condição de um homem de baixo grau.
Eles viram a glória da sua pessoa e do seu ofício na administração da graça e da verdade. E como eles viram essa glória de Cristo? Foi pela fé, e não o contrário. Porque este privilégio foi concedido apenas àqueles que o receberam, e creram em seu nome, verso 12. Esta foi a glória que João Batista viu, quando em sua vinda a ele, disse a todos os que estavam presentes: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, Jo 1.29-33.
Portanto, que ninguém engane a si mesmo: aquele que não tem visão da glória de Cristo aqui, nunca a terá no futuro para sua vantagem.
2 . A contemplação de Cristo na glória, é algo em si mesmo muito elevado, ilustre e maravilhoso para nós em nossa condição atual . Ele tem um esplendor e glória muito grandes para a nossa presente faculdade espiritual.
3. Pela presente contemplação da glória de Cristo, a vida e o poder da fé são mais eminentemente exercitados.
E a partir deste exercício de fé, principalmente o amor a Cristo, se não exclusivamente, surge e aflora. Se, portanto, desejarmos ter a fé em seu vigor, ou o amor em seu poder, dando descanso e satisfação, para as nossas próprias almas, nós devemos procurar por eles no cumprimento diligente deste dever; pois, não será achado de outra forma.
Por isso, o apóstolo dá “graças ao Pai, que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz”, Col 1.12. Com efeito, o princípio aqui citado, e a plenitude da glória são comunicados aos crentes por um ato poderoso da vontade e graça de Deus.
Mas ele tem ainda ordenado meios pelos quais eles possam ser feitos participantes da glória que lhes é assim comunicada.
Este caminho e meios que são por se contemplar a glória de Cristo pela fé, serão totalmente declarados em nosso progresso. Isto, portanto, deve nos estimular para este dever, pelo qual toda a nossa presente glória consiste em nossa preparação para a glória futura.
Nenhum homem pode, pela fé ter uma visão real desta glória, mas a virtude procederá disto num poder transformador, para “mudá-lo na mesma imagem”, 2 Coríntios 3.18. Como isto é feito, e como nós nos tornamos como Cristo, contemplando sua glória, será plenamente visto em nosso progresso.
A contemplação constante da glória de Cristo, dará descanso e satisfação às almas que são assim exercitadas. Nossas mentes são aptas para serem enchidas com uma infinidade de pensamentos perplexos; medos, cuidados, perigos, angústias, paixões e concupiscências, fazendo várias impressões sobre as mentes dos homens, enchendo-os com desordem, escuridão e confusão. Mas onde a alma é fixada em seus pensamentos e contemplações neste glorioso objeto, ela será trazida e mantida em uma santa e serena condição espiritual. Porque “a inclinação do Espírito é vida e paz.”
O sumo sacerdote sob a lei, quando estava para entrar no lugar santo no dia solene da expiação, deveria encher ambas as mãos com o incenso aromático do incensário de ouro, para levar junto consigo na entrada. Ele deveria carregar também um incensário cheio do fogo, que foi retirado do altar dos holocaustos, onde a expiação foi feita para o pecado com sangue. Após a sua entrada através do véu, ele deveria colocar o incenso sobre o fogo no incensário que carregava, até que a nuvem de sua fumaça cobrisse a arca e o propiciatório. Veja Lev 16. 12,13. E afinal quando estava para se apresentar a Deus, no nome do povo de Israel, um cheiro suave e doce recendia do sacrifício de propiciação .
Em resposta a esta tipologia mística, o grande Sumo Sacerdote da Igreja, nosso Senhor Jesus Cristo, estando para entrar no lugar santo, não feito por mãos, com a gloriosa oração registrada neste 17º capítulo de João, influenciada pelo sangue do seu sacrifício, encheu os céus acima, o lugar glorioso da habitação de Deus, com uma nuvem de incenso, com o doce perfume de sua abençoada intercessão, tipificada pelo incenso oferecido pelo sumo sacerdote do Velho Testamento.
É evidente, que nesta oração o Senhor Jesus Cristo se refere à sua própria glória, e sobre a sua manifestação, que ele tinha citado na introdução da oração que dirigiu ao Pai, versos 4 e 5.
Mas nesta passagem ele não se referiu apenas à sua glória, como sua possessão, como também para a vantagem, benefício e satisfação dos seus discípulos, na contemplação da mesma. Porque estas coisas eram o fim de toda essa glória que lhe deveria ser dada. Assim como José pediu a seus irmãos, quando ele se revelou a eles, para contarem a seu pai a respeito de toda a sua glória no Egito, Gên 45.13. Ele fez isso, não para uma ostentação de sua própria glória, mas para a satisfação que ele sabia que seu pai teria em conhecê-la. E tal manifestação de sua glória para os seus discípulos conforme o Senhor Jesus Cristo aqui deseja, também poderia enchê-los com uma satisfação abençoada para todo o sempre.
Somente isto, pelo que ele orou aqui, dar-lhes-ia tal satisfação, e nada mais. Os corações dos crentes são como a agulha tocada pela magnetita, que não pode repousar até chegar ao ponto secreto para o qual ela deve apontar. Tendo uma vez sido tocados pelo amor de Cristo, recebendo nele uma impressão de inefável virtude secreta, eles vão sempre estar em movimento, e sem repouso, até que eles venham a ele, e contemplem a sua glória. A alma que não pode ficar satisfeita sem isto, não pode portanto, ficar eternamente satisfeita sem participar da eficácia de sua intercessão.
Vou lançar as bases das meditações que se seguirem nesta única afirmação, ou seja, que um dos maiores privilégios dos crentes, tanto neste mundo, e na eternidade, consiste na sua contemplação da glória de Cristo.
É isto, portanto, que ele deseja para eles nesta intercessão solene, como o complemento de todos os seus outros pedidos para eles; “Para que vejam a minha glória.”, que eles possam contemplar a minha glória. Apresentarei as razões pelas quais eu não atribuo este glorioso privilégio apenas ao estado celestial, que é principalmente referido neste lugar, mas o aplico até mesmo ao estado dos crentes neste mundo também.
Há duas formas ou graus de contemplação da glória de Cristo, que são constantemente distinguidos nas Escrituras. A primeira é pela fé neste mundo, a qual é a evidência das coisas que se não veem, a outra é pela visão, ou visão imediata na eternidade, 2 Coríntios 5.7. “Andamos por fé e não por vista.” Fazemo-lo enquanto estamos neste mundo, “enquanto que estando presentes no corpo, e ausentes do Senhor”, verso 8. Mas devemos viver e andar por vista aqui. E é Cristo, o Senhor e a sua glória, que são o objeto imediato tanto desta fé e visão. Porque nós aqui “vemos como por espelho” (isto é, pela fé), mas nós o veremos face a face (pela visão imediata). “Agora nós conhecemos em parte, mas então vamos conhecê-lo como nós somos conhecidos”, 1 Coríntios 12.12. O que é a diferença entre essas duas formas de contemplar a glória de Cristo, deve ser declarado.
Esta é a primeira forma, ou seja, pela visão à luz da glória que é principalmente citada na oração de nosso bendito Salvador, que seus discípulos possam estar onde ele estiver, para contemplarem a sua glória. Mas, não vou confinar meu comentário nisto; nem nosso Senhor Jesus o exclui do seu desejo, que é a visão de sua glória que temos pela fé neste mundo, senão ele ora para a perfeição da mesma no céu. É, por conseguinte, na primeira forma, que, em princípio eu vou insistir, e isto, pelas razões que se seguem.
1. Nenhum homem jamais contemplou aqui neste mundo a glória de Cristo pela visão, que não tenha sido, em alguma medida, senão pela fé; a graça é uma preparação necessária para a glória, e a fé para a visão. Quando o objeto, a alma, não está previamente preparada com graça e fé, ele não é capaz de glória, ou visão.
O apóstolo nos diz a respeito de si mesmo, e também outros crentes, que quando o Senhor Jesus Cristo estava presente, e conversava com eles, nos dias de sua carne, que eles “viram a sua glória como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e verdade”, Jo 1.14. E podemos perguntar: o que foi esta glória de Cristo, que foi assim vista? Porque não era a glória de sua condição externa, como contemplamos a glória e grandeza dos reis e potentados da terra; porque ele esvaziou a si mesmo e foi achado na forma de servo, vivendo na condição de um homem de baixo grau.
Eles viram a glória da sua pessoa e do seu ofício na administração da graça e da verdade. E como eles viram essa glória de Cristo? Foi pela fé, e não o contrário. Porque este privilégio foi concedido apenas àqueles que o receberam, e creram em seu nome, verso 12. Esta foi a glória que João Batista viu, quando em sua vinda a ele, disse a todos os que estavam presentes: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, Jo 1.29-33.
Portanto, que ninguém engane a si mesmo: aquele que não tem visão da glória de Cristo aqui, nunca a terá no futuro para sua vantagem.
2 . A contemplação de Cristo na glória, é algo em si mesmo muito elevado, ilustre e maravilhoso para nós em nossa condição atual . Ele tem um esplendor e glória muito grandes para a nossa presente faculdade espiritual.
3. Pela presente contemplação da glória de Cristo, a vida e o poder da fé são mais eminentemente exercitados.
E a partir deste exercício de fé, principalmente o amor a Cristo, se não exclusivamente, surge e aflora. Se, portanto, desejarmos ter a fé em seu vigor, ou o amor em seu poder, dando descanso e satisfação, para as nossas próprias almas, nós devemos procurar por eles no cumprimento diligente deste dever; pois, não será achado de outra forma.
Por isso, o apóstolo dá “graças ao Pai, que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz”, Col 1.12. Com efeito, o princípio aqui citado, e a plenitude da glória são comunicados aos crentes por um ato poderoso da vontade e graça de Deus.
Mas ele tem ainda ordenado meios pelos quais eles possam ser feitos participantes da glória que lhes é assim comunicada.
Este caminho e meios que são por se contemplar a glória de Cristo pela fé, serão totalmente declarados em nosso progresso. Isto, portanto, deve nos estimular para este dever, pelo qual toda a nossa presente glória consiste em nossa preparação para a glória futura.
Nenhum homem pode, pela fé ter uma visão real desta glória, mas a virtude procederá disto num poder transformador, para “mudá-lo na mesma imagem”, 2 Coríntios 3.18. Como isto é feito, e como nós nos tornamos como Cristo, contemplando sua glória, será plenamente visto em nosso progresso.
A contemplação constante da glória de Cristo, dará descanso e satisfação às almas que são assim exercitadas. Nossas mentes são aptas para serem enchidas com uma infinidade de pensamentos perplexos; medos, cuidados, perigos, angústias, paixões e concupiscências, fazendo várias impressões sobre as mentes dos homens, enchendo-os com desordem, escuridão e confusão. Mas onde a alma é fixada em seus pensamentos e contemplações neste glorioso objeto, ela será trazida e mantida em uma santa e serena condição espiritual. Porque “a inclinação do Espírito é vida e paz.”
Devocional Alegria Inabalável - John Piper
COMO PEDIR PERDÃO
Versículo do dia: Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados. (1 João 1.9)
Lembro-me de ouvir um dos meus professores no seminário dizer que um dos melhores testes da teologia de uma pessoa era o efeito que ela tem sobre as suas orações.
Isso me pareceu verdade por causa do que estava acontecendo em minha própria vida. Noël e eu havíamos acabado de nos casar e estávamos tendo como nosso hábito orarmos juntos todas as noites. Observei que durante os cursos bíblicos que estavam moldando minha teologia mais profundamente, minhas orações estavam mudando dramaticamente.
Provavelmente a mudança mais significativa naqueles dias foi que eu estava aprendendo a argumentar diante de Deus sobre o fundamento da sua glória. Começar com “santificado seja o teu nome” e terminar com “em nome de Jesus” significava que a glória do nome de Deus era o alvo e o fundamento de tudo o que eu orava.
E que força adentrou em minha vida quando aprendi que a oração por perdão deve ser baseada não apenas em um apelo à misericórdia de Deus, mas também em um apelo à sua justiça em creditar o valor da obediência do seu Filho. “Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados” (1 João 1.9).
No Novo Testamento, o fundamento de todo o perdão dos pecados é revelado mais claramente do que no Antigo Testamento, mas a base do compromisso de Deus com o seu nome não muda.
Paulo ensina que a morte de Cristo demonstrou a justiça de Deus ao perdoar os pecados e vindicou a justiça de Deus ao justificar os ímpios que confiam em Jesus e não em si mesmos (Romanos 3.25-26).
Em outras palavras, Cristo morreu de uma vez por todas para livrar o nome de Deus do que parece um erro grosseiro de justiça — a absolvição dos pecadores simplesmente por causa de Jesus. Mas Jesus morreu de tal maneira que o perdão “por causa de Jesus” é o mesmo que o perdão “por causa do nome de Deus”.
Devocional Do Dia - Charles Spurgeon
Versículo do Dia: “No mundo, passais por aflições.” (João 16.33)
Crente, você está procurando a razão para suas aflições? Olhe para o alto, contemple o seu Pai celestial, veja-O em sua pureza e santidade. Um dia, você será semelhante a Ele. Você será conformado facilmente à imagem dele? Você exigirá muito aprimoramento “na fornalha da aflição” (Isaías 48.10)? Livrá-lo de suas corrupções e torná-lo perfeito como o seu Pai celestial (ver Mateus 5.48) será algo fácil?
Agora, olhe para baixo. Você sabe que inimigos já estão debaixo de seus pés? Antes, você era servo de Satanás; e nenhum rei perderá espontaneamente seus servos. Você acha que Satanás o deixará ir tranquilamente? Não, ele sempre o estará seguindo, pois “o diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pedro 5.8).
Olhe ao seu redor. Onde você está? Você está no país do inimigo; você é um peregrino e forasteiro. O mundo não é seu amigo. Se o mundo é seu amigo, você não é amigo de Deus, pois quem é amigo do mundo é inimigo de Deus. Esteja certo de que você encontrará inimigos em todos os lugares. Quando você dormir, pense que está descansando no campo de batalha. Quando andar pelas ruas, suspeite de uma emboscada em cada esquina. Assim como se diz que os mosquitos de cada país costumam picar mais os estrangeiros do que os nativos, assim também as provações da terra serão mais dolorosas para você.
Por último, olhe para o seu próprio coração e observe o que se encontra ali. O pecado e o interesse próprio ainda permanecem em seu íntimo. Oh, se não existisse o diabo a tentar você, inimigos a guerrear contra você e o mundo para o enlaçar, você ainda encontraria dentro de si mesmo, mal o suficiente para lhe causar dolorosos problemas pois, “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jeremias 17.9). Espere dificuldades. Todavia, não se desespere pois Deus está com você para o ajudar e fortalecer. Esta é promessa de Deus: “Na sua angústia eu estarei com ele, livrá-lo-ei e o glorificarei” (Salmos 91.15).
Crente, você está procurando a razão para suas aflições? Olhe para o alto, contemple o seu Pai celestial, veja-O em sua pureza e santidade. Um dia, você será semelhante a Ele. Você será conformado facilmente à imagem dele? Você exigirá muito aprimoramento “na fornalha da aflição” (Isaías 48.10)? Livrá-lo de suas corrupções e torná-lo perfeito como o seu Pai celestial (ver Mateus 5.48) será algo fácil?
Agora, olhe para baixo. Você sabe que inimigos já estão debaixo de seus pés? Antes, você era servo de Satanás; e nenhum rei perderá espontaneamente seus servos. Você acha que Satanás o deixará ir tranquilamente? Não, ele sempre o estará seguindo, pois “o diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pedro 5.8).
Olhe ao seu redor. Onde você está? Você está no país do inimigo; você é um peregrino e forasteiro. O mundo não é seu amigo. Se o mundo é seu amigo, você não é amigo de Deus, pois quem é amigo do mundo é inimigo de Deus. Esteja certo de que você encontrará inimigos em todos os lugares. Quando você dormir, pense que está descansando no campo de batalha. Quando andar pelas ruas, suspeite de uma emboscada em cada esquina. Assim como se diz que os mosquitos de cada país costumam picar mais os estrangeiros do que os nativos, assim também as provações da terra serão mais dolorosas para você.
Por último, olhe para o seu próprio coração e observe o que se encontra ali. O pecado e o interesse próprio ainda permanecem em seu íntimo. Oh, se não existisse o diabo a tentar você, inimigos a guerrear contra você e o mundo para o enlaçar, você ainda encontraria dentro de si mesmo, mal o suficiente para lhe causar dolorosos problemas pois, “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jeremias 17.9). Espere dificuldades. Todavia, não se desespere pois Deus está com você para o ajudar e fortalecer. Esta é promessa de Deus: “Na sua angústia eu estarei com ele, livrá-lo-ei e o glorificarei” (Salmos 91.15).
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