Semeando o Evangelho

Semeando o Evangelho
Semear a Verdade e o Amor de Deus

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Temos paz com Deus - Jonas Madureira


EVANGELHOS FALSOS

Por John Robbins

Dinheiro falso se parece com dinheiro genuíno e — ele tem que ser assim —, para poder enganar as pessoas. Evangelhos falsos são parecidos com o real, e eles enganam a muitos.

Paulo adverte sobre os evangelhos falsos em duas de suas cartas às igrejas da Grécia e da Ásia. Na segunda carta aos cristãos da cidade grega de Corinto, ele condena os pregadores e evangelistas que “prega[m] outro Jesus que não pregamos [...] ou outro evangelho que não acolhestes”. E em sua carta às igrejas da Galácia, Paulo escreveu: “Estou admirado de que estejais sendo desviados tão depressa daquele que vos chamou pela graça de Cristo para outro evangelho, que de fato não é outro evangelho, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo”.

Paulo irou-se com alguns pregadores, e advertiu os gálatas:

 “Mas, ainda que nós mesmos, ou um anjo vindo do céu vos pregue um evangelho diferente do que já vos pregamos, seja maldito”.

Essa advertência deveria fazer os pregadores pensar duas vezes sobre o evangelho que anunciam; entretanto, vários deles continuam a pregar evangelhos falsos. Diversos líderes religiosos encontram-se confusos acerca do evangelho de Jesus Cristo. Pensam que o evangelho significa: “Você precisa nascer de novo”.

O evangelho não é isso. Tampouco é: “Você precisa ser cheio (ou batizado com) o Espírito Santo”.
E nem também: “Você precisa ser bom”.
Na verdade, o evangelho de Jesus Cristo não é nenhuma destas coisas:

“Você precisa ser batizado”.
“Você deve falar em línguas”.
“Você deve confessar seus pecados a um padre”.
“Você pode fazer milagres”.
“Espere pelo milagre!”.
“Você precisa ser salvo”.
“Deixe Jesus entrar em seu coração”.
“Você deve se relacionar pessoalmente (ou ter um encontro, ou uma experiência) com Jesus Cristo”.
“Você só precisa acreditar no que a igreja ensina”.
“Arrependa-se de seus pecados”.
“Torne Jesus o Senhor de sua vida!”.
“Coloque Cristo no trono de sua vida!”.
“Jesus foi o melhor homem que já existiu”.
“Jesus deixou-nos o exemplo para que o sigamos até o céu”.
“Creia em Jesus!”.
“Aproxime-se de Deus”.
“Cristo morreu por todos e deseja que todas as pessoas sejam salvas”.
“Jesus quer ver você feliz, saudável e rico”.
“Deus deseja que você receba a unção!”.
“Tempos difíceis não duram para sempre; pessoas duronas, sim”.
“Você é um vencedor!”.
“Deus é amoroso demais para mandar alguém para o inferno!”.
“Faça uma decisão por Jesus”.
“Os cristãos deveriam tomar posse da Terra”.
“Jesus está voltando outra vez!”.
Todas essas mensagens, ouvidas na televisão, no rádio e nas igrejas, todas as semanas, não são o evangelho de Jesus Cristo. Algumas delas são verdadeiras por terem sido retiradas da Bíblia, tal como: “Jesus está voltando de novo!”, mas o evangelho não se resume à segunda vinda de Jesus; ele trata de sua primeira vinda a Terra, há 2 000 anos.

Que é o evangelho?

A palavra “evangelho” significa “boas notícias”. O evangelho de Jesus Cristo não ensina como chegar ao céu, nem sobre o que Deus pode fazer para mudar sua vida, e certamente não diz respeito a sucesso, prosperidade, saúde ou dinheiro. O evangelho não dá dicas para melhorar sua experiência de vida, levantar a auto-estima ou sobre ser bom.
Os discípulos de Jesus cometeram o erro de confundir o evangelho com sua experiência religiosa, e Cristo os advertiu em Lucas 10:

“Depois disso, o Senhor designou outros setenta e dois e os enviou diante de si, dois em dois, a todas as cidades e lugares para onde ele havia de ir [...] E os setenta e dois voltaram com alegria, dizendo: Senhor, até os demônios se submetem a nós, em teu nome. Ele lhes disse: Eu vi Satanás cair do céu como um raio. Eu vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará mal algum. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós, mas pelos vossos nomes estarem escritos nos céus”.

Esses 72 homens foram escolhidos e enviados pelo próprio Jesus. Os demônios sujeitavam-se a eles. Deus realizava coisas extraordinárias na vida deles. Seu evangelismo era um sucesso espetacular. Entretanto, Jesus lhes ordenou solenemente: “não vos alegreis”. Cristo deu-lhes uma ordem direta para que não se alegrassem com suas experiências, não porque elas não fossem motivo para regozijo, mas porque ignoravam um fato muitíssimo mais importante, algo que não fazia parte da experiência deles: Seus nomes estavam escritos nos céus.

Os discípulos tinham em vista a própria experiência e não o que Deus realizara em prol deles desde a eternidade e o que Cristo faria em breve a fim de completar o plano divino da salvação. Cristo ordenou-lhes alegrarem-se por algo que eles nunca haviam experimentado, algo que Deus fizera completamente fora deles e antes de terem nascido. Isso constitui as boas notícias, isso é o evangelho.

A maiorias dos livros, teses, programas de televisão e sermões autodenominados “cristãos” não são nada mais que histórias sobre experiências maravilhosas vividas por algumas pessoas. Jogadores de futebol, astros cinematográficos, advogados famosos, políticos e líderes religiosos — todos têm experiências pessoais e se regozijam por causa delas. Nenhum deles versa sobre o evangelho. Eles usam expressões do tipo “sentimentos”, “senti”, “impressão”, “tive a sensação”, “euforia”, “orientações”, “emoções” — todas centradas em si mesmos e em suas experiências. Mas o evangelho de Jesus Cristo não diz respeito ao egocentrismo e obsessão por experiências pessoais por si sós.

O evangelho de Jesus Cristo não nos diz para sermos bisbilhoteiros espirituais, não nos diz para procurarmos emoções fortes ou sermos guiados por impressões ou orientações. Ele nos diz para confiar somente no que Cristo realizou no Calvário.
O apóstolo Paulo nos diz o que é o evangelho em 1Coríntios 15:

“Irmãos, lembro-vos do evangelho que vos anunciei, o qual também recebestes e no qual estais firmes. Por meio dele sois também salvos, se tiverdes com firmeza a mensagem tal como a anunciei a vós; a não ser que tenhais crido inutilmente. Porque primeiro vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, Segundo as Escrituras; e foi sepultado; e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.

Isso é o evangelho de Jesus Cristo.
Em sua carta aos cristãos de Roma, Paulo explicou o evangelho desta forma:

“… Pelas obras da lei ninguém será justificado diante dele; pois pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. Mas agora a justiça de Deus manifestou-se, sem a lei, atestada pela Lei e pelos Profetas; isto é, a justiça de Deus por meio da fé em Jesus Cristo para todos os que crêem; pois não há distinção. Porque todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus ofereceu como sacrifício propiciatório [algo que aplaca a ira de Deus], por meio da fé, pelo seu sangue, para demonstração da sua justiça. Na sua paciência, Deus deixou de punir os pecados anteriormente cometidos; para demonstração da sua justiça no tempo presente, para que ele seja justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus [...] Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei”.

Verdade e história

Em contraste com os evangelhos falsos pregados na atualidade, o evangelho é verdadeiro, e não uma lenda ou mito. Jesus Cristo foi um personagem humano, real, da história da humanidade, tanto quanto Napoleão Bonaparte ou Dom Pedro I. Alguns líderes religiosos dizem que Jesus foi um mito ou uma lenda: ele nunca teria existido. Isso não é verdade. Ele nasceu da virgem Maria, na pequena cidade de Belém, há 2 000 anos. Viveu cerca de 33 anos, foi sentenciado à morte pelo governo romano, e ressuscitou dentre os mortos três dias depois. Ao ser açoitado e crucificado, seu sangue escorreu até o chão. Jesus Cristo não é nenhum mito.

Em segundo lugar, o evangelho trata de fatos acontecidos no passado: ele é histórico. O evangelho é as boas notícias a respeito do que Jesus fez em prol de seu povo há 2 000 anos. Ele morreu pelos pecados do seu povo, para que estes não tivessem que morrer por causa deles. Cristo foi sepultado e ao terceiro dia saiu vivo de seu túmulo.

Todos esses acontecimentos independem de nossa experiência/ sentimento. Da mesma forma como todos os seres humanos estão condenados por causa da primeira desobediência de Adão, nosso pai — um pecado totalmente fora de nosso alcance —, da mesma forma todo o povo de Deus é salvo mediante a obediência do segundo e inocente Adão, Jesus Cristo — uma obediência totalmente fora de nosso alcance.

A Bíblia ensina que a salvação foi adquirida mediante a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo — por meio de atos totalmente fora de nosso alcance. O evangelho não é uma experiência subjetiva, mas uma verdade objetiva.

O evangelho é verdade, não ficção. O evangelho é história, não experiência pessoal. O evangelho é o que Jesus realizou em prol de seu povo, e não o que as pessoas precisam fazer por ele. Os pecadores não podem fazer nada para merecer ou herdar a salvação. Eles não podem nem mesmo se preparar para a salvação por estarem mortos em seus pecados.

A certeza da salvação

O evangelho é boas notícias por serem notícias de que a salvação é absolutamente verdadeira para o povo de Deus. Não se trata de mera possibilidade ou probabilidade.

Cristo, ao morrer por seu povo, assumiu a punição merecida pelos pecados deles e alcançou para eles salvação real. Ele não abriu meramente a porta do céu para que pudessem entrar quando e se desejassem. Ele não construiu apenas uma ponte sobre o abismo entre os seres humanos pecaminosos e o Deus santo e perfeito para que as pessoas pudessem achegar-se a Deus se o desejassem. Ele atravessou o abismo para levar seu povo de volta ao céu com ele. Ao dizer: “Está consumado”, ele não mentiu. A morte de Cristo realmente obteve a salvação completa de seu povo. Eles não podem fazer nada para merecer a salvação, e não podem contribuir com ela para que ela aconteça.

O compositor de hinos do século 19 estava correto ao escrever:

Nada que minhas mãos fizeram podem salvar minh'alma culpada.
Nada que minha carne laboriosa tenha imaginado pode tornar meu espírito íntegro.
Nada que eu sinta ou faça pode dar-me paz com Deus.
Nenhuma de minhas orações, gemidos e lágrimas pode remover meu peso terrível.
Tua obra somente, ó Cristo, pode livrar-me desse peso do pecado.
Só teu sangue, ó Cordeiro de Deus, pode dar-me paz interior.
Teu amor por mim, ó Deus, não o meu, ó Senhor, por ti,
Pode arrancar-me desta perturbação tremenda e pôr meu espírito em liberdade.
Eu louvo o Deus da graça; Confio em sua verdade e poder.
Ele me chama “seu”; Eu o chamo “meu”, meu Deus, minha alegria e minha luz.
Este é o que me salvou, e liberalmente concede perdão.
Eu o amo porque ele me amou primeiro; vivo porque ele vive.

Nada que pudermos fazer — nenhuma oração, boa obra, nenhum remorso — pode salvar-nos da punição merecida por nossos pecados. Nada do que acontece conosco, ou em nós, pode nos salvar. A salvação do pecado e do castigo eterno no inferno provém exclusivamente de Jesus Cristo. Não é a atuação do Espírito Santo em nós que nos salva, mas a obra de Cristo a nosso favor, quando ele viveu de modo perfeito e morreu, sendo inocente, há dois mil anos em Israel.

Sobre seu povo e a respeito da salvação deles, Jesus disse: “[Minhas ovelhas] ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem. Dou-lhes a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrancará da minha mão”. Cristo dá a seu povo a vida eterna ao outorgar-lhes a fé: “… se com a tua boca confessares Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”. Ele os faz crer no evangelho: “Cristo morreu pelos nossos pecados”. “Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Este é o evangelho de Jesus Cristo. Não há outra forma de ser salvo. Creia nas boas notícias a respeito do Senhor Jesus Cristo hoje.

A SOBERANIA DA GRAÇA DIVINA

“Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração.” (I Sam 16.7)
“porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.” (Is 55.9)

Vemos aqui um incentivo para os piores e os mais vis.
O Senhor a ninguém tem excluído, mas aqueles que se excluem.
“Eis que agora é o tempo aceitável, eis agora o dia da salvação!”, “Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.” (Is 55.7).
“Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.” (Mt 11.25,26).

Que a doutrina no versículo precedente é de fato verdadeira, é suficientemente evidente a partir de simples observação. A maior parte das pessoas que o mundo considera sábias e prudentes, e tudo para um homem que pensa acerca de si mesmo deste modo, tem pouca consideração pelas verdades do evangelho. Porque elas estão ocultas aos seus olhos, e são reveladas ao pequeninos, àqueles que eles desprezam.
Vamos começar perguntando, quais podem ter sido os principais propósitos de Deus em enviar o seu Filho ao mundo, para que pudéssemos ter vida por meio dele? Destes, eu destaco principalmente dois:

1 . A redenção e salvação completa de todos os que creem. Todos os homens estão, por natureza no mesmo estado de pecado e miséria… mas, nos é dito pelo Senhor que no grande dia haverá uma diferença indizível entre alguns e outros. Muitos então ficarão tremendo em sua mão esquerda, a quem o Rei dirá: “Apartai-vos”, mas os que estiverem à sua direita ouvirão aquelas alegres palavras: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.” Se você perguntar, ao que é principalmente devido essa diferença? A resposta é dada: “Jesus amou, e carregou os seus pecados em seu próprio sangue; ele redimiu pessoas de todas as nações, e línguas, pois eles vieram de grande tribulação, e lavaram as suas vestes, e as branquearam no sangue do Cordeiro; e portanto estão diante do trono.” Foi então por causa da justiça de Jesus que eles serão encontrados à sua mão direita, porque “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para resgatar os que estavam debaixo da lei, para que recebêssemos a adoção de filhos.”

2 . Mas, além deste, Deus teve um outro propósito em razão da ignorância deles, ainda mais elevado na obra da redenção, a saber, a manifestação de sua própria glória.
Se pudéssemos dar qualquer outra razão para esta dispensação da graça do que aquela que é afirmada no nosso texto, isto seria o suficiente, de que deveria ser assim, para que não houvesse qualquer orgulho em nossos corações. Certamente que o que parece bom aos olhos de Deus, deve ser santo e sábio, e bom em si mesmo. Como o vão e presunçoso homem é cego, quem se atreveria a replicar contra o seu Criador, para atacar a sua santidade com a injustiça, a sua sabedoria com erro, a sua bondade com a parcialidade!

Todos os seus sofismas e sua vontade serão silenciados no grande dia, quando os segredos de todos os corações estarão abertos, e Deus será justificado quando ele os condenar.
No entanto, embora não ousemos ir muito longe nas profundezas dos desígnios divinos, mas, a partir da luz que ele tem nos oferecido na sua palavra, podemos, em nossa debilidade natural, afirmar e provar que seus caminhos são justos e equitativos, e, além do argumento de sua soberania, porque isso foi do seu agrado, ele tem se agradado em nos favorecer com algumas das razões pelas quais isto tem-lhe sido assim agradável.

E este é o assunto que eu proponho para conduzir suas meditações a partir dessas palavras.
Foi pelo seu amor indescritível por nós que ele providenciou todos os meios necessários à nossa salvação, e não podemos nos surpreender, e muito menos devemos nos queixar, que em justiça de si mesmo, ele designou tais meios, e do modo pelo qual tudo redundasse para o seu louvor e sua glória. Para tanto, foi necessário que as seguintes coisas devessem ser manifestadas com a mais plena evidência.

1º, a grandeza da depravação, culpa e miséria do homem; que não era uma coisa pequena, mas um caso digno da interposição de um poder e graça infinitos.
2º, a insuficiência total do homem pára encontrar alívio por si mesmo; para que assim Deus pudesse ter toda a honra de sua recuperação, e nós pudéssemos ser, para sempre, devedores da sua livre e imerecida misericórdia.
3º, que, por haver uma grande variedade de caracteres na humanidade, foi necessária a dispensação da sua graça que ao operar deve mostrar que nenhum caso foi muito difícil para o seu poder, ou muito baixo e miserável para a sua compaixão e condescendência.

Após a apresentação destes motivos, podemos ver algo de sua sabedoria nos métodos que ele tem designado, e nos assuntos de sua escolha; por isso aquilo que tem parecido bem aos seus olhos, tem sido ocultado aos sábios e entendidos, e sido revelado aos pequeninos, por razões como estas:
1. Para humilhar a soberba de toda a glória humana;
2. Para excluir toda pretensão em se gabar,
3. para que possa ser provido um motivo de esperança para os piores e mais vis, e,
4. que a salvação dos crentes possa ser segura, e não sujeita a ser perdida.
I. Em primeiro lugar, então, o Senhor dos Exércitos tem proposto isto, “para humilhar a soberba de toda a glória humana”, Isaías 23.9.

Quanto os homens estão dispostos a admirarem a sua própria sabedoria, aprendizagem e realizações, é suficientemente óbvio. Mas agora o orgulho de toda esta glória está manchado, na medida em que é provado pela experiência que é totalmente inútil na maioria das preocupações importantes. Um homem tem talento para governar um reino, mas ele próprio é um escravo de desejos e paixões vis. Outro tem coragem para enfrentar a morte em um campo de batalha, ainda que, quanto à religião, é um mero covarde. Outro finge contar o número das estrelas, e chamá-las todas por seus nomes, mas não tem mais pensamentos sobre o Deus que criou os céus e a terra, do que os animais que perecem.

Outro, que professa ser sábio nas Escrituras, as perverte e abusa de sua própria razão, para estabelecer os erros mais absurdos, ou para derrubar as verdades mais claras.
O tempo não seria suficiente para contar todas as conquistas destes sábios e homens prudentes. Mas eis que o orgulho deles está todo manchado! No meio de todas as sua aquisições e invenções, são estranhos para Deus, para si, e para a paz, pois eles estão sem Cristo, e sem esperança: as coisas que são de real importância estão escondidas de seus olhos. Aqui, está manifestada a desesperada depravação e sedução do coração, para a glória de Deus, e é claramente que, se ele não se interpuser para salvar, os homens são totalmente incapazes de salvarem a si mesmos.

II. Para excluir a jactância. “Onde está a vanglória, então? É de todo excluída.” Como o apóstolo afirma. “Se Abraão foi justificado pelas obras, tem do que se gloriar.”, Rom 4.2. Assim, se os homens fossem salvos, no todo ou em parte, por sua própria sabedoria e prudência, eles podem no mesmo grau escreverem a glória e louvor para si.
Eles podem dizer, o meu próprio poder e sabedoria deu-me isto, e assim Deus seria roubado da honra devida ao seu nome. Mas agora isto é evitado. A palavra do Senhor é, “Não deixe o sábio se gloriar na sua sabedoria, não deixe que o homem poderoso se glorie na sua força; não deixe que se glorie o rico nas suas riquezas, mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender e me conhecer, que eu sou o Senhor,” Jeremias 9.23,24.

Sejam quais forem as vantagens exteriores que alguns possam parecer possuir, eles estão no mesmo nível em que estão os piores. Estas coisas não podem ser compreendidas por qualquer sagacidade da nossa parte, mas devem ser reveladas pelo Pai das luzes. Veja o que o apóstolo diz no primeiro capítulo de Romanos. Muitos dos ateus foram eminentes em sabedoria e habilidades e fizeram grande avanço na ciência; mas em relação ao conhecimento de Deus, o resultado de todas as suas pesquisas deu em erro, superstição e idolatria; dizendo-se sábios se tornaram loucos, e as suas dissertações não tiveram nenhum outro efeito senão deixá-los sem escusa. Sua prática (como será sempre o caso) foi correspondente a seus princípios; e no meio de mil refinamentos em teorias, eles foram abandonados aos mais grosseiros e detestáveis vícios. Se podemos dizer, esses não tiveram a luz da revelação, podemos observar os mesmos ou similares efeitos, onde o evangelho é conhecido.

Com esta luz superior, os homens ainda são igualmente vãos em suas imaginações e, embora eles não tributem uma externa e formal adoração ao pau e à pedra, eles são idólatras grosseiros, pois eles servem, amam e confiam mais na criatura do que no Criador.
Quando há uma diferença, é devido à graça, e à graça que é reconhecida. Assim se dirá prontamente: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome seja o louvor”, Sl 115.1.

Assim, toda a pretensão de glória é efetivamente excluída, e que aquele que pode se gloriar sobre um bom fundamento, deve somente se gloriar no Senhor. Se deve ser suposto que esta representação das coisas tende a desencorajar uma diligente e séria investigação da verdade, eu respondo que, quando corretamente entendida, ela terá apenas o efeito contrário. O que pode ser mais adequado para excitar a diligência, do que apontar o método que será seguramente coroado de sucesso? Você não pode ter êxito sem a luz e assistência do Espírito Santo, mas se consciente disso, e consciente de sua própria insuficiência, você vai buscar sua direção e orientação por humilde oração, isto será oferecido a você.

Se você não sabe isso, você certamente ficará cansado no final por repetidas decepções, mas se você depender de seu ensinamento e de cooperação em usar os meios de graça que ele designou, seu conhecimento aumentará assim como o seu crescimento espiritual.

FORÇA PARA O DIA

O EXEMPLO DA PACIÊNCIA DE CRISTO

[…] vivam com longanimidade… (Efésios 4:1-2).

Jesus é o nosso maior exemplo de paciência, uma vez que Ele suportou tudo para efetuar a nossa redenção.

Paulo nos diz aqui que na caminhada piedosa deve haver paciência, e mais uma vez observamos que Jesus é um exemplo disso para nós. Ao longo dos Evangelhos, Cristo repetidamente demonstrou os três aspectos da paciência que exploramos anteriormente.

Primeiro, Ele sofreu circunstâncias negativas. Antes de ter vindo ao mundo, Jesus estava com o Pai na glória do Céu, onde os anjos o louvavam e o adoravam continuamente. Ele deixou um lugar de completa perfeição e amor e foi a um lugar onde foi zombado, odiado, rejeitado, blasfemado e crucificado. Ele “suportou a cruz” (Hebreus 12:2), embora tivesse o poder de escapar dela.

Jesus também lidou com pessoas difíceis. Na noite anterior à Sua crucificação, depois de três anos ensinando sobre amor e humildade, seus discípulos discutiram sobre qual deles era o maior (Lucas 22:24). Entretanto, Jesus não desistiu deles. Mais do que isso, orou por aqueles que cuspiram e zombaram dele na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (23:34). Cristo queria que seus assassinos fossem perdoados, para que eles pudessem estar com Ele no céu para sempre.

No Jardim do Getsêmani, poucas horas antes de ser crucificado, Jesus mostrou sua vontade de aceitar o plano do Pai. Ele orou: “Meu Pai, se é possível, que passe de mim este cálice! Contudo, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mateus 26:39). Ele conseguiu suportar o sofrimento inimaginável, pois sabia que era a vontade de Deus.

Devemos agradecer pela “paciência perfeita” de Cristo (1 Timóteo 1:16), porque nosso pecado o ofendeu uma e outra vez. Ele poderia ter nos enviado ao inferno no primeiro momento em que pecamos, mas Seu Espírito nos atraiu pacientemente para o arrependimento. Por sua paciência, devemos nos comprometer a seguir o Exemplo Perfeito.

Sugestão para oração

Ore para que Deus lhe dê força diariamente para ser paciente em todas as coisas, assim como Cristo foi.

Estudo adicional

Hebreus 12:3 nos diz para considerarmos “aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que nós não nos cansemos nem desanimemos. O exemplo da paciência de Cristo nos encoraja a resistir ao sofrimento. Encontre outras demonstrações de Sua paciência nos Evangelhos e considere como Seu exemplo pode afetar sua atitude durante as tribulações da vida.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

GRAÇA NEGADA E DADA

Devocional Diário: Através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus. (Atos 14.22)

A necessidade de força interior não surge apenas devido ao esgotamento do estresse cotidiano, mas das aflições e dos sofrimentos que ocorrem de tempos em tempos. E eles ocorrem.

O sofrimento é inevitavelmente adicionado ao cansaço do coração no caminho para o céu. Quando ele ocorre, o coração pode vacilar e o caminho estreito que leva à vida pode parecer impossivelmente difícil. É difícil o bastante ter um caminho estreito e alguns montes íngremes que testam a potência do velho calhambeque ao limite. Mas, o que faremos quando o carro quebrar?

Paulo orou três vezes com essa pergunta por causa de alguma aflição em sua vida. Suplicou alívio de seu espinho na carne. Porém, a graça de Deus não veio na forma que ele pediu. A graça veio de outro modo. Cristo respondeu: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Coríntios 12.9).

Aqui, vemos a graça dada sob a forma do poder sustentador de Cristo na aflição não removida — uma graça dada, nós poderíamos dizer, dentro do círculo de outra graça negada. E Paulo respondeu com fé na suficiência desta graça futura: “Por isso me gloriarei cada vez mais de minhas fraquezas, para que repouse sobre mim o poder de Cristo” (2Coríntios 12.9).

Deus muitas vezes nos abençoa com uma “graça dada” no círculo da “graça negada”.

Por exemplo, em um dia terrivelmente quente em julho, a bomba de água de nosso carro parou de funcionar. E a vinte quilômetros de qualquer cidade, estávamos parados na rodovia.

Eu tinha orado naquela manhã para que o carro funcionasse bem e que chegássemos ao nosso destino com segurança. Agora o carro tinha quebrado. A graça da viagem sem problemas tinha sido negada. Ninguém parou enquanto estávamos perto de nosso carro. Então, meu filho Abraham (que tinha cerca de onze anos na época) disse: “Papai, deveríamos orar”. Então, nos curvamos atrás do carro e pedimos a Deus por alguma graça futura, uma ajuda em tempo de necessidade. Quando olhamos para o alto, uma caminhonete havia parado.

O motorista era um mecânico que trabalhava há cerca de vinte quilômetros de distância. Ele disse que estava disposto a ir buscar as peças, voltar e consertar o carro. Fomos à cidade e pude compartilhar o evangelho com ele. Estávamos novamente em nosso caminho cerca de cinco horas depois.

Agora, a coisa notável sobre essa resposta à nossa oração é que ela veio dentro do círculo de uma oração negada. Nós pedimos uma viagem sem problemas. Deus nos deu problemas. Mas, no meio de uma graça negada, tivemos uma graça dada. Eu estou aprendendo a confiar na sabedoria de Deus em dar a graça que é melhor para mim e para mecânicos incrédulos e para a fé observadora de meninos de onze anos.

Não devemos nos surpreender que Deus nos dê graças maravilhosas em meio ao sofrimento que pedimos que ele nos livre. Ele sabe melhor como conceder a sua graça para o nosso bem e para a sua glória.


Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do dia: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.” (Filipenses 1.21)

O crente não vivia sempre para Cristo. Ele começou a viver somente depois que o Espírito Santo o convenceu do pecado e, pela graça, o fez ver o Salvador que morreu e fez propiciação pela culpa dele. Desde o momento do novo e celestial nascimento, o homem começa a viver para Cristo. Jesus é para o crente a pérola de grande valor, e por amor a Ele desejamos abandonar tudo o que temos. O Senhor Jesus conquistou nosso coração, que agora pulsa somente para Ele. Para glória dele, devemos viver. Em defesa do evangelho, devemos morrer. O Senhor Jesus é o padrão de nossa vida e o modelo segundo o qual devemos moldar nosso caráter.

Estas palavras do apóstolo Paulo significam mais do que muitos homens pensam. Elas nos dizem que Cristo era o alvo e o objetivo da vida de Paulo. Nas palavras de um antigo crente, Paulo comia, bebia e dormia a vida eterna. O Senhor Jesus era a própria respiração do apóstolo, a alma de sua alma, o coração de seu coração, a vida de sua vida. Você pode dizer, como alguém que professa ser crente, que sua vida corresponde à de Paulo? Pode dizer com sinceridade que para você o viver é Cristo? Em seus negócios, você vive para Cristo ou trabalha a fim de engrandecer a si mesmo e trazer vantagem à família? Você pergunta: “Viver para Cristo é essencial”? Para o crente é. Se um crente professa viver para Cristo, como ele pode viver para outro objeto, sem cometer adultério espiritual? Muitos cumprem este princípio em certa medida mas, quem ousa dizer que tem vivido totalmente para Cristo, como Paulo viveu? Mesmo assim, somente esta é a verdadeira vida cristã – sua origem, seu sustento, seu padrão e sua finalidade. A vida cristã resume-se em uma palavra: Jesus. Senhor, aceita-me. Apresento-me, suplicando que possa viver somente em Ti e para Ti. Deixe-me ser como o touro que fica entre o arado e o altar. Que meu lema seja: “Pronto para o trabalho ou para o sacrifício”.

Trazendo à memória a fé - Rev. Augustus Nicodemus


O DESAFIO DA PERSEVERANÇA EM UM MUNDO INSTÁVEL

Por Clodoaldo Machado

Uma das características do mundo em que vivemos é sua constante mudança. Sabemos disso pelo que a Bíblia nos diz e também por nossa própria observação. A Bíblia compara o mundo com as ondas do mar. Isaías diz que os perversos são como o mar agitado, que não se pode aquietar (Is 57:20). Uma das características do mar é que nunca está parado, está sempre em mudança, suas ondas não são sempre iguais, suas marés estão sempre se alterando. Entendemos por esta descrição que o mundo não se firma, não se satisfaz e é sempre ávido por novas situações.

Percebemos também esta característica do mundo por nossa observação. Cada geração é capaz de apontar mudanças que aconteceram em sua época. Não é incomum encontrarmos pessoas falando sobre as diferenças do passado para a época presente. Temos observado mudanças no pensamento sobre casamento, família, dependência química, sexualidade e algumas outras áreas da vida humana. Aquilo que no passado era considerado imoral tem sido reconfigurado e passou a receber uma nova denominação, de maneira que seja aceita e não haja mais resistência. No passado dizia-se imoral, agora chamamos de doença. Isto demonstra a inquietação do mundo em que vivemos, como nos descreve a Bíblia.

Como servos de Deus somos chamados a viver Sua Palavra neste contexto. Devemos viver princípios imutáveis em meio a um mundo em constante mudança. Isto é desafiador e exige perseverança; e o próprio efeito da Palavra de Deus na vida dos crentes leva-os a passar por este mundo resistindo às mudanças e expressando o caráter imutável de Deus. O apóstolo Pedro escreveu sobre os efeitos das Escrituras em nossas vidas. Em 1 Pedro 1:22-25 o apóstolo faz um contraste entre o pensamento do homem e a Palavra de Deus.

Pedro afirma que fomos regenerados de uma semente incorruptível. Regenerados significa o novo nascimento. Pedro está dizendo que nosso novo nascimento se deu mediante a incorruptível Palavra de Deus. Deus deu-nos uma nova vida por intermédio de Sua Palavra que vive e é permanente (v.23). Em contraste com o pensamento do mundo, que é morto e está em constante mudança, a Palavra de Deus é viva e permanece. Deus não muda sua verdade em conveniência com as circunstâncias. Ela é imutável. Estamos sendo alimentados com a Palavra de Deus que nos leva a perseverarmos e a resistirmos às mudanças ao nosso redor.

O apóstolo compara o mundo com uma erva. Ele diz que toda carne é como a erva e toda sua glória como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor (v.24). Os pensamentos do mundo duram tanto quanto uma erva, e sua beleza como uma flor. Pedro está dizendo que o mundo é passageiro, não há garantia de que o que se vive hoje será vivido amanhã. Diferente disso, o crente deve viver princípios que, sabe, deverão ser vividos no amanhã. Ele deve tanto viver como ensinar a próxima geração, de maneira que os de amanhã vivam os mesmos princípios que são vividos hoje. Para o crente não existe o fato de que o mundo de hoje é de tal maneira que devemos nos adaptar a ele. Para o servo de Deus, o caminho é o da imutável Palavra de Deus. O que era errado ontem continuará sendo errado hoje, e será errado amanhã.

Pedro declara que a Palavra do Senhor permanece eternamente e que esta é a Palavra que nos foi pregada (v.25). Fomos introduzidos a uma Palavra que não muda e permanece para sempre. Deus não deseja que estejamos em constante mudança, nos acomodando ao mundo em que vivemos. Isto aponta para as lutas que temos perante nós. Não é sem motivo que os crentes são pressionados pelo mundo, visto que conservam princípios que para o mundo são ultrapassados. Isto desafia o crente a ser fiel a Deus e não se envergonhar do Evangelho. Vivemos mesmo coisas antigas, temos uma visão conservadora a respeito da família, do casamento, do relacionamento com o sexo oposto, da sexualidade, do uso do corpo, isto tudo porque somos ensinados pela Palavra de Deus, que vive e permanece eternamente. Neste mundo agitado como as ondas do mar, somos chamados a nos firmar como a rocha. Deus se revela desta maneira para nós: “Não há santo como o SENHOR; porque não há outro além de ti; e Rocha não há, nenhuma, como o nosso Deus”. Diante das pressões das ondas deste mundo agitado, estamos firmados em nosso Deus que é uma rocha. Além disso, o próprio apóstolo Pedro diz que somos pedras vivas (1Pe 2:5). Portanto, dia a dia, somos desfiados a resistir, somos chamados a não mudar como imutável é nosso Deus. Fomos regenerados pela incorruptível Palavra Santa que é viva e permanece eternamente. Perseveremos, pois, até o fim!

DECLARAÇÃO DO GLORIOSO MISTÉRIO DA PESSOA DE CRISTO (PARTE 3)

Capítulo III – A pessoa de Cristo, que é o fundamento sobre o qual a igreja é edificada, apesar de todos os tipos de oposições que são realizadas e projetadas, é o efeito mais inefável da bondade e sabedoria divinas; sobre o qual trataremos agora. Mas aqui, quando eu falo da constituição da pessoa de Cristo, eu me refiro não à sua pessoa absolutamente como ele é o eterno Filho de Deus. Ele era realmente, verdadeiramente, completamente, uma pessoa divina, desde a eternidade, que está incluído na noção de ser o Filho, e assim distinto do Pai, que é a sua personalidade completa. Seu ser assim não era um artifício voluntário ou efeito da sabedoria divina e bondade, sua geração eterna sendo necessariamente um ato interno da natureza divina na pessoa do Pai.

Da geração eterna da pessoa divina do Filho, os escritores da antiga igreja constantemente afirmaram firmemente que isto era para ser crido.
Sobre o mistério da pessoa de Cristo, Maxêncio, bem se expressou: “Nós não confundimos a diversidade das naturezas de Cristo, embora não acreditemos que é o que você afirma, que Cristo foi feito Deus, mas cremos que Deus se fez Cristo. Por que ele não foi feito rico quando ele era pobre, mas sendo rico, se fez pobre, para que ele pudesse nos fazer ricos. Ele não tomou a forma de Deus, quando ele foi achado sob a forma de um servo, mas por ter a forma de Deus, ele tomou sobre si a forma de servo. Da mesma forma, ele não foi feito a Palavra, quando ele era carne, mas, sendo a Palavra, ele se fez carne.”
Capítulo IV – Que ele era o fundamento de todo o santo conselho de Deus, com respeito à vocação, santificação, justificação e salvação eterna da igreja, é declarado em seguida. E ele foi assim em três aspectos.

1. Do inefável prazer mútuo do Pai e do Filho naqueles conselhos desde toda a eternidade.
2. Como o único caminho e meio da realização destes os conselhos e a comunicação de seus efeitos para a eterna glória de Deus.
3. Como ele estava em sua própria pessoa como encarnado, a ideia e exemplo na mente de Deus de tudo o que a graça e a glória na igreja, que foi concebido para ela naqueles eternos conselhos. Como a causa de tudo de bom para nós, ele é reconhecido nisto pelos antigos.
Clemente disse: “Ele , portanto, é a Palavra, a causa do nosso ser, pois ele estava em Deus, e a causa do nosso bem-estar. Mas agora ele tinha aparecido aos homens, a mesma Palavra eterna, o único que é ao mesmo tempo Deus e homem, e para nós, a causa de tudo o que é bom.”

Capítulo V – Ele também é declarado no próximo lugar, como sendo a imagem e o grande representante de Deus, o Pai, para a igreja. Em várias passagens ele é assim chamado, e declarado totalmente por ele próprio.
Em sua pessoa divina, como ele era o unigênito do Pai desde a eternidade, ele é a imagem essencial do Pai, pela geração de sua pessoa, e a comunicação da natureza divina a ele mesmo.

Encarnado, ele é ao mesmo tempo em sua própria pessoa inteira Deus e homem, e na administração de seu ofício, a imagem ou o representante da natureza e da vontade de Deus para nós, pois está totalmente provado.
Então, assim fala Clemente de Alexandria: “A imagem de Deus é a sua própria palavra, o Filho natural da mente eterna, o Verbo divino, a Luz original, e a imagem da Palavra feita homem”. E o mesmo autor, disse: “A Palavra é a face, o rosto, a representação de Deus, em quem ele é trazido à luz e se fez conhecido”.
Assim como está em sua pessoa divina sua eterna imagem essencial, por isso, em sua encarnação, sendo o instrutor dos homens, ele é a representação da imagem de Deus para a igreja.

Capítulo VII – Sobre a glória desta pessoa divina de Cristo depende a eficácia de todos os seus ofícios; uma especial demonstração é dada portanto em seu ofício profético. Então, isto é bem expressado por Irineu: “Nós não poderíamos ter aprendido de outra forma as coisas de Deus, a menos que o nosso Mestre fosse e continuasse a ser o eterno. A Palavra se fez homem. Por nenhuma outra forma as coisas de Deus poderiam ser declaradas a nós, senão pela sua própria Palavra. Porque quem jamais conheceu a mente do Senhor? ou quem se fez seu conselheiro? Ninguém por outro lado poderia ter aprendido, de outra forma, a menos que tivéssemos visto o nosso Mestre, e ouvido a sua voz. (na sua encarnação e ministério), que seguindo suas obras e lhe dando obediência à sua doutrina, podemos ter comunhão com Ele.”

Capítulo IX – No nono capítulo, e nos seguintes, nós tratamos da honra divina que é devida à pessoa de Cristo, expressada em adoração, invocação, e obediência procedentes da fé e do amor. E o fundamento disso tudo repousa na descoberta da verdadeira natureza e nas causas de tal honra, e três coisas são projetadas aqui em confirmação.
1. Que a natureza divina, que individualmente é a mesma em cada Pessoa da Santíssima Trindade, é o objeto formal adequado de todo culto divino, em adoração e invocação; portanto, nenhuma pessoa é ou pode ser adorada exclusivamente, mas no mesmo ato individual de adoração, cada pessoa da trindade é igualmente cultuada e adorada.
2. Que é lícito direcionar para a honra divina, a adoração e invocação a qualquer pessoa, no uso de seu nome peculiar, o Pai, o Filho, ou o Espírito Santo, ou a eles em conjunto, mas fazer qualquer pedido a uma pessoa, e imediatamente o mesmo a outra, não é exemplificado na Escritura, nem entre os escritores antigos da igreja.
3. Que a pessoa de Cristo como Deus-homem, é o próprio objeto de toda honra e adoração divina, por conta de sua natureza divina, e tudo o que ele fez em sua natureza humana, são os motivos para isso.

O primeiro destes é a doutrina constante de toda igreja antiga, ou seja, que se em nossas orações e invocações, chamamos expressamente em nome do Pai, ou do Filho, ou do Espírito Santo, se o fazemos absoluta ou relativamente, isto é, quanto a relação de uma pessoa para a outra, como invocando a Deus como o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo; a Cristo como o Filho de seu amor; ao Espírito Santo como procedente de ambos; nós formalmente invocamos a natureza divina, e, conseqüentemente, toda a Trindade, e cada pessoa da mesma. Esta verdade eles principalmente confirmaram com a forma de nossa iniciação em Cristo no batismo, conforme por ele ordenado: “te batizo em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”, porque, nisso está contido a soma de toda a honra divina.
Está previsto na sabedoria e justiça de Deus, que Satanás deveria ser vencido e subjugado pela mesma natureza contra a qual ele havia prevalecido, por sua sugestão e tentação.

Para este propósito Tedoreto escreveu: “Portanto , como dissemos antes, ele uniu o homem a Deus. Pois, se o homem não tinha vencido o adversário dos homens, o inimigo não tinha sido justamente vencido, e, por outro lado, se Deus não tivesse dado e garantido a salvação, nunca poderíamos ter uma firme e imprescritível posse da mesma, e se o homem não tivesse sido unido a Deus, ele não poderia ter sido participante da imortalidade. Convinha, portanto, o Mediador entre Deus e o homem, por sua própria participação da natureza de cada um deles, para trazê-los em amizade e concordância mutuamente.”
Isto pertence a este grande mistério, e é fruto da sabedoria divina, que a nossa libertação deva ser feita pela mesma natureza, em que nós fomos arruinados.

Se o Senhor tivesse encarnado, por qualquer outra disposição (isto é, causa, razão, ou finalidade), e se fizesse carne de qualquer outra substância (isto é, celestial ou etérea, como os gnósticos imaginam), ele não teria recuperado os homens, não teria trazido a nossa natureza em si mesmo, nem poderia ter sido dito que se fez carne. Ele, portanto, se fez carne e sangue, não de qualquer outro tipo, mas ele tomou para si o que foi originalmente criado pelo Pai, procurando isto que se havia perdido. Jesus Cristo, a Palavra de Deus, que a partir de seu próprio amor infinito foi feito o que nós somos, para que pudesse nos fazer o que ele é; isto é, pela restauração da imagem de Deus em nós.
O que havíamos perdido em Adão, isto é, a nossa imagem e semelhança de Deus, devemos recuperar em Cristo. Porque não era possível que o homem, que tinha sido uma vez vencido e quebrado por desobediência, devesse por si próprio ser reformado, e obter a coroa de vitória, nem isto seria ainda possível, que aquele que caiu sob o pecado, devesse operar a sua salvação.

Ambos foram realizados pelo Filho, a Palavra de Deus, que desceu do Pai, e encarnou, e se submeteu à morte, aperfeiçoando a dispensação da nossa salvação.
O leitor pode ver o que é discursado para esses fins; e porque o grande objetivo da descrição dada à pessoa de Cristo, é para que possamos amá-lo e, assim, ser transformados à sua imagem, vou fechar este prefácio com as palavras de Jerônimo, a respeito deste amor divino a Cristo, que é amplamente declarado.
“Se lês ou escreves, se tu vigias ou dormes, deixe o som da voz do amor (a Cristo), soar nos teus ouvidos, deixe este trompete agitar a tua alma; sendo dominado (trazido em um êxtase), com este amor, procure-o na tua cama, quem deseja e suspira pela tua alma.”

Tradução e redução do prefácio do tratado escrito por John Owen, sob o mesmo título, em domínio público.

FORÇA PARA O DIA

DEUS É ESPIRITO

Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade (João 4:24).

Deus é uma pessoa, mas não possui características físicas.

Devemos entender, antes de tudo, que Deus é uma pessoa, não uma força cósmica incognoscível. Em Sua Palavra, Deus se chama Pai, Pastor, Amigo, Conselheiro e muitos outros nomes pessoais. Deus é sempre referido como “Ele”, não “ele”. Deus também possui características pessoais: Ele pensa, age, sente e fala.

Aprenderemos três aspectos da pessoa de Deus nos próximos dias: Deus é espírito, Deus é um, e Deus é três. Primeiro, Deus não tem corpo físico como nós. “Deus é espírito” (João 4:24), e “um espírito não tem carne e ossos” (Lucas 24:39). Paulo diz que Ele é “invisível” (1 Timóteo 1:17). Deus se representou como luz, fogo e nuvem, no Antigo Testamento, e na forma humana de Jesus Cristo, no Novo Testamento. Mas tais revelações visíveis não revelaram a totalidade ou a plenitude da natureza de Deus.

Você pode se perguntar sobre versos como o Salmo 98:1: “A sua mão direita e o seu braço santo lhe alcançaram a vitória.”, e Provérbios 15:3: “Os olhos do SENHOR estão em todo lugar”. Essas descrições são chamadas de “antropomorfismos”, oriundas das palavras gregas para “homem” e “forma”. Imaginamos a Deus como se Ele fosse um homem, porque Deus escolheu se descrever de uma maneira que possamos compreender. Se Ele não acomodasse Sua revelação ao nosso nível finito, não teríamos como entendê-Lo.

Todavia, você não deveria tomar literalmente os antropomorfismos. Caso contrário, você terá uma falsa visão de Deus que o rouba de Sua natureza real e de Seu verdadeiro poder. Observe o Salmo 91:4: “Ele o cobrirá com as suas penas, e, sob as suas asas, você estará seguro; a sua verdade é proteção e escudo”. Deus, certamente, não é um pássaro, e também não é um homem (Números 23:19 ) – Ele é espírito.

Sugestão para a oração

Agradeça a Deus por Ele ter concedido que meras criaturas como nós pudéssemos conhecê-lo.

Estudo adicional

Embora Deus seja invisível, “desde a criação do mundo, Ele tem sido percebido por meio das coisas que fez” (Romanos 1:20). Leia a resposta de um homem piedoso à revelação natural de Deus no Salmo 104.

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

A VONTADE DE DEUS É QUE VOCÊ SE APROXIME

Versículo do dia: Aproximemo-nos, com sincero coração. (Hebreus 10.22)

A ordem que nos foi dada nessa passagem é que nos aproximemos de Deus. O grande objetivo do escritor do livro de Hebreus é que nos aproximemos de Deus, que tenhamos comunhão com ele, que não tenhamos uma vida cristã distante de Deus.

Essa aproximação não é um ato físico. Não é construir uma torre de Babel por suas realizações para chegar ao céu. Não é necessariamente ir até o prédio da igreja ou caminhar até a frente de um altar. É um ato invisível do coração. Você pode fazê-lo enquanto permanece absolutamente imóvel ou enquanto está deitado em um leito de hospital ou no trem enquanto vai trabalhar.

Esse é o centro do evangelho — é sobre isso que o jardim do Getsêmani e a Sexta-feira Santa dizem respeito — que Deus fez coisas surpreendentes e custosas para nos aproximar de si mesmo. Ele enviou o seu Filho para sofrer e morrer, para que por meio dele pudéssemos nos aproximar. Tudo o que ele fez no grande plano da redenção é para que pudéssemos ser aproximados. E essa proximidade é para a nossa alegria e para a glória de Deus.

Ele não precisa de nós. Se permanecermos distantes, ele não é empobrecido. Ele não precisa de nós para ser feliz na comunhão da Trindade. Porém, ele magnifica a sua misericórdia, dando-nos, apesar de nosso pecado, livre acesso por meio de seu Filho à única realidade que pode satisfazer nossas almas completamente e para sempre; ou seja, ele mesmo. “Na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente” (Salmo 16.11).

Essa é a vontade de Deus para você, agora mesmo, enquanto lê isso. É por isso que Cristo morreu: para que você se aproxime de Deus.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do dia: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1Pedro 5.7)

Esta é uma maneira feliz de aliviar nossa tristeza: sentir que “Ele cuida de mim”. Crente, não desonre o seu Senhor por estar sempre portando uma expressão de ansiedade. Lance o seu fardo sobre o Senhor. Você está cambaleando sob um fardo que para o seu Pai não seria pesado. Aquilo que lhe parece um fardo esmagador seria para Ele como um grão de poeira na balança.

Nada é tão doce quanto descansar nas mãos de Deus, desconhecendo qualquer desejo que não seja o dele. Ó filho de sofrimento, seja paciente. Deus não o esqueceu em sua providência. Ele, que alimenta os pardais, também lhe proverá o que é necessário. Não se entregue ao desespero. Espera sempre nEle. Empunhe as armas da fé contra o mar de aflição e nesta luta você vencerá o infortúnio. Existe Alguém que cuida de você. Os olhos dele estão fixos em você. O coração dele pulsa com piedade por sua aflição; e a mão do Onipotente lhe trará a ajuda necessária. A nuvem mais escura se desfará em chuvas de misericórdia. As nuvens negras darão lugar ao céu resplandecente.

Se você pertence à família de Deus, Ele untará suas feridas e trará cura ao seu coração ferido. Não duvide da graça de Deus, por causa de sua tribulação, e sim creia que Ele o ama, tanto nas ocasiões de aflição quanto em tempo de felicidade. Que vida tranquila e calma você poderia ter, se entregasse os cuidados ao Deus da providência! Com um pouco de óleo na jarra e um punhado de farinha na panela, Elias sobrepujou a fome, e você fará o mesmo. Se Deus preocupa-se com sua vida, por que preocupar-se também? Pode confiar nEle quanto à sua alma, e não quanto ao seu corpo? Ele nunca se recusou a levar os seus fardos e nunca desfaleceu sob o peso deles. Filho precioso, deixe todas as suas inquietações nas mãos do Deus gracioso.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Quem é o Espírito Santo? - Paulo Junior


ORANDO POR SI E PELOS OUTROS

Por Vincent Cheung

Há um ensinamento de que devemos passar a maior parte do nosso tempo orando pelos outros, uma vez que as bênçãos voltarão para nós. No entanto, isso parece um argumento bobo em que o foco nunca são as outras pessoas, uma vez que o ponto é que se a pessoa ora pelos outros, então ele será abençoado ainda mais.

Essa falsa doutrina deriva de uma perversão da virtude do altruísmo. Alguns dos ensinamentos sobre "perdão" e sobre "semear e colher" exibem o mesmo erro, de modo que nós perdoamos os outros por causa de seus benefícios para nós, e somos generosos com os outros por causa das recompensas que virão para nós. A distorção às vezes resulta em um egoísmo que corrompe todas as boas obras, e às vezes na rebelião e negligência pecaminosa de si mesmo.

Por exemplo, quando um homem se dedica a alimentar os famintos, não é altruísta ou heróico por ele alimentar os outros e não a si mesmo, mesmo quando a comida está ali na frente dele. É estúpido, pecaminoso e inútil passar fome e alimentar os outros. O "sacrifício" é artificial, e ele é um falso auto-justificador.

Nós não somos apenas responsáveis ​​para servir aos outros, mas também para cuidar de nós mesmos. Nós pertencemos a Deus, de modo que, quando cuidamos de nós mesmos de uma maneira que é consistente com a palavra de Deus, não estamos sendo egoístas, mas sendo fiéis com a propriedade de Deus. A Bíblia ensina que Deus nos dá coisas boas para desfrutar (1 Timóteo 6:17). Se fizermos as coisas com moderação, então não é pecaminoso participar de alimentos, bebidas, bens materiais e as bênçãos de Deus além do que é necessário para a sobrevivência.

Eu entendo minhas necessidades melhor do que as outras pessoas entendem, e seria pecado para mim, negligenciar essas necessidades. Além disso, seria tolo e desonesto para mim orar pelos outros como um método ou com a intenção de atender às minhas próprias necessidades. A palavra de Deus instrui-me a orar por mim mesmo:

Não se preocupem com nada, mas em tudo, com oração e súplica, com ações de graças, apresentem seus pedidos a Deus. (Filipenses 4: 6)

Por isso vos digo que, o que pedirdes na oração, crede que o recebestes, e será vossa. (Marcos 11:24)

Lançai toda a vossa ansiedade sobre ele, porque ele cuida de vós. (1 Pedro 5: 7)

Os profetas, os apóstolos e o Senhor Jesus muitas vezes oravam por si mesmos. Isso nem sempre é um sinal de egoísmo, mas pode ser uma expressão de dependência de Deus como o governante de todas as coisas e a fonte de todas as bênçãos, e uma expressão de confiança em Deus para fazer tudo o que é favorável ao seu povo e Seu reino.

Orar pelos outros como um método e com a intenção de abordar nossas próprias necessidades é apenas uma maneira hipócrita de orar por nós mesmos. Podemos muito bem ser honestos sobre isso e orar por nós mesmos, e depois orar pelos outros. Não há razão para que não possamos fazer as duas coisas. Na verdade, uma das melhores coisas que você pode fazer por um homem é ensiná-lo a orar por si mesmo. Isso é diferente de dizer-lhe para ser egoísta e desconsiderar as necessidades de outras pessoas. Pelo contrário, isso o ensina a manter comunhão com Deus e a invocar Deus na fé. Representa um estilo de vida espiritual e maduro.

Algumas pessoas pensam que o foco interior está sempre errado, e que o único foco apropriado é exterior, na intercessão e no evangelismo. Esta é uma flagrante rebelião contra o que a Bíblia ensina:

Um homem deve examinar a si mesmo antes de comer do pão e beber do cálice. (1 Coríntios 11:28)

Examine-se para ver se você está na fé; Teste-se. Você não percebe que Cristo Jesus está em você - a menos que, é claro, você falhe no teste? (2 Coríntios 13: 5)

Você, hipócrita, tire primeiro a tábua do seu próprio olho, e então você verá claramente para remover a mancha do olho de seu irmão. (Mateus 7: 5)

Novamente, a falsa doutrina é uma perversão da virtude bíblica. É a auto-justiça, a arrogância e a hipocrisia escondidas sob uma demonstração de piedade e heroísmo.

Quando me converti, acreditei em Cristo para mim, não para mais ninguém. Eu era um pecador, e eu precisava de Deus para me salvar. Ao crer no evangelho por mim mesmo, mais uma pessoa foi salva - eu. Seria absurdo recusar a conversão e começar a evangelizar. Da mesma forma, tenho acesso a Deus através de Jesus Cristo, e seria absurdo não orar por mim mesmo. Tenho necessidades, então falarei com Deus sobre elas. É assim tão simples. Nós insultámos a graça de Deus se não o pedimos regularmente para as nossas próprias necessidades e desejos. É claro que também devemos orar pelos outros e alegrar-nos quando Deus atender às suas necessidades.

DECLARAÇÃO DO GLORIOSO MISTÉRIO DA PESSOA DE CRISTO (PARTE 2)

Capítulo 1 – O fundamento de tudo repousa na vindicação das palavras de nosso bendito Salvador, nas quais ele declara ser a rocha sobre a qual a igreja é edificada. Mateus 16.18. “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”

A pretendida ambiguidade atribuída a estas palavras, tem sido levantada pelos interesses seculares dos homens, para dar ocasião à controvérsia prodigiosa entre cristãos, ou seja, se Jesus Cristo ou o papa de Roma são a rocha sobre a qual a igreja é edificada.
Os santos homens da antiguidade para os quais Cristo era precioso, sendo imaculados, e sem os desejos de grandeza secular e poder, nada sabiam disto. Testemunhos podem ser dados, eles têm sido multiplicados por outros para este propósito. Mencionarei alguns poucos deles.

Inácio diz em sua Epístola a Filadelfo. “Ele” (isto é, o Cristo ) “é o caminho que conduz ao Pai, a rocha, a chave, o pastor.” E Orígenes expressamente afirma em relação a estas palavras que foram proferida pelo Senhor em Mt 16.18:
“Se você deve pensar que toda a igreja foi edificada em Pedro somente, o que devemos dizer de João, e de cada um dos apóstolos? O que, nos atreveremos a dizer, que as portas do inferno não prevalecerão apenas contra Pedro?”
Assim, ele expressa em comum acordo com a opinião dos antigos, que não havia nada – peculiar na confissão de Pedro, e na resposta dada pelo Senhor à mesma, bem como em si mesmo, senão que ele falou em nome de todos os demais apóstolos.

Eusébio, em Prgeparat . Evangel , liv. i. cap. 3, afirma: “Ele comprova a veracidade das predições divinas do cumprimento glorioso daquela palavra da promessa de nosso Salvador, que ele iria construir sua igreja na rocha” (isto é, ele mesmo), “de modo que as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Porque esta é o único fundamento inabalável; esta é a bendita rocha da fé, confessada por Pedro, tu és o Filho do Deus vivo.”
(O próprio Pedro foi edificado nesta rocha, e quanto trabalho ele deu ao Senhor para ser edificado e confirmado. A começar por sua negação, sua resistência para ir à casa de Cornélio, sua dissimulação em Antioquia, quando foi repreendido por Paulo, e as tantas situações que devem ter ocorrido e que não estão registradas nas Escrituras, que demonstram que Pedro era um homem comum tal como nós, mesmo quando já era um crente, e necessitava continuar debaixo do trabalho de aperfeiçoamento operado pela Rocha da igreja, na qual somos firmados, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo – nota do tradutor).

Agostinho, assim se expressou: “Sobre esta rocha que tu tens confessado a mim mesmo o Filho do Deus vivo, edificarei a minha igreja. Edificar-te-ei sobre mim, e não em ti”. E ele declarou mais plenamente sua mente, ao afirmar: “A Igreja no mundo é abalada por várias tentações, como por inundações e tempestades, mas não cai, porque ela é construída sobre a rocha (Petra) de onde Pedro tomou seu nome (Petros). Porque a rocha não é chamada Petra procedente de Pedro, mas Pedro é chamado de Petros na rocha; assim como Cristo não é assim chamado por ser procedente de cristão, senão que cristão é procedente de Cristo. Por isso, disse o Senhor, sobre esta rocha edificarei a minha igreja; porque Pedro havia dito. Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Sobre esta rocha, que tens confessado, eu edificarei a minha igreja. Porque Cristo era a rocha sobre cujo fundamento o próprio Pedro foi construído. Porque outro fundamento, ninguém pode colocar, salvo o que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” – I Coríntios 3.11.

Cap. II – Contra esta rocha, este fundamento da igreja, a pessoa de Cristo, e a fé da igreja sobre ele, grande oposição tinha sido feita pelas portas do inferno. Sem mencionar a ira do mundo pagão, se esforçando por todos os efeitos da violência e crueldade para arrancar a igreja deste fundamento; todas as heresias com as quais desde o início, e por alguns séculos foi importunada, consistiram na oposição direta à eterna verdade sobre a pessoa de Cristo.

Seu início se deu no início da igreja, antes mesmo da escrita do Evangelho de João ou de suas revelações, e, na verdade antes de algumas das epístolas de Paulo. E embora o seu início, tenha sido pequeno e, aparentemente, desprezível, ainda assim, estava cheio do veneno da velha serpente, e se difundiram em várias formas, até que não havia mais nada de Cristo, nada que se relacionasse a ele, e nada às suas duas naturezas, divina e humana, nem seus atributos e operações, que não tivesse sido atacado e agredido por eles. Especialmente quando tão logo o evangelho havia subjugado o império Romano a Cristo, e até mesmo seus governantes, o mundo inteiro ficou durante alguns séculos cheio de tumultos, confusão, e desordens escandalosas sobre a pessoa de Cristo, através das oposições amaldiçoadas que lhe foram feitas pelas portas do inferno. A igreja verdadeira nunca teve qualquer descanso desses conflitos por cerca de 500 anos.

Mas nesse período de tempo, o poder da verdade e da religião começou a decair universalmente entre os cristãos nominais, e Satanás aproveitou para fazer esses estragos e destruição da igreja, por superstição, falsa adoração, e profanação da vida, e que ele havia falhado em sua tentativa contra a pessoa de Cristo, ou a doutrina da verdade concernente a isto.
Seria um trabalho tedioso, e poderia não ser de muito lucro para aqueles que são totalmente alheios em relação às coisas passadas há tanto tempo atrás, e que parecem não lhes dizer respeito, dar-se conta de tantas heresias pelas quais se tentou derrubar esta rocha e fundamento da igreja; e até mesmo para aqueles que investigaram os registros da antiguidade, isto seria completamente inútil. Porque quase todas as páginas deles à primeira vista apresentam aos leitores uma conta de apenas alguns deles. Ainda que eu estime isto como útil, a saber, que o tipo mais comum de cristãos deve, pelo menos, em geral, estar familiarizado com o que já se passou em relação à pessoa de Cristo, desde o início. Porque há duas coisas relacionadas a isto, onde sua fé está muito interessada.

Porque primeiro, há evidências que nos são dadas quanto à verdade das previsões das Escrituras sobre esta fatal apostasia da verdade, e da oposição ao Senhor Jesus Cristo; e, em segundo lugar, uma eminente demonstração do seu poder e fidelidade em decepcionar e vencer as portas do inferno, no enfrentamento dessa oposição.
A defesa da verdade desde o princípio; foi deixada ao encargo de guias e líderes da igreja em suas diversas capacidades. E foi pela Escritura que eles cumpriram o seu dever, confirmado com a tradição apostólica. Isso foi deixado ao seu encargo pelo grande apóstolo: Atos 20.28-31; 1 Tim 6.13,14; 2 Tim 2.1, 2; 5.23,24; 4.1-4; e quando alguns deles falhavam neste dever, eram reprovados pelo próprio Cristo: Apo 2.14,15,20.

E todos os crentes deveriam também cumprir fielmente o seu dever relativo à defesa da verdade, de acordo com o mandamento que lhes fora dado: 1 João 2.20,27; 4.1-3; 2 João 8,9. Todos os verdadeiros crentes em suas várias épocas, pela vigilância mútua, pregação, ou escritos, de acordo com suas chamadas e habilidades, usando eficazmente os meios externos para a preservação e propagação da fé da igreja. E os mesmos meios são ainda suficientes para os mesmos fins. A pretensa defesa da verdade com as artes e os braços de outro tipo, tem sido a ruína da religião, e a perda da paz de cristãos, além da recuperação. E isso pode ser observado, que enquanto este único modo de se preservar a verdade foi mantido, embora inúmeras heresias surgissem uma após outra, e algumas muitas vezes juntamente, elas nunca fizeram qualquer grande progresso, nem chegaram a uma consistência, pela qual pudessem se afirmar em oposição contra a verdade, mas os erros e seus autores eram como meteoros cadentes que apareciam por pouco tempo, e desapareciam.

Com o decorrer do tempo, quando o poder do império Romano deu proteção à religião cristã, um outro modo foi fixado para esse fim de preservar a verdade, com a utilização de assembleias de bispos e outros como eles foram chamados de concílios gerais, com uma composição mista, em parte civil e em parte eclesiástica, com respeito à autoridade dos imperadores, que começaram a chamada jurisdição da igreja. Este método foi iniciado no Concílio de Niceia, onde embora houvesse uma determinação de doutrina sobre a pessoa de Cristo, então, em agitação, e oposição, à sua natureza divina, de acordo com a verdade, ainda assim diversos males e inconvenientes se seguiram. E a partir daí a fé dos cristãos começou a ser mais esclarecida com base na autoridade dos homens, e já não se colocava mais tanto peso no que era claramente ensinado nas Escrituras.
Os Arianos, que negam a divindade de Cristo, acharam uma incrível vantagem neste Concílio para expandir sua convicção contrária às Escrituras.
Em concílios posteriores, como em Éfeso e em Calcedônia, a natureza divina de Cristo continuou sendo discutida quanto se era da mesma essência ou substância que a de Deus Pai.

No entanto, tal era o vigilante cuidado de Cristo sobre a igreja para a preservação desta sagrada verdade fundamental, relativa à sua pessoa divina, e a união de suas naturezas, mantendo as suas propriedades e operações distintas, que, não obstante toda a facção e desordem que havia naqueles Concílios, e as escandalosas contestações de muitos dos seus membros; a determinação contrária a isto, em grandes e numerosos concílios; a fé foi preservada inteira nos corações de todos que realmente criam, e triunfou sobre as portas do inferno.

Mencionei essas poucas coisas que pertencem à promessa e predição de nosso bendito Salvador, Mt 16.18, para mostrar que a igreja sem qualquer desvantagem para a verdade, pode ser preservada sem essas assembleias gerais, que em épocas posteriores provaram ser mais perniciosas para a corrupção da fé e da adoração. Sim, desde o início eles estiveram tão distantes da única forma de preservar a verdade, que a mesma quase sempre era prejudicada pela adição da autoridade deles para a sua confirmação. Também não houve qualquer um deles, em que o mistério da iniquidade não tivesse trabalhado para a colocação de algum lixo no fundamento da apostasia fatal, que mais tarde abertamente se seguiu. O próprio Senhor Jesus Cristo, tinha tomado isto sobre si, para construir sua igreja sobre esta rocha de sua pessoa, por verdadeira fé dele e nele.

Ele envia o seu Espírito Santo para dar testemunho dele, em todos os efeitos abençoados do seu poder e graça. Ele confirma a sua palavra pela ministração fiel dela, para revelar, declarar, fazer conhecido, e reivindicar a sua verdade sagrada, para a convicção de opositores. Ele afirma que nada poderá prevalecer contra a fé nele, e o amor a ele, nos corações de todos os seus eleitos. Portanto, a par das oposições a esta verdade sagrada, este artigo fundamental da igreja e da religião cristã, acerca de sua pessoa divina, sua constituição e uso, quanto a sua natureza humana conjugada substancialmente a ela, e subsistindo nela, ainda que seja contestado com mais sutileza e pretextos capciosos do que nos séculos anteriores, ainda assim, pelo cumprimento do nosso dever e da ajudas da graça a nós proposta, vamos finalmente triunfar nesta causa, e transmitir esta verdade sagrada inviolavelmente àqueles que nos sucederem na profissão dela.

FORÇA PARA O DIA

ALEGRIA E PIEDADE

[…] fico contente e me alegro com todos vocês (Filipenses 2:17).

A verdadeira alegria está diretamente relacionada à vida divina.

A carta aos filipenses é muitas vezes chamada de a carta da alegria – e com razão, porque a alegria do crente é o seu principal tema. Paulo amava os cristãos filipenses e eles o amavam. Quando souberam que o apóstolo havia sido preso por pregar o evangelho, eles ficaram profundamente preocupados.

Paulo escreveu para aliviar seus medos e encorajar sua alegria. Em suas próprias circunstâncias, ele disse: “Entretanto, mesmo que eu seja oferecido como libação sobre o sacrifício e serviço da fé que vocês têm, fico contente e me alegro com todos vocês” (Filipenses 2:17-18).

Muitas vezes, um sacrifício de animais judeus era acompanhado por uma oferta de libação ou bebida (por exemplo, Números 15:1-10). O animal era o maior sacrifício; a libação é menor. Com essa imagem, Paulo colocou maior significado na fé e no bem-estar espiritual de seus leitores do que em sua própria vida. Sofrer por causa de Cristo trouxe alegria para Paulo, e o apóstolo queria que os filipenses compreendessem essa perspectiva e se alegrassem com ele.

O apóstolo também queria que os Filipenses entendessem que a alegria não opera no vácuo. Está diretamente relacionado à vida divina. Cristo é a sua fonte; a obediência é o seu sustento. Vemos isso no grito de arrependimento de Davi: “Restitui-me a alegria da tua salvação” (Salmo 51:12). Paulo conhecia a alegria do Senhor, porque confiava em Cristo e obedecia a Sua vontade.

A escassez de alegria e piedade no mundo de hoje torna imperativo que os cristãos demonstrem essas características. Como nós, outros verão nossas boas obras e nosso Pai Celestial será glorificado (Mateus 5:16).

Sugestão para oração

Peça ao Espírito Santo que use nossos estudos diários para fortalecer sua alegria e aumentar sua piedade.

Procure emular a atitude de Paulo de preferir os outros do que a si mesmo – um elemento-chave na alegria cristã.

Estudo adicional

Leia a carta aos Filipenses, observando cada referência à alegria.

O que trouxe alegria a Paulo?

Sobre o que ou quem você deposita sua alegria?

Devocional Alegria Inabalável - John Piper

NOSSO INIMIGO DESARMADO

Versículo do dia: E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz. (Colossenses 2.13-15)

A razão pela qual a união com Cristo faz uma grande diferença para o crente é porque Cristo obteve um triunfo decisivo sobre o diabo no Calvário. Ele não removeu Satanás do mundo, mas o desarmou até o ponto de remover a arma da condenação de sua mão.

Satanás não pode acusar os crentes de pecado não perdoado; e essa é a única acusação que pode nos destruir. Portanto, ele não pode nos levar a ruína total. Ele pode nos ferir fisicamente e emocionalmente, e até mesmo nos matar. Ele pode nos tentar e incitar outros contra nós. Porém, não pode nos destruir.

O triunfo decisivo em Colossenses 2.13-15 deve-se ao fato de que “o escrito de dívida, que era contra nós” foi pregado na cruz. O diabo havia feito desse escrito de dívida sua principal acusação contra nós. Agora ele não tem nenhuma acusação que possa fazer na corte do céu. Ele é impotente para fazer a única coisa que mais deseja: condenar-nos. Ele não pode fazê-lo. Cristo levou sobre si nossa condenação. O diabo está desarmado.

Outra maneira de dizer isso está em Hebreus 2.14-15: “[Cristo tornou-se humano] para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida”.

A morte ainda é nossa inimiga. Mas é inofensiva. O veneno da víbora foi removido. O aguilhão mortal desapareceu. O aguilhão da morte era o pecado e o poder condenatório do pecado estava na demanda da lei. Mas, graças a Cristo que satisfez a demanda da lei. “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”.

Devocional Do Dia - Charles Spurgeon

Versículo do dia: “E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas.” (Gênesis 1.4)

A luz é realmente boa, visto que resulta de um mandamento de bondade -“Haja luz”. Aquele que desfruta dela, deveria ser mais grato e ver mais de Deus nela e por ela. Salomão declarou que a luz física é “doce”. A luz do evangelho, porém, é infinitamente mais preciosa, visto que revela coisas eternas e também ministra à nossa natureza imortal. Quando o Espírito Santo nos outorga luz espiritual e abre nossos olhos, para contemplarmos a glória de Deus na face de Jesus Cristo (2 Coríntios 4.6), vemos o pecado como ele realmente é e a nós mesmos em nossa verdadeira situação. Contemplamos o Deus Altíssimo conforme Ele se revela a Si mesmo; vemos o plano de misericórdia que Ele propôs, e o mundo por vir, como a Palavra o descreve.

A luz espiritual possui muitos raios e cores prismáticas. Quer seja conhecimento, alegria, santidade ou vida, todos são bons, conforme o propósito de Deus. Portanto, se a luz recebida é boa, quão essencial deve ser ela e quão glorioso deve ser o lugar onde esta luz se revela! Ó Senhor, dá-nos mais de Ti mesmo, a verdadeira luz. Tão cedo não haveria uma coisa boa no mundo, do que uma divisão necessária. A luz e as trevas não mantêm qualquer comunhão. Deus as dividiu; não devemos mudar isso. Os filhos da luz não devem ter comunhão com as obras, as doutrinas e os enganos das trevas. Os filhos do dia têm de ser honestos, prudentes e ousados na obra de seu Senhor, deixando as obras das trevas para aqueles que permanecerão nelas para sempre. Nossas igrejas têm de, por meio da disciplina, separar a luz das trevas. Nós, por intermédio de nossa distinta separação do mundo, também devemos fazer isso. Em nossos momentos de ouvir e relacionarmo-nos com outros, em nossos julgamentos, ações e ensinamentos devemos discernir entre o precioso e o vil e manter a distinção que o Senhor fez no primeiro dia da criação do mundo. Ó Senhor Jesus, sê nossa luz durante todo este dia, pois a tua luz é a luz dos homens.

A Bíblia e o Trabalho - Paulo Junior


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

O EVANGELHO DE DEUS

Por John Stott

Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos, e manifestada agora pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho. (2 Timóteo 1:9-10)

É notável ver Paulo passar, de repente, da referência ao “evangelho” à afirmação central: “Deus nos salvou”. É mesmo impossível falar do evangelho sem falar, ao mesmo tempo, da salvação. O evangelho é precisamente isto: boas novas de salvação, ou boas notícias de “nosso Salvador Cristo Jesus” (v.10). Desde o dia do Natal, quando a boa nova de alegria foi anunciada pela primeira vez, proclamando o nascimento do “Salvador que é Cristo o Senhor” (Lc 2: 10-11), os seguidores de Jesus têm reconhecido o seu conteúdo essencial. Paulo mesmo nunca vacilou a esse respeito. Em Antioquia da Pisídia, na primeira viagem missionária, ele refere-se ao seu evangelho como a “mensagem desta salvação”. Em Filipos, na segunda jornada missionária, ele e seus companheiros foram identificados como “servos do Deus Altíssimo, que nos anunciam o caminho da salvação”. E ao escrever em Roma aos Efésios, ele intitula a palavra da verdade de “o evangelho da vossa salvação” (At 13:26; 16:17; Ef 1:13).

Assim, aqui, ao escrever a respeito do evangelho, Paulo usa a terminologia costumeira, isto é, que somos salvos em Cristo Jesus por determinação, graça e chamado de Deus, não por nossas próprias obras. É que ele está expondo, nesta sua última carta, o mesmo evangelho que já expusera na sua primeira carta (Gálatas). Com o passar dos anos, o seu evangelho não sofreu mudanças; há somente um evangelho de salvação. E conquanto devamos traduzir os termos “evangelho” e “salvação” por expressões mais compreensíveis ao homem moderno, não podemos alterar a substância da nossa mensagem. Examinando com mais cuidado a forma concisa com que Paulo apresenta o evangelho de Deus nestes versículos, constatamos que ele indica a sua essência (o que é o evangelho), a sua origem (de onde provém) e o seu fundamento (onde se baseia).

1. A essência da salvação

Precisamos juntar as três cláusulas que afirmam que Deus “nos salvou”, “nos chamou com santa vocação” e “trouxe à luz a vida e a imortalidade”. Isto explica que a salvação vai muito além do perdão. O Deus que nos “salvou” é também o que, ao mesmo tempo, “nos chamou com santa vocação”, ou seja, que nos “chamou para sermos santos”. O chamamento cristão é uma vocação santa. Quando Deus chama alguém para si, também o chama à santidade. A isto Paulo dera muita ênfase em suas cartas anteriores. “Deus não nos chamou para a impureza, e, sim, em santificação”, porque todos fomos “chamados para ser santos”, chamados para viver como povo santo de Deus e separado para ele (1 Ts 4:7; 1 Co 1: 2). Sendo a santidade uma parte integrante no plano de Deus para a salvação, também o é a “imortalidade”, da qual escreve no versículo seguinte (v.10). De fato, “perdão”, “santidade” e “imortalidade”, são três aspectos da grande “salvação” de Deus.

O termo “salvação” precisa ser urgentemente libertado do conceito medíocre e pobre com o qual tendemos a degradá-lo. “Salvação” é um termo majestoso, que evidencia todo o amplo propósito de Deus, pelo qual ele justifica, santifica e glorifica o seu povo: primeiramente, perdoando as nossas ofensas e aceitando-nos como justos ao nos olhar através de Cristo; depois transformando-nos progressivamente, pelo seu Espírito, para sermos conforme a imagem do seu Filho, até que finalmente nos tornemos iguais a Cristo no céu, com novos corpos, num mundo novo. Não devemos minimizar a grandeza de “tão grande salvação” (Hb 2:3).

2. A origem da salvação

De onde provém tão grande salvação? A resposta de Paulo é: “Não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos” (v.9). Se quiséssemos acompanhar o manancial da salvação até a sua origem, deveríamos então voltar para trás, através do tempo, em direção à eternidade do passado. As palavras do apóstolo são mesmo: “antes dos tempos eternos”¹ e são traduzidas de diversas formas: “antes do princípio do mundo” (BV), “antes do tempo existir” (CIN), ou “antes de todos os séculos” (PAPF).

Para não pairar qualquer dúvida sobre a verdade de que a predestinação e eleição por Deus pertence à eternidade e não ao tempo, Paulo faz uso de um particípio aorístico para indicar que Deus de fato nos deu algo (dotheisan) desde toda a eternidade, em Cristo. O que Deus nos deu foi “a sua própria determinação e graça”, ou “a sua determinação, ou propósito, de nos dar graça”. A sua determinação de dar a salvação não era arbitrária, mas sim fundada em sua graça. ² Fica claro, por conseguinte, que a fonte de nossa salvação não são as nossas próprias obras, visto que Deus nos deu a sua própria determinação da graça em Cristo antes que praticássemos quaisquer boas obras, antes de termos nascido e de termos podido fazer quaisquer obras meritórias; antes mesmo da História, antes do tempo, na eternidade.

Temos que confessar que a doutrina da eleição é matéria difícil para mentes finitas, mas é, incontestavelmente, uma doutrina bíblica. Ela enfatiza que a salvação é devida exclusivamente à graça de Deus, e não aos méritos humanos; não às nossas obras realizadas no tempo, mas à determinação que Deus concebeu na eternidade; “aquela determinação”, como se expressa o Rev. Ellicott, “que não surgiu de algo fora dele, mas que brotou unicamente das maiores profundezas da divina eudokia”.³ Ou, nas palavras de E. K. Srmpson: “As escolhas do Senhor têm as suas razões imperscrutáveis, mas não se baseiam na elegibilidade dos escolhidos”.4 Assim sendo, a divina determinação, ou propósito, da eleição é um mistério para a mente humana, já que não se pode aspirar compreender os pensamentos secretos e as decisões da mente de Deus. Contudo, a doutrina da eleição nunca é introduzida na Escritura para despertar ou para diminuir a nossa curiosidade carnal, mas sempre tendo um propósito bem prático. De um lado ela desperta uma profunda humildade e gratidão, por excluir todo o orgulho próprio. De outro lado, traz paz e segurança, porque nada pode acalmar os nossos temores pela nossa própria estabilidade como o conhecimento de que a nossa segurança depende, em última análise, não de nós mesmos, mas da própria determinação e graça de Deus.

3. O fundamento da salvação

A nossa salvação tem um firme fundamento na obra histórica efetuada por Jesus Cristo no seu primeiro aparecimento. Porque, conquanto a graça de Deus nos tenha sido “dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos”, ela foi “manifestada agora”, no tempo, “pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus”, ou seja, pelo aparecimento do mesmo Jesus Cristo. Os dois estágios divinos foram em e através de Jesus Cristo; a dádiva foi eterna e secreta, mas a manifestação foi histórica e pública.

O que então Cristo realizou, ao aparecer e manifestar a eterna determinação e graça de Deus? A isto Paulo dá uma dupla resposta no versículo 10. Primeiramente, Cristo “destruiu a morte”. Em segundo lugar, “trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho”.

Em primeiro lugar, Cristo destruiu a morte. “Morte” é, de fato, a palavra que bem sintetiza a nossa condição humana resultante do pecado. Porque a morte é o “salário” do pecado, é a sua horrível punição (Rm 6: 23). E é assim para cada uma das formas que a morte assume. A Escritura fala da morte em três sentidos: a morte física, a alma separada do corpo; a morte espiritual, a alma separada de Deus; e a morte eterna, a alma e o corpo separados de Deus para sempre.  Todas as três mortes são devidas ao pecado; são a sua terrível, porém justa, recompensa. Mas Jesus “destruiu” a morte. O sentido não pode ser o de que ele já a tenha eliminado, conforme sabemos por nossa própria experiência diária. Os pecadores ainda estão “mortos em delitos e pecados”, nos quais andam (Ef 2: 1-2), até que Deus lhes dê a vida em Cristo. Todos os seres humanos morrem fisicamente e continuarão a morrer, com exceção da geração que estiver viva quando Cristo retornar em glória. E muitos experimentarão a “segunda morte”, que é uma das apavorantes expressões usadas no livro do Apocalipse para designar o inferno (p. ex.: Ap. 20: 14; 21:8). Com efeito, anteriormente Paulo escrevera que a destruição final da morte ainda se encontra no futuro, quando ela, o último inimigo de Deus, será destruída (1 Co 15: 26). Só depois da volta de Cristo e da ressurreição dos mortos é que haveremos de proclamar com júbilo: “tragada foi a morte pela vitória” (1 Co 15:54; cf. Ap21:4).

O que Paulo afirma, triunfantemente, neste versículo, é que, em seu primeiro aparecimento, Cristo decisivamente derrotou a morte. O verbo grego katargeö não permite, por si mesmo, concluirmos qual seja o seu significado, pois pode ser empregado com muitos sentidos, e assim só o contexto pode determinar qual o seu correto significado. Contudo, o seu primeiro e mais notável sentido é o de “tornar ineficiente, sem poder, inútil” ou “anular” (AG). Assim Paulo compara a morte a um escorpião, do qual se arrancou o ferrão; e também a um comandante, cujas tropas foram vencidas. O apóstolo pode, portanto, levantar a sua voz em desafio: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1 Co 15: 55). Porque Cristo destruiu o poder da morte (AG).

É muito significativo que este mesmo verbo katargeö é usado no Novo Testamento com referência ao diabo e à nossa natureza decaída, assim como o é também com referência à morte (Hb 2: 14; Rm 6: 6). Nem o diabo, nem a nossa natureza decaída e tampouco a morte foram aniquilados; mas pelo poder de Cristo, a tirania de cada um deles foi destruída, de forma que os que estão em Cristo estão em liberdade.

Consideremos particularmente como foi que Cristo “destruiu” ou “anulou” a morte. A morte física já não é mais o terrível monstro que nos parecia antes, e que continua ainda sendo para muitos, a quem Cristo ainda não libertou. Pelo pavor da morte eles ainda estão “sujeitos à escravidão por toda a vida” (Hb 2: 15). Já para os crentes em Cristo a morte significa simplesmente “dormir” em Cristo; e isto é, na verdade, um “lucro”, por ser o caminho para estar “com Cristo, o que é incomparavelmente melhor”. É um dos bens que se tornam nossos, quando somos de Cristo (1 Ts 4:14-15; Fp 1:21-23; 1 Co 3: 22-23). A morte tornou-se tão inofensiva, que Jesus chegou a afirmar que o crente, ainda que morra, “não morrerá, eternamente” (Jo 11: 25- 26). O que é absolutamente certo é que a morte jamais conseguirá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo (Rm 8:38-39).

A morte espiritual, para os cristãos, deu lugar à vida eterna, que é a comunhão com Deus, iniciada aqui na terra e que será perfeita no céu. Além disso, os que estão em Cristo “de nenhum modo sofrerão os danos da segunda morte”, porque já passaram da morte para a vida (Ap 2:11; Jo 5:24; e 1 Jo 3:14).

Em segundo lugar, Cristo “trouxe à luz a vida e a imortalidade mediante o evangelho”. Esta é a contrapartida positiva. Foi por meio de sua morte e ressurreição que Cristo destruiu a morte. É através do evangelho que ele agora revela o que fez, e oferece aos homens a vida e a imortalidade que para eles conquistou. Não está claro se devemos fazer distinção entre as palavras “vida” e “imortalidade”, pois podem ser sinônimas, a segunda definindo a primeira. Ou seja, a espécie de vida que Cristo nos garantiu, e que agora nos revela e nos oferece através do evangelho, é a vida eterna, uma vida que é imortal e incorruptível. Somente Deus possui a imortalidade em si mesmo, mas Cristo a dá aos homens. Até mesmo os nossos corpos participarão dessa imortalidade, após a ressurreição (1 Co 15: 42, 52-54). Assim será a herança que receberemos (1 Pe 1:4). De outro lado, como C. K. Barrett escreve: “possivelmente ‘vida’ refira-se à nova vida, possível de ser obtida neste mundo; e ‘imortalidade’ ao seu prolongamento depois da morte”.5 Qualquer que seja a nossa conceituação dessas palavras, ambas são “reveladas” ou “trazidas à luz” através do evangelho. Há muitas alusões no Velho Testamento a uma vida após a morte, e alguns lampejos dessa fé, mas de maneira geral a revelação do Antigo Testamento é o que o Rev. Moule chamou de “um lusco-fusco”,6 em comparação com o Novo Testamento. O evangelho, contudo, trouxe torrentes de luz sobre a dádiva da vida e da imortalidade, através da vitória de Cristo sobre a morte.

A fim de apreciarmos a plena força desta afirmativa cristã, precisamos relembrar quem é este que a está proferindo. Quem é este que escreve com tanta segurança sobre a vida e a morte, sobre a destruição da morte e a revelação da vida? É alguém que encara a iminente expectativa da sua própria morte. A qualquer hora ele espera receber a sua sentença de morte. Já soa em seus ouvidos a sua ultimação final. Em sua imaginação já pode ver o lampejar da espada do carrasco. E, não obstante, na dura presença da morte, ele brada alto: “Cristo destruiu a morte”. Isto é fé cristã triunfante!

Como suspiramos e anelamos que a igreja de nossos dias recupere a sua esperança na vitória de Jesus Cristo, que proclame estas boas novas a este mundo, para o qual morte continua sendo uma palavra proibida. A revista “The Observer” dedicou uma edição inteira ao tema “morte”, em outubro de 1968, e comentou: “Longe de estar preparada para a morte, a sociedade moderna conferiu a esta palavra o caráter de coisa não mencionável… aplicamos todos os nossos talentos para nos esquivar da expectativa de morrer e, quando a hora chega, reagimos de qualquer forma, ou com excessiva trivialidade, ou até com total desespero”.

Um dos testes mais reveladores que se pode aplicar a qualquer religião diz respeito à atitude da mesma em relação à morte. Avaliada por este teste, muito “cristianismo” por aí é achado em falta, com suas roupagens pretas, e com seus cânticos plangentes e suas missas de réquiem. É claro que morrer pode ser muito desagradável e a perda de um ente amado pode trazer amarga tristeza. Mas a própria morte foi derrotada, e “bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor” (Ap 14: 13). O epitáfio adequado para um crente em Cristo não é a lúgubre e incerta petição, requiescat in pace (descanse em paz), mas a firme e jubilosa afirmação: “Cristo venceu a morte”, ou para quem prefira línguas clássicas, o equivalente a isso em grego ou latim!

Tal é, pois, a salvação que nos é oferecida pelo evangelho, da qual nos apropriamos em Cristo. Caracteriza-se pela recriação e transformação do homem na santidade de Cristo, aqui e além. A origem desta salvação é o eterno propósito da graça de Deus. O seu fundamento é o aparecimento histórico de Cristo e a destruição da morte por ele.

Juntando estas grandes verdades, podemos encontrar cinco etapas que caracterizam o propósito salvífico de Deus. A primeira é o dom eterno da sua graça, que nos é oferecido em Cristo. A segunda é o aparecimento histórico de Cristo para destruir a morte através da sua morte e ressurreição. A terceira etapa é o convite pessoal que Deus faz ao pecador, por meio da pregação do evangelho. A quarta é a santificação moral dos crentes pelo Espírito Santo. E a quinta etapa é a perfeição celestial final, na qual o santo   chamamento é consumado.

A extensão do propósito da graça de Deus é realmente sublime, tal como Paulo o delineia, partindo da eternidade passada, passando pela sua realização histórica em Jesus Cristo, e culminando no cristão, que tem o seu destino final com Cristo e à semelhança de Cristo, numa futura imortalidade.  Não é realmente maravilhoso que, mesmo estando o corpo de Paulo confinado ao espaço apertado de uma cela subterrânea, o seu coração e a sua mente possam elevar-se até a eternidade?

Trecho extraído do livro Tu, Porém (Comentário Bíblico de 2 Timóteo), pág. 24-32. Editora: ABU

DECLARAÇÃO DO GLORIOSO MISTÉRIO DA PESSOA DE CRISTO (PARTE 1)

É uma grande promessa sobre a pessoa de Cristo, o modo como ele foi dado à igreja, (“porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu”, Isaías 9.6) de quem Deus disse: “Eis que eu assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular, solidamente assentada; aquele que crer não foge.” Isaías 28.16. Também foi anunciado a respeito dele, que esse fundamento precioso deveria ser “pedra de tropeço e rocha de ofensa às duas casas de Israel, laço e armadilha aos moradores de Jerusalém.

Muitos dentre eles tropeçarão e cairão, serão quebrantados, enlaçados e presos.”, Isaías 8.14,15. De acordo com esta promessa e predição, para todas as épocas da igreja, o apóstolo Pedro declara a respeito da primeira delas, “Portanto”, diz ele, “isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado. Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes, a pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos.”, I Pedro 2.6-8.

Para os que creem nele para a salvação da alma, ele é sempre precioso; o sol, a rocha, a vida, o pão de suas almas, cada coisa que é boa, útil, amável, desejável aqui ou até a eternidade.
Nele, dele e por ele, é toda a sua vida espiritual e eterna, luz, poder, crescimento, consolo e alegria aqui; com a salvação eterna a seguir. Por ele somente é feito o que eles desejam, esperam, e obtêm a libertação daquela terrível apostasia de Deus, que é acompanhada de tudo o que é mau, nocivo e destrutivo de nossa natureza, e que, sem alívio, conduzirá a uma miséria eterna. Por ele, eles são trazidos a um conhecimento mais próximo, a uma aliança e amizade com Deus, e a mais firme união com ele, e a mais santa comunhão com ele, que nossas naturezas finitas são capazes de ter, e assim serão conduzidos ao eterno gozo que procede dele.

Pois nele “toda a descendência de Israel será justificada, e se gloriará”, Isaías 45.25. Porque “Israel, porém, será salvo pelo SENHOR com salvação eterna; não sereis envergonhados, nem confundidos em toda a eternidade.”, Isaías 45.17.
Nestas e em outras passagens similares, o principal propósito de todas as suas vidas naquele que é assim tão precioso, é o de se familiarizarem com ele, o mistério da sabedoria, da graça e do amor de Deus, em sua pessoa e mediação, como revelou a nós nas Escrituras, que é vida eterna, João 17.3; a confiarem nele, e viverem nele, com tudo o mais que é eterno e que se refere às suas almas, para amá-lo e honrá-lo de todo o coração, esforçando-se para serem conformados a ele, em todos aqueles caracteres da bondade e santidade divinas, que são implantados neles, por meio dele. Nestas coisas consistem a alma, a vida, o poder, a beleza e a eficácia da religião cristã, sem o que, quaisquer que sejam os ornamentos exteriores serão inúteis, uma carcaça sem vida.

A totalidade deste desígnio é expressada naquelas palavras celestiais do apóstolo, Fp 3.8-12: “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos.

Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.”
Esta é uma expressão divina daquela estrutura de coração, daquele desígnio que é predominante e eficaz naqueles para os quais Cristo é precioso.
Mas, por outro lado, de acordo com a previsão mencionada, como ele tem sido um fundamento para todos os que creem, por isso, ele tem de igual modo sido uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para todos os que tropeçam na Palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos.

Não há nada neles, não há nada que se relacione a ele, nada dele, sua pessoa, sua natureza, seu ofício, sua graça, seu amor, seu poder, sua autoridade, sua relação com a igreja, sendo assim para muitos uma pedra de tropeço e rocha de escândalo. A respeito destas coisas têm sido todas as lamentáveis contestações, expressadas e criadas por aqueles que têm feito uma profissão externa da religião cristã. E esta oposição ao Senhor Jesus Cristo nestas coisas por homens de mentes perversas, tem arruinado as suas próprias vidas, bem como têm sido feitos em pedaços contra esta rocha eterna; por isso em conjunto com outros desejos e interesses das mentes carnais dos homens, o mundo tem sido enchido com sangue e confusão.

A reentronização – da pessoa, do espírito, da graça e da autoridade de Cristo, nos corações e nas consciências dos homens, é o único caminho é a única maneira de se colocar um ponto um final nesses lamentáveis conflitos. Mas isso não é para ser esperado em qualquer grau de perfeição, entre aqueles que tropeçam nesta pedra de escândalo, para o que eles foram postos.

É no reconhecimento da verdade que concerne a essas coisas, que consiste a fé de um modo especial, e isto foi a vida e a glória da igreja primitiva, a qual eles fervorosamente defenderam, na qual e pela qual eles foram vitoriosos contra todas as formas de tropeços do adversários, pelos quais foram agredidos.

Ao darem testemunho, não amaram as suas vidas até a morte, mas derramaram o seu sangue como água, sob todas as perseguições pagãs, que não tinham outro propósito, senão o de lançá-los para baixo e separá-los desta rocha inexpugnável, este fundamento precioso. Na defesa dessas verdades fizeram orações, estudos, e escritos, contra os enxames de sedutores aos quais eles se opuseram.
(Desta parte em diante, John Owen faz uma apresentação sucinta de cada capítulo deste tratado – nota do tradutor).

FORÇA PARA O DIA

PACIÊNCIA BÍBLICA

[…] vivam de maneira digna da vocação a que foram chamados, com longanimidade (Efésios 4:1-2).

Os cristãos pacientes suportam circunstâncias negativas, lidam com pessoas difíceis e aceitam o plano de Deus para tudo.

Em um instante, microondas, drive-thru… “Eu quero agora”! A paciência é difícil de encontrar nesta cultura. Ficamos chateados se tivermos de esperar muito tempo na fila do supermercado ou ficar preso atrás do cara dirigindo lentamente.

No entanto, a Escritura nos diz que hoje nossas vidas precisam ser marcadas pela paciência. A palavra grega traduzida como “longanimidade” significa, literalmente, “temperamento longo”. Uma pessoa paciente não tem um “pavio” curto ou perde a paciência facilmente.

Há três aspectos da paciência bíblica. Primeiro, a paciência nunca cede em circunstâncias negativas, não importa o quão difícil seja. Deus disse a Abraão que o tornaria uma grande nação e daria a Canaã os seus descendentes (Gênesis 12:2, 7). Quando Deus fez essa promessa, Abraão e Sara não tiveram filhos. Eles tiveram que esperar muito além de seus anos férteis até que Deus lhes desse um filho. Mas Hebreus 6:15 diz: “E assim, depois de esperar com paciência, Abraão obteve a promessa”. “Não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus” (Romanos 4:20). Ele confiava em Deus e esperava pacientemente que Ele cumprisse Sua promessa.

Um segundo aspecto da paciência é lidar com pessoas difíceis. Paulo nos diz para “sermos pacientes com todos os homens” (1 Tessalonicenses 5:14). Nisto é aplicado a “mansidão” – um espírito que se recusa a retaliar. Nossa reação normal é defensiva quando provocada. Mas uma pessoa paciente é insultada, perseguida, recebe tratamento injusto, é difamada e odiada. Você não pode começar uma briga com uma pessoa paciente. Ele defende Deus, não ele mesmo, sabendo que o Senhor retribuirá todos os erros no momento certo.

Em terceiro lugar, a paciência aceita o plano de Deus para tudo. Não questiona Deus. Uma pessoa paciente diz: “Senhor, se isto é o que foi planejado para mim, tudo bem”. Romanos 8:28 diz: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Como Deus está no controle, podemos ser pacientes, esperando que Ele realize a sua vontade.

Sugestão para oração

Peça a Deus para ajudá-lo a reconhecer quando você estiver disposto a ser impaciente. Quando esses momentos vierem, ore pedindo força para suportá-los.

Estudo adicional

Tiago 5:10 diz que os profetas eram exemplos de sofrimento e paciência. Leia o que dois profetas tiveram que suportar em Isaías 6:9-12 e Jeremias 1:5-19.

Como eles podem ser exemplos para você enquanto procura ser fiel diante das provas da vida?