Semeando o Evangelho

Semear a Verdade e o Amor de Deus
domingo, 15 de outubro de 2017
COMO VENCER A ANSIEDADE
Por Silas Alves Figueira
Texto Base: Mateus 6.24-34
INTRODUÇÃO
Uma grande crise se instalou em nosso país, e porque não dizer no mundo. Vivemos dias em que cada vez mais ouvimos falar em corrupção, perda de emprego, roubalheira das mais diversas em todas as instâncias do governo, a justiça que não prevalece… Olhamos ao redor e diante de tanta crise, se não tivermos cuidado, seremos engolidos por uma total desesperança.
No entanto, o texto de Mateus 6.24-34 nos renova a fé. Nos trás esperança e renova a nossa confiança no Senhor que nos guarda. Mas para isso devemos vigiar, pois a tentação é muito grande. E essa tentação é a de servir a dois senhores. A tentação de abrir mão do cuidado de Deus por nós e nos embrenharmos por um caminho extremamente perigoso. O caminho que nos leva a perder a fé no Senhor e em seu cuidado e partirmos a buscar outro senhor para cuidar de nós, dos nossos interesses e dos nossos entes queridos.
Quando perdemos a fé que o Senhor tem poder para cuidar de nós, automaticamente, nos vemos tomados por uma extrema preocupação. É aquilo que o Senhor chama de ansiedade.
PARA VENCERMOS A ANSIEDADE NÓS DEVEMOS EM PRIMEIRO LUGAR DEFINIR A QUEM IREMOS SERVIR (Mt 6.24).
Jesus aqui é enfático ao dizer que nós não podemos servir a dois senhores. Isso é impossível. Isso é algo que para o Senhor é inviável. E Ele nos dá duas razões básicas:
1º – Porque o amor não pode ser divido (Mt 6.24a). Se você ama um não pode amar ao outro, pelo contrário, irá aborrecer o outro. Pode-se trabalhar para dois empregadores, mas nenhum escravo pode ser propriedade de dois senhores, pois ter um só dono e prestar serviço de tempo integral são da essência da escravidão [1].
Por que falamos isso? Porque vezes seguidas, nas páginas das Escrituras, os crentes são referidos como escravos de Deus e escravos de Cristo. De fato, enquanto o mundo exterior os chama de “Cristãos”, os crentes primitivos repetidamente referiam a si mesmos, no Novo Testamento, como escravos do Senhor (Rm 1.1; 1Co 7.22; Gl 1.10; Ef 6.6; Fl 1.1; Cl 4.12; Tt 1.1; Tg 1.1; 1Pe 2.16; 2Pe 1.1; Jd 1; Ap 1.1) [2].
E a expressão servir no grego é doulenein, que é servir como escravo. Então na condição de escravo eu devo ter um só senhor e amá-lo incondicionalmente. Por isso que amar ao Senhor e as riquezas é impossível. Como disse o apóstolo Paulo em 1 Timóteo 6.10:
“Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”.
Na condição de escravo, tem que haver total fidelidade sem reservas, porquanto o escravo não tinha vida própria, mas tudo fazia segundo a vontade do seu “senhor”. É claro, portanto, que tal serviço não pode ser prestado a dois senhores [3].
2º – Porque a adoração não pode ser dividida (Mt 6.24b). O homem que cuida das coisas espirituais procura apenas um tesouro, isto é, o tesouro dos céus (Mt 6.19-21).
Não podemos servir a Deus e as riquezas, ou seja, não podemos servir ao Criador dos céus e da terra, ao Deus Vivo e qualquer objeto de nossa própria criação que chamamos de “dinheiro” (Mamon é uma transliteração da palavra aramaica para riqueza) e, nesse contexto, representa também os interesses mundanos. Não podemos servir aos dois [4].
A riqueza é uma grande tentação. Não que seja pecado ser rico, o pecado está em confiar nela como se ela fosse um deus; e na verdade, para muitos, ela é um deus. Por isso o apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo nos alerta a respeito disso:
“Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos. Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo isso e busque a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão” (1 Timóteo 6.9-11 – NVI).
E em Eclesiastes 5.10 nos diz:
“Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade”.
E o próprio Jesus alertou os seus discípulos sobre esse perigo:
“Então, Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! Os discípulos estranharam estas palavras; mas Jesus insistiu em dizer-lhes: Filhos, quão difícil é [para os que confiam nas riquezas] entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Marcos 10.23-25).
A tentação é grande, mas uma vez eu repito. Não pense que nós não seremos tentados. Não pense que estamos isentos de passarmos por isso. Nós não somos intocáveis. Por isso que o apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios disse:
“Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia” (1 Coríntios 10.12).
EM SEGUNDO LUGAR, PARA VENCERMOS A ANSIEDADE DEVEMOS TER UMA FÉ RACIONAL (Mt 6.25,31).
Jesus começa esse versículo dizendo: “Por isso vos digo”. Isso quer dizer que aquilo que Senhor Jesus está para falar é uma conclusão do que Ele havia falado anteriormente, ou seja, antes de nos convidar a agir, ele nos convoca a pensar. Convida-nos a examinar clara e friamente as alternativas que foram expostas, pensado-as cuidadosamente [5].
O Evangelho e a sua mensagem devem ser analisadas. Não é pecado pensar. Aliás, o Senhor nos convida a servi-lo calculando o valor do discipulado (Lc 9.57-62). O apóstolo Paulo nos diz que o nosso culto deve ser um culto racional (Rm 12.1). David Martyn Lloyd-Jones diz que Cristo não se contentou meramente em estabelecer princípios, dar-nos uma ordem ou mandamentos. Antes, nos dá argumentos e oferece-nos razões. Ele apresenta estas coisas para serem apreciadas pelo nosso bom senso. Uma vez mais somos lembrados que Ele está apresentando a verdade diante do nosso intelecto. Jesus não se preocupou somente em produzir uma determinada atmosfera emocional, mas também raciocina junto conosco. Essa é a grande questão que precisamos aprender. É por esse motivo que Ele começa, novamente, com as palavras “por isso” [6].
Por isso…
1º – Devemos ver a vida com os olhos do Senhor. Isso implica em andar pela fé e não por vista. Assim como os espias que voltaram de espiar a terra de Canaã, devemos ver o melhor que o Senhor tem para nós. No entanto, devemos tomar cuidado para não fixarmos os olhos nas dificuldades, mas na possibilidade da vitória. Para que possamos ver o que o Senhor tem para nós, devemos em primeiro lugar ter a visão dEle e, em seguida, abrir mão da nossa visão. O que os nossos olhos veem podem nos levar ao total engano.
Não sei se você sabe, mas a águia possui oito vezes mais células visuais por centímetro cúbico do que o ser humano. Tal fato se traduz por habilidades espantosas. Por exemplo, voando à altura de 200 metros a águia consegue detectar um objeto do tamanho de uma moedinha, movendo-se na grama de 15 centímetros de altura. A águia pode enxergar um peixe de oito centímetros saltando num lago a oitenta quilômetros de distância. A visão espiritual nos leva a ver o que os olhos naturais não veem (1Co 2.14-16).
Por isso…
2º – O Senhor nos proíbe de vivermos ansiosos (Mt 6.25, 31, 34). Ao lermos esse texto, a ideia que muitos têm é que não temos que nos preocupar com nada. Não é isso que o texto nos diz. Jesus em momento algum disse que devemos desprezar as necessidades do nosso corpo. Que não precisamos cuidar dele. Afinal nós somos o templo do Espírito Santo (1Co 6.19) e precisamos cuidar dele (Ef 5.29). Nem tampouco proíbe a previdência quanto ao futuro. Devemos pensar no amanhã, pois afinal de contas devemos nos prevenir quanto às adversidades que a vida pode apresentar.
O Senhor também não nos isenta de ganharmos a própria vida, de trabalharmos para termos o nosso pão de cada dia. Embora nunca nos esquecendo de que este pão procede do Senhor que o coloca em nossa mesa. Outro detalhe importante, a falta de ansiedade não nos isenta das dificuldades que a vida oferece. O Senhor nos deixou um aviso importante em João 14.1: “Não se turbe o vosso coração”. E em João 16.33 Ele nos diz:“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.
A ansiedade que o Senhor proíbe é a ansiedade que nos leva a desacreditar no Seu cuidado. É a preocupação excessiva com o dia de amanhã. O psicólogo Rollo May chama esse tipo de ansiedade de “Ansiedade Neurótica”. A maioria das ansiedades neuróticas provém de conflitos psicológicos subconscientes. A pessoa se sente ameaçada como por um fantasma; não sabe onde se encontra o perigo, como combatê-lo e dele fugir. E ele diz que quando um indivíduo sofre de ansiedade durante um prolongado período de tempo fica com o corpo vulnerável a doenças psicossomáticas. Esta é o denominador comum psicológico das perturbações psicossomáticas, tais como úlceras, várias formas de afecções cardíacas, etc. A ansiedade é, em suma, a forma contemporânea da peste branca (tuberculose) – a maior destruidora da saúde e do bem-estar humanos [7]. Essa é a ansiedade que o Senhor nos proíbe de termos, pois tal ansiedade na verdade é falta de fé. É uma total falta de confiança do cuidado do Senhor por cada um de seus filhos amados. Veja o que o autor de Hebreus nos fala:
“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).
Veja o que Paulo nos fala em Filipenses 4.6:
“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças”.
E o que apóstolo Pedro em sua primeira carta nos fala assim também:
“Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós”(1Pe 5.6,7).
Quem busca riquezas pensa que o dinheiro resolverá todos os problemas, quando, na verdade, trará ainda mais problemas! As riquezas materiais criam uma sensação falsa e perigosa de segurança, a qual termina em tragédia [8]. E isso gera ainda mais ansiedade.
EM TERCEIRO LUGAR, PARA VENCERMOS A ANSIEDADE DEVEMOS ENTENDER QUAIS SÃO OS VERDADEIROS VALORES DA VIDA (Mt 6.26-31).
É assustador observar quantas pessoas parecem viver inteiramente dentro desses estreitos limites: alimento, bebida e comida. Como dizia a Dona Bela da Escolinha do Professor Raimundo: “Só pensa naquilo”. Tem gente assim. Só focam nas coisas desta terra e se esquece por completo das coisas celestiais. Pessoas assim adoram a mamom e não a Deus. Confiam no cuidado de mamom e desacreditam do cuidado do Senhor.
Por isso que a partir daqui o Senhor começa a fazer um paralelo mostrando o que na verdade tem valor e de quanto o nosso Deus tem cuidado dos seus. E Ele nos mostra isso através da observância. Do aprendizado. Do ver o cuidado de Deus pelas coisas mais simples que existem: as aves que Ele alimenta, as flores que Ele veste de beleza e da vida que Ele dá.
1º – O Senhor mostra o quanto o Pai cuida das aves (Mt 6.26). Deus é o nosso Pai, e se o nosso Pai cuida tanto das aves do céu, com as quais está relacionado somente através da Sua providência geral, quão maior, necessariamente, deve ser o Seu cuidado por nós. Um pai terreno pode mostrar-se bondoso, por exemplo, para com os pássaros e os animais; mas seria inconcebível um homem prover sustento para meras criaturas e, ao mesmo tempo, negligenciar seus próprios filhos [9]. Veja o próprio exemplo que o Senhor nos da em Mateus 7.7-11:
“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?”
Lucas 11.11-13 nos diz:
“Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir [pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir] um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”
O Senhor deixa claro que nós valemos mais do que as aves, embora Ele não deixe que nenhuma delas morra sem o Seu consentimento: “Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai” (Mt 10.29); e por isso o Pai irá cuidar de cada um de nós muito mais. Só que há um pequeno detalhe aqui, as aves saem pela manhã para procurar o seu alimento e cabe a cada um de nós buscarmos recursos para pôr o alimento em nossa mesa.
2º – O Senhor mostra o quanto o Pai cuida das flores (Mt 6.28,29). Jesus nos manda observar o cuidado que o Pai tem para com flores e o quanto as “vestem” de pura beleza. O Senhor nos manda “considerar” (observar bem) o Seu cuidado.
As flores que cresciam no campo não eram cuidadas pelos homens e eram consideradas de pouco valor. Se o campo fosse ser preparado para ser plantado, a hera era cordata ou queimada, e todas as flores também teriam o mesmo destino. A despeito do reduzido valor das flores, Deus cuida delas, providenciando-lhes belíssimas vestes. Ora, se Deus assim age no tocante à criação física, por acaso não cuidará, nesse particular, de seus próprios filhos? [10].
Há em muitas pessoas uma preocupação exacerbada com coisas que não deveriam tomar a nossa mente. E uma dessas preocupações é com as vestes. Há pessoas que já não tem onde por as roupas que tem e toda vez que vai sair diz que não tem roupa. Isso parece até brincadeira!
Muitas pessoas não vestem roupas, vestem uma grife. Observe a moda, por exemplo. Todos se vestem iguais. E a cada ano tem uma moda diferente, e toda vez que ela muda tem que se mudar o “guarda roupa”, afinal temos que andar na moda.
Interessante é que o tempo passou, mas o ser humano continua o mesmo. Nos tempos antigos, as pessoas eram avaliadas pelas roupas que usavam e possuíam. Tanto que nos tesouros orientais incluíam-se vestes de alto preço.
No entanto, o Senhor nos diz que nem Salomão com toda a sua glória se vestiu como qualquer deles. As vestes manufaturadas de Salomão não se comparam as vestes que o Senhor dá as flores mais simples.
Por esse motivo o Senhor nos diz que não devemos viver preocupados com esse tipo de coisa. É inútil. É desperdício de tempo. É desacreditar do cuidado de Deus (Gn 3.21).
Por isso que o Senhor falou a respeito de “homens de pequena fé”. Essa pequena fé se limita a salvação e não inclui a vida inteira do crente, e tudo que está envolvido nessa vida. Há pessoas que creem que irão para o céu, e estão certos em crer assim, mas desacreditam de todas as promessas de Deus para nós.
3º – O Senhor mostra que o dom da vida pertence ao Pai (Mt 6.27). Jesus deixa claro aqui que a ansiedade pode antecipar a morte e não prolongar a vida; e que a preocupação com ela não irá fazer com a morte não nos alcance quando chegar a nossa hora.
A palavra côvado era uma medida de comprimento de 45 centímetros. No entanto, a ideia que se tem aqui não é de estatura, mas de duração da vida. Em outras palavras, o Senhor está nos dizendo que nenhuma preocupação irá fazer com que a nossa vida seja mais longa. A vida é dom de Deus. A vida e a morte estão em Suas mãos. Não temos que viver preocupados como e quando iremos morrer, mas devemos estar preocupados como temos vivido.
EM QUARTO LUGAR, PARA VENCERMOS A ANSIEDADE DEVEMOS DESCANSAR NOS CUIDADOS DO SENHOR (Mt 6.31-34).
Se há algo que uma pessoa ansiosa não faz nunca é descansar. Não há paz em sua vida. Não há tranquilidade no seu viver. A preocupação com as coisas materiais nos faz viver como pagãos. Por isso, tome cuidado. Não quero dizer com isso que não podemos nos preocupar, o que eu quero dizer é que devemos confiar no Senhor e crer que Ele continua e continuará no controle de tudo.
Por que podemos descansar nos cuidados do Senhor? Nesses últimos versos o Senhor Jesus nos dá três razões básicas e porque não dizer lógicas.
1º – Porque o Pai conhece todas as nossas necessidades (Mt 6.31,32). Vencemos a ansiedade quando confiamos em Deus. A fé é o antídoto para a ansiedade. Deus nos conhece. Ele nos ama. Ele é o nosso Pai. Ele sabe do que temos necessidade. Se pedirmos um pão, ele não nos dará uma pedra; se pedirmos um peixe, ele não nos dará uma cobra. Nele vivemos e nele existimos. Ele é o Deus que nos criou. Ele é o Deus que nos mantém a vida. Ele nos protege, nos livra, nos guarda, nos sustenta.
Em suma, tudo o que você necessita não irá te faltar. Pode ser que o que você necessita não seja o que você deseja, aí é outra coisa. Como diz uma das frases da música “Trem Bala: “Não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu. É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu”.
2º – A nossa única prioridade é buscar o Seu Reino e a Sua justiça (Mt 6.33). Nada menos do que Deus e seu Reino devem ocupar a nossa mente e o nosso coração. O nosso problema não é fazer investimentos, mas fazer investimentos errados. Somos desafiados a buscar uma riqueza que não perece. A ajuntar tesouros não na terra. A colocarmos nosso dinheiro, nossos bens, nossa vida a serviço de Deus e do seu Reino, em vez de vivermos ansiosos ajuntando tesouros para nós mesmos.
O maior investimento que podemos fazer não é nas coisas aqui de baixo, da terra, mas nas coisas lá do alto onde Cristo está assentado.
3º – Porque assim como o Pai cuida de nós hoje Ele irá cuidar amanhã (Mt 6.34). A preocupação com o amanhã não ajuda nem o dia de hoje nem o de amanhã. Antes nos priva de nosso vigor no dia de hoje – o que significa que teremos ainda menos energia no dia de amanhã. Alguém disse que a maior parte das pessoas crucifica-se entre dois ladrões: os remorsos de ontem e as preocupações de amanhã. É correto planejar e até mesmo economizar para o futuro (2Co 12.14; 1Tm 5.8), mas é pecado preocupar-se com o futuro e permitir que o amanhã nos prive das bênçãos de hoje [11].
CONCLUSÃO
O Senhor nos diz que quem vive com tal ansiedade é gentio, ou seja, é o ímpio que não conhece ao Senhor. É aquela pessoa que vive olhando para as coisas dessa terra e não sabe que existe um Deus que tudo faz por aqueles que o servem. Como nos fala Isaías 64.4: “Desde os tempos antigos ninguém ouviu, nenhum ouvido percebeu, e olho nenhum viu outro Deus, além de ti, que trabalha para aqueles que nele esperam” (NVI).
Mas nós não somos gentios. Por isso buscamos o Seu Reino e a Sua justiça e cremos que aquilo que os gentios chamam de bênção nós iremos chamar de acréscimo. Pois é exatamente o que essas coisas são. Por isso que devemos buscar primeiro o Reino e a Sua justiça, essa é a prioridade de todo crente, o resto é o resto.
Pense nisso!
Texto Base: Mateus 6.24-34
INTRODUÇÃO
Uma grande crise se instalou em nosso país, e porque não dizer no mundo. Vivemos dias em que cada vez mais ouvimos falar em corrupção, perda de emprego, roubalheira das mais diversas em todas as instâncias do governo, a justiça que não prevalece… Olhamos ao redor e diante de tanta crise, se não tivermos cuidado, seremos engolidos por uma total desesperança.
No entanto, o texto de Mateus 6.24-34 nos renova a fé. Nos trás esperança e renova a nossa confiança no Senhor que nos guarda. Mas para isso devemos vigiar, pois a tentação é muito grande. E essa tentação é a de servir a dois senhores. A tentação de abrir mão do cuidado de Deus por nós e nos embrenharmos por um caminho extremamente perigoso. O caminho que nos leva a perder a fé no Senhor e em seu cuidado e partirmos a buscar outro senhor para cuidar de nós, dos nossos interesses e dos nossos entes queridos.
Quando perdemos a fé que o Senhor tem poder para cuidar de nós, automaticamente, nos vemos tomados por uma extrema preocupação. É aquilo que o Senhor chama de ansiedade.
PARA VENCERMOS A ANSIEDADE NÓS DEVEMOS EM PRIMEIRO LUGAR DEFINIR A QUEM IREMOS SERVIR (Mt 6.24).
Jesus aqui é enfático ao dizer que nós não podemos servir a dois senhores. Isso é impossível. Isso é algo que para o Senhor é inviável. E Ele nos dá duas razões básicas:
1º – Porque o amor não pode ser divido (Mt 6.24a). Se você ama um não pode amar ao outro, pelo contrário, irá aborrecer o outro. Pode-se trabalhar para dois empregadores, mas nenhum escravo pode ser propriedade de dois senhores, pois ter um só dono e prestar serviço de tempo integral são da essência da escravidão [1].
Por que falamos isso? Porque vezes seguidas, nas páginas das Escrituras, os crentes são referidos como escravos de Deus e escravos de Cristo. De fato, enquanto o mundo exterior os chama de “Cristãos”, os crentes primitivos repetidamente referiam a si mesmos, no Novo Testamento, como escravos do Senhor (Rm 1.1; 1Co 7.22; Gl 1.10; Ef 6.6; Fl 1.1; Cl 4.12; Tt 1.1; Tg 1.1; 1Pe 2.16; 2Pe 1.1; Jd 1; Ap 1.1) [2].
E a expressão servir no grego é doulenein, que é servir como escravo. Então na condição de escravo eu devo ter um só senhor e amá-lo incondicionalmente. Por isso que amar ao Senhor e as riquezas é impossível. Como disse o apóstolo Paulo em 1 Timóteo 6.10:
“Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”.
Na condição de escravo, tem que haver total fidelidade sem reservas, porquanto o escravo não tinha vida própria, mas tudo fazia segundo a vontade do seu “senhor”. É claro, portanto, que tal serviço não pode ser prestado a dois senhores [3].
2º – Porque a adoração não pode ser dividida (Mt 6.24b). O homem que cuida das coisas espirituais procura apenas um tesouro, isto é, o tesouro dos céus (Mt 6.19-21).
Não podemos servir a Deus e as riquezas, ou seja, não podemos servir ao Criador dos céus e da terra, ao Deus Vivo e qualquer objeto de nossa própria criação que chamamos de “dinheiro” (Mamon é uma transliteração da palavra aramaica para riqueza) e, nesse contexto, representa também os interesses mundanos. Não podemos servir aos dois [4].
A riqueza é uma grande tentação. Não que seja pecado ser rico, o pecado está em confiar nela como se ela fosse um deus; e na verdade, para muitos, ela é um deus. Por isso o apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo nos alerta a respeito disso:
“Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos. Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo isso e busque a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão” (1 Timóteo 6.9-11 – NVI).
E em Eclesiastes 5.10 nos diz:
“Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade”.
E o próprio Jesus alertou os seus discípulos sobre esse perigo:
“Então, Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! Os discípulos estranharam estas palavras; mas Jesus insistiu em dizer-lhes: Filhos, quão difícil é [para os que confiam nas riquezas] entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Marcos 10.23-25).
A tentação é grande, mas uma vez eu repito. Não pense que nós não seremos tentados. Não pense que estamos isentos de passarmos por isso. Nós não somos intocáveis. Por isso que o apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios disse:
“Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia” (1 Coríntios 10.12).
EM SEGUNDO LUGAR, PARA VENCERMOS A ANSIEDADE DEVEMOS TER UMA FÉ RACIONAL (Mt 6.25,31).
Jesus começa esse versículo dizendo: “Por isso vos digo”. Isso quer dizer que aquilo que Senhor Jesus está para falar é uma conclusão do que Ele havia falado anteriormente, ou seja, antes de nos convidar a agir, ele nos convoca a pensar. Convida-nos a examinar clara e friamente as alternativas que foram expostas, pensado-as cuidadosamente [5].
O Evangelho e a sua mensagem devem ser analisadas. Não é pecado pensar. Aliás, o Senhor nos convida a servi-lo calculando o valor do discipulado (Lc 9.57-62). O apóstolo Paulo nos diz que o nosso culto deve ser um culto racional (Rm 12.1). David Martyn Lloyd-Jones diz que Cristo não se contentou meramente em estabelecer princípios, dar-nos uma ordem ou mandamentos. Antes, nos dá argumentos e oferece-nos razões. Ele apresenta estas coisas para serem apreciadas pelo nosso bom senso. Uma vez mais somos lembrados que Ele está apresentando a verdade diante do nosso intelecto. Jesus não se preocupou somente em produzir uma determinada atmosfera emocional, mas também raciocina junto conosco. Essa é a grande questão que precisamos aprender. É por esse motivo que Ele começa, novamente, com as palavras “por isso” [6].
Por isso…
1º – Devemos ver a vida com os olhos do Senhor. Isso implica em andar pela fé e não por vista. Assim como os espias que voltaram de espiar a terra de Canaã, devemos ver o melhor que o Senhor tem para nós. No entanto, devemos tomar cuidado para não fixarmos os olhos nas dificuldades, mas na possibilidade da vitória. Para que possamos ver o que o Senhor tem para nós, devemos em primeiro lugar ter a visão dEle e, em seguida, abrir mão da nossa visão. O que os nossos olhos veem podem nos levar ao total engano.
Não sei se você sabe, mas a águia possui oito vezes mais células visuais por centímetro cúbico do que o ser humano. Tal fato se traduz por habilidades espantosas. Por exemplo, voando à altura de 200 metros a águia consegue detectar um objeto do tamanho de uma moedinha, movendo-se na grama de 15 centímetros de altura. A águia pode enxergar um peixe de oito centímetros saltando num lago a oitenta quilômetros de distância. A visão espiritual nos leva a ver o que os olhos naturais não veem (1Co 2.14-16).
Por isso…
2º – O Senhor nos proíbe de vivermos ansiosos (Mt 6.25, 31, 34). Ao lermos esse texto, a ideia que muitos têm é que não temos que nos preocupar com nada. Não é isso que o texto nos diz. Jesus em momento algum disse que devemos desprezar as necessidades do nosso corpo. Que não precisamos cuidar dele. Afinal nós somos o templo do Espírito Santo (1Co 6.19) e precisamos cuidar dele (Ef 5.29). Nem tampouco proíbe a previdência quanto ao futuro. Devemos pensar no amanhã, pois afinal de contas devemos nos prevenir quanto às adversidades que a vida pode apresentar.
O Senhor também não nos isenta de ganharmos a própria vida, de trabalharmos para termos o nosso pão de cada dia. Embora nunca nos esquecendo de que este pão procede do Senhor que o coloca em nossa mesa. Outro detalhe importante, a falta de ansiedade não nos isenta das dificuldades que a vida oferece. O Senhor nos deixou um aviso importante em João 14.1: “Não se turbe o vosso coração”. E em João 16.33 Ele nos diz:“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.
A ansiedade que o Senhor proíbe é a ansiedade que nos leva a desacreditar no Seu cuidado. É a preocupação excessiva com o dia de amanhã. O psicólogo Rollo May chama esse tipo de ansiedade de “Ansiedade Neurótica”. A maioria das ansiedades neuróticas provém de conflitos psicológicos subconscientes. A pessoa se sente ameaçada como por um fantasma; não sabe onde se encontra o perigo, como combatê-lo e dele fugir. E ele diz que quando um indivíduo sofre de ansiedade durante um prolongado período de tempo fica com o corpo vulnerável a doenças psicossomáticas. Esta é o denominador comum psicológico das perturbações psicossomáticas, tais como úlceras, várias formas de afecções cardíacas, etc. A ansiedade é, em suma, a forma contemporânea da peste branca (tuberculose) – a maior destruidora da saúde e do bem-estar humanos [7]. Essa é a ansiedade que o Senhor nos proíbe de termos, pois tal ansiedade na verdade é falta de fé. É uma total falta de confiança do cuidado do Senhor por cada um de seus filhos amados. Veja o que o autor de Hebreus nos fala:
“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).
Veja o que Paulo nos fala em Filipenses 4.6:
“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças”.
E o que apóstolo Pedro em sua primeira carta nos fala assim também:
“Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós”(1Pe 5.6,7).
Quem busca riquezas pensa que o dinheiro resolverá todos os problemas, quando, na verdade, trará ainda mais problemas! As riquezas materiais criam uma sensação falsa e perigosa de segurança, a qual termina em tragédia [8]. E isso gera ainda mais ansiedade.
EM TERCEIRO LUGAR, PARA VENCERMOS A ANSIEDADE DEVEMOS ENTENDER QUAIS SÃO OS VERDADEIROS VALORES DA VIDA (Mt 6.26-31).
É assustador observar quantas pessoas parecem viver inteiramente dentro desses estreitos limites: alimento, bebida e comida. Como dizia a Dona Bela da Escolinha do Professor Raimundo: “Só pensa naquilo”. Tem gente assim. Só focam nas coisas desta terra e se esquece por completo das coisas celestiais. Pessoas assim adoram a mamom e não a Deus. Confiam no cuidado de mamom e desacreditam do cuidado do Senhor.
Por isso que a partir daqui o Senhor começa a fazer um paralelo mostrando o que na verdade tem valor e de quanto o nosso Deus tem cuidado dos seus. E Ele nos mostra isso através da observância. Do aprendizado. Do ver o cuidado de Deus pelas coisas mais simples que existem: as aves que Ele alimenta, as flores que Ele veste de beleza e da vida que Ele dá.
1º – O Senhor mostra o quanto o Pai cuida das aves (Mt 6.26). Deus é o nosso Pai, e se o nosso Pai cuida tanto das aves do céu, com as quais está relacionado somente através da Sua providência geral, quão maior, necessariamente, deve ser o Seu cuidado por nós. Um pai terreno pode mostrar-se bondoso, por exemplo, para com os pássaros e os animais; mas seria inconcebível um homem prover sustento para meras criaturas e, ao mesmo tempo, negligenciar seus próprios filhos [9]. Veja o próprio exemplo que o Senhor nos da em Mateus 7.7-11:
“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?”
Lucas 11.11-13 nos diz:
“Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir [pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir] um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”
O Senhor deixa claro que nós valemos mais do que as aves, embora Ele não deixe que nenhuma delas morra sem o Seu consentimento: “Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai” (Mt 10.29); e por isso o Pai irá cuidar de cada um de nós muito mais. Só que há um pequeno detalhe aqui, as aves saem pela manhã para procurar o seu alimento e cabe a cada um de nós buscarmos recursos para pôr o alimento em nossa mesa.
2º – O Senhor mostra o quanto o Pai cuida das flores (Mt 6.28,29). Jesus nos manda observar o cuidado que o Pai tem para com flores e o quanto as “vestem” de pura beleza. O Senhor nos manda “considerar” (observar bem) o Seu cuidado.
As flores que cresciam no campo não eram cuidadas pelos homens e eram consideradas de pouco valor. Se o campo fosse ser preparado para ser plantado, a hera era cordata ou queimada, e todas as flores também teriam o mesmo destino. A despeito do reduzido valor das flores, Deus cuida delas, providenciando-lhes belíssimas vestes. Ora, se Deus assim age no tocante à criação física, por acaso não cuidará, nesse particular, de seus próprios filhos? [10].
Há em muitas pessoas uma preocupação exacerbada com coisas que não deveriam tomar a nossa mente. E uma dessas preocupações é com as vestes. Há pessoas que já não tem onde por as roupas que tem e toda vez que vai sair diz que não tem roupa. Isso parece até brincadeira!
Muitas pessoas não vestem roupas, vestem uma grife. Observe a moda, por exemplo. Todos se vestem iguais. E a cada ano tem uma moda diferente, e toda vez que ela muda tem que se mudar o “guarda roupa”, afinal temos que andar na moda.
Interessante é que o tempo passou, mas o ser humano continua o mesmo. Nos tempos antigos, as pessoas eram avaliadas pelas roupas que usavam e possuíam. Tanto que nos tesouros orientais incluíam-se vestes de alto preço.
No entanto, o Senhor nos diz que nem Salomão com toda a sua glória se vestiu como qualquer deles. As vestes manufaturadas de Salomão não se comparam as vestes que o Senhor dá as flores mais simples.
Por esse motivo o Senhor nos diz que não devemos viver preocupados com esse tipo de coisa. É inútil. É desperdício de tempo. É desacreditar do cuidado de Deus (Gn 3.21).
Por isso que o Senhor falou a respeito de “homens de pequena fé”. Essa pequena fé se limita a salvação e não inclui a vida inteira do crente, e tudo que está envolvido nessa vida. Há pessoas que creem que irão para o céu, e estão certos em crer assim, mas desacreditam de todas as promessas de Deus para nós.
3º – O Senhor mostra que o dom da vida pertence ao Pai (Mt 6.27). Jesus deixa claro aqui que a ansiedade pode antecipar a morte e não prolongar a vida; e que a preocupação com ela não irá fazer com a morte não nos alcance quando chegar a nossa hora.
A palavra côvado era uma medida de comprimento de 45 centímetros. No entanto, a ideia que se tem aqui não é de estatura, mas de duração da vida. Em outras palavras, o Senhor está nos dizendo que nenhuma preocupação irá fazer com que a nossa vida seja mais longa. A vida é dom de Deus. A vida e a morte estão em Suas mãos. Não temos que viver preocupados como e quando iremos morrer, mas devemos estar preocupados como temos vivido.
EM QUARTO LUGAR, PARA VENCERMOS A ANSIEDADE DEVEMOS DESCANSAR NOS CUIDADOS DO SENHOR (Mt 6.31-34).
Se há algo que uma pessoa ansiosa não faz nunca é descansar. Não há paz em sua vida. Não há tranquilidade no seu viver. A preocupação com as coisas materiais nos faz viver como pagãos. Por isso, tome cuidado. Não quero dizer com isso que não podemos nos preocupar, o que eu quero dizer é que devemos confiar no Senhor e crer que Ele continua e continuará no controle de tudo.
Por que podemos descansar nos cuidados do Senhor? Nesses últimos versos o Senhor Jesus nos dá três razões básicas e porque não dizer lógicas.
1º – Porque o Pai conhece todas as nossas necessidades (Mt 6.31,32). Vencemos a ansiedade quando confiamos em Deus. A fé é o antídoto para a ansiedade. Deus nos conhece. Ele nos ama. Ele é o nosso Pai. Ele sabe do que temos necessidade. Se pedirmos um pão, ele não nos dará uma pedra; se pedirmos um peixe, ele não nos dará uma cobra. Nele vivemos e nele existimos. Ele é o Deus que nos criou. Ele é o Deus que nos mantém a vida. Ele nos protege, nos livra, nos guarda, nos sustenta.
Em suma, tudo o que você necessita não irá te faltar. Pode ser que o que você necessita não seja o que você deseja, aí é outra coisa. Como diz uma das frases da música “Trem Bala: “Não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu. É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu”.
2º – A nossa única prioridade é buscar o Seu Reino e a Sua justiça (Mt 6.33). Nada menos do que Deus e seu Reino devem ocupar a nossa mente e o nosso coração. O nosso problema não é fazer investimentos, mas fazer investimentos errados. Somos desafiados a buscar uma riqueza que não perece. A ajuntar tesouros não na terra. A colocarmos nosso dinheiro, nossos bens, nossa vida a serviço de Deus e do seu Reino, em vez de vivermos ansiosos ajuntando tesouros para nós mesmos.
O maior investimento que podemos fazer não é nas coisas aqui de baixo, da terra, mas nas coisas lá do alto onde Cristo está assentado.
3º – Porque assim como o Pai cuida de nós hoje Ele irá cuidar amanhã (Mt 6.34). A preocupação com o amanhã não ajuda nem o dia de hoje nem o de amanhã. Antes nos priva de nosso vigor no dia de hoje – o que significa que teremos ainda menos energia no dia de amanhã. Alguém disse que a maior parte das pessoas crucifica-se entre dois ladrões: os remorsos de ontem e as preocupações de amanhã. É correto planejar e até mesmo economizar para o futuro (2Co 12.14; 1Tm 5.8), mas é pecado preocupar-se com o futuro e permitir que o amanhã nos prive das bênçãos de hoje [11].
CONCLUSÃO
O Senhor nos diz que quem vive com tal ansiedade é gentio, ou seja, é o ímpio que não conhece ao Senhor. É aquela pessoa que vive olhando para as coisas dessa terra e não sabe que existe um Deus que tudo faz por aqueles que o servem. Como nos fala Isaías 64.4: “Desde os tempos antigos ninguém ouviu, nenhum ouvido percebeu, e olho nenhum viu outro Deus, além de ti, que trabalha para aqueles que nele esperam” (NVI).
Mas nós não somos gentios. Por isso buscamos o Seu Reino e a Sua justiça e cremos que aquilo que os gentios chamam de bênção nós iremos chamar de acréscimo. Pois é exatamente o que essas coisas são. Por isso que devemos buscar primeiro o Reino e a Sua justiça, essa é a prioridade de todo crente, o resto é o resto.
Pense nisso!
VIDA PIEDOSA
Quando se diz que alguém está vivendo com uma vida mundana, entende-se que ele vive de uma maneira mundana, ou num modo parecido com o mundo. Da mesma forma, quando alguém é chamado a viver uma vida piedosa, entende-se que ele vive de uma maneira piedosa, ou de uma forma semelhante a Deus.
Para muitos, esta é uma forma dura de se falar, mas é possível para o homem viver apenas uma vida, na verdade, é o único modo certo de se viver. A vida piedosa é a única verdadeira vida. Tal vida é exigida pelas Escrituras.
Devemos viver “sensata, justa e piedosamente,” (Tito 2.12).
Dos queridos filhos de Deus é dito que sejam “seguidores dele” (Ef 5.1). Em algumas traduções se lê: “Sede imitadores de Deus”, e em outras, “Sede mímicos de Deus”. A partir disso, entendemos que ser um seguidor de Deus é viver ou agir de maneira igual a ele. Mais uma vez, diz-se de quem permanece em Cristo, que deve andar como ele andou. Nosso modo de vida deve ser como foi a vida de Jesus. Diz-se de Cristo, que “quando ele foi insultado, não revidava com ultraje”. Embora ele fosse tratado mais vergonhosamente pelos seus inimigos, ele não procurou se vingar. Quando expressões injuriosas foram dirigidas a ele, ele não deu nenhuma resposta. Viver uma vida piedosa é viver da mesma maneira. Quando os cristãos são injuriados, eles abençoam, quando eles são perseguidos, eles sofrem humilde e pacientemente. Quando Jesus estava sendo condenado à morte por seus inimigos, ele orou ao Pai para perdoá-los. Quando um homem que tinha vindo para prender Jesus teve sua orelha cortada, Jesus em sua terna compaixão curou o ferimento deste perseguidor amargo. Este é o verdadeiro espírito de piedade.
O padrão completo de piedade é atingido apenas quando todo o teor da vida está na simplicidade e sinceridade divina.
O apóstolo Paulo disse em testemunho que sua alegria era esta: o testemunho da sua consciência, de que com simplicidade e piedosa sinceridade, não com sabedoria carnal, mas pela graça de Deus, ele manteve a sua conduta no mundo. A vida piedosa é totalmente livre de ostentação, cada ato é feito na mais pura simplicidade e verdadeira sinceridade. Como Deus perscruta cada ato por seu olho que tudo vê, ele não descobre qualquer motivo impuro, como vanglória ou exaltação de si mesmo, pois tudo está em sinceridade divina.
A graça da piedade no caráter cristão é capaz de cultivo e aumento. Há uma lei, tanto material quanto espiritual que o exercício é propício ao crescimento. O apóstolo cheio do Espírito disse: “Exercita-te na piedade”. No Enfático se lê isto: “Treine a ti mesmo para a piedade.” Aqui está algo para cada alma que tenha qualquer aspiração para ser mais piedosa na vida. Treine-se para a piedade. Obter uma piedade mais profunda e mais divina é a alegria do coração cristão. Por treinar nos tornamos mais piedosos. A palha colocada no sulco do vinhedo, forma uma espaldeira por entrelaçar os ramos da videira. Ela os mantém entrelaçados à medida que crescem, e por essa formação constitui uma treliça feita de arbustos. A alma entrelaçada com a vida mansa e humilde de Jesus vai formar um caráter de profunda e sincera piedade. A vida diária deve ser interligada com a vida de Jesus. Que não haja nenhum estender de mão para qualquer coisa fora dele. Para um bom desenvolvimento das virtudes cristãs, deve haver um treinamento constante ou entrelaçamento da alma com Deus.
Esta ligação com mais força é o resultado de crescimento, e o crescimento é produzido pelo exercício e o exercício consiste na leitura das Escrituras, na oração e no pensamento profundo ou coração em comunhão com Deus. O atleta se exercita e come alimentos apropriados que irão desenvolver e fortalecer seus músculos. A alma que tem alguns anseios por mais de Deus deve se exercitar para ter seus desejos satisfeitos. Ser consciente de uma plenitude de crescimento em Cristo, sentir a alma entrelaçada cada vez mais com a vida de Deus, é plenitude de alegria e felicidade perfeita.
Leitor cristão, há uma chama ardente de puro amor em seu coração? Você anda com Jesus em um devoto, confiante e reverente espírito? Você encontra muitas vezes a sua mente contemplando as maravilhas da criação e as glórias da salvação? Sua alma está habituada a respirar a atmosfera do céu profundamente? Está este santo temor enchendo você? Aquela terna sensibilidade das coisas espirituais está enchendo o seu coração? Tornar-se mais piedoso é o desejo sincero do seu coração? Então, desempenhe diligentemente todos os deveres que pertencem a uma vida piedosa. Alguns têm grande diligência por um tempo e têm ganho espiritual e, em seguida, perdem tudo em um dia de negligência. Mas não seja negligente, seja constante, seja perseverante, seja corajoso, seja esforçado, avance, – e o prêmio de mansidão, paz e piedade coroará a sua vida.
Para muitos, esta é uma forma dura de se falar, mas é possível para o homem viver apenas uma vida, na verdade, é o único modo certo de se viver. A vida piedosa é a única verdadeira vida. Tal vida é exigida pelas Escrituras.
Devemos viver “sensata, justa e piedosamente,” (Tito 2.12).
Dos queridos filhos de Deus é dito que sejam “seguidores dele” (Ef 5.1). Em algumas traduções se lê: “Sede imitadores de Deus”, e em outras, “Sede mímicos de Deus”. A partir disso, entendemos que ser um seguidor de Deus é viver ou agir de maneira igual a ele. Mais uma vez, diz-se de quem permanece em Cristo, que deve andar como ele andou. Nosso modo de vida deve ser como foi a vida de Jesus. Diz-se de Cristo, que “quando ele foi insultado, não revidava com ultraje”. Embora ele fosse tratado mais vergonhosamente pelos seus inimigos, ele não procurou se vingar. Quando expressões injuriosas foram dirigidas a ele, ele não deu nenhuma resposta. Viver uma vida piedosa é viver da mesma maneira. Quando os cristãos são injuriados, eles abençoam, quando eles são perseguidos, eles sofrem humilde e pacientemente. Quando Jesus estava sendo condenado à morte por seus inimigos, ele orou ao Pai para perdoá-los. Quando um homem que tinha vindo para prender Jesus teve sua orelha cortada, Jesus em sua terna compaixão curou o ferimento deste perseguidor amargo. Este é o verdadeiro espírito de piedade.
O padrão completo de piedade é atingido apenas quando todo o teor da vida está na simplicidade e sinceridade divina.
O apóstolo Paulo disse em testemunho que sua alegria era esta: o testemunho da sua consciência, de que com simplicidade e piedosa sinceridade, não com sabedoria carnal, mas pela graça de Deus, ele manteve a sua conduta no mundo. A vida piedosa é totalmente livre de ostentação, cada ato é feito na mais pura simplicidade e verdadeira sinceridade. Como Deus perscruta cada ato por seu olho que tudo vê, ele não descobre qualquer motivo impuro, como vanglória ou exaltação de si mesmo, pois tudo está em sinceridade divina.
A graça da piedade no caráter cristão é capaz de cultivo e aumento. Há uma lei, tanto material quanto espiritual que o exercício é propício ao crescimento. O apóstolo cheio do Espírito disse: “Exercita-te na piedade”. No Enfático se lê isto: “Treine a ti mesmo para a piedade.” Aqui está algo para cada alma que tenha qualquer aspiração para ser mais piedosa na vida. Treine-se para a piedade. Obter uma piedade mais profunda e mais divina é a alegria do coração cristão. Por treinar nos tornamos mais piedosos. A palha colocada no sulco do vinhedo, forma uma espaldeira por entrelaçar os ramos da videira. Ela os mantém entrelaçados à medida que crescem, e por essa formação constitui uma treliça feita de arbustos. A alma entrelaçada com a vida mansa e humilde de Jesus vai formar um caráter de profunda e sincera piedade. A vida diária deve ser interligada com a vida de Jesus. Que não haja nenhum estender de mão para qualquer coisa fora dele. Para um bom desenvolvimento das virtudes cristãs, deve haver um treinamento constante ou entrelaçamento da alma com Deus.
Esta ligação com mais força é o resultado de crescimento, e o crescimento é produzido pelo exercício e o exercício consiste na leitura das Escrituras, na oração e no pensamento profundo ou coração em comunhão com Deus. O atleta se exercita e come alimentos apropriados que irão desenvolver e fortalecer seus músculos. A alma que tem alguns anseios por mais de Deus deve se exercitar para ter seus desejos satisfeitos. Ser consciente de uma plenitude de crescimento em Cristo, sentir a alma entrelaçada cada vez mais com a vida de Deus, é plenitude de alegria e felicidade perfeita.
Leitor cristão, há uma chama ardente de puro amor em seu coração? Você anda com Jesus em um devoto, confiante e reverente espírito? Você encontra muitas vezes a sua mente contemplando as maravilhas da criação e as glórias da salvação? Sua alma está habituada a respirar a atmosfera do céu profundamente? Está este santo temor enchendo você? Aquela terna sensibilidade das coisas espirituais está enchendo o seu coração? Tornar-se mais piedoso é o desejo sincero do seu coração? Então, desempenhe diligentemente todos os deveres que pertencem a uma vida piedosa. Alguns têm grande diligência por um tempo e têm ganho espiritual e, em seguida, perdem tudo em um dia de negligência. Mas não seja negligente, seja constante, seja perseverante, seja corajoso, seja esforçado, avance, – e o prêmio de mansidão, paz e piedade coroará a sua vida.
Devocional Alegria Inabalável - John Piper
SETE FONTES DE ALEGRIA
Versículo do dia: Sinto-me grandemente confortado e transbordante de júbilo em toda a nossa tribulação. (2 Coríntios 7.4)
O que é extraordinário sobre Paulo é quão incrivelmente duradoura sua alegria era quando as coisas não estavam indo bem.
De onde isso vinha?
Em primeiro lugar, isso foi ensinado por Jesus: “Bem-aventurados sois quando os homens vos odiarem… Regozijai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu” (Lucas 6.22-23). Para Jesus, as tribulações fazem parte do seu interesse no céu, o qual dura muito mais do que a terra.
Em segundo lugar, isso vem do Espírito Santo, não de nossos próprios esforços, imaginação ou educação familiar. “O fruto do Espírito é… alegria” (Gálatas 5.22). “Tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo” (1 Tessalonicenses 1.6).
Em terceiro lugar, isso vem de pertencer ao reino de Deus. “O reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14.17).
Em quarto lugar, isso vem por meio da fé, ou seja, de crer em Deus. “E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer” (Romanos 15.13). “E, convencido disto, estou certo de que ficarei e permanecerei com todos vós, para o vosso progresso e gozo da fé” (Filipenses 1.25).
Em quinto lugar, isso vem de considerar e conhecer Jesus como Senhor. “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Filipenses 4.4).
Em sexto lugar, isso vem de outros crentes que se esforçam para nos ajudar a nos concentrar nessas fontes de alegria, em vez de circunstâncias enganosas. “Somos cooperadores de vossa alegria” (2 Coríntios 1.24).
Em sétimo lugar, vem dos efeitos santificadores das tribulações. “Nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança” (Romanos 5.3-4).
Se ainda não somos como Paulo, ele nos chama a ser. “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Coríntios 11.1). E para a maioria de nós este é um chamado para a oração fervorosa. Essa é uma vida sobrenatural.
Devocional Do Dia - Charles Spurgeon
Versículo do Dia: “Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.” (2 Coríntios 6.16)
Que título precioso – “meu povo”! Que revelação estimulante -“seu Deus”! Quanto significado se esconde nestas duas palavras: “Meu povo”!
Todo o mundo pertence a Deus. O céu e mesmo o céu dos céus são do Senhor, e Ele reina entre os filhos dos homens. No entanto, a respeito daqueles que escolheu e comprou para Si mesmo Ele diz o que não pode dizer sobre os demais: “Meu povo”! Nesta expressão existe a ideia de propriedade. De uma forma especial, “a porção do SENHOR é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança” (Deuteronômio 32.9). Todas as nações da terra pertencem a Deus. Todo o mundo está no controle dele. Apesar disso, o povo de Deus (os seus eleitos) é propriedade especial dele. Deus fez pelos eleitos mais do que tem feito pelas outras pessoas. Ele os comprou com seu sangue e os colocou bem perto de Si mesmo. Deus os amou com amor eterno, um amor que muitas águas não podem apagar e que as revoluções do tempo nunca serão suficientes para diminuir.
Querido amigo, pela fé, você pode ver a si mesmo entre os que pertencem ao povo de Deus. Pode olhar para o céu e dizer: “Meu Senhor, meu Deus, Tu és meu por meio do doce relacionamento que me permite chamar-Te ‘Pai’. Tu és meu por meio do sagrado companheirismo que me alegro em manter contigo, quando queres Te manifestar a mim como não o fazes ao mundo.” Você pode ler o Livro da Inspiração e encontrar lá o registro de sua salvação? Você pode ler o seu nome escrito no sangue precioso? Pela fé, com humildade, você pode vestir-se com as roupas do Senhor Jesus e afirmar: “Meu Cristo”? Se você pode, então, Deus declara a respeito de você e de outros semelhantes: “Meu povo”. Se Deus é o seu Deus e Cristo é o seu Cristo, o Senhor lhe presta atenção especial. Você é objeto da escolha dele, aceito no amado Filho de Deus.
Que título precioso – “meu povo”! Que revelação estimulante -“seu Deus”! Quanto significado se esconde nestas duas palavras: “Meu povo”!
Todo o mundo pertence a Deus. O céu e mesmo o céu dos céus são do Senhor, e Ele reina entre os filhos dos homens. No entanto, a respeito daqueles que escolheu e comprou para Si mesmo Ele diz o que não pode dizer sobre os demais: “Meu povo”! Nesta expressão existe a ideia de propriedade. De uma forma especial, “a porção do SENHOR é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança” (Deuteronômio 32.9). Todas as nações da terra pertencem a Deus. Todo o mundo está no controle dele. Apesar disso, o povo de Deus (os seus eleitos) é propriedade especial dele. Deus fez pelos eleitos mais do que tem feito pelas outras pessoas. Ele os comprou com seu sangue e os colocou bem perto de Si mesmo. Deus os amou com amor eterno, um amor que muitas águas não podem apagar e que as revoluções do tempo nunca serão suficientes para diminuir.
Querido amigo, pela fé, você pode ver a si mesmo entre os que pertencem ao povo de Deus. Pode olhar para o céu e dizer: “Meu Senhor, meu Deus, Tu és meu por meio do doce relacionamento que me permite chamar-Te ‘Pai’. Tu és meu por meio do sagrado companheirismo que me alegro em manter contigo, quando queres Te manifestar a mim como não o fazes ao mundo.” Você pode ler o Livro da Inspiração e encontrar lá o registro de sua salvação? Você pode ler o seu nome escrito no sangue precioso? Pela fé, com humildade, você pode vestir-se com as roupas do Senhor Jesus e afirmar: “Meu Cristo”? Se você pode, então, Deus declara a respeito de você e de outros semelhantes: “Meu povo”. Se Deus é o seu Deus e Cristo é o seu Cristo, o Senhor lhe presta atenção especial. Você é objeto da escolha dele, aceito no amado Filho de Deus.
PRINCIPIOS DA DOUTRINA DA IGREJA (PARTE 3)
Por Jonas Ayres
OS DONS DO ESPÍRITO
Dos assuntos controversos e polêmicos da igreja no momento atual, o “Movimento Carismático” é um dos que estão mais em voga. Igrejas de linha reformada resistem ao que se designa como “Pentecostal Reformado”, taxando por muitas vezes como “onda teológica”.
Na igreja brasileira não temos como fugir do tema pois ao falar no charisma ou “segunda benção” certamente estaremos atingindo grande parcela da igreja, seja ela de tradição histórica ou pentecostal.
É impossível presumir que num espaço tão curto seria possível aparar todas as arestas do assunto e resolver todos os dilemas que envolvem as equivocadas generalizações e reducionismos que estão em torno do assunto.
Rever o que a Bíblia ensina sobre os dons do Espírito é uma tarefa extremamente atual para a manutenção de um ambiente de comunidade messiânica sadio. Para tal tanto os pastores através do ambiente de púlpito como os demais membros da diakonia devem dedicar-se ao estudo e ensino de passagens como Rm 12, 1Co 12-14 e Ef 4 e estudo complementar das doutrinas sobre serviço e do sacerdócio dos crentes.
Existe farto material literário para estudo em grupo e para reflexão pessoal para que haja uma respeitosa conclusão sobre o tema. Como tudo na vida cristã deve ser pautado em amor a Deus e norteado pela Bíblia, pensar sobre o assunto sobre os ombros dos gigantes pode facilitar. Veja como CARSON (2013, p.190) lidou com o assunto ao instruir a comunidade de fé que pastoreava (especificamente sobre o falar em línguas, muito embora haja variedade de dons, a ênfase popular recaí sobre a glossolalia):
A conclusão foi que não encorajaríamos o falar em línguas nas reuniões públicas, mas não nos oporíamos caso acontecesse, desde que ocorresse de acordo com as estipulações de Paulo. De qualquer forma, aqueles que acreditavam ter esse dom seriam encorajados a usá-lo em sua privacidade, e não nas reuniões públicas, em que as pessoas que ainda tinham suspeitas sobre as ocorrências do fenômeno poderiam se sentir um tanto desconfortáveis.
Para ampliar o conceito de comunidade (atos na igreja para o benefício da comunidade messiânica), HARRIS (2014, p.29) procura dar amplitude aos dons para benefícios individuais e coletivos:
Meu argumento é: todos os dons do Espírito Santo – línguas ou ensino, profecia ou misericórdia, cura ou socorro – são dados, dentre outras razões, para a edificação, o desenvolvimento, o encorajamento, a instrução, a consolação e a santificação do Corpo de Cristo.
O tema é exaustivo e requer reflexão madura pela igreja que procura ter uma eclesiologia madura. Ambas as obras de CARSON e HARRIS são recomendadas para a formação de uma cosmovisão cristã equilibrada quanto aos dons[1].
GRUPOS DE COMUNHÃO
Dentro de uma comunidade formada por um número grande de pessoas certamente acontecerá identificação entre pessoas que exercem funções parecidas dentro do corpo, ou seja, músicos certamente estarão mais próximos de músicos, assim como evangelistas de outros evangelistas.
Os assistentes sociais estarão envolvidos com o socorro e os que se identificam com esta causa, assim como os professores de escola bíblica estarão próximos trocando ideias pela própria identificação ministerial. Eis um fato comum devido à própria vocação dos santos. Devido a isso, a igreja precisa fomentar grupos pequenos de comunhão como grupos de missão ou ministérios especiais. Estes grupos podem ser especialmente efetivos para o trabalho social da igreja ou seu testemunho por meio de justiça. A criação de grupos de ministérios ajuda a resolver o problema do “inchaço” ou “koinonite”[2] que às vezes aflige as igrejas.
Este “problema” costuma setorizar a igreja ao invés de envolver o corpo na missão. Se um ministério na igreja julga ser mais importante ou ter mais brilho que outro, faz-se necessário voltar ao começo de todas as coisas e reaprender o Evangelho. As palavras de STOTT (2013, p.84) são muito pertinentes para o momento da igreja contemporânea que viveu uma explosão de grandes comunidades:
Mas essa necessidade básica reconhecida pela Bíblia não é completamente suprida pela freqüência dominical à igreja nem mesmo às maiores reuniões da igreja durante a semana. Sempre há algo de antinatural e subumano nas grandes multidões. A tendência é serem mais agregações do que congregações – agregações de pessoas desconectadas. Quanto mais crescem, tanto menos os indivíduos que as compõem conhecem os outros e se importam com eles. Na verdade, as multidões de fato perpetuar a solidão, em vez de curá-la. Há uma necessidade, então, que as grandes congregações sejam divididas em pequenos grupos, como se imagina que as igrejas nos lares eram nos dias do Novo Testamento. O valor do grupo pequeno é que pode se tornar uma comunidade de pessoas relacionadas entre si e, nela, não se perde o benefício da relação pessoal nem se foge do seu desafio.
Grupos de comunhão focadas na justiça do reino, no testemunho, na ação social e nas práticas espirituais comum a todo crente (adoração, oração, estudo e leitura bíblica) ajudam a evitar a “koinonite”.
POPULAÇÃO
A comunidade messiânica não está presa nem confinada aos muros, grades e portões. Não deve ser um aglomerado de pessoas que se reúnem uma vez por semana para participar do clube de convívio e exercer um ministério (seja qual for) pelo simples motivo de alimentar seu próprio ego.
A missão é identificar segmentos da população ao redor especialmente abertos para o evangelho em lugares em que seria possível plantar novas igrejas. Estes grupos podem incluir pobres de centros decadentes ou periferias, grupos étnicos, pessoas internadas em hospitais, asilos, prisões, a maioria esquecida pela sociedade.
Ou ainda reunindo duas ou três famílias, com apoio ativo de toda a igreja, podem iniciar um ministério evangelístico como este, que poderia culminar em uma nova igreja no futuro. A velocidade da mudança de pensamento das pessoas em geral nos últimos cem anos é impressionante. Mudou o pensamento, mudou a cultura, os costumes, as estruturas, as crenças. Vivemos num tempo surrado pela modernidade, espremido pela pós-modernidade e encharcado pela pluralidade. Se a inércia dominar a missão não se alcançarão parcelas da população que estão “ali” na esquina da rua abaixo da igreja. Citando GIBBS (2012, p.258):
Na sociedade contemporânea, que está cada vez mais permeada pelo pensamento pós-moderno, igrejas que mantém a mentalidade precisam se transformar em comunidades missionais, o que implicará em descentralizar suas operações. Líderes de igrejas terão que facilitar essa transição dando maior prioridade ao trabalho fora da instituição, funcionando como equipes de cristãos localizados em um mundo altamente polarizado e pluralista. De uma estratégia de convite a igreja deve mudar para uma infiltração, para ser uma presença de Jesus transformadora.
Infiltrar a igreja na população. Este é um meio de levar a mensagem transformadora do Rei Jesus para as pessoas que estão “do lado de fora”. Existem muitos manuais, meios, métodos e cursos para ensinar o como fazer, mas é preciso despertar na igreja o fazer e realizar.
Quando se observa numa igreja movimentos fora do templo, certamente algo já está sendo feito. Ainda que visitas em asilos, orfanatos, comunidades carentes, vidas excluídas. Ou mesmo um trabalho regular de ensino em lares. Palestras e inserções sobre a cosmovisão cristã para estudantes de nível médio e universitário. HECHT (2015, p.269) fala assim sobre este relacionamento: “Isso tem a ver com conectar-se com o não cristão em um ambiente relacional que lhe permita passar de uma posição de pouco entendimento sobre Deus e a Bíblia para uma atitude de abertura e interesse”.
Tais trabalhos são frentes de missão que infiltram o Evangelho e levam a esperança de Jesus Cristo para os aflitos. Produzem a relação fiel com não cristãos para que possam enxergar a luz.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao observar os rumos que a igreja evangélica brasileira tem seguido se comparado com as propostas de Howard Snyder e complemento em Mark Dever, John Stott e Ed Stetzer, observa-se que com uma dose de esforço e muita dependência da graça do Senhor e norteados por sua Palavra podemos melhorar este panorama na expectativa da volta dAquele que é o Rei da Comunidade.
Aos pontos que os críticos ferrenhos da igreja levantam constantemente, pensa-se que as ideias articuladas neste texto podem servir para um salto de qualidade para a igreja como comunidade local e como agente do Reino de Deus vivendo como “embaixada do Reino” aqui e agora para reconciliação com Deus (2Co 5.20). Este modo de trabalhar a igreja pode mudar radicalmente uma cultura cristã que vem sendo influenciada pelo secularismo com liturgias um tanto antropocêntrica e com forte viés materialista.
Quanto ao problema de uma eclesiologia míope, talvez o resultado desta equação seja conturbado pois os fatores estão muito confusos. Infelizmente a importância à doutrina da igreja foi relegada erroneamente às teorias acadêmicas e pouco se produz para instrução sadia para a igreja brasileira.
Talvez, por isso, enxerga-se em muitos arraiais o modelo igreja-empresa, tão cheio de aberrações doutrinárias. Talvez, por isso, a comunhão real do corpo de Cristo está tão decadente. Talvez ainda a pregação com ênfase expositiva tenha sido trocada pelo entretenimento e a missão da igreja ensinadora substituída por programas mais pop e devidamente atrativos. Comunhão, adoração, serviço, discipulado, princípios elementares do povo de Deus tanto no Antigo como no Novo Testamento acabam por ser substituídos por opções e programas periféricos.
Diante do contexto geral da igreja urge o esforço daqueles que desejam ver a Noiva do Senhor como de fato ela deve ser: a comunidade do povo de Deus. Um povo que foi chamado para servi-lo e chamado a viver junto em uma verdadeira comunidade cristã, em comunhão genuína, testemunhando do caráter e das virtudes do reino de Deus, ou seja, colocando todas as coisas e todos os povos sob o Reinar do Senhor Jesus Cristo.
Desta forma a igreja pode ser um agente efetivo do reino de Deus em toda terra. Nem a evangelização, nem a ação social e nem mesmo a vida de adoração da igreja, fazem sentidos, se a igreja não for vista como a expressão terrena visível do reino de Deus. A proclamação do Evangelho tem o propósito de chamar as pessoas do mundo para o corpo de Cristo, a comunidade dos crentes que tem Jesus Cristo como Rei soberano. Porém este corpo de Cristo deve ser entendido biblicamente como a comunidade do povo de Deus, não como uma abstração meramente teológica em termos das expressões institucionais da igreja ou como um ajuntamento de pessoas que não entendem o significado de ser e fazer igreja.
Busquemos, pois entender a igreja como a comunidade do Rei, que sabe onde está e para que serve, pois compreende sua natureza, um corpo que busca promover e trazer para a vida de seus membros vida em comunhão e com qualidade, integrando o corpo sem a distinção de classes de clérigos e leigos, crescendo na cidade e fora dela com novas congregações para que a cultura cristã enraizada na Bíblia seja fortalecida e transformadora, proporcionando comunhão não apenas em rápidos encontros semanais em reuniões da igreja, mas no cotidiano de seus membros com vistas a infiltração na população, para o bem de todos e para glória única e exclusiva do Senhor.
Seja a igreja hoje e sempre a “Comunidade do Rei”.
OS DONS DO ESPÍRITO
Dos assuntos controversos e polêmicos da igreja no momento atual, o “Movimento Carismático” é um dos que estão mais em voga. Igrejas de linha reformada resistem ao que se designa como “Pentecostal Reformado”, taxando por muitas vezes como “onda teológica”.
Na igreja brasileira não temos como fugir do tema pois ao falar no charisma ou “segunda benção” certamente estaremos atingindo grande parcela da igreja, seja ela de tradição histórica ou pentecostal.
É impossível presumir que num espaço tão curto seria possível aparar todas as arestas do assunto e resolver todos os dilemas que envolvem as equivocadas generalizações e reducionismos que estão em torno do assunto.
Rever o que a Bíblia ensina sobre os dons do Espírito é uma tarefa extremamente atual para a manutenção de um ambiente de comunidade messiânica sadio. Para tal tanto os pastores através do ambiente de púlpito como os demais membros da diakonia devem dedicar-se ao estudo e ensino de passagens como Rm 12, 1Co 12-14 e Ef 4 e estudo complementar das doutrinas sobre serviço e do sacerdócio dos crentes.
Existe farto material literário para estudo em grupo e para reflexão pessoal para que haja uma respeitosa conclusão sobre o tema. Como tudo na vida cristã deve ser pautado em amor a Deus e norteado pela Bíblia, pensar sobre o assunto sobre os ombros dos gigantes pode facilitar. Veja como CARSON (2013, p.190) lidou com o assunto ao instruir a comunidade de fé que pastoreava (especificamente sobre o falar em línguas, muito embora haja variedade de dons, a ênfase popular recaí sobre a glossolalia):
A conclusão foi que não encorajaríamos o falar em línguas nas reuniões públicas, mas não nos oporíamos caso acontecesse, desde que ocorresse de acordo com as estipulações de Paulo. De qualquer forma, aqueles que acreditavam ter esse dom seriam encorajados a usá-lo em sua privacidade, e não nas reuniões públicas, em que as pessoas que ainda tinham suspeitas sobre as ocorrências do fenômeno poderiam se sentir um tanto desconfortáveis.
Para ampliar o conceito de comunidade (atos na igreja para o benefício da comunidade messiânica), HARRIS (2014, p.29) procura dar amplitude aos dons para benefícios individuais e coletivos:
Meu argumento é: todos os dons do Espírito Santo – línguas ou ensino, profecia ou misericórdia, cura ou socorro – são dados, dentre outras razões, para a edificação, o desenvolvimento, o encorajamento, a instrução, a consolação e a santificação do Corpo de Cristo.
O tema é exaustivo e requer reflexão madura pela igreja que procura ter uma eclesiologia madura. Ambas as obras de CARSON e HARRIS são recomendadas para a formação de uma cosmovisão cristã equilibrada quanto aos dons[1].
GRUPOS DE COMUNHÃO
Dentro de uma comunidade formada por um número grande de pessoas certamente acontecerá identificação entre pessoas que exercem funções parecidas dentro do corpo, ou seja, músicos certamente estarão mais próximos de músicos, assim como evangelistas de outros evangelistas.
Os assistentes sociais estarão envolvidos com o socorro e os que se identificam com esta causa, assim como os professores de escola bíblica estarão próximos trocando ideias pela própria identificação ministerial. Eis um fato comum devido à própria vocação dos santos. Devido a isso, a igreja precisa fomentar grupos pequenos de comunhão como grupos de missão ou ministérios especiais. Estes grupos podem ser especialmente efetivos para o trabalho social da igreja ou seu testemunho por meio de justiça. A criação de grupos de ministérios ajuda a resolver o problema do “inchaço” ou “koinonite”[2] que às vezes aflige as igrejas.
Este “problema” costuma setorizar a igreja ao invés de envolver o corpo na missão. Se um ministério na igreja julga ser mais importante ou ter mais brilho que outro, faz-se necessário voltar ao começo de todas as coisas e reaprender o Evangelho. As palavras de STOTT (2013, p.84) são muito pertinentes para o momento da igreja contemporânea que viveu uma explosão de grandes comunidades:
Mas essa necessidade básica reconhecida pela Bíblia não é completamente suprida pela freqüência dominical à igreja nem mesmo às maiores reuniões da igreja durante a semana. Sempre há algo de antinatural e subumano nas grandes multidões. A tendência é serem mais agregações do que congregações – agregações de pessoas desconectadas. Quanto mais crescem, tanto menos os indivíduos que as compõem conhecem os outros e se importam com eles. Na verdade, as multidões de fato perpetuar a solidão, em vez de curá-la. Há uma necessidade, então, que as grandes congregações sejam divididas em pequenos grupos, como se imagina que as igrejas nos lares eram nos dias do Novo Testamento. O valor do grupo pequeno é que pode se tornar uma comunidade de pessoas relacionadas entre si e, nela, não se perde o benefício da relação pessoal nem se foge do seu desafio.
Grupos de comunhão focadas na justiça do reino, no testemunho, na ação social e nas práticas espirituais comum a todo crente (adoração, oração, estudo e leitura bíblica) ajudam a evitar a “koinonite”.
POPULAÇÃO
A comunidade messiânica não está presa nem confinada aos muros, grades e portões. Não deve ser um aglomerado de pessoas que se reúnem uma vez por semana para participar do clube de convívio e exercer um ministério (seja qual for) pelo simples motivo de alimentar seu próprio ego.
A missão é identificar segmentos da população ao redor especialmente abertos para o evangelho em lugares em que seria possível plantar novas igrejas. Estes grupos podem incluir pobres de centros decadentes ou periferias, grupos étnicos, pessoas internadas em hospitais, asilos, prisões, a maioria esquecida pela sociedade.
Ou ainda reunindo duas ou três famílias, com apoio ativo de toda a igreja, podem iniciar um ministério evangelístico como este, que poderia culminar em uma nova igreja no futuro. A velocidade da mudança de pensamento das pessoas em geral nos últimos cem anos é impressionante. Mudou o pensamento, mudou a cultura, os costumes, as estruturas, as crenças. Vivemos num tempo surrado pela modernidade, espremido pela pós-modernidade e encharcado pela pluralidade. Se a inércia dominar a missão não se alcançarão parcelas da população que estão “ali” na esquina da rua abaixo da igreja. Citando GIBBS (2012, p.258):
Na sociedade contemporânea, que está cada vez mais permeada pelo pensamento pós-moderno, igrejas que mantém a mentalidade precisam se transformar em comunidades missionais, o que implicará em descentralizar suas operações. Líderes de igrejas terão que facilitar essa transição dando maior prioridade ao trabalho fora da instituição, funcionando como equipes de cristãos localizados em um mundo altamente polarizado e pluralista. De uma estratégia de convite a igreja deve mudar para uma infiltração, para ser uma presença de Jesus transformadora.
Infiltrar a igreja na população. Este é um meio de levar a mensagem transformadora do Rei Jesus para as pessoas que estão “do lado de fora”. Existem muitos manuais, meios, métodos e cursos para ensinar o como fazer, mas é preciso despertar na igreja o fazer e realizar.
Quando se observa numa igreja movimentos fora do templo, certamente algo já está sendo feito. Ainda que visitas em asilos, orfanatos, comunidades carentes, vidas excluídas. Ou mesmo um trabalho regular de ensino em lares. Palestras e inserções sobre a cosmovisão cristã para estudantes de nível médio e universitário. HECHT (2015, p.269) fala assim sobre este relacionamento: “Isso tem a ver com conectar-se com o não cristão em um ambiente relacional que lhe permita passar de uma posição de pouco entendimento sobre Deus e a Bíblia para uma atitude de abertura e interesse”.
Tais trabalhos são frentes de missão que infiltram o Evangelho e levam a esperança de Jesus Cristo para os aflitos. Produzem a relação fiel com não cristãos para que possam enxergar a luz.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao observar os rumos que a igreja evangélica brasileira tem seguido se comparado com as propostas de Howard Snyder e complemento em Mark Dever, John Stott e Ed Stetzer, observa-se que com uma dose de esforço e muita dependência da graça do Senhor e norteados por sua Palavra podemos melhorar este panorama na expectativa da volta dAquele que é o Rei da Comunidade.
Aos pontos que os críticos ferrenhos da igreja levantam constantemente, pensa-se que as ideias articuladas neste texto podem servir para um salto de qualidade para a igreja como comunidade local e como agente do Reino de Deus vivendo como “embaixada do Reino” aqui e agora para reconciliação com Deus (2Co 5.20). Este modo de trabalhar a igreja pode mudar radicalmente uma cultura cristã que vem sendo influenciada pelo secularismo com liturgias um tanto antropocêntrica e com forte viés materialista.
Quanto ao problema de uma eclesiologia míope, talvez o resultado desta equação seja conturbado pois os fatores estão muito confusos. Infelizmente a importância à doutrina da igreja foi relegada erroneamente às teorias acadêmicas e pouco se produz para instrução sadia para a igreja brasileira.
Talvez, por isso, enxerga-se em muitos arraiais o modelo igreja-empresa, tão cheio de aberrações doutrinárias. Talvez, por isso, a comunhão real do corpo de Cristo está tão decadente. Talvez ainda a pregação com ênfase expositiva tenha sido trocada pelo entretenimento e a missão da igreja ensinadora substituída por programas mais pop e devidamente atrativos. Comunhão, adoração, serviço, discipulado, princípios elementares do povo de Deus tanto no Antigo como no Novo Testamento acabam por ser substituídos por opções e programas periféricos.
Diante do contexto geral da igreja urge o esforço daqueles que desejam ver a Noiva do Senhor como de fato ela deve ser: a comunidade do povo de Deus. Um povo que foi chamado para servi-lo e chamado a viver junto em uma verdadeira comunidade cristã, em comunhão genuína, testemunhando do caráter e das virtudes do reino de Deus, ou seja, colocando todas as coisas e todos os povos sob o Reinar do Senhor Jesus Cristo.
Desta forma a igreja pode ser um agente efetivo do reino de Deus em toda terra. Nem a evangelização, nem a ação social e nem mesmo a vida de adoração da igreja, fazem sentidos, se a igreja não for vista como a expressão terrena visível do reino de Deus. A proclamação do Evangelho tem o propósito de chamar as pessoas do mundo para o corpo de Cristo, a comunidade dos crentes que tem Jesus Cristo como Rei soberano. Porém este corpo de Cristo deve ser entendido biblicamente como a comunidade do povo de Deus, não como uma abstração meramente teológica em termos das expressões institucionais da igreja ou como um ajuntamento de pessoas que não entendem o significado de ser e fazer igreja.
Busquemos, pois entender a igreja como a comunidade do Rei, que sabe onde está e para que serve, pois compreende sua natureza, um corpo que busca promover e trazer para a vida de seus membros vida em comunhão e com qualidade, integrando o corpo sem a distinção de classes de clérigos e leigos, crescendo na cidade e fora dela com novas congregações para que a cultura cristã enraizada na Bíblia seja fortalecida e transformadora, proporcionando comunhão não apenas em rápidos encontros semanais em reuniões da igreja, mas no cotidiano de seus membros com vistas a infiltração na população, para o bem de todos e para glória única e exclusiva do Senhor.
Seja a igreja hoje e sempre a “Comunidade do Rei”.
JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ EM CRISTO
“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;
justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção,” (Rom 3.21,22)
Chegamos agora ao comentário dessa palavra que Paulo declara no primeiro capítulo ser o coração do evangelho – a razão é esta: “o poder de Deus para a salvação”, a saber: “a justiça de Deus através da fé – princípio revelado a qualquer que tenha fé” (1.17).
O primeiro trabalho do apóstolo, como vemos na porção de Rom 1.18 a 3.20, foi trazer todo o mundo sob o julgamento de Deus, culpado, impotente. Sua segunda tarefa (e esta é uma benção!) é revelar Deus que veio em justiça na cruz para nós. Vamos mais diligentemente ler, refletir, sim, e memorizar os versículos 21 a 26, porque isto é a grande declaração de Deus da justificação pela fé. Seu primeiro anúncio é:
Verso 21: “Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas” – As primeiras palavras: “Mas agora”, devem ser saudadas por nós alegremente, como o começo de algo novo e celeste diferente da nossa culpa e impotência, detalhadas na parte anterior da Epístola, na porção de 1.18 a 3.20.
A próxima frase é: “sem lei” – aplique isso ao seu coração! Infelizmente, a King James Version perde a ênfase aqui. Porque o original grego põe grande ênfase nesta grande frase “sem lei” ( choris nomou ) e, assim, estabelece mais fortemente a separação por completo desta justiça divina de qualquer desempenho da lei, de quaisquer obras do homem. Lutero assim o expressou: “sem a ajuda de acessórios da lei.” Nesta revelação da justiça de Deus, a lei foi deixada de fora de consideração. A justiça é estabelecida em outro princípio diferente das nossas boas obras!
Agora, o grande e muito comum erro na consideração da justiça de Deus aqui, é, permitir a lei, pelo menos em algum lugar. Os homens não podem, ao que parece, superar o raciocínio que desde que Deus uma vez promulgou a dispensação da lei, que ele tem apelado à justiça humana. Ele deve, posteriormente, ficar vinculado a isto para sempre. E a despeito da garantia divina, mais e mais e mais, a presente dispensação se fundamenta num princípio completamente diferente; porque “se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade”, Heb 7.18,
Porque Aquele que tinha o direito de ordenar tinha também o direito de revogar. Foi “por causa de sua fraqueza e inutilidade, pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou”, -que o “precedente mandamento” foi posto de lado. Ele serviu ao seu propósito de fazer a transgressão “abundar” (Rom 5.20).
Não é que Deus não tenha o direito de exigir justiça legal de nós, mas que Ele não o faz. “A justiça que é de Deus” fala de uma forma diametralmente oposta à obediência da lei pelo homem, de qualquer tipo que seja.
Os homens que não veem ou acreditam que toda a história daqueles que estão em Cristo terminou na cruz (porque eles morreram ali, com Cristo) devem sustentar que Deus ainda está exigindo justiça, porque “a lei tem domínio sobre o homem, enquanto ele vive!”
Os “doutores da Lei” (I Tim 1.7) dizem: “Por trás de Deus, assim como Ele fala com você em graça está a Sua Lei eterna. E Ele deve realizar o que Ele tem manifestado na referida lei. Mas, porque você não é capaz de cumpri-la, Ele tem “graciosamente” dado Cristo, para realizar todas as suas necessidades para você. E as exigências positivas, ou “ativas” são, a observância de todos os mandamentos da Lei ao pé da letra, – isto (estes professores dizem) Cristo tem pela sua vida perfeita de obediência à lei na terra, obtido para você. E a obediência negativa, ou “passiva”, como eles a chamam, ou seja, a pena de morte por seus pecados, que a Lei (dizem eles) exigiu, Cristo pagou na cruz. De modo que, agora que seus débitos são cancelados pela morte de Cristo, você tem “méritos” legais de Cristo como sua justiça real diante de Deus, porque Deus deve exigir (dizem eles) a perfeita justiça de você, como medida por sua santa Lei”, – etc, etc.
Esta aparentemente bela conversa é antibíblica e não bíblica.
Deus diz que o crente não está debaixo da lei, que ele está morto para a lei, – com base nesse princípio geral, está em Cristo ressuscitado, e Cristo certamente não está sob a lei no Céu! Os crentes estão “nele”, pois eles “não estão na carne” (Rom 8.9). Eles estavam anteriormente na carne (na antiga vida natural de Adão), mas agora são “novas criaturas” em Cristo Ressuscitado!
Se você colocar os crentes sob a lei, você deve colocar também a sua cabeça federal, Cristo, de volta sob a lei, pois “como Ele é, somos também nós neste mundo.” Para fazer isso, você deve reverter o Calvário, e ter Cristo de volta na Terra “sob a lei.” Porque a lei, repetimos, não foi dada a uma assembleia celeste, mas para uma nação terrena. A Escritura diz que era para resgatar pessoas terrenas (Israel) que estavam sob a lei, que Cristo “nasceu sob a lei” (Gál 4.4). Você deve, portanto, se estiver “sob a lei”, estar associado a um Cristo que pertence a Israel, a um Cristo de carne e sangue, e deve consentir em ser um israelita sob a lei – a nação à qual Ele foi enviado. Mas, infelizmente!
Você não acha esse Cristo aqui! Ele disse que deveria “permanecer sozinho”, – como o grão de trigo, a menos que “caísse na terra e morresse.” A um Cristo terreno judaico você não pode portanto, estar unido. E assim sua vã esperança de ter Moisés e Cristo é totalmente frustrada. Portanto, você deve se unir com um Cristo ressuscitado, ou com nenhum! Mas se estar num Cristo ressuscitado, é estar nAquele que morreu para o pecado (Rom 6.10), os crentes (judeus) que estavam sob a Lei morreram com Ele para a Lei (Rom 7.4). E vocês, se são de Cristo, são agora totalmente, como Cristo é, com base na ressurreição. Esta verdade será exposta totalmente nos capítulos seis e sete; mas podemos notar aqui,
As palavras “tem se manifestado” (do verso 21) podem ser expressadas por esta paráfrase: “não por lei, mas por outro caminho, a justiça de Deus é trazida à luz.” Deus sempre tinha tratado com justiça, apesar de sua forma ainda não ser tão clara. Ele perdoou muitos, e Ele não parecia estar julgando completamente o pecado, mesmo no mundo não salvo. Mas na cruz “Ele não poupou o seu próprio Filho.” Aqui foi revelada, na verdade, a justiça, ao extremo!
“Testemunhada pela Lei e os Profetas” – pela Lei, nas suas ofertas de sacrifício, pelos Profetas, em declarações diretas: “Este é o nome com que será chamado: O Senhor nossa justiça” (Jer 23.6); e ainda: “A tua justiça” -21 vezes nos Salmos! e também, “Eu farei menção da tua justiça, da tua tão somente” (Sl 71.2, 15,16,19,24); e Isaías: “Com o seu conhecimento o meu servo, o Justo justificará a muitos”. Is 53.11. (Ou seja, com o nosso conhecimento dEle; por ser conhecido pelos que nele creem, estes são justificados – nota do tradutor). No entanto, isto não foi trazido à tona como deveria ser, até que “a plenitude do tempo” veio, e Deus enviou Seu Filho para “sofrer pelos pecados, o justo pelos injustos,” para “aniquilar o pecado pelo o sacrifício de si mesmo”, para que a justiça de Deus seja “manifestada”, em Seu trato com o pecado, e para glorificar Seu Filho no céu, que tinha glorificado Seu Pai na terra.
Teria sido justo que Deus ferisse Adão e Eva como ele havia feito com os anjos que pecaram. Ele poderia ter se revelado na justiça do juízo de acordo com a Sua santidade e justiça. Ele não era obrigado a salvar qualquer homem. Mas foi a vontade de Deus revelar a Si mesmo, porque Ele é Amor.
Portanto, Ele agora vem através da cruz em amor, – ainda que Ele deve sair também em juízo, – porque Ele mesmo deve justa e totalmente julgar o pecado na pessoa de Seu próprio Cordeiro provido para nós. A espada “despertada contra o seu pastor, o homem que foi seu companheiro” – o “companheiro” do Senhor dos exércitos! O pastor foi ferido; “Ele foi moído pelas nossas iniquidades, o castigo de nossa paz (que obteria a paz para nós) estava sobre ele.” Deus não poupou seu próprio Filho, mas o entregou, e a punição para o nosso pecado foi visitada nEle, Jesus, o sacrifício provido por Deus (Zac 13.7; Isa 53.5,6).
Deus é capaz de vir a nós agora em Graça absoluta, enviando seus mensageiros “anunciando a paz por Jesus Cristo”; – nada deve ser pregado além da paz. Com efeito, Deus diz: “Oceanos infinitos de graça devem cobrir os locais onde o juízo e a condenação estiveram”. Perdoando-nos toda as nossas ofensas, Ele vai mais longe: tendo ressuscitou a Cristo dentre os mortos. Ele diz: Agora vou colocá-lo em meu Filho. Vou dar-lhe um fundamento totalmente e somente nEle ressuscitado dos mortos! Ele não apenas carregou os seus pecados, removendo a sua culpa, mas na Sua morte eu lhe arranquei de sua posição e responsabilidade no primeiro Adão. Vocês que creem são agora novas criaturas em Cristo, porque eu criei vocês nele.”
E porque isto é assim, é anunciado ainda: “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nos tornássemos justiça de Deus nele.” Essas palavras surpreendentes indicam o presente fato, como a todos os crentes, – de todas as pessoas em Cristo: que eles são justiça de Deus nEle.
No livro de Romanos, Paulo está descrevendo a ação de Deus em relação a um pecador que crê em face do sangue derramado de Cristo. É como se Deus estivesse mantendo o tribunal de justiça com o valor infinito e benéfico do sacrifício propiciatório e ressurreição de Cristo somente, e para sempre diante dEle. Nenhum outro apóstolo será chamado para expor isto totalmente como Paulo o faz. Claro que não poderia ser indicado pelos escritores do Antigo Testamento em sua clareza e plenitude, pois nosso Senhor não tinha, ainda, oferecido a Si mesmo, e o que toda a Lei e os Profetas podiam fazer era declarar o pecado temporariamente “coberto” (do Hebraico kaphar) aos olhos de Deus, e assim o crente do Antigo Testamento repousava sobre o que Deus faria, tendo em vista esses tipos e sombras e promessas.
João Batista, porém, apontando para Cristo, disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, algo que nunca antes tinha sido dito! Por isso, depois da cruz, está escrito: “De uma vez por todas, na consumação dos séculos, Ele (Cristo) se manifestou para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo”
No Antigo Testamento, repetimos, o pecado é coberto, – que é o significado da palavra kaphar, “expiação”, usada somente no Antigo Testamento, e é citada constantemente (cerca de 13 vezes no capítulo 16 de Levítico), para expressar a cobertura do pecado da vista de Deus – embora o pecado não pudesse ser removido até que Cristo morreu. No Novo Testamento, portanto, do pecado é dito que é removido pelo sacrifício de Cristo.
Deus pode, por isso, não somente perdoar o pecador, mas também declarar justo o pecador que crê, não significando isto nem um pouco que ele tenha alguma justiça própria, ou que “os “méritos” de Cristo são imputados a ele” (a ficção da teologia), mas que Deus, agindo com justiça, considera justo o homem ímpio que confia nele; porque Ele o coloca no valor completo do trabalho infinito de Cristo na cruz, e o transfere para Cristo Ressuscitado, que se torna sua justiça.
Podemos olhar para a expressão “justiça de Deus” como sendo da parte do próprio Deus; depois da de Cristo, e, finalmente, da parte do pecador justificado.
1. Da parte de Deus, a expressão “justiça de Deus”, deve ser considerada como algo absoluto. É o Seu atributo de justiça. Não pode ser nada mais. Ele deve, e sempre agirá com justiça, seja em relação a Cristo, para com aqueles que estão em Cristo, ou para aqueles que morrem impenitentes, sejam anjos, demônios ou homens.
2. Da parte de Cristo, isto é o Seu ser recebido por Deus na glória de acordo com a aceitação de Sua obra mediadora por Deus. Nosso Senhor disse que quando o Espírito viesse, Ele “convenceria o mundo. . . da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais “(João 16), e Ele disse: “Eu te glorifiquei na terra, tendo consumado a obra que me deste para fazer. E agora, Pai, glorifica-me tu junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse”(João 17). Em resposta a essa oração Cristo foi “ressuscitado dentre os mortos para a glória do Pai” (Rom 6.4), foi “recebido acima na glória” (I Tim 3.16). Ora, nosso Senhor era homem, assim como Deus. E quando o Pai o glorificou “com o seu próprio eu”, com a glória que Cristo “tinha com Ele antes que o mundo existisse”, foi como homem que Deus o glorificou. De modo que, à mão direita de Deus, Cristo apresentou publicamente a justiça de Deus, pois
(a) como o Cordeiro que foi morto Ele mostra a santidade de Deus e a justiça de Deus plenamente satisfeitas, – uma vez que Deus tinha “não poupado o seu próprio Filho” quando o pecado tinha sido colocado sobre ele. A verdade de Deus quanto ao salário do pecado tinha sido mostrada na morte de Cristo, assim a majestade do trono ofendido de Deus tinha sido justificada publicamente, de modo que Cristo sendo ressuscitado e “recebido acima na glória” estabelece a justiça de Deus; porque seria injusto que Cristo não fosse glorificado! E
(b) Cristo não somente assim estabeleceu a justiça de Deus, mas sendo Filho de Deus, tanto quanto homem, Ele foi essa justiça! Cristo morto, ressuscitado, glorificado, é a própria justiça de Deus!
3. Da parte do crente, do pecador justificado, o que vemos? A declaração surpreendente de Deus a nosso respeito é: “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado em nosso favor, para que nos tornássemos justiça de Deus em Cristo” (II Cor 5.21). Dos santos é dito serem a justiça de Deus, em Cristo. De fato a justiça própria simplesmente cai diante de um verso como este! Tudo está em Cristo: Estamos em Cristo e somos um com Ele!
A expressão “justiça de Deus”, então significa:
1. O próprio Deus agindo em justiça
(a) em relação a Cristo ressuscitando-o dentre os mortos e assentando-o como um homem no lugar de honra e glória absoluta,
(b) em dar àqueles que creem em Cristo a mesma aceitação diante de Deus como Cristo tem agora, na medida em que Ele, na verdade, carregou seus pecados, expurgando-os pelo seu sangue, e também se tornando identificado com o pecador, foi “feito pecado por nós” e, o nosso homem velho foi, portanto, “crucificado com ele.” Assim como teria sido injustiça Deus não ressuscitar seu filho depois que seu filho lhe havia glorificado completamente na Sua morte, seria de igual modo Deus injusto em não declarar justos em Cristo aqueles que, abandonando toda a confiança em si mesmos, têm transferido a sua fé e esperança para Cristo.
2. Assim, Cristo, agora ressuscitado e glorificado, é Ele próprio a justiça dos crentes. Não é porque Ele agiu com retidão enquanto na terra, que isso é contado para nós. Isto é, repetimos, a heresia do “vicário guardador da lei”. Ele era de fato o imaculado Cordeiro de Deus; mas ele não tinha qualquer conexão com os pecadores até a sua morte. Ele era “separado dos pecadores”. “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só.” É o Cristo ressuscitado, que é a nossa justiça. O cristianismo começa na ressurreição. O trabalho da cruz tornou o cristianismo possível, mas o verdadeiro cristianismo se resume todo ele na ressurreição depois da cruz. “Ele não está aqui, mas ressuscitou”, disse o anjo.
3. Assim, dos cristãos é dito serem a justiça de Deus em Cristo. Não como “justos diante de Deus”, pois isso seria pensar em uma posição pessoal que nos foi dada, por conta da morte de Cristo, ao invés de uma posição federal, como nEle, unidos a Ele, – que nós estamos! John Wesley disse uma coisa sábia: “Nunca pense de si mesmo separadamente de Cristo!”
Agora, ser ou tornar-se “justo diante de Deus”, para ter ou obter uma posição que vai “suportar o escrutínio de Deus”, é o sonho de muitos cristãos sinceros. Mas, embora afirmado, e seja quem for que afirme a ideia de nossa obtenção de “estarmos de pé diante de Deus por nós mesmos”, fica aquém, e vitalmente, do evangelho de Paulo de sermos feitos a justiça de Deus em Cristo. Porque isto nega que já morremos com Cristo, e que temos morrido para todo princípio legal na morte de Cristo (Rom 7.4). Assim, deixa-nos sob a necessidade de “obtenção de uma posição” diante de Deus, ao passo que os crentes federalmente (em conjunto e no geral) compartilham da morte de Cristo, e o próprio Cristo Ressuscitado é agora nossa posição!
Negativamente, então (Como Paulo começa a declarar em seu primeiro sermão registrado em Atos 13.39: “Todo aquele que crê é justificado de todas as coisas”; – “justificados em seu sangue”(Rom 5.9); e
Positivamente, Cristo foi “ressuscitado para nossa justificação” (Rom 4.25): a fim de recebermos um novo lugar, um lugar em um Cristo ressuscitado, e ser, assim, a justiça de Deus nele, por sermos um com Ele, que é esta justiça.
Deus declara que Ele reconhece como justo o ímpio que não confia em todas as obras, e crê nele (Deus), como o Deus que, na base do sangue derramado de Cristo, “justifica o ímpio” (Rom 4.5). Ele declara o tal como justo; reconhecendo nele todo o valor absoluto da obra de Cristo, – da Sua morte expiatória, e da sua ressurreição, e colocando-o em Cristo; onde está a justiça de Deus, pois Cristo é a mesma!
Será que Cristo precisa de algo, ainda, para que Ele possa ser aceito diante de Deus? Então eu preciso de alguma coisa, – porque eu estou em Cristo, e somente Ele é a minha justiça. Se Ele está, na plena aceitação eterna, então eu também, porque eu estou agora somente nEle, – tendo morrido com Ele ao meu antigo lugar em Adão.
justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção,” (Rom 3.21,22)
Chegamos agora ao comentário dessa palavra que Paulo declara no primeiro capítulo ser o coração do evangelho – a razão é esta: “o poder de Deus para a salvação”, a saber: “a justiça de Deus através da fé – princípio revelado a qualquer que tenha fé” (1.17).
O primeiro trabalho do apóstolo, como vemos na porção de Rom 1.18 a 3.20, foi trazer todo o mundo sob o julgamento de Deus, culpado, impotente. Sua segunda tarefa (e esta é uma benção!) é revelar Deus que veio em justiça na cruz para nós. Vamos mais diligentemente ler, refletir, sim, e memorizar os versículos 21 a 26, porque isto é a grande declaração de Deus da justificação pela fé. Seu primeiro anúncio é:
Verso 21: “Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas” – As primeiras palavras: “Mas agora”, devem ser saudadas por nós alegremente, como o começo de algo novo e celeste diferente da nossa culpa e impotência, detalhadas na parte anterior da Epístola, na porção de 1.18 a 3.20.
A próxima frase é: “sem lei” – aplique isso ao seu coração! Infelizmente, a King James Version perde a ênfase aqui. Porque o original grego põe grande ênfase nesta grande frase “sem lei” ( choris nomou ) e, assim, estabelece mais fortemente a separação por completo desta justiça divina de qualquer desempenho da lei, de quaisquer obras do homem. Lutero assim o expressou: “sem a ajuda de acessórios da lei.” Nesta revelação da justiça de Deus, a lei foi deixada de fora de consideração. A justiça é estabelecida em outro princípio diferente das nossas boas obras!
Agora, o grande e muito comum erro na consideração da justiça de Deus aqui, é, permitir a lei, pelo menos em algum lugar. Os homens não podem, ao que parece, superar o raciocínio que desde que Deus uma vez promulgou a dispensação da lei, que ele tem apelado à justiça humana. Ele deve, posteriormente, ficar vinculado a isto para sempre. E a despeito da garantia divina, mais e mais e mais, a presente dispensação se fundamenta num princípio completamente diferente; porque “se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade”, Heb 7.18,
Porque Aquele que tinha o direito de ordenar tinha também o direito de revogar. Foi “por causa de sua fraqueza e inutilidade, pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou”, -que o “precedente mandamento” foi posto de lado. Ele serviu ao seu propósito de fazer a transgressão “abundar” (Rom 5.20).
Não é que Deus não tenha o direito de exigir justiça legal de nós, mas que Ele não o faz. “A justiça que é de Deus” fala de uma forma diametralmente oposta à obediência da lei pelo homem, de qualquer tipo que seja.
Os homens que não veem ou acreditam que toda a história daqueles que estão em Cristo terminou na cruz (porque eles morreram ali, com Cristo) devem sustentar que Deus ainda está exigindo justiça, porque “a lei tem domínio sobre o homem, enquanto ele vive!”
Os “doutores da Lei” (I Tim 1.7) dizem: “Por trás de Deus, assim como Ele fala com você em graça está a Sua Lei eterna. E Ele deve realizar o que Ele tem manifestado na referida lei. Mas, porque você não é capaz de cumpri-la, Ele tem “graciosamente” dado Cristo, para realizar todas as suas necessidades para você. E as exigências positivas, ou “ativas” são, a observância de todos os mandamentos da Lei ao pé da letra, – isto (estes professores dizem) Cristo tem pela sua vida perfeita de obediência à lei na terra, obtido para você. E a obediência negativa, ou “passiva”, como eles a chamam, ou seja, a pena de morte por seus pecados, que a Lei (dizem eles) exigiu, Cristo pagou na cruz. De modo que, agora que seus débitos são cancelados pela morte de Cristo, você tem “méritos” legais de Cristo como sua justiça real diante de Deus, porque Deus deve exigir (dizem eles) a perfeita justiça de você, como medida por sua santa Lei”, – etc, etc.
Esta aparentemente bela conversa é antibíblica e não bíblica.
Deus diz que o crente não está debaixo da lei, que ele está morto para a lei, – com base nesse princípio geral, está em Cristo ressuscitado, e Cristo certamente não está sob a lei no Céu! Os crentes estão “nele”, pois eles “não estão na carne” (Rom 8.9). Eles estavam anteriormente na carne (na antiga vida natural de Adão), mas agora são “novas criaturas” em Cristo Ressuscitado!
Se você colocar os crentes sob a lei, você deve colocar também a sua cabeça federal, Cristo, de volta sob a lei, pois “como Ele é, somos também nós neste mundo.” Para fazer isso, você deve reverter o Calvário, e ter Cristo de volta na Terra “sob a lei.” Porque a lei, repetimos, não foi dada a uma assembleia celeste, mas para uma nação terrena. A Escritura diz que era para resgatar pessoas terrenas (Israel) que estavam sob a lei, que Cristo “nasceu sob a lei” (Gál 4.4). Você deve, portanto, se estiver “sob a lei”, estar associado a um Cristo que pertence a Israel, a um Cristo de carne e sangue, e deve consentir em ser um israelita sob a lei – a nação à qual Ele foi enviado. Mas, infelizmente!
Você não acha esse Cristo aqui! Ele disse que deveria “permanecer sozinho”, – como o grão de trigo, a menos que “caísse na terra e morresse.” A um Cristo terreno judaico você não pode portanto, estar unido. E assim sua vã esperança de ter Moisés e Cristo é totalmente frustrada. Portanto, você deve se unir com um Cristo ressuscitado, ou com nenhum! Mas se estar num Cristo ressuscitado, é estar nAquele que morreu para o pecado (Rom 6.10), os crentes (judeus) que estavam sob a Lei morreram com Ele para a Lei (Rom 7.4). E vocês, se são de Cristo, são agora totalmente, como Cristo é, com base na ressurreição. Esta verdade será exposta totalmente nos capítulos seis e sete; mas podemos notar aqui,
As palavras “tem se manifestado” (do verso 21) podem ser expressadas por esta paráfrase: “não por lei, mas por outro caminho, a justiça de Deus é trazida à luz.” Deus sempre tinha tratado com justiça, apesar de sua forma ainda não ser tão clara. Ele perdoou muitos, e Ele não parecia estar julgando completamente o pecado, mesmo no mundo não salvo. Mas na cruz “Ele não poupou o seu próprio Filho.” Aqui foi revelada, na verdade, a justiça, ao extremo!
“Testemunhada pela Lei e os Profetas” – pela Lei, nas suas ofertas de sacrifício, pelos Profetas, em declarações diretas: “Este é o nome com que será chamado: O Senhor nossa justiça” (Jer 23.6); e ainda: “A tua justiça” -21 vezes nos Salmos! e também, “Eu farei menção da tua justiça, da tua tão somente” (Sl 71.2, 15,16,19,24); e Isaías: “Com o seu conhecimento o meu servo, o Justo justificará a muitos”. Is 53.11. (Ou seja, com o nosso conhecimento dEle; por ser conhecido pelos que nele creem, estes são justificados – nota do tradutor). No entanto, isto não foi trazido à tona como deveria ser, até que “a plenitude do tempo” veio, e Deus enviou Seu Filho para “sofrer pelos pecados, o justo pelos injustos,” para “aniquilar o pecado pelo o sacrifício de si mesmo”, para que a justiça de Deus seja “manifestada”, em Seu trato com o pecado, e para glorificar Seu Filho no céu, que tinha glorificado Seu Pai na terra.
Teria sido justo que Deus ferisse Adão e Eva como ele havia feito com os anjos que pecaram. Ele poderia ter se revelado na justiça do juízo de acordo com a Sua santidade e justiça. Ele não era obrigado a salvar qualquer homem. Mas foi a vontade de Deus revelar a Si mesmo, porque Ele é Amor.
Portanto, Ele agora vem através da cruz em amor, – ainda que Ele deve sair também em juízo, – porque Ele mesmo deve justa e totalmente julgar o pecado na pessoa de Seu próprio Cordeiro provido para nós. A espada “despertada contra o seu pastor, o homem que foi seu companheiro” – o “companheiro” do Senhor dos exércitos! O pastor foi ferido; “Ele foi moído pelas nossas iniquidades, o castigo de nossa paz (que obteria a paz para nós) estava sobre ele.” Deus não poupou seu próprio Filho, mas o entregou, e a punição para o nosso pecado foi visitada nEle, Jesus, o sacrifício provido por Deus (Zac 13.7; Isa 53.5,6).
Deus é capaz de vir a nós agora em Graça absoluta, enviando seus mensageiros “anunciando a paz por Jesus Cristo”; – nada deve ser pregado além da paz. Com efeito, Deus diz: “Oceanos infinitos de graça devem cobrir os locais onde o juízo e a condenação estiveram”. Perdoando-nos toda as nossas ofensas, Ele vai mais longe: tendo ressuscitou a Cristo dentre os mortos. Ele diz: Agora vou colocá-lo em meu Filho. Vou dar-lhe um fundamento totalmente e somente nEle ressuscitado dos mortos! Ele não apenas carregou os seus pecados, removendo a sua culpa, mas na Sua morte eu lhe arranquei de sua posição e responsabilidade no primeiro Adão. Vocês que creem são agora novas criaturas em Cristo, porque eu criei vocês nele.”
E porque isto é assim, é anunciado ainda: “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nos tornássemos justiça de Deus nele.” Essas palavras surpreendentes indicam o presente fato, como a todos os crentes, – de todas as pessoas em Cristo: que eles são justiça de Deus nEle.
No livro de Romanos, Paulo está descrevendo a ação de Deus em relação a um pecador que crê em face do sangue derramado de Cristo. É como se Deus estivesse mantendo o tribunal de justiça com o valor infinito e benéfico do sacrifício propiciatório e ressurreição de Cristo somente, e para sempre diante dEle. Nenhum outro apóstolo será chamado para expor isto totalmente como Paulo o faz. Claro que não poderia ser indicado pelos escritores do Antigo Testamento em sua clareza e plenitude, pois nosso Senhor não tinha, ainda, oferecido a Si mesmo, e o que toda a Lei e os Profetas podiam fazer era declarar o pecado temporariamente “coberto” (do Hebraico kaphar) aos olhos de Deus, e assim o crente do Antigo Testamento repousava sobre o que Deus faria, tendo em vista esses tipos e sombras e promessas.
João Batista, porém, apontando para Cristo, disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, algo que nunca antes tinha sido dito! Por isso, depois da cruz, está escrito: “De uma vez por todas, na consumação dos séculos, Ele (Cristo) se manifestou para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo”
No Antigo Testamento, repetimos, o pecado é coberto, – que é o significado da palavra kaphar, “expiação”, usada somente no Antigo Testamento, e é citada constantemente (cerca de 13 vezes no capítulo 16 de Levítico), para expressar a cobertura do pecado da vista de Deus – embora o pecado não pudesse ser removido até que Cristo morreu. No Novo Testamento, portanto, do pecado é dito que é removido pelo sacrifício de Cristo.
Deus pode, por isso, não somente perdoar o pecador, mas também declarar justo o pecador que crê, não significando isto nem um pouco que ele tenha alguma justiça própria, ou que “os “méritos” de Cristo são imputados a ele” (a ficção da teologia), mas que Deus, agindo com justiça, considera justo o homem ímpio que confia nele; porque Ele o coloca no valor completo do trabalho infinito de Cristo na cruz, e o transfere para Cristo Ressuscitado, que se torna sua justiça.
Podemos olhar para a expressão “justiça de Deus” como sendo da parte do próprio Deus; depois da de Cristo, e, finalmente, da parte do pecador justificado.
1. Da parte de Deus, a expressão “justiça de Deus”, deve ser considerada como algo absoluto. É o Seu atributo de justiça. Não pode ser nada mais. Ele deve, e sempre agirá com justiça, seja em relação a Cristo, para com aqueles que estão em Cristo, ou para aqueles que morrem impenitentes, sejam anjos, demônios ou homens.
2. Da parte de Cristo, isto é o Seu ser recebido por Deus na glória de acordo com a aceitação de Sua obra mediadora por Deus. Nosso Senhor disse que quando o Espírito viesse, Ele “convenceria o mundo. . . da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais “(João 16), e Ele disse: “Eu te glorifiquei na terra, tendo consumado a obra que me deste para fazer. E agora, Pai, glorifica-me tu junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse”(João 17). Em resposta a essa oração Cristo foi “ressuscitado dentre os mortos para a glória do Pai” (Rom 6.4), foi “recebido acima na glória” (I Tim 3.16). Ora, nosso Senhor era homem, assim como Deus. E quando o Pai o glorificou “com o seu próprio eu”, com a glória que Cristo “tinha com Ele antes que o mundo existisse”, foi como homem que Deus o glorificou. De modo que, à mão direita de Deus, Cristo apresentou publicamente a justiça de Deus, pois
(a) como o Cordeiro que foi morto Ele mostra a santidade de Deus e a justiça de Deus plenamente satisfeitas, – uma vez que Deus tinha “não poupado o seu próprio Filho” quando o pecado tinha sido colocado sobre ele. A verdade de Deus quanto ao salário do pecado tinha sido mostrada na morte de Cristo, assim a majestade do trono ofendido de Deus tinha sido justificada publicamente, de modo que Cristo sendo ressuscitado e “recebido acima na glória” estabelece a justiça de Deus; porque seria injusto que Cristo não fosse glorificado! E
(b) Cristo não somente assim estabeleceu a justiça de Deus, mas sendo Filho de Deus, tanto quanto homem, Ele foi essa justiça! Cristo morto, ressuscitado, glorificado, é a própria justiça de Deus!
3. Da parte do crente, do pecador justificado, o que vemos? A declaração surpreendente de Deus a nosso respeito é: “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado em nosso favor, para que nos tornássemos justiça de Deus em Cristo” (II Cor 5.21). Dos santos é dito serem a justiça de Deus, em Cristo. De fato a justiça própria simplesmente cai diante de um verso como este! Tudo está em Cristo: Estamos em Cristo e somos um com Ele!
A expressão “justiça de Deus”, então significa:
1. O próprio Deus agindo em justiça
(a) em relação a Cristo ressuscitando-o dentre os mortos e assentando-o como um homem no lugar de honra e glória absoluta,
(b) em dar àqueles que creem em Cristo a mesma aceitação diante de Deus como Cristo tem agora, na medida em que Ele, na verdade, carregou seus pecados, expurgando-os pelo seu sangue, e também se tornando identificado com o pecador, foi “feito pecado por nós” e, o nosso homem velho foi, portanto, “crucificado com ele.” Assim como teria sido injustiça Deus não ressuscitar seu filho depois que seu filho lhe havia glorificado completamente na Sua morte, seria de igual modo Deus injusto em não declarar justos em Cristo aqueles que, abandonando toda a confiança em si mesmos, têm transferido a sua fé e esperança para Cristo.
2. Assim, Cristo, agora ressuscitado e glorificado, é Ele próprio a justiça dos crentes. Não é porque Ele agiu com retidão enquanto na terra, que isso é contado para nós. Isto é, repetimos, a heresia do “vicário guardador da lei”. Ele era de fato o imaculado Cordeiro de Deus; mas ele não tinha qualquer conexão com os pecadores até a sua morte. Ele era “separado dos pecadores”. “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só.” É o Cristo ressuscitado, que é a nossa justiça. O cristianismo começa na ressurreição. O trabalho da cruz tornou o cristianismo possível, mas o verdadeiro cristianismo se resume todo ele na ressurreição depois da cruz. “Ele não está aqui, mas ressuscitou”, disse o anjo.
3. Assim, dos cristãos é dito serem a justiça de Deus em Cristo. Não como “justos diante de Deus”, pois isso seria pensar em uma posição pessoal que nos foi dada, por conta da morte de Cristo, ao invés de uma posição federal, como nEle, unidos a Ele, – que nós estamos! John Wesley disse uma coisa sábia: “Nunca pense de si mesmo separadamente de Cristo!”
Agora, ser ou tornar-se “justo diante de Deus”, para ter ou obter uma posição que vai “suportar o escrutínio de Deus”, é o sonho de muitos cristãos sinceros. Mas, embora afirmado, e seja quem for que afirme a ideia de nossa obtenção de “estarmos de pé diante de Deus por nós mesmos”, fica aquém, e vitalmente, do evangelho de Paulo de sermos feitos a justiça de Deus em Cristo. Porque isto nega que já morremos com Cristo, e que temos morrido para todo princípio legal na morte de Cristo (Rom 7.4). Assim, deixa-nos sob a necessidade de “obtenção de uma posição” diante de Deus, ao passo que os crentes federalmente (em conjunto e no geral) compartilham da morte de Cristo, e o próprio Cristo Ressuscitado é agora nossa posição!
Negativamente, então (Como Paulo começa a declarar em seu primeiro sermão registrado em Atos 13.39: “Todo aquele que crê é justificado de todas as coisas”; – “justificados em seu sangue”(Rom 5.9); e
Positivamente, Cristo foi “ressuscitado para nossa justificação” (Rom 4.25): a fim de recebermos um novo lugar, um lugar em um Cristo ressuscitado, e ser, assim, a justiça de Deus nele, por sermos um com Ele, que é esta justiça.
Deus declara que Ele reconhece como justo o ímpio que não confia em todas as obras, e crê nele (Deus), como o Deus que, na base do sangue derramado de Cristo, “justifica o ímpio” (Rom 4.5). Ele declara o tal como justo; reconhecendo nele todo o valor absoluto da obra de Cristo, – da Sua morte expiatória, e da sua ressurreição, e colocando-o em Cristo; onde está a justiça de Deus, pois Cristo é a mesma!
Será que Cristo precisa de algo, ainda, para que Ele possa ser aceito diante de Deus? Então eu preciso de alguma coisa, – porque eu estou em Cristo, e somente Ele é a minha justiça. Se Ele está, na plena aceitação eterna, então eu também, porque eu estou agora somente nEle, – tendo morrido com Ele ao meu antigo lugar em Adão.
Devocional Alegria Inabalável - John Piper
UM MOTIVO PERIGOSO
Versículo do dia: Ou quem primeiro deu a ele [Deus] para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. (Romanos 11.35-36)
Quando se trata de obediência, a gratidão é um motivo perigoso. Ela tende a ser expressa em termos de devedor. Por exemplo: “Veja o quanto Deus tem feito por você. Você não deveria, por gratidão, fazer muito por ele?”, ou: “Você deve a Deus tudo que é e tem. O que você tem feito por ele em troca?”.
Tenho pelo menos três problemas com esse tipo de motivação.
Em primeiro lugar, é impossível retribuir a Deus toda a graça que ele nos tem dado. Nós nem sequer podemos começar a retribuir, porque Romanos 11.35-36 diz: “quem primeiro deu a ele [Deus] para que lhe venha a ser restituído? [Resposta: Ninguém!] Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente”. Não podemos retribuir-lhe porque ele já possui tudo o que temos para lhe dar.
Em segundo lugar, mesmo se conseguíssemos retribuir a ele toda a sua graça para conosco, conseguiríamos apenas transformar a graça em uma transação comercial. Se pudéssemos pagá-lo de volta, isso não seria graça. Se alguns amigos tentam demonstrar um favor especial de amor a você ao convidá-lo para jantar, e você termina a noite dizendo que retribuirá convidando-os para saírem na próxima semana, você anula a graça deles e a transforma em um comércio. Deus não se agrada em ter sua graça anulada. Ele gosta de tê-la glorificada (Efésios 1.6, 12, 14).
Em terceiro lugar, concentrar-se na gratidão como motivo para a obediência tende a ignorar a importância crucial de ter fé na futura graça de Deus. A gratidão olha para a graça recebida no passado e se sente grata. A fé olha adiante para a graça prometida no futuro e sente-se esperançosa. “A fé é a certeza de coisas que se esperam” (Hebreus 11.1).
Essa fé na graça futura é o motivo para a obediência que preserva a qualidade graciosa da obediência humana. A obediência não consiste em retribuir a Deus, transformando, assim, a graça em uma negociação. A obediência vem de confiar em Deus por mais graça — a graça futura — magnificando, assim, as provisões infinitas do amor e do poder de Deus. A fé olha para a promessa: eu estarei “contigo por onde quer que andares” (veja Josué 1.9), e encoraja-se, em obediência, a se apossar da terra.
Versículo do dia: Ou quem primeiro deu a ele [Deus] para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. (Romanos 11.35-36)
Quando se trata de obediência, a gratidão é um motivo perigoso. Ela tende a ser expressa em termos de devedor. Por exemplo: “Veja o quanto Deus tem feito por você. Você não deveria, por gratidão, fazer muito por ele?”, ou: “Você deve a Deus tudo que é e tem. O que você tem feito por ele em troca?”.
Tenho pelo menos três problemas com esse tipo de motivação.
Em primeiro lugar, é impossível retribuir a Deus toda a graça que ele nos tem dado. Nós nem sequer podemos começar a retribuir, porque Romanos 11.35-36 diz: “quem primeiro deu a ele [Deus] para que lhe venha a ser restituído? [Resposta: Ninguém!] Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente”. Não podemos retribuir-lhe porque ele já possui tudo o que temos para lhe dar.
Em segundo lugar, mesmo se conseguíssemos retribuir a ele toda a sua graça para conosco, conseguiríamos apenas transformar a graça em uma transação comercial. Se pudéssemos pagá-lo de volta, isso não seria graça. Se alguns amigos tentam demonstrar um favor especial de amor a você ao convidá-lo para jantar, e você termina a noite dizendo que retribuirá convidando-os para saírem na próxima semana, você anula a graça deles e a transforma em um comércio. Deus não se agrada em ter sua graça anulada. Ele gosta de tê-la glorificada (Efésios 1.6, 12, 14).
Em terceiro lugar, concentrar-se na gratidão como motivo para a obediência tende a ignorar a importância crucial de ter fé na futura graça de Deus. A gratidão olha para a graça recebida no passado e se sente grata. A fé olha adiante para a graça prometida no futuro e sente-se esperançosa. “A fé é a certeza de coisas que se esperam” (Hebreus 11.1).
Essa fé na graça futura é o motivo para a obediência que preserva a qualidade graciosa da obediência humana. A obediência não consiste em retribuir a Deus, transformando, assim, a graça em uma negociação. A obediência vem de confiar em Deus por mais graça — a graça futura — magnificando, assim, as provisões infinitas do amor e do poder de Deus. A fé olha para a promessa: eu estarei “contigo por onde quer que andares” (veja Josué 1.9), e encoraja-se, em obediência, a se apossar da terra.
Devocional Do Dia - Charles Spurgeon
Versículo do Dia: “Acaso, fará o homem para si deuses que, de fato, não são deuses?” (Jeremias 16.20)
Um dos grandes e incômodos pecados do antigo Israel foi a idolatria. Entretanto, o Israel espiritual possui a tendência de se inclinar nesta mesma direção. Mamom ainda introduz seu bezerro de ouro e os templos do orgulho não são abandonados. O ego, em suas várias manifestações, luta para colocar sob o seu domínio os filhos de Deus e, a carne ergue altares onde quer que encontre espaço para eles. Filhos amados acima de tudo são a causa de muitos pecados entre os crentes. O Senhor se entristece quando nos vê amando-os com medida excessiva. Filhos mimados podem se tornar uma maldição tão grande para nós como Absalão o foi para Davi, ou serão tirados de nós para deixar nossos lares desolados. Se os crentes desejam ter espinhos em seus travesseiros, devem amar excessivamente os seus queridos.
É dito, em verdade, “que estas coisas não são deuses”, pois os objetos de nosso amor tolo são bênçãos muito duvidosas, o consolo que eles nos dão agora é perigoso e, a ajuda que podem nos dar em momentos de dor é, na verdade, pequena. Por que somos tão vaidosos? Temos dó dos pagãos que adoram ídolos de pedra, mas adoramos um deus de carne. Onde está a ampla superioridade de um deus de carne em relação a um deus de pedra? Em ambos os casos, o princípio é o mesmo. Mas, em nosso caso, a ofensa é mais grave porque temos mais luz e pecado diante da luz que possuímos. Os pagãos se inclinam diante de um deus falso mas, eles nunca conheceram o Deus verdadeiro. Cometemos dois erros. Esquecemos o Deus vivo e nos voltamos para os ídolos. Que o Senhor purifique a todos nós desta iniquidade horrível!
O ídolo mais querido que já conheci, Não importa qual seja esse ídolo; Ajuda-me a destruí-lo de teu trono E adorar tão-somente a Ti.
Um dos grandes e incômodos pecados do antigo Israel foi a idolatria. Entretanto, o Israel espiritual possui a tendência de se inclinar nesta mesma direção. Mamom ainda introduz seu bezerro de ouro e os templos do orgulho não são abandonados. O ego, em suas várias manifestações, luta para colocar sob o seu domínio os filhos de Deus e, a carne ergue altares onde quer que encontre espaço para eles. Filhos amados acima de tudo são a causa de muitos pecados entre os crentes. O Senhor se entristece quando nos vê amando-os com medida excessiva. Filhos mimados podem se tornar uma maldição tão grande para nós como Absalão o foi para Davi, ou serão tirados de nós para deixar nossos lares desolados. Se os crentes desejam ter espinhos em seus travesseiros, devem amar excessivamente os seus queridos.
É dito, em verdade, “que estas coisas não são deuses”, pois os objetos de nosso amor tolo são bênçãos muito duvidosas, o consolo que eles nos dão agora é perigoso e, a ajuda que podem nos dar em momentos de dor é, na verdade, pequena. Por que somos tão vaidosos? Temos dó dos pagãos que adoram ídolos de pedra, mas adoramos um deus de carne. Onde está a ampla superioridade de um deus de carne em relação a um deus de pedra? Em ambos os casos, o princípio é o mesmo. Mas, em nosso caso, a ofensa é mais grave porque temos mais luz e pecado diante da luz que possuímos. Os pagãos se inclinam diante de um deus falso mas, eles nunca conheceram o Deus verdadeiro. Cometemos dois erros. Esquecemos o Deus vivo e nos voltamos para os ídolos. Que o Senhor purifique a todos nós desta iniquidade horrível!
O ídolo mais querido que já conheci, Não importa qual seja esse ídolo; Ajuda-me a destruí-lo de teu trono E adorar tão-somente a Ti.
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