Por Flávio Santos
A proposta de Jesus para todos os que Dele se aproximam é um caminho pra andar. Na ocasião em que o Mestre Nicodemos vai, à noite, até Jesus, o convite pra andar é feito. Pra andar em um novo caminho!
O novo caminho é apresentado a Nicodemos como o novo nascimento. Pra andar nele é necessário nascer de novo. Da água e do Espírito. É uma estrada que dá acesso ao reino de Deus. Quando a nova via é percorrida, os olhos se abrem para ver o Reino e suas verdades espirituais.
O Novo caminho não é compreendido pela religião.
Nicodemos é um religioso com qualificações invejáveis. Fariseu. Príncipe dos judeus. Mestre de Israel. Com toda a sua sabedoria religiosa, não compreende a simplicidade do caminho. A água que lava a existência. O Espírito que, em soprando, conduz para o Reino de Deus. E a necessidade do nascimento do alto.
Nicodemos se apresenta diante de Jesus sabendo muito, mas não compreendendo espiritualmente quase nada. Diante das verdades do novo caminho, o mestre fariseu só tem perguntas a fazer. O conhecimento se transforma em interrogações. A sabedoria da carne é humilhada diante da sabedoria do Espírito. A religião não compreende as coisas celestiais.
Se a religião não compreende o caminho, o que temos a fazer é nos abrir para água que lava os pecados e o peso religioso que nos atrapalha. É erguer as velas da existência e deixar o vento do Espírito nos guiar pelo Caminho, Verdade e Vida. É nascer de novo para o novo caminho.
O novo caminho se tornou possível porque o Filho do homem percorreu novos caminhos.
João começa seu Evangelho dizendo que o Verbo se fez carne. Viajou da eternidade para as contingências do tempo. Cruzou os mundos. Desceu no caminho que ninguém poderia subir. O Filho do homem percorreu um novo caminho inaugurando uma nova era. A era da graça. Esvaziou-se de si mesmo e habitou entre os homens. O céu se uniu à terra no Filho do homem.
Além de percorrer o caminho da eternidade à terra, Jesus percorreu o caminho em direção à Cruz. Percorreu a Via dolorosa. Transformou o caminho de morte em caminho de vida. O caminho de condenação para os homens, percorrido pelo Filho, possibilitou o caminho da salvação. A vida eterna – o novo caminho – é palmilhado com a Cruz nas costas. Quem quiser ir após Ele, tem de carregar a Cruz.
Jesus, ao percorrer esse novo caminho, foi levado ao lugar onde seria levantado entre os céus e a terra. Foi para Cruz que ele veio. Para morrer pela humanidade. Jesus foi levantado para autenticar que era o Deus-homem. Se tivesse morrido na terra, seria somente homem. Se tivesse voltado para os céus sem a morte, seria somente Deus. Assim, entre os céus e a terra Jesus inaugurou o novo caminho para andar.
Portanto, para os que se propõe a viver como caminhantes, devem andar em fé. Crer para não perecer na religiosidade e no pecado. O convite de Jesus é para a vida eterna. Uma vida mais que abundante.
O antídoto da graça para os caminhantes.
No antigo Testamento, quando o povo peregrinava em direção à terra prometida, algumas pessoas se rebelaram contra Moisés e Deus. Então, o Senhor enviou serpentes que picaram o povo e muita gente morreu. O povo percebendo o seu pecado pediu a Moisés que orasse ao Senhor. Moisés orou, e o Senhor em resposta, pediu que ele fizesse uma serpente e a colocasse sobre uma haste para que todos aqueles que olhassem para ela vivessem. Moisés fez a serpente e a levantou no meio do povo, e os que tinham sido picados não morreram. Nm 21. 5 – 9
Mas, antes deste fato, outras pessoas, Adão e Eva, já tinham sido picadas, por desobediência e rebeldia, por outra serpente, o diabo. Este fato aconteceu no Jardim do Éden, quando o casal dando ouvidos à serpente desobedeceu a Deus, foi picado por ela e enfrentou consequências terríveis. Gn 3
Em Adão e Eva, todos aqueles que nascem debaixo do sol, já nascem com o veneno da serpente, que é o pecado original que habita o ser do homem. Rm 5.12. Neste casal todos nós fomos picados pela serpente e estamos com a nossa existência envenenada.
O relato mais vívido dos efeitos do veneno da serpente em nós foi evidenciado por Paulo em sua carta aos romanos:
“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado”. Rm 7.18 – 25
Isto quer dizer que todos os pecados que cometemos são os efeitos do veneno da serpente em nós. E, este veneno, que gera morte espiritual, vai gerar morte eterna. Todos pecamos, pelo veneno da serpente, e carecemos da graça de Deus.
Por isso, “do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna”. João 13.14,15
Na cruz, Jesus foi levantado, como a serpente de Moisés, para que todos, olhando para Ele em fé, não morressem, mas tivessem a vida eterna. O antídoto da graça foi dado na cruz, o sangue de Jesus. Este antídoto não remove o veneno da serpente, mas o controla. O veneno só será retirado de nós, quando recebermos o novo corpo na segunda vinda de Jesus. 1 Co 15. 51 – 58.
Portanto, a vida cristã é um eterno olhar para cruz, para que o veneno da serpente seja controlado e vivamos uma vida para glória Daquele que nos amou ao ponto de enviar o seu Filho unigênito, para que por meio Dele, não morrêssemos, mas tivéssemos vida e vida com abundância.
Os três verbos do novo caminho.
O primeiro verbo do novo caminho é amar. Deus amou o mundo. Deus amou a todos indiscriminadamente. Deus amou de tal maneira. Na linguagem de Paulo, constrangedor; largo, comprido, alto e profundo; nada pode nos separar desse amor.
O segundo verbo do novo caminho é dar. Deus deu o seu filho. Fez uma doação à humanidade. Doou em graça o seu único filho. Deus deu Jesus para que não perecêssemos, mas que tivéssemos a vida eterna.
O terceiro verbo do novo caminho é enviar. Deus enviou seu Filho para um lugar. O mundo. Para todos os povos, línguas e nações. Deus enviou seu filho com o propósito de salvar a humanidade. Para que condenar o que já está condenado? Assim, o que sempre fica no novo caminho é a fé no unigênito filho de Deus.
A proposta do novo caminho termina com uma sentença poderosa:
E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus. João 3.19-21
Estamos diante de uma escolha: caminhar em trevas no caminho antigo, ou caminhar em luz no novo caminho. Qual a sua escolha? Eu já fiz a minha: Eu tenho um novo caminho pra andar. O caminho do novo nascimento!
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