Semeando o Evangelho

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Semear a Verdade e o Amor de Deus

domingo, 24 de dezembro de 2017

COMO O ESPÍRITO SANTO PREPARA UMA ALMA PARA A OBRA DA REGENERAÇÃO

Por John Owen

É impossível regenerarmos a nós mesmos. Mas isso não nos escusa da nossa responsabilidade espiritual. Podemos ouvir a Palavra de Deus sendo pregada (Rm 10:17). Podemos, determinados, entender e receber as coisas que nos são reveladas como nitidamente procedentes de Deus.

Muitas almas estão eternamente arruinadas simplesmente porque se recusarão a deixar que Deus lhes fale e ensine pela Sua Palavra. É verdade que ninguém pode regenerar a si mesmo, mesmo que ouça e receba a Palavra de Deus. Mas Deus está pronto para vir àqueles que vêm a Ele pela forma que Ele lhes falou. Ele vai ao encontro das almas no lugar em que Ele diz que as encontraria.

Quando a Palavra de Deus é pregada, certas coisas começam a acontecer aos ouvintes quando o Espírito Santo torna clara, a eles pessoalmente, a Palavra. Essas coisas ocorrem normalmente a pessoa antes que ela “nasça de novo”.

A primeira coisa que acontece é que o Espírito Santo ilumina ou esclarece o entendimento, capacitando a pessoa a saber e a entender espiritualmente as verdades espirituais reveladas (1Co 2:9, 11). Isso é bem diferente do entendimento natural daquilo que está sendo pregado somente pelo uso da razão.

A obra de iluminação do Espírito torna clara a Palavra à mente (2Pe 2:21). O evangelho é compreendido, não apenas como verdade, mas como o meio da justiça de Deus (Rm 1:17; 10:3, 4). A iluminação auxilia a mente a concordar com a verdade (At 8:13; Jo 2:23; 12:42). A iluminação produz uma alegria momentânea (Lc 8:13; Jo 5:35). Juntamente com ela pode-se receber alguns dons espirituais (Mt 7:22).

Iluminação não é regeneração, nem faz com que a regeneração ocorra infalivelmente após si. Quando se derrama luz sobre a graça salvadora de Deus, a alma, então, vê claramente o que está sendo oferecido. Assim, pois, a iluminação prepara a alma para a regeneração.

A segunda coisa que ocorre é que o Espírito Santo traz convicção de pecado. Isso também decorre da pregação da Palavra (1Co 14:24, 25). A alma começa a sentir uma compressão perturbadora da sua culpa quando é confrontada com as justas exigências da lei de Deus. Começa a sentir tristeza ou pesar pelos pecados que tem cometido (2Co 7:10). Eles são agora passados e não podem ser consertados (Rm 8:15). Isso leva a alma se humilhar por causa da sua pecaminosidade (1Rs 21:29). Agora, se a alma não cair em desespero, ela começa a procurar um modo de sair do seu presente estado de miséria (At 2:37; 16:30). Geralmente começa a reformar a vida e disso decorre uma grande mudança de atitude (Mt 13:20; 2Pe 2:20; Mt 12:44).

Alguns desprezam essa luz e convicção ou procuram sufocá-las. Outros são esmigalhados pelo força e poder das suas concupiscências, pelo amor ao pecado e poder das tentações. Outros acham que ser iluminado é o bastante e que é só isso o que Deus tenciona fazer com eles.

Todas essas coisas que ocorrem às pessoas por causa da pregação da Palavra são, na verdade, ações conjuntas do Espírito Santo com a pregação (Is 49:4; Jr 15:20; Ez 33:31, 32; Jo 8:59; At 13:41, 45, 46). Está dito que aqueles “iluminados” são feitos “participantes do Espírito Santo” (Hb 6:4).

Objeção. Essa obra preparatória do Espírito Santo não leva à regeneração, porquanto Ele intenta fazer um obra fraca e imperfeita nessa alma, ou é por ser incapaz de levá-la ao “novo nascimento”?

Resposta. Em algumas ocorre conversão verdadeira. Esta obra inicial do Espírito Santo não é fraca nem imperfeita, mas pode ser espontânea e obstinadamente resistida. No “eleito”, o Espírito Santo, por Sua própria soberana graça, remove essa disposição obstinada. Ele deixa que o restante sofra a justa paga das suas más obras. O Espírito Santo é perfeitamente livre para fazer o que desejar. Ele faz aquilo que Lhe agrada, quando Lhe agrada e como Lhe agrada. Não obstante as Sua obras são sempre boas e santas. Ele realiza completa e perfeitamente aquilo que livremente planejou e propôs realizar.

A iluminação não é garantia de salvação

Há uma “iluminação” que não leva à salvação. Ela não modifica a vontade do homem e não concede à mente deleite e satisfação nas coisas espirituais. A mente não se deleita em Deus (Rm 6:17; 12:2; 1Co 2:13-15; 2Co 3:18; 4:6). Não dá qualquer percepção espiritual da glória da graça de Deus.

Essa iluminação também não purifica a consciência das obras mortas para servir ao Deus vivo (Hb 9:14). Ela apenas convence a alma do pecado e a levanta para condenar muitas coisas que antes aprovava de coração. Tal iluminação age sobre os sentimentos, causando temor, tristeza, alegria e deleite. Contudo, não os firma nas coisas celestiais (Cl 3:1, 2). Não destroça os desejos malignos nem enche o coração de alegrias celestiais. Leva geralmente a uma completa reforma do estilo de vida, produzindo até mesmo aparência de piedade. Mas há, entretanto, três grandes defeitos nessa iluminação.

O primeiro é que ela permite a continuidade da ira e do predomínio dos pecados de ignorância, como fez com Paulo antes da sua conversão. O segundo é que a reforma de vida a que estimula a pessoa a alcançar raramente leva ao abandono de todos os pecados conhecidos, a não ser que a alma esteja temporariamente empenhada numa busca flagrante de autojustiça.

O terceiro é que essa reforma de vida, embora possa ter sido forte a princípio, logo fenece e murcha, deixando as pessoas, por fim, como esqueletos espirituais.

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