Semeando o Evangelho

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

DEUS MORREU NA CRUZ?

Por R. C. Sproul

O famoso hino da igreja – “Como pode ser?” – contém uma linha que faz uma afirmação enternecedora: “Como pode ser, que o Senhor, o meu Deus, morreu por mim?!” É correto dizer que Deus morreu na Cruz?

Esse tipo de expressão é popular em músicas sacras e em conversas informais. Embora eu tenha ressalvas sobre o hino, e a expressão me incomoda, acho que entendo, pois há um sentido nisso.

Acreditamos que Jesus Cristo foi Deus encarnado. Nós também acreditamos que Jesus Cristo morreu na cruz. Se dissermos que Deus morreu na cruz, e com isso queremos dizer que a natureza divina morreu, nós pisamos na margem de uma heresia séria. De fato, duas dessas heresias relacionadas a esse problema surgiram nos primeiros séculos da igreja: o aforismo e o patripassianismo.

A primeira delas, o aforismo, ensina que o próprio Deus morreu na cruz. O patripassianismo ressalta que o Pai sofreu vicariamente através do sofrimento de Seu Filho. Estas duas heresias foram rejeitadas pela igreja pelo motivo de que elas negam categoricamente o próprio caráter e natureza de Deus, incluindo Sua imutabilidade. Não há mudanças na natureza ou no caráter substantivo de Deus em momento algum.

Deus não somente criou o universo, Ele o sustenta pelo seu próprio poder. Como Paulo disse: “Pois nele vivemos, nos movemos e existimos” (Atos 17:28). Se Deus cessasse de manifestar o seu poder por um segundo, o universo desapareceria. Ele deixaria de existir, porque nada pode existir além do poder sustentador de Deus. Se Deus morrer, tudo morre com Ele. Sendo assim, Deus não poderia ter morrido na cruz.

Alguns dizem: “Foi a segunda pessoa da Trindade que morreu”. Essa seria uma mutação dentro do próprio Ser de Deus, porque, quando olhamos para a Trindade, entendemos que os três são um em essência, e que, apesar de existirem distinções pessoais na Divindade, essas distinções não são essenciais no sentido de que elas são diferentes no Ser. A morte é algo que envolveria uma mudança no próprio Ser.

Devemos rejeitar com horror a ideia de que Deus realmente morreu na cruz. A expiação foi feita pela natureza humana de Cristo. De alguma forma, as pessoas tendem a pensar que isso diminui a dignidade ou o valor do ato substitutivo, como se negássemos a divindade de Cristo. Jamais! É o Deus-homem que morreu, pois a morte é algo que foi experimentado apenas pela natureza humana, porque a natureza divina não é capaz de experimentar a morte.

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