Semeando o Evangelho

Semeando o Evangelho
Semear a Verdade e o Amor de Deus

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

10 COISAS QUE VOCÊ DEVE SABER ACERCA DA OBRA DO ESPÍRITO SANTO

Por Sam Storms

Em um artigo anterior, nós vimos 10 coisas que devemos saber acerca do Espírito Santo. No presente artigo, vamos falar do trabalho do Espírito Santo.

1) O Espírito Santo serve-nos como um “pagamento inicial” sobre a herança futura da nossa salvação (2 Coríntios 1:21-22; 5:5; Efésios 1:14).

O termo arrabon, traduzido como “pagamento inicial”, era utilizado em transações comerciais para se referir à primeira parcela do valor total devido. O adiantamento efetivamente garantia o cumprimento de quaisquer obrigações contratuais assumidas. O Espírito, portanto, diz Gordon Fee, “serve como o pagamento de Deus em nossas vidas atuais, a evidência certa de que o futuro entrou no presente, a garantia segura de que o futuro será realizado em plena medida” (Presença Poderosa de Deus,  807).

Contudo, há mais. Como diz Peter O’Brien, ao nos dar o Espírito Santo, “Deus não está simplesmente nos prometendo a nossa herança final, mas, na verdade, nos proporciona um “adiantamento”, mesmo que seja apenas uma pequena fração da dotação futura” (121). Em outras palavras, se você quer saber em parte o que a vida na era futura será, medite sobre a presença gloriosa, reconfortante e capacitadora do Espírito em seu coração agora mesmo!

2) O Espírito Santo também serve para nos fornecer os “primeiros frutos” da nossa salvação (Romanos 8:23).

Essa metáfora também é extraída da ressurreição de Cristo como a nossa garantia (1 Coríntios 15:20, 23). Semelhante à ideia por trás do “pagamento inicial”, o Espírito Santo, como “o primeiro feixe”, é a promessa de Deus para nós da colheita final. Assim, o Espírito desempenha um papel essencial na nossa existência presente, como evidência, e garante que o futuro é ao mesmo tempo agora e ainda não (Fee, 807).

3) O Espírito Santo também é retratado na Escritura como o “selo” da nossa salvação (2 Coríntios 1:21-22; Efésios 1:13; 4:30).

Há, pelo menos, três ideias envolvidas no Espírito como um “selo”. Primeiro, um selo serve para autenticar (João 3:33; 6:27; 1 Coríntios 9:2) ou confirmar algo como genuíno ou verdadeiro, incluindo a ideia de que o que é selado é carimbado com o caráter do seu dono. Segundo, um selo serve para designar ou marcar como uma propriedade, para declarar e comunicar a propriedade (ver Apocalipse 7:3-8; 9:4). Finalmente, o Espírito Santo serve para tornar seguro ou para estabelecer (isto é, proteger, ver Efésios 4:30; Mateus 27:66; Apocalipse 20:3) nossa relação com Jesus Cristo.

Alguém poderia perguntar: “Com o que somos selados?” A resposta é simples: com o Espírito Santo. Em outras palavras, o próprio Espírito sela e é o selo. Portanto, o selo é a recepção e a consequente permanência do Espírito Santo em nossas vidas.

Outra pergunta também é frequentemente proposta: “Quando esta selagem acontece?” Paulo responde em Efésios 1:13: “Nele também vocês, depois que ouviram a palavra da verdade, o evangelho da salvação, tendo nele também crido, receberam o selo do Espírito Santo da promessa”. Destarte, somos selados quando ouvimos a palavra da verdade e acreditamos no evangelho.

4) O Espírito Santo não somente assegura nossa salvação por meio da graça salvadora, mas também funciona no mundo e na vida dos não-cristãos através do que é chamado de “graça comum”. O que é “graça comum”? Charles Hodge define desta maneira:

O Espírito Santo, como o Espírito da verdade, da santidade e da vida em todas as suas formas, está presente com cada mente humana, reforçando a verdade, restringindo o mal, impelindo ao bem e conferindo sabedoria ou força, quando, onde e na medida em que lhe parece bom. Isto é o que na teologia é chamado de “graça comum” (Teologia sistemática, 2: 667).

Abraham Kuyper define graça comum como:

Aquele ato de Deus pelo qual negativamente Ele restringe as operações de Satanás, a morte e o pecado, e pelo qual, positivamente, ele cria um estado intermediário para este cosmos, bem como para nossa raça humana, que é e continua sendo profundamente e radicalmente pecaminoso, mas em que o pecado não pode operar em seu fim (Princípios da Teologia Sagrada, 279).

Uma definição mais simples e mais direta de graça comum é dada por John Murray. Graça comum, ele escreve, “é todo o favor de qualquer tipo ou grau, ficando aquém da salvação, que este mundo imerecido e maldito pelo pecado desfruta na mão de Deus” (Escritos coletados de John Murray , 2:96).

5) O Espírito Santo é o elemento, por assim dizer, em que todos os cristãos são batizados ou “imersos” no momento da conversão. Nós lemos isso em 1 Coríntios 12:12-13: “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, constituem um só corpo, assim também é com respeito a Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito” ( 1 Coríntios 12:12-13 ).

Aqui, o apóstolo Paulo está usando duas metáforas vívidas para descrever nossa experiência com o Espírito Santo no momento da conversão, no momento em que nos tornamos membros do corpo de Cristo, a Igreja:

Batismo, ou imersão no Espírito Santo, e bebendo para o enchimento do Espírito Santo, cujo propósito ou objetivo é unir todos nós em um só corpo.

Assim, nossa “saturação” com o Espírito, nossa experiência de “submergir”, ser “inundado” e “ser cheio” pelo Espírito Santo resulta em nossa participação no organismo espiritual do corpo de Cristo, a Igreja.

6) Devemos distinguir entre ser batizado e ser cheio do Espírito Santo Espírito Santo.

O batismo espiritual é uma metáfora que descreve a nossa recepção do Espírito Santo no momento da nossa conversão a Jesus em fé e arrependimento. Quando acreditamos e somos justificados, somos, por assim dizer, submergidos, inundados pelo Espírito; estamos, por assim dizer, imersos e cheios pelo Espírito. O batismo espiritual é, portanto, instantâneo (ou seja, não é um processo), simultâneo à conversão, universal (ou seja, todos os cristãos são recipientes), não repetível e permanente.

O enchimento do Espírito também é uma metáfora que descreve nossa contínua experiência e apropriação do mesmo. Ser cheio com o Espírito é passar por uma influência progressivamente mais intensa e íntima do Espírito. O enchimento do Espírito pode ser perdido e subsequentemente experimentado novamente, em várias ocasiões, ao longo da vida cristã.

7) Existem dois sentidos nos quais um crente pode ser cheio com o Espírito Santo. Primeiro, há textos que descrevem as pessoas como “cheias do Espírito Santo” como se fosse uma condição ou qualidade consistente do caráter cristão, uma disposição moral, possuindo e refletindo a maturidade em Cristo (ver Lucas 4:1; Atos 6:3, 5; 7:55; 11:24; 13:52). Esta é a condição “ideal” de cada cristão. Enfatiza o estado permanente de enchimento.

Segundo, existem textos que descrevem as pessoas como “cheias do Espírito Santo” para que possam cumprir ou executar uma tarefa especial ou equipá-las para o serviço ou ministério. Isso pode ser ao longo da vida, para um serviço ou ministério particular (ver Lucas 1:15-17; Atos 9:17); ou pode ocorrer em uma emergência espiritual. Este último seria uma capacitação imediata e especial de poder para cumprir uma tarefa especialmente importante e urgente. Assim, alguém que já está cheio com o Espírito pode experimentar um enchimento novo/adicional. Ou seja, não importa o quanto do Espírito Santo possa ter, sempre há espaço para mais (veja Atos 4:8, 31; 13:9; Lucas 1:41, 67 )! Também, em Atos 7:55, Estêvão, embora “cheio do Espírito Santo”, ficou novamente “cheio” com o Espírito para prepará-lo para suportar a perseguição e eventual martírio, bem como para “ter” a visão de Jesus.

8) Ser cheio com o Espírito é diferente de ser batizado no Espírito. Há um só batismo, mas enchimentos múltiplos. Em nenhum texto do NT, nós somos ordenados a sermos batizados no Espírito Santo. Não há recurso para fazer algo para ser batizado; nenhuma exortação, nenhum imperativo. Por outro lado, somos ordenados a sermos cheios com o Espírito Santo ( Efésios 5:18).

9) É possível ser batizado no Espírito Santo, experimentar a habitação permanente do Espírito, e ainda não ser cheio com o mesmo (os crentes coríntios podem muito bem ser um exemplo disso). Ser “cheio do Espírito Santo” é refletir uma maturidade de caráter; é a condição ideal de cada crente. Estar “cheio do Espírito Santo” é experimentar uma unção de poder, santidade, proclamação e louvor.

10) Devemos lembrar que o Espírito Santo não batiza ninguém. Jesus é aquele que batiza “no” Espírito Santo. O Espírito é aquele em quem estamos imersos e, portanto, aquele que continua para sempre habitando em nós e nos capacitando.

Em todos os textos referentes ao batismo do Espírito, a preposição grega en significa “em”, descrevendo o elemento em que se está, por assim dizer, imerso. Em nenhum texto, o Espírito Santo nunca disse ser o agente pelo qual alguém é batizado. Jesus é o batizador. O Espírito é aquele em quem estamos envolvidos ou o “elemento” com o qual estamos saturados.

Deve-se notar que, no NT, para ser batizado “por” alguém sempre é expresso pela preposição hupo seguido por um substantivo genitivo. As pessoas foram batizadas “por” João Batista, no rio Jordão (Mateus 3:6; Marcos 1:5; Lucas 3:7). Jesus foi batizado “por” João (Mateus 3:13; Marcos 1:9). Os fariseus não foram batizados “por” João (Lucas 7:30 ), etc. Muito provavelmente, se Paulo quisesse dizer que os coríntios tinham sido batizados “pelo” Espírito Santo, ele teria usado hupo com o genitivo, não en com o dativo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário