Semeando o Evangelho

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terça-feira, 4 de dezembro de 2018

OS CONCEITOS DE “CAUSAS” NA PROVIDÊNCIA DIVINA

Por Heber Carlos de Campos

O mal moral é um dos problemas mais difíceis de serem explicados por que ele diz respeito à desordem moral de toda natureza no mundo criado.

Ao tentarmos explicar o problema do mal moral, logo deparamos com a sua relação com a doutrina da providência. Como podemos elaborar qual­quer teodicéia sem tratar das obras providenciais de Deus?

Não há nada neste mundo criado que seja produto do acaso. Nada é sem sentido no mundo de Deus. “Há propósito para todas as coisas debaixo do sol”, disse o pregador.

Sabemos com certeza que a explicação para o problema do mal moral no mundo não é simples e, muito menos, fácil. Entretanto, não podemos ignorar alguns pontos que são fundamentais para a compreensão da matéria.

Deus é soberano na concepção dos seus planos e na execução deles. Para conceber o seu plano maravilhoso ele teve de ser onisciente; para executá-lo ele teve de ser onipresente e onipotente. Por isso, há perguntas que você não pode deixar de fazer, que diz respeito à natureza de Deus e de sua relação com o mal. Como pode Deus conceber plano tão abrangente que envolve todas as coisas imagináveis e inimagináveis? Porque ele é onisciente. Como realiza Deus todos os seus planos concebidos na eternidade? Porque ele é onipresente e onipotente. Se não possuísse todos os seres humanos e angélicos nas mãos; se não tivesse o domínio de todas as coisas, como realizaria Deus os seus planos?

A existência do mal faz parte dos planos de Deus. Ele não explica a razão última da existência do mal, mas veremos posteriormente que há propósitos espantosos na existência e na presença dele neste mundo. Deus faz com que os atos maus venham à existência, mas sempre ele os traz à existência por meio de suas criaturas racionais.

Portanto, ao estudar a relação de Deus com o mal moral, não se esqueça dos pontos a seguir:

Deus é Soberano Sobre Todas as Coisas;

Todas as Coisas Acontecem pela Vontade Decretiva de Deus;

Todas as Coisas Acontecem Inalteravelmente  Porque Deus as Ordena;

Deus Tem Controle Sobre Todas as Coisas;

Deus é o Criador de Todas as Coisas.

CONCEITOS QUE DEVEM SER CLARIFICADOS

Antes de tratarmos das verdades que devem ser cridas e dos erros a serem evitados nesta matéria sobre a origem do mal (ou do pecado), temos de clarificar alguns conceitos. Se devidamente entendidos os conceitos abaixo nos ajudarão muito a compreender, até onde nos é possível, a questão da origem do mal. Está ela em Deus ou nos homens e anjos?

Conceito de Causa Última

A “causa última” é aquela que determina decretivamente o acontecimento de um evento. Com essa causa última todo evento acontece com certeza. Sem essa causa, nada acontece. Deus é a causa última de todas as coisas que acontecem no mundo, sejam elas boas ou más. Nada do que acontece está fora do plano da causa última.

Todavia, a causa última ocasiona os efeitos no mundo de modos diferentes: Deus pode ser a causa positiva e a causa negativa de todas as coisas. Vejamos a diferença entre as duas:

Conceito de Causa Positiva

Deus é a causa positiva de todos os atos bons neste mundo. Devemos lutar freneticamente contra a ideia de que Deus seja a causa positiva do pecado. Deus está por detrás do bem e do mal, mas de modo diferente.

Se consideramos o bem, Deus está por detrás dele positivamente. Isto é, Deus causa em nós o desejar o bem e o fazê-lo (Fp 2.13). É Deus quem dá­ nos o santo impulso para as coisas santas e nos capacita e nos energiza positivamente a fazer o que lhe agrada. Ele está por detrás das coisas boas que fazemos de tal modo que em tudo o que fazemos damos a glória a ele. Por isso, quando fazemos qualquer coisa boa, dizemos: “Graças a Deus!”. Ele é o merecedor de tudo quanto fazemos de bom. Por essa razão, podemos dizer que Deus é a causa positiva dos nossos atos bons.

Conceito de Causa Negativa

Deus está por detrás do mal, mas de modo diferente daquele em que ele está no bem.

Se consideramos o mal, Deus está por detrás dele de um modo negati­ vo. Quando fazemos alguma coisa errada, não podemos atribuir a Deus o que fazemos. Deus decreta um ato, está por detrás dele, mas a culpa de um ato mau é toda nossa. Deus é santo e não pode ser culpado de algo que não combina com a natureza santa que é imutável. Ele pode decretar de tal modo que outros venham a fazê-lo, mas ele não pode praticar o ato mau que ele decreta. Deus decreta a existência do mal, mas este é realizado somente por suas criaturas racionais. Portanto, Deus não pode ser a causa positiva de um ato mau. Deus é a causa negativa do mal. Deus não instiga a pessoa a praticar o mal e nem precisa ajudá-la para isso. OS seres humanos não precisam de ajuda para fazer o que lhes é próprio em seu estado pecaminoso. Todavia, não podemos nos esquecer que a ação de Deus é persuasiva, de modo que o pecador vem a praticar o mal por sua própria pecaminosidade, e o decreto divino venha a ser realizado de modo infalível.

Conceito de Causa Secundária

A causa secundária é o instrumento de efetivação de um evento decretado pela causa última, seja ele bom ou mal. Os seres humanos é que fazem o bem e o mal. Deus está por detrás de ambos os atos.

Nos atos bons Deus age positivamente despertando os santos interesses nos seres humanos e capacitando-os a fazerem o bem. Essa é uma ação positiva de Deus. Deus é a causa positiva que faz com que os agentes secundários pratiquem tais atos santos.

Nos atos maus, as criaturas recebem a cooperação divina para que o ato seja feito, que as desperta para fazerem aquele ato no tempo próprio, porque o decreto de Deus tem de ser cumprido, mas de modo que Deus não precisa influenciá-las para o mal porque é próprio do pecador cometer pecados. Embora Deus esteja por detrás dos atos maus, agindo negativamente, as criaturas são os agentes secundários para executar os propósitos divinos.

Quando temos essas coisas claras na mente, cremos em verdades que precisam ser cridas e evitamos erros que precisam ser evitados.

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