Por Bruce Ware
COMPLEMENTARISMO
Um Resumo Geral da Posição Complementarista
Criação em Igualdade de Essência e Distinção de Papéis – Homem e mulher foram criados por Deus iguais em dignidade, valor, essência e natureza humana, mas também distintos em seus papéis, onde ao homem foi dada a responsabilidade de assumir amável autoridade sobre a mulher, e à mulher a responsabilidade de oferecer uma assistência submissa, disposta e alegre ao homem. Gênesis 1.26-27 deixa claro que o homem e a mulher são igualmente criados à imagem de Deus, e então, no desígnio criativo de Deus, igual e completamente humanos. Mas, como vemos em Gênesis 2 (em seu próprio contexto e na compreensão de Paulo em 1 Coríntios 11 e 1 Timóteo 2), sua humanidade encontraria formas diferentes de expressão, num relacionamento de complementaridade, onde a mulher age em submissão à liderança e autoridade do homem.
Desordem Gerada pela Queda no Design Criado por Deus – O pecado introduziu no desígnio criativo de Deus muitas manifestação anômalas, entre elas uma falha na relação entre homem e mulher no cumprimento de seus papéis apropriados. Como a maioria dos complementaristas entendem, Gênesis 3.15-16 nos informa que o relacionamento entre homem e a mulher, por causa do pecado, seriam afetados pela inimizade mútua. Em particular, a mulher teria o desejo de usurpar a autoridade dada ao homem na criação, levando o homem, por sua vez, a governar a mulher de maneira injusta e corretiva, ou de maneira indevidamente abusiva.
Diferenciação de Papéis Restaurada pela Redenção em Cristo – Passagens como Efésios 5.22-33 e 1 Timóteo 2.8-15 demonstram o fato de que a intenção de Deus na criação de liderança e autoridade adequadas devem agora, em Cristo, ser completamente afirmadas, tanto na igreja quanto no lar. Esposas devem se submeter aos seus maridos no modelo de submissão da Igreja a Cristo, e mulheres não devem exercer papéis autoritativos de ensino na igreja devido à sua ordem na criação ser em seguida a de Adão. A liderança masculina, então, é vista sendo restaurada na comunidade cristã, na medida em que homens e mulheres buscam expressar sua humanidade comum, de acordo com a criação original de Deus e seu bom desígnio hierárquico.
Razões Principais de Defesa da Posição Complementarista
Evidência que o Desígnio do Criador Foi de Igualdade de Essência entre Homem e Mulher
Gênesis 1.26-27 – Mostra que o homem e a mulher compartilham da mesma natureza, sendo ambos feitos à imagem de Deus, tendo recebido de Deus a ordem de reinar sobre a terra. Este texto não explica como eles devem, juntos, fazê-lo para Deus. Portanto, neste ponto, nem o igualitarismo nem o complementarismo é ordenado. Claramente, a verdade é que homem e mulher são iguais em essência (i.e. ambos completamente humanos, feitos à imagem de Deus, de igual valor e dignidade para com Deus), e juntos comissionados ao reinado sobre a terra.
Gálatas 3.28 – A redenção e a regeneração daqueles a quem Deus iria salvar não faz distinção entre homem e mulher. O gênero é absolutamente irrelevante em relação a quem deverá ou não ser salvo. A implicação clara, então, é que homem e mulher são iguais em essência porque a salvação chega aos humanos sem considerar seu gênero.
1 Coríntios 12.7-11 – Claramente, Deus distribui Seus dons a Seu povo como Lhe apraz, mas o gênero não é um fator na entrega de qualquer um dos dons a qualquer pessoa. Homens e mulheres são igualmente recipientes de todos os dons dados por Deus (veja 1 Co 11.5 para um relato de mulheres com o dom de profecia). Novamente, isso indica que mulheres são iguais aos homens em essência aos olhos de Deus, mas também não exclui a possibilidade de que Deus possa prescrever como estes dons devem ser usados na Igreja.
1 Pedro 3.7b – Mulheres salvas (esposas, neste contexto) devem ser tratadas com honra, precisamente porque elas, juntamente com os homens salvos, são co-herdeiras da graça da vida em Cristo. É tão importante que maridos entendam este princípio e respeitem suas esposas dessa maneira, que Pedro alerta que os maridos que não tratam suas esposas de acordo com a honra dada a elas por Deus não terão suas orações ouvidas por Ele.
Evidência que o Desígnio do Criador Foi de Distinção de Papéis entre Homem e Mulher
Gênesis 2 – Há, pelo menos, quatro elementos neste capítulo que suportam a ideia da liderança masculina (i.e., autoridade dada por Deus sobre a mulher): a) a ordem da criação (o homem criado primeiro) indica o desígnio divino prioritário no relacionamento entre o homem e a mulher. Esta também é a orientação de Paulo tanto em 1 Co 11.8 como em 1 Tm 2.13; b) Deus dá instruções a Adão, antes da criação de Eva, para não comer da árvore proibida (2.16,17). Isto implica na responsabilidade de Adão em instruir sua futura esposa e guardá-la de violar essa proibição (por isso o significado, no verso 3.6, de a mulher dar o fruto ao homem “que estava com ela”, mostrando que ele falhou em proteger sua esposa como deveria); c) Eva foi criada para ser auxiliadora de Adão. Enquanto é verdade que este termo hebraico é também usado para se referir a Deus “ajudando” seu povo, é claro que Paulo entende que o papel de Eva como auxiliadora requer que ela esteja sob a devida autoridade do homem (veja 1 Co 11.9,10 – “o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. Por essa razão, a mulher deve ter sobre a cabeça um sinal de autoridade.”); e d) a atitude de Adão de nomear Eva indicava, num contexto antigo-testamentário, a autoridade legítima dada sobre aquele a quem ele nomeava. É interessante notar que Adão nomeou sua esposa duas vezes; primeiro, quando ela foi formada de sua carne (2.23), e depois que ambos haviam pecado (3.20), indicando que sua autoridade legítima sobre ela continuou após a chegada do pecado.
Gênesis 3.1-7 – Eva foi tentada e enganada pela serpente e comeu do fruto proibido, e então deu a Adão. Eva, assim, pecou primeiro. Apesar disso, Deus se dirige a Adão para perguntar porque eles estavam escondidos (3.8). Deus considera Adão, e não Eva, responsável pelo pecado. Da mesma forma, Paulo claramente ensina que a linhagem do pecado na raça humana começa com Adão (Rm 5.12, 1 Co 15.22). Mas ele o faz em reconhecimento pleno do fato de que Eva pecou primeiro (1 Tm 2.14). Adão apenas devidamente carregaria a responsabilidade por ser o cabeça da raça humana pecaminosa, quando Eva pecou primeiro, se ele fosse visto por Deus e por Paulo como tendo autoridade e responsabilidade final sobre a mulher.
Gênesis 3.16 – O pecado trouxe não o inicio da hierarquia relacional entre o homem e a mulher, mas uma ruptura no papel de liderança do homem e de submissão da mulher dado por Deus no relacionamento entre eles. A maioria dos complementaristas compreende a maldição da mulher em Gn 3.16 como sendo que o pecado traria a Eva um desejo errôneo de dominar seu marido (ao contrario do desígnio divino da criação), e que, em resposta, Adão deveria afirmar sua liderança sobre ela. Esse entendimento vem da comparação da estrutura de sentenças e termos de Gn 3.16 com Gn 4.7. Nesse último, Deus diz a Caim que o pecado buscava destruí-lo, e assim Ele diz que “o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve inaliená-lo”. Isto, logicamente, significa que o seu pecado deseja dominar sobre você, mas, em resposta, você deve dominá-lo. Agora, a mesma estrutura de frase é encontrada em 3.16, quando é dito a Eva que “seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará.” Isso significa, à luz de 4.7, que o desejo de Eva será ilegitimamente o de dominar sobre Adão (nota: obviamente o pecado não traria a Eva um desejo amoroso e carinhoso por Adão, certo?) e, em resposta, Adão deveria impor sua liderança sobre ela. A maioria dos complementaristas afirma, então, que o pecado causou uma ruptura na ordem de liderança masculina e submissão feminina, em que: a) a mulher estava inclinada, agora, a usurpar o direito masculino de liderar a mulher, e b) que o homem estava inclinado a usar erroneamente seu direitos de liderança, seja pela pecaminosa abdicação de sua autoridade dada por Deus, conformando-se ao desejo da mulher de dominá-lo (e, portanto, falhando em liderar como deveria), ou pelo pecaminoso abuso de seus direitos de liderança dura, cruel e exploradora da mulher.
1 Coríntios 11.1-16 – Como já exposto, Paulo usa Gênesis 2 para dar suporte a posição de que a mulher precisa exibir, na igreja, sua submissão à autoridade masculina. A mulher deve ter um símbolo de autoridade sobre sua cabeça (11.10), porque ela é a glória do homem (11.7), porque ela originou-se do homem (11.8), e porque ela foi criada para o homem (11.9). Uma vez que Paulo conecta o papel submisso da mulher na igreja ao design divino da criação, é evidente que estas instruções para a igreja são aplicadas não apenas aqui, mas universalmente na igreja.
1 Coríntios 14.34-36 – Claramente a proibição da mulher de falar na igreja não pode ser absoluta, porque Paulo reconheceu, anteriormente, que havia mulheres profetizando (1 Co 11.5). O que os complementaristas entendem aqui é, usualmente, uma destas duas posições: ou que a mulher não deve assumir uma função oficial de ensino na assembleia geral, presumivelmente com homens presentes, ou que mulheres não devem ter a função de um presbítero de julgar profecias (Grudem, Carson). Em qualquer dos casos, o que é claro é o princípio de que mulheres devem exibir sua submissão à liderança masculina e aprender em silêncio dos (homens quando qualificados) responsáveis pelo ministério de ensino na igreja.
1 Timóteo 2.8-15 – Novamente, Paulo conecta sua ordem de que as mulheres recebam instrução em submissão em vez de ensinar ou exercer autoridade sobre homens (2.11,12), com o desígnio de criação divino para o homem e a mulher. Mulheres devem se submeter à liderança e ao ensino masculino porque Adão foi criado primeiro (2.13) e porque Eva foi enganada e pecou primeiro (2.14). E, novamente, é óbvio que estas instruções devem ser tomadas como aplicáveis universalmente à igreja porque estão baseadas no projeto criativo de Deus.
Efésios 5.22-33 – Mulheres devem se submeter aos seus maridos em resposta a sua submissão à liderança de Cristo (5.22). A razão para isso, diz Paulo, é que o marido é o cabeça da esposa assim como Cristo é o cabeça da Igreja (5.23). O próximo verso torna este aspecto ainda mais explícito: “assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos” (5.24). A razão chave aqui é o paralelo entre a liderança de Cristo e a liderança do marido. Assim como a igreja se submete a Cristo como aquele que tem autoridade sobre ela, assim a esposa deve se submeter ao marido como aquele que tem autoridade sobre ela. Maridos, por sua vez, devem amar suas esposas como Cristo ama a igreja (5.25-29). Quando maridos amam verdadeiramente suas esposas e esposas submetem-se aos seus maridos, vemos a distorção pecaminosa do relacionamento entre o homem e a mulher ser derrotada, e, então, um retorno àquilo que Deus planejou desde a criação do homem e da mulher.
1 Pedro 3.7a – Enquanto a segunda metade do versículo enfatiza a honra igualmente concedida às mulheres e aos homens (como co-herdeiras da graça da vida), a primeira metade claramente indica uma diferença fundamental entre o marido e a esposa. Ela, de acordo com Pedro, é uma “parte mais frágil” e precisa ser tratada com ternura e compreensão. Isso implica que a) enquanto a mulher é igual ao homem em essência (3.7b), ela é constitucionalmente diferente dele como mulher (3.7a) e b) o marido carrega uma responsabilidade dada por Deus de cuidar de sua esposa, o que é indicativo de sua liderança e responsabilidade primordial no relacionamento deles.
Analogia Trinitariana – Complementaristas compreendem a Trindade como analógica ao relacionamento homem-mulher como planejado por Deus. Deus é um em essência e três em pessoa. As três pessoas de Deus são absolutamente iguais em essência (de fato, eles compartilham completamente, simultaneamente e sem divisão a essência divina), mas são distintos em função. Especificamente, sua distinção de função é marcada por uma relação intrínseca de autoridade dentro da liderança divina, pela qual o Filho está sujeito ao Pai, e o Espírito ao Filho. 1 Coríntios 11.4 apresenta parte desta relação: “Deus é o cabeça de Cristo.” O exemplo mais claro da sujeição de Cristo ao Pai está em 1 Co 15.28, onde o Filho exaltado e vitorioso “se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou.” Dentro deste entendimento da Trindade, faz sentido Paulo dizer o que disse em 1 Co 11.3. Ele fala de três linhas de autoridade existentes: Cristo é autoridade (o cabeça) sobre todos os homens, o homem é autoridade (o cabeça) sobre sua mulher e Deus (o Pai) é autoridade (o cabeça) sobre Cristo. Assim como as pessoas de Deus são iguais em essência e ainda assim se relacionam dentro das linhas de uma estrutura de autoridade, também homem e mulher são iguais em essência enquanto se relacionam numa estrutura similar de autoridade.
Exemplos Bíblicos de Distinção entre Homem e Mulher
Apesar de o pecado ter produzido na mulher um desejo ilegítimo de usurpar a autoridade devida dada ao homem por Deus (Gn 3.16), Deus tem trabalhado em Israel e na Igreja para estabelecer a autoridade masculina como o padrão consistente e aprovado para a vida religiosa e para a vida doméstica.
Liderança Masculina em Israel – Desde o Jardim do Éden, Deus tem chamado homens e dado a eles responsabilidade pela liderança religiosa. Pense em Adão, Noé, Abraão, Isaque, Josué, Davi, a ordem sacerdotal masculina, os profetas de Israel e de Judá, etc. Claramente, Deus propositalmente chamava e desejava trabalhar através da liderança masculina em Israel.
Liderança Masculina no Ministério de Jesus – Sabemos, com certeza, que Jesus não era avesso a contestar costumes e tradições humanas que fossem contrários aos valores do reino. Não lhe faltava coragem para desafiar restrições fabricadas por homens aos bons e sábios propósitos de Deus (veja Mt 15.3-9; 23.1-36). E seu acolhimento de mulheres durante seu ministério itinerante comprova isso. Mas o que Jesus nunca fez, apesar de poder e de não estar restringido pelas convenções sociais para fazê-lo, foi escolher mulheres entre seus discípulos. Sua escolha de 12 homens continua o padrão encontrado no Antigo Testamento, distinguindo que certo nível de liderança espiritual é restrito a um gênero.
Liderança Masculina na Igreja – Como observado acima, Paulo explicitamente restringe as mulheres de certo nível de liderança espiritual e instrução na Igreja. 1 Coríntios 11.1-16; 14.34-36 e 1 Timóteo 2.8-15 consistentemente requerem que a liderança espiritual humana final da igreja seja restrita aos homens. Isso é reforçado pelas qualificações para a posição de presbítero, que requer dele que seja “marido de uma só esposa” (veja 1 Tm 3.2 e Tt 1.6), o que obviamente indica que apenas homens qualificados possam servir como presbíteros.
Liderança Masculina no Lar – Efésios 5.22-33, Colossenses 3.18-20 e 1 Pedro 3.1-7 estabelecem a certeza da liderança masculina no lar. A passagem de 1 Pedro é instrutiva de uma maneira particular não abordada acima. Aqui, Pedro imagina situações onde a esposa cristã está casada com um marido não-cristão. Alguém poderia esperar que Pedro dissesse: “como você conhece a Cristo e seu marido não, você deve assumir a liderança no seu lar. Não deixe a liderança para o seu marido, pois ele não conduzirá seu lar de uma maneira cristã.” Pelo contrário, Pedro diz a estas esposas cristãs de maridos não-cristãos que “sujeitem-se a seus maridos, a fim de que, se alguns deles não obedecem a palavra, sejam ganhos sem palavras, pelo procedimento de sua mulher, observando a conduta honesta e respeitosa de vocês.”
Objeções e Respostas à Posição Complementarista
Objeção: Este entendimento complementarista é, na verdade, uma visão completamente hierárquica, onde mulheres são subordinadas aos homens, e tal posição é intolerável e contrária à liberdade do evangelho. Enquanto ela diz manter a igualdade essencial da mulher e do homem, ela, na verdade, leva inevitavelmente a uma visão da mulher como inferior, uma cidadã de segunda classe, que não é tão importante para Deus e seus propósitos como o homem é.
Resposta: Você pensa da mesma maneira sobre o relacionamento pai e filho? Ou o relacionamento entre um empregado e seu supervisor? Você acha que deveríamos eliminar todas as manifestações de hierarquia relacional como inferiores àqueles que estão sob autoridade de um superior? Relacionamentos em estrutura de autoridade nos cercam. Vivemos e trabalhamos neles todos os dias. Viveríamos em caos sem eles. Mas tais estruturas de autoridade não oferecem maior valor humano ou superioridade essencial, nem minimizam o valor humano ou implicam inferioridade essencial àqueles sob seu cargo. Além disso, se estamos corretos em pensar que a Trindade é análoga ao relacionamento homem-mulher, considere isto: é óbvio que as Escrituras não têm a intenção de sugerir que Cristo é inferior em valor ao Pai porque Ele veio apenas para cumprir a vontade do Pai. Da mesma forma, as Escrituras não têm a intenção de sugerir que a mulher é inferior ao homem por causa da liderança masculina. De fato, o oposto é verdadeiro, que homens e mulheres apenas experimentam sua humanidade plena quando funcionam da maneira que Deus planejou em Sua criação. Somos mais livres como humanos quando afirmamos a estrutura de autoridade legitimamente projetada por Deus, e trabalhamos dentro dela.
Objeção: Sua interpretação de Gênesis 2, onde você vê três indicadores de autoridade masculina, está errada. Que diferença faz quem Deus criou primeiro? Ele tinha que criar um ou outro primeiro, e apenas aconteceu de ser Adão. Além disso, lembre-se que Deus criou os animais antes de criar os seres humanos, mas isto não indica nenhum tipo de prioridade dos animais sobre os humanos, e, sim, a mulher foi criada para completar o homem, mas isso fala de sua igualdade com ele, não de sua subordinação a ele. Lembre-se que Deus é nosso ajudador. Isso o torna subordinado a nós? E o fato de Adão ter nomeado Eva não é prova de sua autoridade sobre ela. Mulheres em Israel frequentemente nomeavam seus filhos; isso não significa que mulheres (mães) são autoridade sobre homens (filhos)?
Resposta: Se a visão de Paulo de Gênesis 2 não fosse igual a dos complementaristas, talvez sua objeção tivesse alguma força. Mas é Paulo quem observa a importância da criação de Adão em primeiro lugar, e Paulo nota que Eva foi criada por causa de Adão. Portanto, os complementaristas sustentam a interpretação das Escrituras sobre este assunto. O ponto que Paulo não aborda é o da nomeação de Eva. Nosso embasamento para este tópico descansa, então, inteiramente no significado do ato de nomear em culturas ocidentais antigas. Sim, o ato de uma mãe nomear seus filhos mostra, em parte, sua autoridade sobre eles, pelo menos até que eles deixem sua casa. E lembre-se, apesar de os animais terem sido criados antes de Adão, ele foi ordenado a dar nome a eles, e isso, sem dúvida alguma, indica sua autoridade sobre eles. Parece melhor, então, à luz das considerações culturais e da compreensão paulina de Gênesis 2, sustentar estes três pontos como interpretações legítimas do relacionamento entre homem e mulher na criação.
Objeção: Gênesis 3.16 não diz nada sobre Eva dominar Adão, mas fala claramente de Adão querer dominar Eva. Você distorceu o entendimento claro deste texto. O pecado gerou em Adão um desejo ilegítimo de dominar sua esposa, apesar de seu desejo contínuo por companheirismo igualitário.
Resposta: Há dois problemas principais com a visão igualitária aqui: a) explicar o desejo de Eva como positivo ou cuidadoso falha em reconhecer o fato de que isto é parte da maldição de Eva. Certamente Deus não daria a ela a maldição de ser carinhosa com Adão. Pelo contrário, seu desejo, por estar conectado com o que o pecado fez a ela, é melhor compreendido como um desejo negativo ou errôneo; b) mas, se seu desejo é negativo, então, concorda exatamente com o desejo do pecado em Gênesis 4.7, i.e., um desejo de usurpar autoridade. Isto, junto com a sentença estrutural idêntica e a terminologia paralela entre as duas passagens, e sua proximidade nas Escrituras, leva os complementaristas às suas conclusões neste importante texto.
Objeção: Você deixou de fora muitos exemplos significativos de liderança feminina em Israel, nos evangelhos e na igreja primitiva. Não é correto simplesmente dizer que a Bíblia exibe um padrão uniforme de liderança religiosa masculina.
Resposta: Sim, mulheres possuem papéis religiosos significantes, por vezes até de liderança, por toda a Bíblia. Mas considere duas coisas: a) a maioria dos exemplos de liderança feminina aparecem em papéis que não os de autoridade religiosa humana final; Isto é, há algumas profetizas e professoras no Antigo e Novo Testamento, mas onde estão as sacerdotisas, as líderes tribais, as rainhas de Israel (Atalaia não conta, pois usurpou o trono), as apóstolas (Júnia em Rm 16.7 é altamente questionável), as presbíteras na igreja primitiva? A questão é que, no nível último de autoridade religiosa humana, a Bíblia traça uma imagem clara e uniforme de liderança masculina; b) A exceção mais aparentemente notável aos casos acima é o de Débora (Jz 4-5), que era profetiza e juíza de Israel. Mas dado ao estado espiritual de Israel naquela época, a maioria das pessoas vê os juízes não como uma ilustração do ideal de Deus para o Seu povo. Provavelmente, então, a liderança de Débora demonstra não como Deus endossa a liderança feminina, mas quão longe do desígnio e dos propósitos de Deus Israel havia se desviado. É difícil aceitar o caso de Débora como normativo à luz de todas essas evidências contrárias.
Objeção: Seu uso de “autoridade masculina” e sua referência a passagens como 1 Coríntios 11.3 e Efésios 5.23, onde “cabeça” (do grego kephale) é usada, não reconhece o significado do termo como “origem.” Compreendido desta forma, a Bíblia não vê o homem como autoridade sobre a mulher, mas como originado dela, já que Eva veio de Adão.
Resposta: Por razões léxicas e exegéticas, está compreensão sobre “kephale” é completamente inaceitável. A evidência léxica mais forte sugere que “kephale” é, às vezes, usada para objetos impessoais com o significado de “origem” (por exemplo, a cabeça, ou seja, a origem de um rio). Seu uso predominante, para não dizer exclusivo, ao se referir a seres humanos, é de “ter autoridade sobre”, e não “origem”. Exegeticamente, torna-se difícil entender como Paulo quis dizer qualquer coisa que não “autoridade sobre” em certas passagens. Efésios 5.23, por exemplo, (o marido é o cabeça da esposa assim como Cristo é o cabeça da igreja”) é seguido no verso 24 por esta afirmação: “como a igreja é submissa a Cristo, assim a esposa em tudo aos seus maridos.” Aqui, então, a submissão das esposas aos seus maridos está relacionada ao fato dos maridos serem a autoridade sobre a esposa. Da mesma forma, em 1 Coríntios 11.3 (Cristo é a cabeça do homem, o homem é a cabeça da mulher e Deus é a cabeça de Cristo”), é impossível tomar “kephale” como significando “origem”, do contrário, implicaria que Deus é a origem de Cristo, assim como Adão é fonte de Eva e Cristo a origem de Adão. Mas Cristo originou-se do Pai assim como homem e mulher foram originados? Mais ainda, o contexto do verso seguinte a este lida com a mulher cobrindo a cabeça como “um símbolo de autoridade” (11.10). Portanto, por questões léxicas, exegéticas e contextuais, fica claro que a melhor compreensão do significado é de “autoridade” masculina como padrão no lar e na igreja.
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