Por Eric Davis
Muitas vezes, problemas com o fruto em uma árvore não são problemas com o fruto e a árvore. Abaixo da superfície do solo é onde está presente a doença. Coisas como fungos, poucos nutrientes no solo, irrigação insuficiente e pestes podem adoecer a raiz e, consequentemente, causar danos a árvore. Então, se vamos à raiz, vamos ao fruto. Se negligenciarmos a raiz, negligenciamos o fruto.
Imagine um especialista em pomares tratando árvores doentes apenas observando os frutos. Ele se aproxima do limoeiro, ergue sua escada, e inspeciona os limões. Alguns dos limões estão flácidos, alguns estão encolhidos, e outros rachados e podres. Então, ele pega uma seringa e injeta suco de limão comprado numa loja nos limões para inchá-los um pouco. Para reparar as rachaduras, ele faz alguns curativos e tapa os buracos. Finalmente, ele nota alguns galhos ou ramos sem frutos. Ele pega fita adesiva, alguns limões de boa aparência comprados numa loja, e prega nos galhos infrutíferos. Ele desce, e percebe que, por enquanto, a árvore parece boa e frutífera. Pelo menos, para o momento.
Frequentemente, em nossas vidas, nós tratamos mudança pessoal e santificação como o especialista em pomares.
Nós observamos uma ausência de frutos saudáveis ou a presença de frutos doentes em nossos pensamentos, palavras e ações. Assim nós tomamos iniciativas insuficientes, como a seringa, curativos e fita adesiva, e começamos o trabalho. O esforço dá a sensação de produtividade. “Bem, eu sinto que estou fazendo alguma coisa sobre a minha vida, então, isso deve ser bom”. Muitas injeções, remendos e colagens estão sendo feitos. Contudo, muitas vezes, o real problema está embaixo. A raiz do nosso coração permanece escondida, sem tratamento ou alterações. A fruta injetada desaparece, as frutas remendadas e coladas caem.
[…] Porque a boca fala do que está cheio o coração (Mateus 12.34).
Jesus conhece coisas sobre a humanidade e a mudança da natureza. A fonte de nossos pensamentos, palavras e comportamentos não são um dia ruim, falta de sono, falta de treino, condições ambientais ou outras circunstâncias. Claro, essas coisas podem tornar tudo mais difícil. Mas, a origem de nossas ações é o nosso coração (cf. Tg 4.1-2). Portanto, se queremos verdadeiramente mudar, devemos começar por isso. Matthew Henry escreveu: “A menos que o coração seja transformado, a vida nunca será completamente reformada”.
O desejo de Deus para o nosso coração
Quando as Escrituras se referem ao coração, refere-se ao interior. É o centro de controle do homem; o centro de relações, motivações, desejos, e do mal.
A preocupação de Deus com o coração do homem não é segredo:
Porém o SENHOR disse a Samuel: Não olhe para a sua aparência nem para a sua altura, porque eu o rejeitei. Porque o SENHOR não vê como o ser humano vê. O ser humano vê o exterior, porém o SENHOR vê o coração (1 Samuel 16.7).
De tudo o que se deve guardar, guarde bem o seu coração, porque dele procedem as fontes da vida (Provérbios 4.23).
A pessoa boa tira o bem do bom tesouro do coração, e a pessoa má tira o mal do mau tesouro; porque a boca fala do que está cheio o coração (Lucas 6.45).
Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (Mateus 15.8).
Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento (Mateus 22.37).
A preocupação de Deus é com a condição do coração. A maioria de nós concordaria: “Óbvio!”. No entanto, é fácil permanecer em “águas profundas espirituais”, quando se trata de abordar as coisas sobre Deus e o processo de mudança, para não aprofundar o nível do fruto. Porém, trabalhar nossa salvação com temor e tremor envolve nada menos do que mergulhar em nosso centro de controle. Nós precisamos de uma abordagem que envolva mais do que injeção e remendo dos frutos.
O desejo de Deus para o nosso coração indica uma necessidade, de sua graça, para discernir e lidar com o nosso coração. Dentro do coração pode haver coisas como engano, decepção e idolatria. Essas coisas não são fáceis de discernir. “Os propósitos do coração humano são como águas profundas, mas quem é inteligente sabe como trazê-los à tona” (Provérbios 20.5). Por essa razão, o Espírito Santo, recebido pela fé em Cristo, é uma imensa benção, pois ele ilumina, mortifica e renova o que de outra forma não poderíamos.
Mesmo assim, nossa necessidade para discernir a diferença entre a mudança que aborda o comportamento externo e o que aborda as motivações internas reside na diferença entre os frutos remendados e o tratamento da raiz. Em outras palavras, nós precisamos abordar a mudança de uma forma que procure o arrependimento no nível do coração, ao contrário de tratar dos frutos no nível comportamental.
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