Semeando o Evangelho

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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

A RECONCILIAÇÃO DOS ELEITOS EM 2ª CORÍNTIOS 5:19

2 Coríntios 5:19 – Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos seres humanos e nos confiando a palavra da reconciliação.

Nesta passagem, Paulo não ensina que a redenção é universal e que “mundo” significa “todos”. Os que são chamados de “mundo”, neste versículo, são descritos como “nós”, no versículo 18: “[…] que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo”. Isso também é verdade no versículo 21, que diz: “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós”. Essas palavras se aplicam a todos que estão no mundo? Se o versículo 19 é entendido pelos versículos anteriores e posteriores, então, “mundo” aqui só pode estar se referindo aos crentes eleitos.

Deus, reconciliando o mundo consigo mesmo, evidentemente consiste ou necessariamente infere uma não-imputação de pecado a esse mundo e uma imputação da justiça de Cristo. Agora, a bem-aventurança da justificação em Cristo equivale a essas duas coisas: 1) todo este mundo, que Deus reconcilia consigo mesmo em Cristo, é um mundo abençoado e justificado; 2) portanto, nem todos os filhos dos homens que existiram ou estão neste mundo estão incluídos nele, porque a maior parte deles jaz no mal.

A expressão “Deus estava em Cristo reconciliando” denota um trabalho efetivo de reconciliação. Isso é uma “reconciliação absoluta” ou uma “reconciliação condicional?” Se for absoluta, por que nem todos são realmente e absolutamente reconciliados, perdoados e justificados? Se for condicional, como pode uma reconciliação condicional se harmonizar com o que é real? E por que nenhuma condição é mencionada aqui? E qual seria a condição? A fé? Se assim for, o sentido do versículo deveria ser: “Deus estava em Cristo reconciliando um mundo de fé para si mesmo”, caso em que não há necessidade, pois os crentes são reconciliados; ou, “Deus estava em Cristo reconciliando um mundo descrente, com a condição de acreditar”, ou seja, contanto que não seja incrédulo, para que seja reconciliado. Essa é a mente do Espírito Santo?

Se esta reconciliação do mundo consiste (como acontece) em não imputar o pecado, então isso é não uma imputação de todos os pecados, ou apenas de alguns pecados. Se for apenas de alguns, Cristo salva somente de alguns pecados; se for de todos os pecados, então é do pecado de incredulidade também, exceto se a descrença não for pecado. Se isso fosse verdade, todos os homens do mundo seriam salvos, porque a incredulidade deles seria perdoada. Destarte, “mundo” aqui é apenas o mundo de crentes abençoados e perdoados, que são “feitos justiça de Deus em Cristo”.

Para Thomas More, filósofo e teólogo católico, havia “dois tipos” de reconciliação. A primeira reconciliação é de Deus por nós, em Cristo, a outra de nós para Deus, pelo Espírito; na verdade, não são duas reconciliações separadas, mas duas partes da mesma reconciliação. A primeira é a base da última, pois, quem quer que esteja reconciliado com Deus “em” ou “por” Cristo, indubitavelmente será reconciliado com Deus pelo Espírito. A reconciliação de Deus, segundo More, consistia em não haver imputação dos pecados; a reconciliação com Deus depende da aceitação dessa não-imputação em Jesus Cristo. Portanto, a afirmação de que há uma reconciliação dupla, ou melhor, duas ramificações do mesmo trabalho completo de reconciliação, estabelece nosso argumento de que o “mundo” aqui só pode ser considerado como significando os eleitos neste mundo.

No entanto, More levanta mais informações do contexto para fortalecer sua interpretação. Os que são do mundo aqui, diz ele, são chamados de “homens” (v. 11), os quais devem “comparecer diante do tribunal de Cristo” (v. 10), que estavam “mortos” (v. 14) e que devem viver para Cristo (v. 15).

Ele acrescenta: “Destes, alguns são reconciliados com Deus” (v. 18).

Resposta: Não existe qualquer limitação de reconciliação a alguns daqueles a quem o apóstolo se dirige; é evidentemente estendido a todos os crentes.

More continua: “Alguns não são reconciliados” (v. 11).

Resposta: Não há no texto o menor indício que sustente essa afirmação. Muitos distorcem a Palavra de Deus.

Autor: John Owen

Trecho extraído de The Death of Death in the Death of Christ.

Tradução: Leonardo Dâmaso

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