Semeando o Evangelho

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Semear a Verdade e o Amor de Deus

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

FALSA ALEGRIA ESPIRITUAL

A diferença entre a alegria mundana [referente às coisas materiais e a satisfação carnal nos pecados] e a alegria espiritual é radical.

A alegria dos crentes temporais se assemelha à alegria espiritual em um sentido externo, mesmo que difiram inteiramente em sua natureza. Crentes temporais também são alegres. “O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e logo a recebe com alegria”. (Mateus 13:20; cf. Lucas 8:13). Seu objetivo é espiritual, pois pertence ao evangelho, que é ter Cristo como Salvador, entrar no céu, ser contado entre os piedosos, ser amado e louvado por eles. O autor das cartas aos Hebreus fala sobre o objetivo da alegria dos crentes temporais no capítulo 6:4-5:

“[…] aqueles que uma vez foram iluminados [os que vieram da escuridão do judaísmo e do paganismo e chegaram ao conhecimento da verdade divina] e provaram do dom celestial [que tiveram uma clara percepção do desejo e da glória de verdades celestiais e evangélicas, de modo que se alegram em ver a sua beleza, uma vez que a visão de um objeto glorioso é agradável, embora não o possua], se tornaram participantes do Espírito Santo [não a habitação do Espírito, mas, sim, Seus dons comuns], e provaram a boa palavra de Deus [que, contemplando a bem-aventurança daqueles que são participantes do perdão dos pecados, a graça de Deus, e todas as gloriosas promessas encontradas na Palavra, imaginam que são participantes delas, e, assim, regozijam-se com ela e com os poderes do mundo vindouro, que, devido ao seu conhecimento da Escritura, contemplam a felicidade eterna, vendo-a de forma natural, e que, sem qualquer desconfiança, consideram-se herdeiros da salvação com base em tais pressuposições]”.

Essa é a alegria dos “crentes temporários”. Agora, compare com isso a alegria dos verdadeiros crentes. Você observará que, em ambos os casos, o objeto da alegria é o mesmo, porém, a grande diferença está entre o natural e o espiritual, entre a imaginação e a verdade.

Essa distinção precisa ser cuidadosamente definida para que aqueles que têm uma alegria falsa possam ser convencidos, e aqueles que possuem a verdadeira alegria possam ser assegurados, e, com liberdade, progredirem nessa verdadeira alegria.

Primeiro, a verdadeira alegria procede da fé como resultado da operação imediata do Espírito Santo, mesmo que isso varie em alguma forma. Toda alegria que não procede do fato de ter receber a Cristo e da união com Ele – pela qual se torna participante de todos os Seus benefícios – é uma falsa alegria. “Mesmo sem tê-lo visto vocês o amam. Mesmo não o vendo agora, mas crendo nele, exultam com uma alegria indescritível e cheia de glória (1 Pedro 1:8). O eunuco seguiu seu caminho, regozijando-se depois que se tornou crente (Atos 8:37, 39); o carcereiro alegrou-se com o fato de ter acreditado (Atos 16:34).

Contudo, aquele que alcançou essa alegria pela fé, reconheça a veracidade de sua alegria e prossiga com a liberdade.

Em segundo lugar, toda alegria verdadeira é experimentada na presença de Deus e em comunhão com ele como o seu Deus reconciliador. “E o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador” (Lucas 1:47). “Alegrem-se no SENHOR e regozijem-se, ó justos; exultem, todos vocês que são retos de coração” (Salmo 32:11). “Seja-lhe agradável a minha meditação; eu me alegrarei no SENHOR” (Salmo 104:34).

Toda falsa alegria diz respeito a assuntos agradáveis à pessoa e não tem Deus como foco. Embora os verdadeiros crentes também se regozijem em sua felicidade e nas coisas que eles têm ou planejam, eles não permanecem apenas nessas questões; isso é impossível para eles. Antes, no prazer desses assuntos, eles se encontram na presença de Deus.

Em terceiro lugar, a verdadeira alegria torna a alma mais santa, afastando-a de tudo o que não é de Deus, não o agrada e do pecado. Aumenta o coração e os faz dispostos a fazer a vontade de Deus por amor à submissão. “Porque a alegria do SENHOR é a força de vocês” (Neemais 8:10). “Percorrerei o caminho dos teus mandamentos, quando me deres mais entendimento” (Salmo 119:32).

Quando se tem a verdadeira alegria, haverá também amor. Não podemos deixar de nos alegrar quando não recebemos uma benção; nossa alegria reside na comunhão com Deus. Além disso, não pode ser diferente, e o coração estará inclinado a manifestar gratidão, entregando-se ao serviço ao Senhor. Davi manifestou sua alegria em Deus, quando escreveu: “Eu te amo, ó SENHOR, força minha. O SENHOR é a minha rocha, a minha fortaleza, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu alto refúgio” (Salmo 18:1-2). Quando Davi reconheceu que Deus ouviu sua oração, ele disse: “Eu amo o Senhor” (Salmo 116:1). Quando Davi reconheceu os inúmeros benefícios que havia recebido de Deus, ele disse: “Que darei ao SENHOR por todos os seus benefícios para comigo? Erguerei o cálice da salvação e invocarei o nome do SENHOR. Cumprirei os meus votos ao SENHOR, na presença de todo o seu povo”. (Salmo 116:12-14).

Se alguém se considera alegre e não é piedoso em sua caminhada, mas vive no mundo e cede às suas concupiscências, fazendo tudo com o objetivo errado e vivendo para si mesmo, sua alegria não é uma alegria em Deus, mas uma falsa alegria. No entanto, sempre que a alegria procede da fé, resulta em comunhão com Deus, ternura, disposição, oposição ao pecado e piedade. Que os crentes se esforcem para viver continuamente nesta alegria.

Autor: Wilhelmus à Brakel

Trecho extraído de The Christian’s Reasonable Service, volume 2.

Tradução: Leonardo Dâmaso

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