Semeando o Evangelho

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Semear a Verdade e o Amor de Deus

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

DEUS NOS SALVA SOMENTE PELA FÉ

Os primeiros grandes reformadores, Lutero, Calvino e Ulrico Zuínglio, nunca resumiram seus ensinos em um conjunto de cinco frases que hoje conhecemos como os Cinco Solas.

Os Solas foram desenvolvidas por um bom tempo para capturar a essência da Reforma, principalmente por sua disputa com a Igreja Católica Romana. Sola é uma palavra em latim que significa “sozinho” ou “somente”. Os Cinco Solas são Sola Gratia (Somente a Graça), Solus Christus (Somente Cristo), Sola Fide (Somente a Fé), Soli Deo Glória (Somente a Deus a Glória) e Sola Scriptura (Somente a Escritura).

Apenas a justificação

Acho que os Cinco Solas podem ser preciosamente esclarecedores, tanto para essência da Reforma como para a essência do próprio Evangelho, o que era central para a disputa. Posso dizer que eles podem ser úteis, porque cinco frases preposicionais “suspensas” no ar, sem nenhuma cláusula para se modificar, não ajudam a esclarecer sobre o que foi a grande controvérsia da Reforma, e nem esclarecem a essência do verdadeiro Evangelho.

A cláusula que permite a modificação dessas frases para fazer sua obra maravilhosamente esclarecedora em prol da essência do Evangelho e do coração da Reforma é esta: Somos justificados por Deus ou a Justificação diante de Deus é…

Somente após a justificação, os Cinco Solas podem seguir e fazer seu magnífico trabalho para definir e proteger o Evangelho de toda diluição antibíblica. Nós somos justificados por Deus, somente pela Graça, com base no sangue e na justiça de Cristo, somente; através dos meios ou instrumentos da fé, somente; e para a suprema Glória de Deus, somente, conforme ensinado com autoridade decisiva e final nas Escrituras, somente. Todas as cinco frases servem para a obra de justificação de Deus – como pecadores são colocados em uma posição correta diante de Deus, de modo que Ele é por nós e não contra nós.

Não substitua os Solas

Se você substituir as cláusulas para além de “Somos justificados” por “Nós somos santificados”, ou “Nós seremos finalmente salvos no julgamento final”, então o significado dessas frases preposicionais deve ser mudado para ser fiel às Escrituras.

Por exemplo:

Na justificação, a fé recebe a obra consumada de Cristo, realizada fora de nós e contada como nossa – imputada a nós.
Na santificação, a fé recebe um poder contínuo de Cristo que trabalha dentro de nós pela santidade prática.
Na salvação final, a fé é confirmada pelo fruto santificador que ela gerou, e somos salvos através desse fruto e da fé. Como Paulo diz em 2 Tessalonicenses 2:13: “Porque Deus os escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade”.
Como seremos salvos?

Especialmente no que se refere à salvação futura, muitos de nós vivemos em uma névoa de confusão. Tiago viu em seus dias aqueles que estavam tratando o “somente a fé” como uma doutrina que afirmava que você poderia ser justificado pela fé que não produz boas obras. Mas ele disse “Não” para tal fé.

A fé sem obras é morta (Tiago 2:17).
É como um corpo sem respiração (Tiago 2:26).
É como uma ação sem efeito (Tiago 2:20) e sem conclusão (Tiago 2:22).
Se há fé justificadora, há obras (Tiago 2:17).
Assim, ele diz: “Com as obras, lhe mostrarei a minha fé” (Tiago 2:18). As obras vêm por meio da fé.

Paulo ratifica tudo o que foi falado por Tiago em Gálatas 5:6: “Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor”.  O único tipo de fé que conta para a justificação é a fé que produz amor. A fé que justifica nunca está sozinha, mas sempre produz frutos transformadores.

Contudo, quando Tiago diz essas palavras controversas: “Uma pessoa é justificada pelas obras e não somente pela fé” (Tiago 2:24), entendo que o significado é que a fé não trabalha sozinha, mas em conjunto com as obras.

Paulo chama este efeito, fruto ou evidência da fé de “obras da fé”  (1 Tessalonicenses 1:3; 2 Tessalonicenses 1:11) e de “obediência da fé” (Romanos 1:5; 16:26). Essas obras de fé e essa obediência são frutos do Espírito que vem através da fé e são necessários para nossa salvação final. Sem santidade, sem o Céu (Hebreus 12:14). Portanto, não devemos falar de chegar ao Céu somente pela fé, da mesma forma que somos justificados somente pela fé.

O essencial para a vida cristã e necessário para a nossa salvação é a mortificação do pecado (Romanos 8:13) e a busca da santidade (Hebreus 12:14). Mas o que torna isso possível e agradável a Deus? Nós matamos o pecado e buscamos a santidade em uma posição justificada onde Deus é por nós – somente pela fé.

Primeiro bíblico, depois reformado

A fé por si só não significa a mesma coisa quando aplicada à justificação, santificação e salvação final. Você pode ver que o extraordinário cuidado e precisão são necessários para ser fiel à Escritura ao usar os Cinco Solas. E, uma vez que “somente a Escritura” é a nossa autoridade final e decisiva, ser fiel às Escrituras é o objetivo. Nosso alvo é sermos primeiramente bíblicos – e somente depois reformados, se for endossado pelas Escrituras.

Os Cinco Solas fornecem uma maravilhosa clareza sobre o ponto crucial da Reforma e o coração do Evangelho se a cláusula que as cinco proposições expressam for “Justificados por Deus”.

A justificação é somente pela graça – um favor imerecido, com base somente em Cristo, sem nenhum outro sacrifício ou retidão como fundamento; somente pelos meios da fé, excluindo qualquer obra humana; até o fim que todas as coisas levam: a Glória de Deus, somente, como ensinado com autoridade decisiva e final nas Escrituras, somente.

Autor: John Piper

Fonte: Desiring God

Tradução: Mirian Gomes

Revisão: Leonardo Dâmaso

Divulgação: Reformados 21

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